LIÇÃO Nº 9 – AS HISTÓRIAS E A POESIA FALAM AO CORAÇÃO
INTRODUÇÃO
– Na sequência do estudo da “síntese bíblica”, falaremos hoje dos livros históricos e poéticos do Antigo Testamento
– Os livros históricos e poéticos mostram a presença de Deus no meio de Israel.
I – OS LIVROS HISTÓRICOS
– Continuando a estudar a “síntese bíblica”, ou seja, um resumo dos livros que fazem parte da Bíblia Sagrada, hoje analisaremos dois grupos destes livros: os livros históricos e os livros poéticos.
– Os livros históricos são narrativas da história de Israel desde a morte de Moisés até a salvação do povo judeu no reinado de Assuero, quando quase foram totalmente destruídos.
Trata-se do mais pormenorizado e completo relato histórico de um povo da Antiguidade, que nos prova quanto Deus vela pelo Seu povo e para o cumprimento de Suas promessas.
– Os livros históricos pertencem ao chamado “gênero épico ou narrativo”, ou seja, são livros cujo propósito é narrar, contar histórias do povo de Israel.
Desta forma, os livros não precisam ter sido escritos necessariamente por personagens das histórias, já que, na narração, pode, muito bem, a pessoa que está escrevendo ter acesso a fontes informativas que lhes chegaram à mão, seja través de escritos, seja através de relatos orais.
É o que acontece, no Novo Testamento, com o Evangelho segundo Lucas, que, expressamente, diz que pesquisou os dados que acabou relatando, pois não os vivenciou (Lc.1:1-4).
É por isto que, na maior parte das vezes, não temos dados seguros sobre a autoria dos livros históricos, ainda que suas narrativas têm sido comprovadas pelas descobertas arqueológicas que, cada vez mais, confirmam a veracidade das histórias relatadas por estes livros.
– O primeiro livro histórico é Josué, escrito pelo próprio Josué, o sucessor de Moisés, que, segundo a tradição, foi quem escreveu a parte final do Pentateuco, precisamente a que narra a morte de Moisés.
– Tendo recebido a imposição de mãos do próprio Moisés, escolhido que fora por Deus para sucedê-lo (Nm.27:22,23), Josué, também, recebeu a transmissão da inspiração do Espírito Santo e, além de complementar a Torá, escreve o livro que leva seu nome (Js.24:26,27), livro que atesta o cumprimento cabal da promessa de Deus de entregar a terra de Canaã aos filhos de Israel.
– Por isso, alguns estudiosos da Bíblia chegam a falar na existência de um “Hexateuco”, ou seja, o Pentateuco e o livro de Josué, precisamente porque pertenceria Josué à “primeira onda da inspiração”, no qual foram redigidos o Pentateuco, o Salmo 90, o livro de Jó e o próprio livro de Josué.
– A tradição judaica entende que o livro de Josué foi escrito pelo próprio Josué, que, após ter redigido o último capítulo de Deuteronômio, teria continuado a escrever, relatando a história da conquista da Terra Prometida.
O último capítulo, que narra a morte de Josué, teria sido redigido, segundo a tradição, constante no Talmude, pelo sumo sacerdote Eleazar (Nm.20:28), com exceção do último versículo, que teria sido uma conclusão feita pelo filho de Eleazar, Fineias, o terceiro sumo sacerdote (Js.24:33).
Esta tradição contém uma evidência textual, na medida em que as Escrituras nos revelam que Josué foi escritor (Js.6:26 em comparação com I Rs.16:34; Js.24:25,26).
Ademais, há trechos que revelam que os fatos foram narrados por quem os viveu, como se vê de Js.5:1, onde é dito que “passamos” o rio Jordão, o que revela que o narrador era alguém que vivenciou os fatos.
OBS: Assim diz o Talmude, o segundo livro sagrado do judaísmo, que é uma coletânea comentada da tradição dos anciãos:
“…Josué escreveu seu próprio livro e oito versículos da Torá, que descrevem a morte de Moisés.…” (Bava Bathra 14b) (Disponível em: https://www.sefaria.org/Bava_Batra.14b.12?lang=bi&with=all&lang2=en Acesso em 19 nov. 2021) (tradutor Google de texto em inglês).
– A figura central do livro de Josué é o próprio Josué. Assim, não entendemos seja um argumento válido afirmar que o livro de Josué foi escrito por Josué só porque é chamado de “livro de Josué”, já que o nome pode ter sido dado exatamente por ser ele a personagem principal, o que chamamos de “protagonista”. “Yeshua” ou “Yehoshua” significa “Jeová é salvação”.
O livro relata o tempo em que Josué liderou a Israel e sua principal obra, a saber, a conquista da Terra Prometida.
Os achados arqueológicos têm confirmado que Israel passou a habitar a Palestina numa mesma época, o que elimina a teoria desenvolvida por alguns, a partir do século XIX, de que as tribos israelitas não ingressaram unanimemente na Palestina, mas que teriam sido unificadas somente algum tempo antes do início do período monárquico.
– No livro de Josué, nós observamos como Deus cumpre as Suas promessas, não medindo esforços para isto. A Bíblia de Estudo Pentecostal, muito propriamente, denomina-o de “registro da fidelidade de Deus”.
Também verificamos que o homem é imperfeito, pois Israel, apesar de ter a terra nas suas mãos, deixou que boa parte da Palestina ainda fosse habitada pelos primitivos moradores, o que se constituiu em laço para o povo no futuro. Josué, ademais, até pelo nome que lhe foi dado por Moisés, é um tipo de Jesus, sendo o conquistador da morada prometida para o povo de Deus. Josué mostra-nos Jesus como o nosso General.
OBS: “O livro de Josué e Seu Cumprimento no NT – O nome Josué (hb. Yehoshua ou Yeshua) é o equivalente hebraico do nome “Jesus” no NT, em grego. Josué, no seu encargo de introduzir Israel na terra prometida, é um tipo ou prefiguração no AT, de Jesus, cuja obra foi levar ‘muitos filhos à glória’ (Hb.2.10; 4:1-13; 2 Co.2.14).
Além disso, assim como o primeiro Josué usou a espada do terrível juízo divino na conquista, assim também o segundo Josué a usará na conquista das nações no fim da história (Ap. 19.11-16).(BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.346).
” Cristo Revelado – Cristo é revelado no Livro de Josué de três maneiras; por revelação, por modelos e por aspectos iluminantes da Sua natureza. Em 5:13-15, o Deus Triúno apareceu a Josué como o ‘príncipe do exército do Senhor’.
Através de Sua aparição, Josué teve a certeza de que o próprio Deus era o responsável. Era tarefa de Josué, bem como nossa, seguir os planos do príncipe, além de conhecer o príncipe. Precisamos estar do lado dEle e não Ele do nosso.
Um modelo é um símbolo, uma lição objetiva. Pode-se encontrar tipos em uma pessoa, em um ritual religioso e mesmo em um acontecimento histórico.
O próprio Josué era um modelo de Cristo. Seu nome, que significa ‘Jeová é salvação’ é um equivalente hebraico do grego ‘Jesus’. Josué guiou os israelitas até a possessão de sua herança prometida, bem como Cristo nos leva à possessão da vida eterna.
O cordão de fio de escarlata na janela de Raabe (2.18,21) ilustra a obra de redenção de Cristo na cruz. O pano cor de sangue pendurado na janela salvou Raabe e sua família da morte. Assim, Cristo também derramou Seu sangue e foi pendurado na cruz para nos salvar da morte.
Um dos aspectos da natureza de Cristo revelada em Josué é o da promessa cumprida. No final de sua vida, Josué testemunhou: ‘nem uma só promessa caiu de todas as boas palavras que falou de vós o Senhor, vosso Deus'(23.14).
Deus, em Sua graça e fidelidade, sustentou e preservou Seu povo, tirando-os do deserto e levando-o à Terra Prometida. Ele fará o mesmo por nós através de Cristo, que é a Promessa.” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.223).
– O segundo livro histórico é o livro de Juízes, que já faz parte da “segunda onda de inspiração”, visto que sua autoria é atribuída pela tradição judaica a Samuel, o profeta que dá início à “manifestação da Palavra de Deus” de forma contínua e regular no meio de Israel (I Sm.3:1,19-21) e a inspiração dá continuidade ao registro da história do povo israelita, precisamente para mostrar a presença do Senhor naquela nação, apesar da infidelidade deles.
– O livro de Juízes é o livro que narra o período histórico de Israel que vai desde a morte de Josué até a coroação de Saul como o primeiro rei de Israel, um período de cerca de 350 anos, ainda que o livro trate apenas até a época de Sansão, o antepenúltimo juiz de Israel.
É um período da história de Israel em que não havia uma liderança única no povo de Israel. A nação estava unida pelo culto a Deus mas, politicamente, era mais uma confederação de tribos, ou seja, cada tribo tinha autonomia para decidir seus negócios e para se governar.
Neste estado de coisas, os israelitas foram presas fáceis da idolatria dos povos vizinhos, entre os quais aqueles que viviam entre eles e que não haviam sido destruídos na conquista de Canaã.
Como resultado desta infidelidade, Deus, periodicamente, permitia que os israelitas ficassem subjugados a algum vizinho mas, quando o povo se arrependia, Deus também levantava alguém que, cheio do Espírito de Deus, libertava o povo.
É a estas pessoas que os israelitas denominaram de “juízes”, pois, diante da demonstração da presença de Deus na vida daquele servo (ou serva, como é o caso de Débora), o povo o(a) considerava e levava a ele(a) as causas mais difíceis para serem resolvidas, servindo a Deus durante o tempo de vida daquela pessoa. Com a sua morte, entretanto, voltava a haver apostasia.
O trecho de Jz.2:7-23 é um resumo de todo este movimento pendular do povo de Israel em sua fidelidade a Deus. O nome hebraico do livro é “Shophetim” e o grego, ‘Kritai”, ambos significando Juízes.
– A tradição judaica aponta Samuel como tendo sido o autor do livro, alusão que tem algum respaldo no texto, pois o texto nos conta a história de Israel somente até o tempo de Sansão, que antecedeu ao de Eli e de Samuel.
Ademais, pelo que verificamos do livro, ele foi escrito quando já estava estabelecida a monarquia (Jz.18:1;19:1; 21:25), mas ainda Jerusalém não havia sido conquistada pelos israelitas (Jz.1:21), não havendo o menor sinal desta indicação, de forma que a colocação da redação do livro no reinado de Saul é algo plenamente possível.
Por fim, Samuel, o último juiz de Israel, era a pessoa mais indicada para redigir um livro que analisasse, de forma crítica e espiritual, este período histórico, até porque era grande a preocupação do profeta e sacerdote com o estado espiritual de Israel (cf. I Sm.12:23).
– Relação dos Juízes de Israel :
Otniel (Jz.3:7-11),
Eúde ou Eude (Jz.3:12-20),
Sangar (Jz.3:31),
Débora (Jz.4:1-5:31),
Gideão (Jz.6:1-8:35),
Tola (Jz.10:1,2),
Jair (Jz.10:3-5),
Jefté (Jz.10:6-12:7),
Ibsã (Jz.12:8-10),
Elom (Jz.12:11,12),
Abdom (Jz.12:13-15),
Sansão (Jz.13:1-16:31).
Além destes juízes, que constam do livro de Juízes, Israel ainda teve dois outros juízes: Eli (Cf. I Sm.4:18) e Samuel, com seus dois filhos Joel e Abias (Cf. I Sm.7:17; 8:1,2).
– No livro de Juízes, também, há o relato de Abimeleque, filho de Gideão, que se arrogou o título de rei e governou em Siquém, mas que acabou sendo morto pouco depois (Jz.9).
– No livro de Juízes, nós verificamos a imperfeição do homem no seu relacionamento com Deus e as sérias consequências da falta de cuidado e vigilância na vida espiritual, mas, apesar disto, também tomamos consciência de que Deus vela pela Sua Palavra para a cumprir e que, sempre que há sincero arrependimento, Deus toma as providências para libertar o oprimido. Juízes mostra-nos Jesus como o nosso Libertador.
OBS: “Paralelismo entre o Livro dos Juízes e o Novo Testamento -O livro de Juízes revela um princípio divino imutável: quando Deus usa grandemente uma pessoa no Seu serviço, ‘vem sobre Ele o Espírito do Senhor’ (Jz.3.10; 6.34; 11.29; 14:6,19; 15.14).
No início do ministério de Jesus, o Espírito desceu sobre Ele por ocasião do Seu batismo (Mt.3.16; Lc.3.21,22-a).
Antes de subir ao Pai, Jesus mandou Seus discípulos aguardarem a promessa do Espírito (At.1.4,5); a razão para isso foi que receberiam poder quando o Espírito Santo viesse sobre eles (At.1.8; 4.33).
Em ambos os concertos, o modo de Deus derrotar o inimigo e promover o avanço do Seu reino é mediante a energia, força e poder do Espírito Santo operando através de instrumentos humanos submissos e obedientes.”(BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.383).
“Cristo Revelado – O livro de Juízes descreve de forma gráfica o caráter do Senhor no Seu relacionamento com os filhos de Israel. Em justiça, o Senhor os punia pelos seus pecados, porém, em Seu amor e misericórdia, Ele os libertava em resposta ao seu clamor penitente.
Embora os juízes sejam denominados libertadores ou salvadores do povo, na verdade, Deus é o seu Salvador. “Deus é o Juiz” (Sl.75.7). Ele é o “Deus justo e Salvador”(Is.45.21).
A necessidade que a criatura humana tem por um libertador ou salvador é enfatizada no Livro de Juízes. Através da história, o povo de Deus tem cometido pecado.
Deus, como o Senhor da história, sempre livrou o Seu povo da opressão quando este se arrependia e voltava o Seu coração para Ele.
Na plenitude do tempo, Deus, em Seu amor, enviou o Seu filho Jesus Cristo como nosso Libertador, nosso Salvador, para nos redimir da prisão do pecado e morte. O nosso Senhor é um justo Juiz (2Tm 4.8), que um dia : com justiça há de julgar o mundo”(At.17.31). (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.251-2).
– O terceiro livro histórico é o livro de Rute, na ordem da Septuaginta, pois, na Bíblia Hebraica, Rute faz parte dos chamados “escritos”, é um dos “cinco rolos”, livros que eram lidos em ocasiões especiais, sendo o primeiro dos “escritos”, precisamente por ser o mais antigo, pois sua autoria é também atribuída a Samuel.
– A tradição judaica atribui a autoria do livro a Samuel, mas alguns questionam esta atribuição porque o livro fala de Davi. Entretanto, tais pessoas esquecem-se de que foi Samuel quem ungiu a Davi como rei (Cf. I Sm.16:11-13), sendo certo que o livro realça a figura de Jessé e não contém qualquer indicação de que Davi já fosse rei quando foi escrito (Cf. Rt.4:17), o que torna bem provável a atribuição de autoria a Samuel.
– No livro de Rute, nós observamos como Deus não faz acepção de pessoas e como estava velando para o desenvolvimento de Sua promessa de redenção da humanidade, através da formação da casa de Davi. Rute mostra-nos Jesus como o nosso Remidor.
OBS: “Paralelismo do livro de Rute com o Novo Testamento – Este livro declara quatro verdades do Novo Testamento.
(1) Transtornos humanos dão oportunidade a Deus para realizar Seus grandes propósitos redentores (Fp.1.12).
(2) A inclusão de Rute no plano da redenção demonstra que a participação no reino de Deus independe da descendência física, mas pela conformação da nossa vida à vontade de Deus, mediante a ‘obediência da fé’ (Rm.16.26; cf. Rm.1.5,16).
(3) Rute como partícipe da linhagem de Davi e de Jesus (ver Mt.1.5) significa que pessoas de todas as nações farão parte do reino do grande ‘Filho de Davi’ (Ap.5.9; 7.9).
(4) Boaz, como o parente-remidor, é uma prefiguração do grande Redentor, Jesus Cristo (Mt.20.28…).” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.421).
“Cristo Revelado – Boaz representa uma das mais dramáticas figuras do AT que antecipa a obra redentora de Jesus Cristo.
A função de ‘parente remidor’ cumprida de forma tão elegante nas ações que promoveram a restauração pessoal de Rute, dá testemunho eloqüente a respeito disso.
As ações de Boaz efetuam a participação de Rute nas bênçãos de Israel e a incluem na linhagem familiar do Messias (Ef.2.19).
Eis aqui uma magnífica silhueta do Mestre, antecipando em muitos séculos a Sua graça redentora. Como nosso ‘parente chegado’, Ele se torna carne – vindo como um ser humano 9Jo.1.14; Fp.2:5-8).
Pela Sua disposição em se identificar com a família humana (assim como Boaz assumiu as funções da sua família humana), Cristo operou uma redenção completa da nossa condição.
E mais: a incapacidade de Rute em fazer qualquer coisa para alterar a sua própria condição tipifica a absoluta incapacidade humana (Rm.5.6); e a prontidão de Boaz em pagar o preço completo (4.9) antecipa o pagamento total de Cristo pela nossa salvação (1Co.6.20; Gl.3.13; 1 Pe.1.18-19). (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.282).
– O quarto e quinto livros históricos são os dois livros de Samuel, que, na origem, era apenas um livro, que foi dividido quando da tradução das Escrituras para o grego, para fins de facilitação de seu manuseio.
– A tradição hebraica atribui a autoria dos livros a Samuel, mas tal atribuição não pode conter todos os dois livros, pois Samuel morreu ainda durante o reinado de Saul (Cf. I Sm.25:1; 28:3).
Entretanto, as Escrituras indicam que Samuel era escritor (Cf. I Sm.10:25) e que os registros históricos do período abrangido pelos dois livros de Samuel (ou seja, as judicaturas de Eli e Samuel e os reinados de Saul e de Davi) foram obra de Samuel, Natã e Gade (Cf. I Cr.29:29).
Daí, devemos concluir que Samuel escreveu boa parte do Primeiro Livro de Samuel e que o restante do primeiro livro e o Segundo Livro foram obra dos profetas Natã e Gade.
– Nos livros de Samuel, temos a continuidade da narrativa histórica de Israel, iniciada no livro dos Juízes, com a história da unificação política de Israel.
Após a judicatura de Samuel, que conseguiu unir o povo em torno do Senhor, seguem-se os reinados de Saul e de Davi, com quem Deus faz um pacto, anunciando que, através da casa de Davi, viria o Messias para a redenção de Israel e da humanidade.
– Nas histórias de Samuel, Saul e Davi, aprendemos que o poder, por si só, não basta, mas que é preciso estarmos, sempre, submissos a Deus e à Sua vontade. Samuel mostra-nos Jesus como o nosso Rei.
OBS: ” O Livro de 1 Samuel e seu cumprimento em o Novo Testamento – 1 Samuel encerra duas prefigurações proféticas do ministério de Jesus como profeta, sacerdote e rei.
(1) Samuel, nos seus dias, o principal representante profético e sacerdotal de Deus em Israel, prefigurava o ministério de Jesus como supremo expoente profético e sacerdotal de Deus para Israel.
(2) Davi, nascido em Belém, um pastor e rei, ungido por Deus, que levou a cabo os propósitos de Deus para sua própria geração (Ate.13.36), veio a ser a prefiguração e precursor principal do rei messiânico de Israel.
O NT refere-se a Jesus Cristo como ‘Filho de Davi’ (e.g. Mt.1.1; 9.27; 21.9), a ‘descendência de Davi segundo a carne'(Rm.1.3) e a ‘Raiz e a Geração de Davi’ (Ap.22.16). (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.429).
“O Livro de 2 Samuel e o Novo Testamento – O reinado de Davi nos capítulos 1-10 é uma prefiguração do reinado messiânico de Cristo.
O estabelecimento de Jerusalém como a cidade santa, o recebimento do gracioso concerto davídico da parte de Deus e a promessa profética de um reino eterno, apontavam para o perfeito ‘Filho de Davi’, Jesus Cristo, e Seu reino presente e futuro conforme revela o NT ( Is.9.7; Mt.21.9; 22.45; Lc.1.32,33).…” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.479).
” Cristo Revelado (1 Samuel, observação nossa) – As semelhanças entre Jesus e o pequeno Samuel são surpreendentes. Ambos são filhos de promessa.
Ambos foram dedicados a Deus antes do nascimento. Ambos foram pontes de transição de um estágio da história da nação para outro. Samuel acumulou os ofícios de profeta e sacerdote. Cristo é profeta, sacerdote e rei.
O fim trágico de Saul ilustra o destino final dos reinos terrenos. A única esperança é um Reino de Deus na terra, cujo soberano seja o próprio Deus.
Em Davi começa a linhagem terrena do Rei de Deus. Em Cristo, Deus vem como Rei e virá novamente como Rei dos reis. Davi, o pequeno e humilde pastor, prefigura o Cristo, o bom Pastor. Jesus torna-se o Rei-pastor definitivo.” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.289).
“Cristo Revelado (2 Samuel, observação nossa) – Davi e seu reino esperavam a vinda do Messias. O cap.7, em especial, antecipa o futuro Rei.
Deus interrompe os planos de Davi de construir uma casa para a arca e explica que enquanto Davi não pode construir uma casa para Deus, Deus está construindo uma casa para Davi, ou seja, uma linhagem que dure para sempre.
Pela sua vitória sobre todos os inimigos de Israel, pela sua humildade e compromisso com o Senhor, pelo seu zelo a favor da casa de Deus e pela associação dos ofícios de profeta, sacerdote e rei na sua pessoa(sic), Davi é um precursor da Raiz de Jessé, Jesus Cristo.” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.323). ( Observação nossa: discordamos que Davi tenha sido sacerdote, pois não era da tribo de Levi. Somente Jesus acumulou os três ministérios. Davi foi apenas profeta e rei).
– O sexto e sétimo livros históricos são os livros dos Reis, nomenclatura dada por Jerônimo, que traduziu a Bíblia para o latim, a língua dos romanos, já que, na Septuaginta, estes livros que, na origem eram apenas um só livro, foi chamado de “livro dos reinados”.
Estes livros já pertencem à “terceira onda de inspiração”, ocorrida no tempo do rei Ezequias, quando foram coletados escritos esparsos, como os provérbios de Salomão (Cf. Pv.25:1), e o Senhor inspirou alguns para, com base nos registros históricos existentes nas cortes dos reis de Israel e de Judá (as chamadas “crônicas” mencionadas nestes dois livros dos Reis), elaborar um texto inspirado para registro da atuação divina durante este período histórico.
– A tradição judaica atribui a autoria do livro a Jeremias, o que faz sentido, até porque o término do livro é quase que idêntico ao término do livro do profeta Jeremias (II Rs.25:27-30 e Jr.52:31-34).
Há indicação, porém, que a composição do livro teria sido iniciada, nos dias de Ezequias, por Isaías (Cf. II Cr.32:32) e que Jeremias teria finalizado a elaboração, inclusive acrescentando os fatos posteriores à morte de Isaías
– Os livros dos Reis envolvem a continuação da narrativa histórica iniciada pelos livros de Samuel (daí porque terem sido tratados como uma continuação na Septuaginta), abarcando a história do povo de Deus desde a morte de Davi até o cativeiro da Babilônia, terminando a narrativa com a reabilitação do rei deposto Joaquim na corte babilônica.
É a sequência do retrato da infidelidade do povo e da presença constante do Senhor no cumprimento de Suas promessas.
– Relação dos reis de Israel
a) Reino unificado : Saul(I Sm.11:14,15), Isbosete(todas as tribos salvo Judá-II m.2:9,10) e Davi(somente Judá- II Sm.2:4), Davi (sobre todas as tribos de Israel – II Sm.5:3) e Salomão(I Rs.1:39).
b) Reino de Judá (reino do sul, formado pelas tribos de Judá e Benjamim, bem como pelos levitas, que emigraram já no primeiro ano de Jeroboão, do reino do norte, cf.II Cr.11:13-15) – Todos os reis de Judá, com exceção da usurpadora Atalia, são da casa de Davi, ou seja, são descendentes de Davi.
Atalia, que era filha de Acabe, usurpou o trono, após matar todos os príncipes, mas Joás foi poupado e acabou, com a ajuda de Jeoiada, retomando o trono para a casa de Davi.
Os reis de Judá foram(os reis com asteriscos foram considerados fiéis a Deus até o final de seus reinados):
Roboão(I Rs.12:17),
Abias(I Rs.14:31),
Asa*(I Rs.15:8),
Josafá*(I Rs.24:41),
Jeorão(II Rs.8:16),
Acazias(II Rs.8:24),
Atalia (usurpadora- II Rs.11:1),
Joás (II Rs.12:1),
Amazias (II Rs.12:21),
Uzias ou Azarias (II Rs.15:21),
Jotão* (II Rs.15:7),
Acaz (II Rs.15:38),
Ezequias* (II Rs.16:20),
Manassés* (II Rs.20:21),
Amom (II Rs.21:18),
Josias* (II Rs.21:26),
Jeocaz (II Rs.23:30),
Jeoiaquim (II Rs.23:34),
Joaquim ou Jeoaquim (II Rs.24:6) e
Zedequias (II Rs.24:17).
c) Reino de Israel (reino do norte, formado pelas dez tribos de Israel, com exceção de Judá e Benjamim – Cf.I Rs.12:16-19).
Nenhum rei de Israel é dito que tenha servido a Deus. Foram todos infiéis. Houve uma sucessão de famílias reinantes. Vejamos os reis em suas respectivas dinastias:
c1 – casa de Jeroboão – Jeroboão (I Rs.12:20), Nadabe (I Rs.14:20).
c2 – casa de Baasa – Baasa (I Rs.15:28), Elá (I Rs.16:6)
c3 – casa de Zinri – Zinri ( I Rs.16:10)
c4 – casa de Onri – Onri (I Rs.16:16), Acabe (I Rs.16:28), Acazias (I Rs.22:40), Jorão (II Rs.1:17).
c5 – casa de Jeú – Jeú (II Rs.9:6), Jeocaz (II Rs.10:35), Jeoás (II Rs.13:9), Jeroboão II (II Rs.13:13), Zacarias 9II Rs.14:29).
c6 – casa de Salum – Salum (II Rs.15:10)
c7 – casa de Menaem – Menaem ( II Rs.15:14), Pecaías (II Rs.15:22) c8 – casa de Peca – Peca (II Rs.15:25)
c9 – casa de Oséias – Oséias ( II Rs.15:30)
– Nos livros dos Reis, vemos que Deus continua cumprindo Suas promessas mas que o povo, a começar pelo próprio rei Salomão, apesar de todas as bênçãos recebidas, mantém sua ingratidão e rebeldia.
Como resultado disto, a nação divide-se mas, salvo durante alguns reis de Judá, o povo continuou pecando, o que acabou ocasionando a inevitável perda da terra prometida, como já havia sido anunciado na lei de Moisés (cf. Dt.28:63,64).
Mesmo diante desta rebeldia, Deus não cessou de falar ao povo e, diante do fracasso dos reis, levantou, durante todo o período, profetas, verdadeiros mensageiros do arrependimento. Reis mostra-nos Jesus como o nosso Rei.
OBS: “O Livro de 1 Reis e o Novo Testamento – No NT, Jesus declarou à Sua geração que a grandeza de Sua vida e do Seu reino ultrapassam a sabedoria, autoridade, glória e esplendor de Salomão e do seu reinado: ‘ Eis que está aqui quem é mais do que Salomão'( Mt.12.42).
Além disso, a glória de Deus que encheu o templo de Salomão, quando foi dedicado, veio habitar entre a raça humana, na pessoa de Jesus, o Filho Unigênito do Pai ( Jo.1.14).(BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.517).
“Paralelo entre o livro de 2 Reis e o Novo Testamento – 2 Reis deixa claro que o pecado e a infidelidade dos reis de Judá (i.e., os descendentes de Davi) resultaram na destruição de Jerusalém e do reino davídico.
Não obstante, o NT deixa também claro que Deus, na Sua fidelidade, cumpriu Sua promessa segundo o concerto, feita a Davi, através de Jesus Cristo, ‘o Filho de Davi’ (Mt.1.1; 9.27-31; 21.9), cujo reinado e reino não terão fim ( Lc.1.32,33; cf. Is.9.7). (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.572).
” Cristo Revelado (1 Reis, observação nossa) – O fracasso dos profetas, sacerdotes e reis do povo de Deus aponta para a necessidade do advento de Cristo.
Cristo é a combinação ideal desses três ofícios. Como profeta, a palavra de Cristo ultrapassa largamente à do grande profeta Elias (Mt.17.1-5).
Muitos dos milagres de Jesus são reminiscências das maravilhas que Deus fez através de Elias e Eliseu em Reis. Além disso, Cristo é um sacerdote superior a qualquer daqueles registrados em Reis (Hb. 7.22-27).
1 Reis ilustra vivamente a necessidade de Cristo como o nosso Rei em exercício de Suas funções. Quando perguntado se era rei dos judeus, Jesus afirmou que era (Mt.27.11). No entanto, Jesus é um Rei maior ‘do que Salomão’ (Mt.12.42).
O nome ‘Salomão’ significa ‘paz’; Cristo é o ‘Príncipe da Paz’, e a Sua paz jamais cessará (Is.9.6). Salomão destacava-se por sua sabedoria, mas Cristo é a ‘sabedoria de Deus’ ( 1 Co.24.30).
O reino de Salomão era temporário, mas Cristo reinará sobre o trono de Davi para sempre ( 1 Cr. 17.14; Is.9.6), pois Ele é ‘REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES’ (Ap.19.16). …” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.352).
“Cristo Revelado (2 Reis, observação nossa) – O fracasso dos profetas, sacerdotes e reis do povo de Deus aponta para a necessidade do advento de Cristo. Cristo é a combinação ideal desses três ofícios. Como profeta, a palavra de Cristo ultrapassa largamente à do grande profeta Elias (Mt.17.1-5).
Muitos dos milagres de Jesus são reminiscências das maravilhas que Deus fez através de Elias e Eliseu em Reis. Além disso, Cristo é um sacerdote superior a qualquer daqueles registrados em Reis (Hb. 7.22-27).
1(sic)Reis ilustra vivamente a necessidade de Cristo como o nosso Rei em exercício de Suas funções. Quando perguntado se era rei dos judeus, Jesus afirmou que era (Mt.27.11). No entanto, Jesus é um Rei maior do que o maior dos seus reis (Mt.12.42).
O reinado de cada um desses 26 governantes já terminou, mas Cristo reinará sobre o trono de Davi para sempre( 1 Cr. 17.14; Is.9.6), pois Ele é ‘REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES’ (Ap.19.16).…” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE,
p.384-5).
– O oitavo e nono livros históricos são os dois livros das Crônicas, que, na origem, também constituíam apenas um livro.
– Os dois livros de Crônicas, no cânon judaico, constituem-se em um único livro, denominado pelos hebreus de “Deverei Hayamim”, que significa “as coisas dos dias” e que fazia parte do “Ketuvim”, ou seja, “dos outros escritos”, sendo o último livro na ordem judaica do Antigo Testamento.
Na versão grega da Septuaginta, os livros, que foram divididos em dois, foram chamados de “Paralipômenos”, ou seja, “coisas omitidas”, pois se entendeu que os relatos de Crônicas tinham por finalidade narrar fatos que haviam sido omitidos nos livros de Samuel e dos Reis.
Foi, aliás, este o nome utilizado para os livros na Versão do Padre Antonio Pereira de Figueiredo, a primeira versão católico-romana da Bíblia para o português.
Na Vulgata, Jerônimo colocou ambos os nomes, o hebraico “Debraiamim” e o nome da Septuaginta, mas deu ao livro o nome latino de “Verba dierum”(as palavras dos dias, ou seja, os relatos, as crônicas), de onde veio o nome português “Crônicas”.
– A tradição judaica atribui a autoria de Crônicas a Esdras. Dizem as Escrituras que Esdras era um escriba hábil na lei de Moisés (Ed.7:6), a demonstrar, portanto, que se tratava de pessoa que, realmente, tinha conhecimento das Escrituras e que, portanto, muito bem poderia ter buscado compilar todas as informações históricas do povo de Israel, num momento em que estava reestruturando a própria religião do povo de Israel, que estava voltando do cativeiro.
– Não bastasse isso, a tradição (que é reproduzida no livro apócrifo de Segundo Macabeus- II Mc.2:13-15) conta-nos que Neemias organizou uma biblioteca, onde reuniu documentos e anais que vinham desde o tempo do rei Davi, que muito bem poderiam ter sido as fontes utilizadas por Esdras na elaboração dos livros das Crônicas.
– Isto faz com que este livro pertença já à “quarta onda de inspiração”, que é a inspiração ocorrida após o cativeiro da Babilônia, na repatriação, a última onda de inspiração antes do silêncio profético do período intertestamentário.
– Os livros das Crônicas buscam resumir a história do povo judeu, iniciando um relato genealógico que remonta a Adão e, depois dos fatos que cercaram a história do povo judeu desde a morte de Saul até o término do cativeiro da Babilônia, com ênfase à história do reino do Sul, precisamente o que havia sido mantido e conservado pelo Senhor.
O objetivo dos livros é mostrar como é necessária a fidelidade a Deus para que se tenha acesso às bênçãos divinas, um alerta e memória para o povo de Israel que voltava do cativeiro para um novo período na Terra Prometida. Era a preservação da memória de Israel para a posteridade.
– Alguns “críticos bíblicos” costumam atacar a Bíblia diante das diferenças de narrativas entre os livros das Crônicas e os livros dos Reis e de Samuel, mostrando aí uma suposta evidência de que os registros bíblicos são distorcidos e propositadamente estabelecidos.
Entretanto, tais críticas não merecem qualquer acolhida, pois o que vemos são propósitos distintos e épocas diferentes em que estes livros foram escritos, mantidos os mesmos fatos, a comprovar a sua autenticidade.
– Os livros das Crônicas são o último livro da Bíblia hebraica, razão pela qual os estudiosos interpretam os livros como tendo sido considerados pelos judeus como um suplemento dos livros históricos.
De qualquer maneira, tal posição mostra como se evidencia o sentido de serem livros para manter, no povo, a memória da sua identidade nacional e de seu relacionamento com Deus.
Esta colocação no cânon judaico explica a expressão de Jesus em Mt.23:35, pois a narrativa da morte de Zacarias encontra-se precisamente neste último livro da “Tanach”, mais precisamente em II Cr.24:20-22. Jesus, assim, confirma a autoridade de todas as Escrituras hebraicas.
– Nos livros das Crônicas, temos os mesmos propósitos dos livros dos Reis e das Crônicas, ou seja, a demonstração da imperfeição humana, apesar da escolha e do amor divinos, mas a presença da fidelidade divina que está sempre a serviço do Seu povo.
Nos livros das Crônicas, vemos como Deus está no controle do plano da salvação desde Adão e como há a necessidade de um rei que seja perfeito e que já estava prometido desde o pacto de Deus com Davi.
OBS: “O Livro de 1 Crônicas face ao Novo Testamento – O registro genealógico a partir de Adão até o exílio em Babilônia, inclusive dos reis davídicos e os seus descendentes (cap.3,4) supre os dados necessários às genealogias no NT de Jesus o Messias em Mateus (1.1-17) e de Jesus o Filho de Deus em Lucas (3.23-28).
O cenário de Davi em 1 Crônicas, assentando no trono do Senhor e reinando (17.14), prefigura a vinda do ‘Filho de Davi’, messiânico, Jesus Cristo.” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.620).
“Paralelo entre 2 Crônicas e o Novo Testamento – O reino davídico fora destruído, mas sua linhagem permaneceu, tendo seu cumprimento em Jesus Cristo (ver as genealogias em Mt.1.1-17 e Lc.3.23-38). Além disso, o templo de Jerusalém tem significado profético relacionado com Jesus, que declarou: ‘Pois eu vos digo que está aqui quem é maior do que o templo; (Mt.12.6).
Jesus também fez uma comparação entre Seu corpo e o templo: ‘Derribai este templo, e em três dias o levantarei’9Jo.2.19). finalmente, na nova Jerusalém, Deus e o Cordeiro substituem o templo: ‘E nela não vi templo, porque o seu templo é o Senhor, Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro.; “Ap.21.22). ” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.660).
” Cristo Revelado (1 Crônicas – observação nossa)- Cristo é prefigurado em 1Crônicas de forma bastante parecida com 1Reis (…).
Em 1Crônicas, todavia, muitos veem uma alusão a Cristo na referência ao templo. 1Cr. 21 (também 2Sm.24) explica que, como consequência do pecado, uma praga mortal irrompe contra Israel. Davi compra um terreno de Ornã, onde ofereceria um sacrifício com o intuito de parar a praga.
Esse lugar, sobre o monte Moriá, é o lugar exato onde se pediu a Abraão que sacrificasse a seu filho Isaque (Gn.22.2).
No NT Paulo se refere três vezes aos crentes como ‘templo de Deus (1 Co 3:16-17; 6.19; Ef. 2.19-22). Foi Cristo quem comprou o terreno para este templo espiritual. Foi o seu sacrifício que nos libertou da morte (Rm.5.12-18; 7.24-25; 1 Jo.3.14). (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE , p. 416 e 442)
“ Cristo Revelado em 2 Crônicas – O templo de Salomão, a exemplo do tabernáculo, é uma figura do Senhor Jesus, o templo de Deus entre os homens (Cf. Jo.2:19-21).
A sabedoria dada a Salomão e a prosperidade de seu reinado também prefiguram Cristo, maior que Salomão (Mt.12:42; Lc.11:41) e que reinará com justiça e paz a partir de Israel. O desprezo dos israelitas em relação a Deus e ao Seu templo prenunciavam a rejeição que teria o Messias.
Em II Crônicas, também, vemos a figura de Zacarias, o último justo inocente que morreria no “rastro de sangue” do Antigo Testamento (II Cr.24:21,22 comp. Mt.23:35; Lc.11:51), que será vingado por Deus.
A destruição de ambos os reinos e o cativeiro revelam a fidelidade divina e o juízo de todos quantos rejeitam a oferta salvadora do Senhor.
– O décimo livro histórico é o livro de Esdras. O livro de Esdras continua a narrativa dos livros das Crônicas, que se encerrara com o anúncio do término do cativeiro da Babilônia, embora na ordem judaica dos livros, tenha sido colocado após os livros dos Reis, como a indicar que é a sequência da história judaica.
O livro de Esdras narra desde o retorno dos judeus à Palestina e a vinda de Esdras, que restaurou o culto a Deus e eliminou alguns abusos que estavam ocorrendo no meio do povo.
– A tradição judaica atribui a Esdras a autoria do livro, sendo que o estilo dos livros das Crônicas permite vislumbrar que, realmente, o seu autor deve ter sido o mesmo dos livros das Crônicas. Alguns estudiosos da Bíblia preferem denominar o autor destes quatro livros (os dois das Crônicas, o de Esdras e o de Neemias) de “o cronista”, sem identificá-lo.
– Esdras é figura muito importante na história judaica. É conhecido como o “segundo Moisés”, pois foi ele o principal responsável pela restauração da religião judaica após o retorno do cativeiro da Babilônia.
A tradição judaica considera-o como tendo sido o responsável pela compilação das Escrituras, pela modernização do alfabeto hebraico e pela criação do Sinédrio. O livro de Esdras mostra-nos, sem sombra de dúvida, que a figura de Esdras foi fundamental para que a fé judaica permanecesse viva após o retorno do cativeiro da Babilônia.
– Entre os episódios da 1ª parte e da 2ª parte do livro de Esdras há um intervalo de, aproximadamente, 60 anos, onde ocorreram os eventos descritos no livro de Ester. Este intervalo de tempo está evidenciado na expressão inicial do capítulo 7 do livro de Esdras, que diz :
‘ Passadas estas coisas, no reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia…’ (Ed.7:1).
Percebemos nesta passagem, que é desconsiderada por muitos ‘críticos’ e cuja desconsideração leva a elucubrações a respeito dos livros históricos pós-exílicos, que, a partir do capítulo 7, estamos diante de outro monarca persa e diante de um período em que os judeus desfrutam de grande prestígio na corte persa, algo que somente pode ter ocorrido após os fatos descritos no livro de Ester.
– No livro de Esdras, vemos, mais uma vez, o zelo de Deus para que Seu povo não perdesse a comunhão com Ele, nem deixasse esquecido o pacto estabelecido no monte Sinai.
A obra de Esdras, fruto de um chamado divino correspondido (Cf. Ed.7:10), comprova que Deus tomou todas as providências necessárias para que o castigo do cativeiro não significasse a perda da identidade do Seu povo escolhido. Esdras, neste ponto, prefigura Cristo e nos mostra Jesus como sendo o nosso Restaurador.
OBS: “O Livro de Esdras à luz do Novo Testamento – A volta do remanescente judaico à sua pátria e a reedificação do templo revelam que Deus sempre anela restaurar os desobedientes, Seus métodos incluem não somente o castigo pela apostasia, como também a restauração e a esperança para o remanescente crente, através do qual Deus dirige o caudal da redenção no seu curso final.
Vemos esse princípio no NT, onde um remanescente crente dentre os judeus aceitou Jesus como o seu Mestre, enquanto o fluxo principal da redenção passou dos judeus incrédulos para os gentios na igreja primitiva.” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.710).
“Cristo Revelado – O próprio Esdras prefigura Cristo pela forma de vida que leva e pelo papel que cumpre. Pode-se destacar isto de três formas em particular:
1) como aquele que ‘tinha preparado o seu coração para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir'(7.10).
Esdras traz à nossa mente a descrição que Cristo faz de Si mesmo como aquele que zelosamente obedece ao Pai 9Jo.5.19).
2) Como ‘o sacerdote’ (7.11). Esdras prefigura o papel de Cristo como o ‘grande sumo Sacerdote'(Hb.4.14).
3) Como o grande reformador espiritual que chama Israel ao arrependimento (cap. 10), Esdras tipifica o papel messiânico de Cristo como aquele que transforma as perspectivas espirituais de Israel, incluindo o chamado para abandonar o tradicionalismo morto e a impureza moral ( Mt.11.20-24; 23).” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.474).
– O décimo primeiro livro histórico é o livro de Neemias. Este livro, no cânon judaico, constituía apenas um livro, sob o nome de “Ezra”.
Na Septuaginta, foi dividido e recebeu o nome de ‘Segundo Livro de Esdras”, assim aparecendo na Vulgata.
Nas edições impressas da Bíblia a partir de 1525 passaram a ser apresentados separadamente e o segundo livro denominado de “Neemias”, o que foi adotado até pelos judeus. “Neemias” significa “Javé consola”.
– O livro de Neemias relata a história de Neemias, copeiro do rei Artaxerxes que, compungido com o triste relato trazido da Palestina sobre a situação deplorável do povo que havia retornado do cativeiro, acaba conseguindo ser nomeado administrador da região pelo rei e, assim, consegue reedificar Jerusalém e preservar a autonomia dos judeus frente aos seus vizinhos, notadamente os samaritanos. Assim, ao lado de uma restauração religiosa com Esdras, Deus providencia a restauração administrativa de Seu povo, através de Neemias.
– Devemos tomar cuidado, ao analisar os livros de Esdras e Neemias, pois há dois livros apócrifos conhecidos como “Esdras” ou “Terceiro Livro de Esdras” e “Quarto Livro de Esdras”.
O Terceiro Livro de Esdras chegou, inclusive, a compor a Septuaginta e foi traduzido para o latim na Vulgata, embora não tenha sido reconstruído como canônico, nem mesmo pelos católicos romanos. São livros que relatam episódios ocorridos nos tempos de Esdras e Neemias (o chamado Terceiro Livro de Esdras chega, mesmo, a reproduzir alguns trechos destes livros), mas que não são autênticos.
– No livro de Neemias, assim como no de Esdras, vemos que Deus zelou para que Seu povo estivesse estabelecido e organizado, após o término do cativeiro da Babilônia, a fim de que não perdesse a sua identidade. Assim como Esdras, Neemias é uma figura de Cristo, mostrando que Jesus é o nosso Restaurador, o Reedificador da comunhão entre Deus e os homens.
OBS: “O Livro de Neemias ante o Novo Testamento – Este livro registra o cumprimento de todos os passos básicos da restauração do judaísmo pós-exílico, passos estes necessários à vinda de Cristo no início da era do NT.
Teve lugar a reconstrução de Jerusalém e do templo, a restauração da lei, a renovação do concerto e a devida preservação da linhagem davídica. Exteriormente, tudo estava em condição para a vinda do Messias (cf. Dn.9.25).
O período retratado em Neemias termina com a esperança profética de que o Senhor em breve viria ao Seu templo (Ml.3.1). O NT começa com o cumprimento dessa expectativa e esperança pós-exílica.”(BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.728-9).
“Cristo Revelado – Neemias, juntamente com Esdras, exortou o povo de Deus a recordar a lei. Ao fazê-lo, tornou-se parte da cadeia de escritores inspirados das Sagradas Escrituras que colocou o povo nas mãos de um ‘aio’ (Gl.3.23-24) para ser guardado até a chegada de Cristo.
Embora o livro não faça uma menção direta a Cristo, Neemias representa Cristo pela sua vida modelo. Foi um líder corajoso, lutando contra as desavenças e encorajando o povo a fazer a obra de Deus (2.18), semelhante a Cristo que lutou contra a oposição do povo e encorajou Seus discípulos a permanecerem firmes (Jo.15.18-27).
Orava com fervor (2.1-20; 6.9-14), como Cristo orava (Lc.6.12). Finalmente, era dedicado à lei de Deus (8.9-10), valor muito importante também na vida de Cristo (Mt.5.17).
– O décimo segundo e último livro histórico é o livro de Ester também pertence aos “Ketuvim”, os chamados “outros escritos”.
Seu nome hebraico é “Ester”, o nome, provavelmente persa, dado à judia Hadassa, quando se tornou rainha da Pérsia, após a destituição de Vasti. “Ester” significa “estrela” e pode estar relacionada à divindade babilônica “Ishtar”, no grego “Aster”, como alegam alguns “targumim”.
– O livro de Ester foi o último a ser admitido como canônico. O fato de não ter sido escrito na Palestina e a circunstância de nele não estar registrado o nome de Deus foram fatores que colocaram em dúvida a sua canonicidade entre os judeus.
No concílio de Jamnia, as maiores discussões giraram em torno do livro de Ester, que acabou sendo admitido como canônico. Isto explica, aliás, porque nos manuscritos do Mar Morto não foi encontrado nenhum fragmento deste livro, a indicar que os essênios não o aceitavam.
– O livro de Ester é um dos “Cinco Rolos” ( os “Meguillot”), que são os livros lidos pelos judeus em suas festividades.
O livro de Ester é lido solenemente na festa de Purim, cuja origem, aliás, é explicada no próprio livro. Aliás, o livro de Ester é conhecido como “Meguillah”, ou seja, o rolo, exatamente porque é lido solenemente nessa festa.
– Outra dificuldade para se aceitar Ester foi a ausência de documentos que permitam identificar, com exatidão, quem teria sido Assuero, o rei persa mencionado no livro.
Também não se encontraram registros a respeito dos fatos mencionados no livro, o que levaram alguns ‘críticos’ a considerar, precipitadamente, que o livro seria um romance de ficção, elaborado para incentivar o sentimento nacionalista judeu. Entretanto, tais pensamentos não podem ser acolhidos. Como afirma Nathan Ausubel,
“…Para o leitor leigo, parece pouco plausível que o povo judeu, logo após o pretenso acontecimento histórico de sua libertação nacional, tivesse desejado iniciar uma comemoração destas se se tratasse tão-somente de produto da imaginação!
A tradição entre os judeus sempre foi escrupulosamente preservada na memória nacional. Em consequência, a lembrança popular judaica é, de certa forma, um ‘registro histórico’ difícil de ser falsificado.
Quaisquer que sejam os enfeites folclóricos superpostos à narrativa de Ester, a probabilidade razoável é que a oportuna desarticulação de uma conspiração para exterminar o povo judeu tenha sido um fato histórico verdadeiro.
Por essa razão mesmo ela era comemorada pelos judeus com ruidosas celebrações. Antes de se afirmar, com segurança, que a narrativa deriva totalmente de fantasia, deve-se ter em mente que em 1870, quando quase todo o mundo de entendidos e estudioso da Grécia acreditava piamente que a Ilíada de Homero fosse uma saga puramente mítica, a cidade de Tróia foi desencavada da terra por Henrich Schliemann no próprio lugar indicado por
Homero, em Ilium! …” (Purim. In: A JUDAICA, v.6, p.691-2).
– Aliás, o fato de ter sido acolhida pela comunidade judaica em todo o mundo a festividade de Purim, festa inexistente até o cativeiro da Babilônia, é uma demonstração da veracidade do livro de Ester, pois os judeus eram e são extremamente escrupulosos quanto a seu calendário festivo e somente aceitariam a inclusão de uma nova comemoração além das estabelecidas pela lei de Moisés se tivesse havido um evento de proporções gigantescas, como é o narrado no livro de Ester.
Aliás, a circunstância de Purim ter passado a integrar o calendário judaico é que confirma a própria canonicidade do livro e o reconhecimento da intervenção divina em toda a trama, ainda que Seu nome não esteja expresso no livro.
– Não nos esqueçamos, aqui, de mencionar que a Bíblia católico-romana fez adições ao livro de Ester, um total de 107 versículos. Estas adições, na Versão do Padre Antonio Pereira de Figueiredo, assim como na Vulgata, vêm a partir de Et.10:3.
Já em outras versões, elas aparecem conforme o texto grego, no meio do texto canônico, que, em algumas versões, aparecem, inclusive, em itálico: um trecho que antecede Et.1:1; um trecho que segue a Et.3:13; um trecho que segue Et.4:17; outro que é colocado entre Et.5:2 e Et.5:3; outro, que segue Et.8:12 e, por fim, o que se segue a Et.10:3, num total de seis adições.
– Embora o nome de Deus não seja mencionado expressamente no livro de Ester, faz-se a Ele referência indireta em Et.4:14, quando se afirma que “socorro e livramento doutra parte virá para os judeus(…) e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino ?
“. Neste texto, percebe-se, claramente, que a ausência do nome de Deus em nada retira, no livro de Ester, a concepção de que é o Senhor Aquele que zela pelo Seu povo e que tudo controla para a preservação de Suas promessas e compromissos.
– No livro de Ester, vemos, apesar da ausência do nome de Deus, como Deus trabalhava pela preservação de Seu povo, a fim de que se cumprisse a esperança messiânica. No livro de Ester, vemos que Deus sempre está pronto a socorrer e livrar Seu povo. Em Ester, Jesus apresenta-Se como o nosso Socorro.
OBS: “O Livro de Ester e o Novo Testamento – Não há referência ou alusão a este livro no NT. Todavia, o ódio de Hamã aos judeus e seu complô visando o extermínio de todos os judeus do império persa (cap.3; 7,4) é uma prefiguração do AT, do Anticristo do NT, que procurará destruir todos os judeus e também os cristãos no final da história.. ” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.755).
“Cristo Revelado – A rainha Ester é semelhante a Jesus em vários aspectos. Ela viveu submissa, dependente e obediente às autoridades instituídas que Deus havia colocado sobre ela, Mardoqueu e o rei Assuero.
Assim o Senhor Jesus, durante o Seu ministério terreno, viveu em total submissão, dependência e obediência a Deus Pai.
Ester também se identificou com o seu povo e jejuou durante três dias, quando intercedeu a Deus em favor do povo (4.16). Hb.2.17 nos conta que ‘convinha que, em tudo, [Jesus] fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote. ‘Assim. Jesus jejuou e orou em favor de Si mesmo (Mt.4.2; Jo.17.20).
Em terceiro lugar, Ester abriu mão do seu direito de viver para salvar a nação da morte certa. Por isso foi exaltada pelo rei. De maneira semelhante, Jesus entregou Sua vida para que a humanidade pecadora fosse salva da morte eterna e foi exaltado por Deus. (Fp.2.5-11).” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.500).
II – OS LIVROS POÉTICOS
– O grupo dos livros poéticos assim são chamados pois são “poesias”, ou seja, escritos que têm como ponto-de-vista o mundo interior do autor.
Ora, na mente do escritor, basicamente temos dois tipos de faculdades: a sensibilidade e o entendimento.
Desta forma, os “livros poéticos” traduzem tanto ensinamentos (resultado do entendimento, da reflexão), como sentimentos (resultado da sensibilidade, das emoções e sensações).
Não é de se admirar, portanto, que, no grupo dos livros poéticos, tenhamos tanto livros de ensinamentos (os chamados “livros de sabedoria” ou “livros sapienciais”) como livros de louvores e cânticos.
– Os “livros poéticos” são cinco, a saber:
Jó,
Salmos,
Provérbios,
Eclesiastes e
Cantares de Salomão.
Destes, três são sapienciais (Jó, Provérbios e Eclesiastes) e dois são livros de louvores e cânticos (Salmos e Cantares de Salomão).
Entre os hebreus, todos eles estão classificados entre os “Ketuvim” (outros escritos), que constitui na última parte do cânon judaico, que se inicia, precisamente, com os Salmos, daí ter esta parte sido chamada de “salmos” por Jesus (Lc.24:44).
– O primeiro livro poético na ordem da Bíblia, tal qual a utilizamos atualmente, é o livro de Jó, assim colocado por ser considerado o mais antigo livro poético.
Sua antiguidade, aliás, faz com que, na Versão Siríaca (Peshitta), ele seja colocado após o livro de Deuteronômio, antes do livro de Josué. Entre os hebreus, porém, bem como na Septuaginta, ele vem depois do livro dos Salmos, que é o livro que inicia os “Ketuvim”.
– O livro é chamado pelos hebreus de “Iyyob”, que é o nome do patriarca que é a figura central do livro.
Não se trata de um nome hebraico e seu significado é obscuro. Alguns consideram que signifique “voltar” ou “arrepende-se”, enquanto outros, relacionando o nome com o idioma árabe, entendem que a palavra queira dizer “perseguido” ou “inimigo”.
Claudionor de Andrade, no comentário da lição 1 do 1º trimestre de 2003, das Lições Bíblicas, diz que o nome hebraico significa “voltado para Deus” (Lições Bíblicas: jovens e adultos. 1º trim./2002, p.5).
– A autoria do livro é discutida. A tradição judaica do Talmude indica que seu autor foi Moisés, que o teria escrito quando ainda vivia entre os midianitas, antes, portanto, de sua chamada para a libertação do povo.
Outros entendem que o autor tenha sido o próprio Jó e ainda alguns que o livro tenha sido escrito por Eliú, o quarto amigo de Jó. De qualquer maneira, adotada qualquer uma das correntes de pensamento, temos que o livro de Jó é o livro mais antigo das Escrituras.
OBS: É interessante notar que há uma referência no livro de Jó que parece indicar que o patriarca não tinha o domínio da escrita (Jó 19:23,24).
Diante deste quadro há quem defenda a ideia de que o livro tenha sido escrito por Moisés a partir de dados que lhe teriam sido fornecidos por seu sogro Jetro, que seria filho ou neto de Jó.
As teses de que Jó ou Eliú teriam escrito o livro apresenta uma dificuldade: como estes livros teriam chegado aos israelitas e como teriam sido reconhecidos como a genuína Palavra de Deus?
– O livro de Jó tem como tema principal a questão do sofrimento do justo e de seu propósito. Pode o justo sofrer?
O sofrimento está vinculado, ou não, necessariamente ao pecado de alguém? Apresenta-se, portanto, como uma profunda reflexão a respeito do sofrimento e, por conseguinte, da posição do homem diante de Deus.
– No livro de Jó, observamos que Deus é o Senhor de todas as coisas e que tem o absoluto controle de tudo, mas Sua grandeza não O impede de cuidar de cada um de Seus servos.
Também aprendemos que o mal pode não ser consequência de pecado, mas uma provação divina. Jó, ademais, mostra a necessidade que há de se ter um árbitro entre Deus e os homens (Cf. Jó 9:32,33) e Jó manifesta sua esperança num Redentor (Jó 19:25-27). Em Jó, portanto, vemos Jesus, o Redentor que vive e que por fim se levantará sobre a terra.
OBS: “O Livro de Jó e seu cumprimento no Novo Testamento – O Redentor, a quem Jó confessa (19.25-27), o Mediador por quem ele anseia (9.32,33) e as respostas às suas perguntas e necessidades mais profundas, todos têm em Jesus Cristo o seu cumprimento.
Jesus identificou-Se inteiramente com o sofrimento humano (cf. Hb.4.15,16; 5.8), ao ser enviado pelo Pai como Redentor, mediador, sabedoria, cura, luz e vida.
A profecia da parte do Espírito sobre a vinda de Cristo, temo-la mais claramente em 19.25-27. Menção explícita de Jó, temos duas vezes no Novo Testamento:
(1) Uma citação (5.13, em 1 Co. 3.19) e
(2) uma referência à perseverança de Jó na aflição e o resultado misericordioso da maneira de Deus lidar com ele (Tg.5.11).
Jó ilustra muito bem a verdade neotestamentária de que quando o crente experimenta perseguição ou algum outro severo sofrimento, deve perseverar firme na fé e continuar a confiar nAquele que julga corretamente, assim como fez o próprio Jesus quando aqui sofreu (1 Pe 2.23). Jó 1.6-2.10 é o mais detalhado quadro do nosso adversário, juntamente com 1 Pe.5.8,9.” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.768).
” Cristo Revelado – Não há referência direta a Cristo em Jó; no entanto, Jó pode ser visto como um tipo de Cristo. Jó passou por um grande sofrimento e foi humilhado e privado de tudo o que tinha, mas no final foi restaurado e intercedeu pelos seus amigos.
Cristo esvaziou-Se a Si mesmo, assumindo a forma humana. Sofreu, foi perseguido por homens e demônios, parecia abandonado por Deus, e tornou-Se um intercessor. A maior diferença entre Cristo e Jó é que Cristo decidiu esvaziar-Se a Si mesmo, enquanto que a humilhação de Jó trouxe circunstâncias que estavam além do seu controle.
O Livro de Tiago dirige a atenção do leitor para a paciência e a resignação de Jó. Tiago declara que assim como a intenção de Deus com Jó era boa, assim também a intenção de nosso Senhor com cada um de nós é boa (5.11).” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.510) (Observação do autor deste esboço – discordamos que não haja menção de Cristo no livro de Jó, como é dito nesta passagem. Aliás, esta observação é contraditada na mesma obra, na nota a Jó 19.25-26, na p.520, que diz:
‘ Esta é uma das maiores afirmações proféticas do ATE na qual se anuncia o Redentor Salvador, que trará esperança de ressurreição real e física à humanidade redimida – ver 1 Co. 15.35-49’).
– O segundo livro poético é o livro dos Salmos. Eles são um livro peculiar nas Escrituras, pois sua formação se deu paralelamente ao restante das Escrituras.
Com efeito, temos notícia de salmos que vão desde o tempo de Moisés (o salmo 90) até o término do cativeiro da Babilônia (salmos 139 e 126).
Vemos, portanto, que os Salmos são um hinário, ou seja, uma coletânea de hinos e poemas que foram reunidos, na sua atual estrutura, após o cativeiro da Babilônia, muito provavelmente por Esdras ou no seu tempo.
– Os Salmos são chamados pelos hebreus de “Tehilim”, que significa “louvores”. Na Septuaginta, a coletânea foi denominada de “Psalmoi”, que vem do verbo “psallo”, que significa “tocar instrumentos de cordas”, de onde veio o título da coletânea na Vulgata e o nome pelo qual o livro é conhecido em todo o mundo. A palavra “psalmoi” é a tradução grega da palavra hebraica “mizmor”, que dá título a 57 salmos.
Uma prova de que os Salmos são uma coletânea é o fato de terem vários autores. Nem todos os salmos têm a autoria indicada, mas boa parte deles indica quem é seu autor. São 101 os salmos que têm indicação de autor.
A maior parte dos salmos é atribuída a Davi, num total de 74. Depois de Davi, o maior número de salmos é atribuído a Asafe e a seus cantores, num total de 12 (Sl.50, 73-83) bem como aos filhos de Coré, num total de 11 (Sl.42-49, 84, 84 e 87).
Um é atribuído a Moisés (Sl.90), outro a Hemã (Sl.88), outro, ainda, a Etã (Sl.89) e dois a Salomão (Sl.72 e 127).
Quarenta e oito salmos não têm indicação de autoria. Alguns “críticos” têm desconfiado da autoria davídica de muitos salmos, porque a expressão hebraica nos títulos dos salmos poderia significar “por” ou “para” Davi.
Entretanto, muitos dos salmos têm a indicação até mesmo de episódios da vida de Davi, motivo pelo qual não devemos apresentar estas dúvidas, até porque as Escrituras nos informam que Davi foi autor de salmos (II Sm.23:1, At.2:25).
– Os Salmos, por serem uma coletânea, têm diversos temas e assuntos, sendo difícil determinar, em poucas palavras, uma única mensagem que ele queira transmitir.
Inobstante, podemos ver, nos Salmos, que a temática diz respeito ao relacionamento do homem para com Deus.
Se no livro de Provérbios, a ênfase do autor é dar conselhos práticos para que o homem possa conviver com seus semelhantes de maneira que agrade a Deus, nos Salmos, temos a preocupação de se expressar toda a riqueza sentimental, emocional e anímica do relacionamento entre o homem e o seu Deus.
É esta busca de expressão sentimental-emocional-afetiva do relacionamento entre Deus e o homem que torna os Salmos um dos pontos altos das Escrituras e que os tornaram tão populares e tão apreciados em todo o mundo, independentemente de credo, cultura ou época. Os Salmos, poéticos que são, traduzem, com inspiração divina, a linguagem da alma em busca de seu Criador.
– Normalmente, os Salmos são divididos em cinco livros, ou seja, cinco coletâneas, que nos indicam que, quando da disposição dos Salmos na atual disposição, houve uma preocupação de fazer uma correspondência entre os Salmos e os cinco livros do Pentateuco.
A própria tradição judaica faz questão de afirmar que, assim como a lei de Moisés foi dividida em cinco livros, de igual modo os salmos assim foram divididos.
A cada divisão, existe uma expressão de adoração a Deus com os seguintes termos “Bendito seja o Senhor”, salvo no último salmo (Sl.41:13; 72:19; 89:52; 106:48).
São, por isso, identificadas cinco coletâneas de salmos, que constituiriam cinco livros, a saber:
a) Livro I (salmos 1-41) – é a chamada seção correspondente a Gênesis. Aqui os salmos têm como tema principal o homem e o que Deus dele requer.
b) Livro II (salmos 42-72) – é a chamada seção correspondente a Êxodo. Aqui os salmos têm como tema principal a reflexão de Israel como nação escolhida por Deus.
c) Livro III (salmos 73-89) – é a chamada seção correspondente a Levítico. Aqui os salmos, na sua maior parte, são feitos por levitas e seu assunto é o santuário, o relacionamento com Deus no templo.
d) Livro IV (salmos 90-106) – é a chamada seção correspondente a Números. Aqui os salmos têm como tema principal o relacionamento de Israel com as demais nações da terra.
e) Livro V (salmos 107-150)– é a chamada seção correspondente a Deuteronômio. Aqui os salmos têm como tema principal Deus e a Sua Palavra, procurando mostrar as bênçãos decorrentes de uma vida de comunhão com o Senhor.
– O terceiro livro poético é o livro de Provérbios. O livro de Provérbios é o terceiro livro na nossa atual sequência dos livros poéticos, vindo após os Salmos. Na Septuaginta e na Vulgata, Provérbios é colocado após o livro de Jó.
Seu nome hebraico é ” Misheley Shelomo”, que quer dizer “Provérbios de Salomão”, que são as primeiras palavras do livro ( Pv.1:1: ” Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel”).
Na Septuaginta, o livro é denominado de “Paroimía”, palavra grega que significa “comparação”. Na Vulgata, o livro foi denominado “Liber Proverbiorum”, que tem a mesma estrutura da palavra grega, com o mesmo significado, pois, de onde veio a denominação em língua portuguesa.
– A autoria do livro comporta alguns esclarecimentos. Salomão e outros sábios elaboraram os provérbios ao longo de suas vidas, mas nenhum deles teve a ideia de reuni-los em um livro.
Isto foi feito posteriormente, muito provavelmente por pessoas ligadas à corte real ou ao templo em Jerusalém, no tempo do rei Ezequias.
Assim, quando falamos em autoria, devemos distinguir entre a autoria dos provérbios e a autoria da compilação, ou seja, da reunião dos provérbios em um livro. Assim, a Bíblia indica-nos que a maior parte dos provérbios que foram reunidos neste livro são de Salomão.
É o que está dito em Pv.1:1. Há uma nova coletânea, que se inicia em Pv.10:1, bem como uma terceira coleção, reunida na época do rei Ezequias, que se inicia em Pv.25:1. No capítulo 30, são compilados os provérbios de Agur e, no capítulo 31, os de Lemuel.
A compilação foi feita por ordem de Ezequias, segundo a tradição judaica do Talmude, tradição alicerçada em Pv.25:1.
– O principal autor dos provérbios é o rei Salomão, o terceiro e último rei de Israel enquanto reino unificado, a quem Deus deu sabedoria sem igual (I Rs.3:12), algo que foi, posteriormente, confirmado pelo próprio Jesus, que Se colocou como o único superior a Salomão (Lc.11:31).
Além de Salomão, foram recolhidos provérbios de Agur, cujas únicas informações que temos são as constantes de Pv.31:1 (na Vulgata, consta que Agur seria irmão de Lemuel). Lemuel seria outro autor de provérbios retratado no livro de Provérbios (Pv.31:1-9).
Também pouco se sabe sobre este autor, que seria um rei. Alguns eruditos dizem ser o rei Ezequias, mas isto é objeto de mera especulação. A parte final do livro de Provérbios, que fala da mulher virtuosa, parece não ser da autoria de Lemuel.
– No livro de Provérbios, temos a apresentação da sabedoria como uma demonstração da excelência de Deus. Particularmente, em Pv.8:22-36, vemos a sabedoria como sendo o símbolo de Jesus.
OBS: “O livro de Provérbios ante o Novo Testamento – A personificação da sabedoria no cap.8 é semelhante à personificação do logos (‘O Verbo’) do Evangelho segundo João (cap.1.1-18).
A sabedoria
(1) está empenhada na criação (3.19,20;8:22-31);
(2) está relacionada à origem da vida física e espiritual (3.19; 8.35);
(3) tem aplicação prática à vida reta e moral (8.8,9) e (4) está disponível aos que a buscam (2.3-5; 3.13-18;4.7-9; 8.35,36).
A sabedoria de Provérbios tem sua expressão plena em Jesus Cristo, a pessoa ‘maior do que Salomão’ (Lc.11.31), que ‘para nós foi feito por Deus sabedoria…'(1 Co 1.30) e ‘em que estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência’ (Cl.2.3).”(BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.927).
“Cristo Revelado – Nenhuma referência direta a Cristo, seja profética ou tipológica, é muito evidente no Livro de Provérbios. De fato, a personificação da Sabedoria, em toda a parte, normalmente é feminina.
Apesar disso, algumas passagens (como 8.23-31) parecem uma descrição inconfundível de Jesus Cristo, aquele que estava ‘no princípio com Deus; (Jo.1.2), que é a ‘sabedoria de Deus'(1 Co 1.24) e que ‘para nós foi feito por Deus sabedoria'( 1 Co 1.30).
Certamente o livro efetua um serviço poderoso em aguçar o apetite humano pela sabedoria e conhecimento, uma fome que somente pode ser satisfeita em Cristo.
Provérbios, à semelhança da Lei de Moisés, descreve um ideal, uma aspiração, um desejo por perfeição. Porém mesmo o próprio Salomão não era perfeitamente sábio, ou ele não teria desobedecido tão flagrantemente e, assim, desagradado a Deus (1 Rs. 11.9-11).
Somente mais tarde, em Jesus Cristo, veio o exemplo pleno de tudo o que Provérbios exorta, pois ele é aquele ‘em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência’ (Cl.2.3). Ponto por ponto, as qualidades da sabedoria são as qualidades de Cristo.
Obediência a Deus, boa conduta, paciência, confiabilidade, humildade, diligência, a percepção das coisas como elas de fato são – todas essas qualidades, mas o amor, são perfeitamente ilustradas no Salvador.” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.617-8).
– O quarto livro poético é o livro de Eclesiastes. O livro de Eclesiastes é outro livro sapiencial atribuído a Salomão, que se segue aos livros de Provérbios, exatamente porque se entende que este livro é o livro da velhice de Salomão, a sua última obra, onde teria mostrado o seu desencanto com as coisas desta vida, teria percebido a “vaidade” da vida “debaixo do sol”.
O nome hebraico do livro é “Qohelet” ou “Cohelet”, que significa ” pregador” ou “orador da assembleia”, título retirado das primeiras palavras do texto (Ec.1:1: “Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém”).
Na Septuaginta, o título dado foi a tradução grega da palavra “pregador”, ou seja, “ekkesiastes”, que foi o nome adotado na Vulgata e na nossa língua.
– O livro de Eclesiastes é um dos “Cinco Rolos” (“Meguillot”), que são livros lidos pelos judeus nas suas festividades. O livro de Eclesiastes é lido na Festa dos Tabernáculos, precisamente porque nos fala da transitoriedade da vida humana, que é um dos aspectos ressaltados nesta festa, que lembra aos israelitas que eles foram peregrinos na terra do Egito e, num sentido mais profundo, que são peregrinos neste mundo.
– A autoria do livro de Eclesiastes é atribuída a Salomão. O texto afirma que as palavras são do “filho de Davi, rei em Jerusalém”(Ec.1:1).
A expressão “filho”, muitas vezes, pode significar descendente e, assim, poderia ser aplicada a qualquer sucessor do trono de Davi.
No entanto, o próprio livro mostra que o autor viveu regaladamente, teve à sua disposição todas as benesses que a “vida debaixo do sol” pode ter e, sabemos que nenhum outro sucessor de Davi teve uma vida nestas proporções senão o rei Salomão.
Segundo a tradição, este livro teria sido um discurso que Salomão teria feito numa convocação de uma assembleia, na sua velhice.
Foi um dos livros que mais disputas teve com respeito a sua inclusão no cânon judaico, tendo havido muitos judeus que não o consideravam autoritário (tanto que há notícia de que, quando era lido na festa dos tabernáculos, alguns não lavavam as mãos após a sua leitura, o que faziam com relação aos demais livros das Escrituras, exatamente por entender que não era inspirado).
Esta atitude explica-se pelo tom pessimista do livro, mas devemos observar que o livro é uma reflexão realística a respeito do que é a vida “debaixo do sol”, que não poderia ter outra conclusão senão a do autor, ou seja, de que “tudo é vaidade”.
– Não confundamos o livro de Eclesiastes com o livro chamado “Eclesiástico”, que é um dos livros deuterocanônicos, ou seja, os livros incluídos pela Igreja Romana no século XVI. O livro do Eclesiástico é apócrifo e seu autor é Jesus Ben-Sira.
– No livro de Eclesiastes, observamos que tudo que é estabelecido como meta para a vida pelo homem (o que o pregador chama de “vida debaixo do sol”) é vazio de sentido, é algo que não leva a lugar algum. A vida humana sem a dimensão da eternidade é vazio e a qualidade de ser vazio é a vaidade. Por isso, várias vezes o pregador afirma, neste livro, que “tudo é vaidade”.
A vida só tem sentido se tiver uma dimensão da eternidade. É esta a explícita conclusão a que chega o sábio: ” De tudo que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo o homem.
Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra e até tudo que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.” (Ec.12:13).
A dureza desta verdade explica o motivo de o livro de Eclesiastes incomodar tanto e de ser tão antipático a muitos. Neste livro, ao apresentar a vida com base no homem como vaidade, anuncia-se, ä contrario sensu”, Jesus como o único sentido da vida.
OBS: em Rm.3:10, sobre a universalidade do pecado). Todavia, não deixa de haver várias e possíveis alusões: Ec.3.17; 11.9; 12.14, em Mt.16.27; Rm.2.6-8; 2 Co 5.10; 2 Ts 1.6,7; Ec.5.15, em 1 Tm.6.7.
A conclusão do autor, quanto à futilidade da busca de riquezas materiais, Jesus a reiterou quando disse:
(1) que não devemos acumular tesouros na terra (Mt.6.19-21,24); e
(2) que é estultícia alguém ganhar o mundo inteiro e perder a própria alma (Mt.16.26). O tema de Eclesiastes, de que a vida, à parte de Deus, é vaidade e nulidade, prepara o caminho para a mensagem do NT, a da graça; o contentamento, a salvação e a vida eterna, nós os obtemos como dádiva de Deus (cf. Jo.10.10; Rm.6.23).
De várias maneiras este livro preparou o caminho para a revelação do NT, no sentido inverso. Suas frequentes referências à futilidade da vida, e à certeza da morte, preparam o leitor para a resposta de Deus sobre a morte e o juízo, i.e., a vida eterna por Jesus Cristo.
Salomão, como o homem mais sábio do AT, não conseguiu respostas satisfatórias para os seus problemas da vida através de prazeres egoístas, riqueza e acúmulo de conhecimentos. Portanto, deve-se buscar a resposta n’Aquele de quem o NT afirma que ‘é mais do que Salomão'(Mt.12.42), i.e., em Jesus Cristo, ‘em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência'(Cl.2.3).” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.966).
“Cristo Revelado – Embora o Livro do Eclesiastes não contenha profecias diretas ou tipológicas de Jesus Cristo, ele antecipa uma porção de ensinamentos d’Aquele que foi o cumprimento da Lei e dos Profetas (Mt.5.17).
Se Jesus fala pouco a respeito da sabedoria, Paulo teve muito a dizer sobre a sabedoria dada por Deus (Rm.11.33), contrastando-a com a sabedoria deste mundo e as suas limitações humanas ( 1 Co 1.17; 3.19; 2 Co 1.12). Em Mt. 6.19-21, Jesus adverte contra a busca de riquezas nesta vida, enfatizando que o tesouro deva ser buscado na próxima vida, uma perspectiva que reproduz a acusação do Pregador sobre o materialismo em 2.1-11, 18-26; 4.4.-6; 5.8-14.
A ênfase que Jesus põe no céu reflete, de igual forma, o desespero do Pregador em achar valor verdadeiro ‘debaixo do sol’ (nesta vida).
O Pregador chega à conclusão de que o valor verdadeiro está na reverência e na obediência a Deus (12.13), e isso reflete o ensinamento de Jesus de que os valores de alguém devam ser determinados, primeiramente, por uma atitude apropriada em relação a Deus (Mt.22.37, citando Dt.6.5) e, então, por uma atitude apropriada para com os seres humanos, seus semelhantes (Mt.22.39, citando Lv.19.18).”(BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.643-4).
– O quinto e último livro poético é o livro de Cantares de Salomão. O seu nome hebraico é “Shir ha’shirim”, que significa “cântico dos cânticos”, expressão retirada das primeiras palavras do livro (Ct.1:1: “Cântico de cânticos, que é de Salomão”).
Na Septuaginta, foi mantido este título que, em grego, é “Asma asmaton”, o que também ocorreu na Vulgata, cujo título é “Canticum canticorum”, título que foi reproduzido na Versão do Padre Antonio Pereira de Figueiredo, onde o livro tem o nome de “Cântico dos Cânticos”, nome que é adotado pelas versões católicas e, recentemente, pela Nova Versão Internacional.
A Versão de João Ferreira de Almeida, porém, preferiu denominar o livro de “Cantares de Salomão”, nome que acabou sendo adotado pela maior parte das versões bíblicas protestantes em língua portuguesa.
– A autoria do livro é de Salomão, conforme se verifica logo no primeiro versículo do livro (Ct.1:1). Além da afirmação bíblica que dá a autoria a Salomão, o próprio texto revela-nos que se está num período de prosperidade material no reino de Israel, o que confirma que a obra é de Salomão, que reinou, precisamente, no período de maior prosperidade na história de Israel.
Ademais, as próprias Escrituras revelam que Salomão foi um poeta e autor de mil e cinco cânticos (I Rs.4:32).
– Este é um dos três livros atribuídos a Salomão (os outros dois são Provérbios e Eclesiastes) e considerado pelos estudiosos como o livro da mocidade de Salomão, pois revela todo o vigor e a juventude do rei, embalado pelo lirismo e pelo sentimentalismo próprio dos mais jovens.
O livro de Cantares de Salomão, por se desenrolar num ambiente primaveril (Ct.2:10,11), é lido pelos judeus durante a festividade da Páscoa, que corresponde ao início desta estação no hemisfério norte.
A primavera sempre foi relacionada com a perspectiva de uma nova aurora, pois é a estação em que a vida renasce após um rigoroso inverno, como é o que ocorre nas regiões temperadas, como a Palestina.
A Páscoa representou para os judeus uma nova perspectiva, precisamente porque é a festividade que relembra a libertação de Israel no Egito.
– O livro de Cantares de Salomão não contém o nome de Deus, a exemplo do que ocorre com o livro de Ester e tem uma temática lírico-amorosa, pois é um cântico entre dois amantes, onde o amor é enaltecido sob uma perspectiva humana, o que envolve, inclusive, a atração física.
Por causa disto, encontrou e ainda encontra algumas resistências quanto à sua autoridade. Segundo a tradição judaica, a inclusão de Cantares no cânon judaico só foi definitivamente estabelecida no concílio de Jamnia, não sem alguma discussão. A inclusão do livro no cânon deveu-se à ênfase que se deu à interpretação alegórica do livro.
– Como nos afirma Meir Matzliah Melamed, ” …o Talmud diz :’Aquele que fizer do Shir hashirim um cântico simples de amor, causa calamidade ao mundo, pois a Torá cobre-se então de cilício e apresenta-se perante Deus dizendo: Senhor do Mundo !
Os Teus filhos fizeram-me um instrumento de música que os escarnecedores tocan nele.'( T.B. San’hedrin 101). “( Torá: a Lei de Moisés, p.647). Ainda hoje, não são poucos os que se mostram avessos ao livro, como, por exemplo, os mórmons.
– O livro de Cantares é um belo poema de amor entre o rei Salomão e uma camponesa, denominada Sulamita, que bem pode ser uma das primeiras das suas muitas mulheres (Cf. I Rs.11:3). e deve assim ser entendido pelos leitores das Escrituras.
Como o livro é da mocidade de Salomão, a Sulamita não das mulheres estranhas que, posteriormente, perverteram o coração do rei.
Nesta obra, é descrita a profundidade, singeleza e pureza do amor, inclusive no seu aspecto físico, pois, afinal de contas, o sexo não é algo imoral, mas, bem ao contrário, algo que foi criado pelo próprio Deus e que se encontra dentro do propósito divino para o homem, até porque a sexualidade não se limita à genitalidade, como é enganosamente propagandeado pelo mundo pervertido de nossos dias.
Como poema de amor, encontramos uma perfeita alegoria tanto do amor de Deus para com Israel como para com o Israel de nossa dispensação, ou seja, a Igreja. Em Cantares, vemos Jesus, o Noivo ansiosamente aguardado pela Noiva (a Igreja).
OBS: “O Livro de Cantares ante o Novo Testamento –
(1) Cantares de Salomão prenuncia um tema do NT revelado ao escritor de Hebreus: ‘Venerado seja entre todos o matrim6onio e o leito sem mácula'(Hb.13.4). O cristão pode e deve desfrutar do amor romântico e conjugal.
(2) Muitos intérpretes do passado abordam este livro primordialmente como uma alegoria profética do amor entre Deus e Israel, ou entre Cristo e a igreja, Sua noiva.
O NT não se refere a Cantares de Salomão sobre este aspecto, nem faz referência a este livro. Por outro lado, vários trechos básicos do NT descrevem o amor de Cristo à igreja sob a figura do relacionamento marital (e.g., 2 Co.11.2; Ef.5.22,23; Ap.19.7-9; 21.2,9).
Daí, pode-se considerar Cantares de Salomão uma ilustração da qualidade de amor existente entre Cristo e a Sua noiva, a igreja. É um amor indiviso, devotado e estritamente pessoal, ao qual nenhum estranho tem acesso.”(BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.982-3).
” Cristo Revelado – Em Cantares de Salomão, como em outras partes da Bíblia, o jardim do Éden, a Terra Prometida, o tabernáculo com sua arca da aliança, o templo de Salomão, os novos céus e a nova terra estão todos relacionados com Jesus Cristo, logo, não é apenas uma questão de escolher uns poucos versos que profetizam sobre Cristo. A verdadeira essência da história e do amor da aliança é reproduzida n’Ele (Lc.24.27; 2Co 1.20).” (BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE, p.655).
Pr. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/adultos/7011-licao-9-as-historias-e-a-poesia-falam-ao-coracao-i