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LIÇÃO Nº 13 – GLORIFICADOS EM CRISTO

A glorificação é o último estágio do processo da salvação.

INTRODUÇÃO

– A glorificação é o último estágio do processo da salvação.

– Com a glorificação, estaremos, aí, sim, salvos para sempre.

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I – O QUE É A GLÓRIA DE DEUS

– Na sequência do estudo da doutrina da salvação, estaremos hoje a estudar a glorificação, que é o último estágio do processo da salvação.

– Para entendermos o que é a glorificação, faz-se mister, primeiro, saber o que é a “glória de Deus”, até porque, quando falamos de salvação, devemos lembrar a afirmação do apóstolo Paulo de que, por terem todos os homens pecado, estão destituídos da glória de Deus (Rm.3:23).

– A Bíblia On-line da Sociedade Bíblica do Brasil traz três definições de “glória”:

1) Honra ou louvor dado a coisas (I Sm.4:21,22), a pessoas (Lc.2:32} ou a Deus (Sl.29:1; Lc.2:14);

2) A majestade e o brilho que acompanham a revelação da presença e do poder de Deus (Sl.19:1; Is. 6:3; Mt.16:27; Jo.1:14; Rm.3:23);

3) O estado do novo corpo ressuscitado, espiritual e imortal, em que os salvos serão transformados e o lugar onde eles viverão (I Co.15:42-54; Fp.3:21; Cl.3:4).

– A palavra glória aparece, pela vez primeira nas Escrituras, em Gn.31:1, quando os filhos de Labão acusam Jacó de ter toda uma glória a partir da diminuição patrimonial que teria causado a seu sogro e pai dos acusadores.

É a palavra hebraica “kabhodh” (כבוד ), “…propriamente peso, mas somente em sentido figurado num bom sentido, esplendor ou copiosidade: — glorioso, gloriosamente, glória, honra, honroso.

Substantivo masculino singular que significa honra, glória, majestade, riqueza.

Este termo é normalmente usado para Deus (Ex.33:18; Sl.72:19; Is.3:8; Ez.1:28);

seres humanos (Gn.45:13; Jó 19:9; Sl.8:5; 21:5) e

objetos (I Sm.2:8; Et.1:4; Is.10:18), particularmente para a Arca do Concerto (I Sm.4:21,22)” (Bíblia de Estudo Palavra Chave. Dicionário do Antigo Testamento, verbere 3519, p.1700).

– Em o Novo Testamento, é a palavra grega “doksa” (δόξα), “…glória (como algo muito aparente), de forma abrangente (literal ou figurado, como sujeito ou objeto): – dignidade, glória (glorioso), honra, louvor, adoração.

Substantivo de dokeo, pensar, reconhecer. Uma semelhança, aparência. Nas páginas sagradas do Novo Testamento, honra, glória…” (op.cit. Dicionário do Novo Testamento, verbete 1391, p.2154).

– Quando se fala em glória, portanto, tem-se, por primeiro, a ideia de honra e de dignidade e, só por este fato, podemos observar que a maior glória é a de Deus, visto que é o Ser digno por excelência, o Ser Supremo e Soberano.

Aliás, quando verificamos a visão que João teve dos céus, vemos que os mais sublimes seres celestiais se prostraram diante de Cristo e disseram ser Ele digno de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória e ações de graças (Ap.5:12).

– Mas, quando se fala, também, em glória, está-se a falar da majestade e do brilho que acompanham a revelação da presença de Deus e, neste passo, temos, na ideia de glória de Deus, também a ideia da Sua presença, da Sua companhia.

– “…A glória de Deus é a beleza do Seu espírito. Não é uma beleza estética ou material, mas é a beleza que emana do Seu caráter, de tudo o que Ele é.

Tiago 1:10 convida um homem rico a “orgulhar-se se passar a viver em condição humilde”, indicando uma glória que não significa riqueza, poder ou beleza material. Esta glória pode coroar o homem ou encher a terra.

É vista dentro do homem e na terra, mas não pertence a eles, só a Deus. A glória do homem é a beleza do espírito do homem, a qual é falível e passageira, sendo assim humilhante, como nos diz o versículo.

Entretanto, a glória de Deus, manifesta através do conjunto dos Seus atributos, nunca passa. É eterna.…” (O que é a glória de Deus. Disponível em: https://www.gotquestions.org/Portugues/Gloria-de-Deus.html Acesso em 28 ago. 2017).

– “…O que vem a ser a glória de Deus? O que significa? A glória de Deus é o seu esplendor, sua majestade.

A Bíblia usa a glória de Deus em sentido figurado, representando suas próprias manifestações. A Bíblia refere-se a muitas aparições e atos de Deus fazendo menção da sua glória.(…).

  1. A glória de Deus é o seu esplendor, sua majestade.
  2. Às vezes a glória de Deus é usada em sentido figurado, representando ele próprio.…” (STEWART, DON. 103 perguntas que as pessoas podem fazer sobre Deus apud S. JÚNIOR, Hélio. O que é a glória de Deus? Disponível em: http://desafioscristao.blogspot.com.br/2011/04/o-que-e-gloria-de-deus.html Acesso em 28 ago. 2017).

– O Senhor é detentor desta glória sublime e eterna, tanto que, ao criar todas as coisas, Sua própria criação a manifestou, tanto que o salmista diz que “os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das Suas mãos” (Sl.19:1), a ponto de o apóstolo Paulo dizer que tal manifestação faz com que os homens fiquem inescusáveis diante do Senhor (Rm.1:18-21).

– Assim, os homens, pelo só fato da criação, têm conhecimento da glória de Deus e devem, em virtude desta manifestação, ser-Lhe obedientes e submissos, visto que se tem a nítida concepção de que Deus é o Senhor e digno de toda honra. Deve-se reconhecer, portanto, a Sua glória.

– Mas, muito mais do que fazer conhecida aos homens a Sua glória, o Senhor quis dela compartilhar com o homem, tanto que, todos os dias, vinha ao encontro do homem na viração do dia, no jardim do Éden (Gn.3:8) e, como Deus Se fazia presente de modo especial ao primeiro casal, não há porque duvidar de que Adão e Eva compartilhavam desta glória divina, ainda que habitassem a Terra.

A tradição judaica registrada no Talmude e em alguns targuns [comentários feitos por escribas do texto das Escrituras em suas explanações ao povo nas sinagogas – observação nossa] diz que Adão era um ser de extrema beleza e que possuía um brilho similar ao do sol e que sua pele era uma roupa brilhante, brilhando como suas unhas, querendo, com isto, afirmar que, de certo modo, antes do pecado, Adão compartilhava da glória divina.

Também a tradição diz que a altura de Adão ia do solo até os céus, o que deve ser entendido num sentido metafórico, ou seja, de que o homem tinha pleno acesso à glória divina, manifestada pelos céus.

OBS: “…R. Bana’a disse: Percebi os dois saltos de [Adão], e eles eram como dois orbes do sol.(…)

A beleza de R. Kahana era um reflexo de [a beleza de Rab;

A beleza de Rab era um reflexo da beleza de R. Abbahu;

A beleza de R. Abbahu era um reflexo da beleza de nosso pai Jacó, e

a beleza de Jacob era um reflexo da beleza de Adão.…”(Talmude. Baba Bathra 58a. Disponível em: http://www.come-and-hear.com/bababathra/bababathra_58.html Acesso em 28 ago. 2017) (tradução feita pelo Google de texto em inglês). …”

“Como disse o rabino Elazar: A altura de Adão, o primeiro homem, chegou do chão ao céu, como se afirma:

‘Desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra desde uma extremidade do céu até à outra” (Deuteronômio 4:32).…” (Talmude. Hagigah 12ª. Disponível em: https://www.sefaria.org/Chagigah.12a.2?lang=bi&with=all&lang2=en Acesso em 28 ago. 2017) (tradução do Google de texto em inglês)”

“…Sua pele era uma roupa brilhante, brilhando como suas unhas…” (Targ. Yer. Gen. iii. 7; Gen. R. xi.; Adam and Eve, xxxvii. Apud Adam. In: Jewish Encyclopedia. Disponível em: http://www.jewishencyclopedia.com/articles/758-adam Acesso em 28 ago. 2017) (tradução do Google de texto em inglês).…”.

– Com o pecado, entretanto, o homem foi “destituído” da glória de Deus (Rm.3:23).

A expressão empregada pelo apóstolo Paulo é a palavra grega “hustereo” (ύστερέω), “…ser posterior, i.e., (consequentemente) ser inferior; genitivo não chegar a , não alcançar (ser deficiente):

– ficar para trás, não alcançar, não chegar a, ser destituído, falhar, sentiro fatla de, sofrer necessidade, (estar em) necessidade, ser pior” (Bíblia de Estudo Palavra Chave. Dicionário do Novo Testamento, verbete 5302, p.2443).

– Tem-se, portanto, que a ideia trazida pelo texto sagrado é a de que o homem, ao pecar, passou a ser inferior, daí mesmo a ideia de “queda”, de “descida” que está associada à prática do pecado pelo primeiro casal, fazendo com que o homem não mais pudesse alcançar a glória de Deus, ficasse aquém dela.

Neste sentido, aliás, a metáfora já mencionada da “altura de Adão”, pois diz o Talmude:

“…Quando o homem pecou, o Santo, abençoado seja Ele, colocou Sua mão sobre ele e o diminuiu, como está escrito:”Tu me cercaste em volta e puseste sobre mim a Tua mão” (Sl. 139:5).” (Talmude, Hagigah 12-a. Disponível em: https://www.sefaria.org/Chagigah.12a.2?lang=bi&with=all&lang2=en Acesso em 28 ago. 2017) (tradução nossa de texto em inglês).

– A “destituição” da glória de Deus foi, portanto, a deficiência de poder alcançar e partilhar da presença de Deus e, neste passo, a perda da “beleza divina”, do “esplendor divino”, o que implicou na própria corrupção do corpo, mas, sobretudo, na perda das qualidades morais de que Adão era dotado e o que faziam “reto” (Ec.7:29).

Tanto assim é que, dentro do paralelismo da poesia hebraica, podemos inferir que a glória do Senhor é a “beleza da santidade divina” (Sl.29:2) e, portanto, sem tal santidade, perdida com o pecado, não há como se chegar à presença de Deus, o que apenas se conseguiria com a salvação.

Charles Spurgeon afirma que “…Agora nossa adoração é espiritual, e a arquitetura da casa e as roupas dos adoradores são de nenhuma importância.

A beleza espiritual da pureza interior e da santidade exterior é muito mais preciosa aos olhos de nosso Deus três vezes santo” (O Tesouro de Davi. Comentário ao Sl.29:2. Disponível em: http://www.biblestudytools.com/commentaries/treasury-of-david/psalms-29-2.html Acesso em 28 ago. 2017) (tradução do Google de texto em inglês).

– A “nudez” de Adão se apresenta, então, do ponto-de-vista espiritual, tanto que foi esta a justificativa apresentada por ele para ter se escondido do Senhor (Gn.3:10).

Por isso o Targum já aludido afirma que “quando ele [Adão] pecou, seu brilho desapareceu e ele apareceu nu”.

Esta nudez não é a física, pois ele não usava vestes desde sua criação (Gn.2:25), mas, sim, a nudez espiritual de que alude o apóstolo Paulo em II Co.5:3, tanto assim que, quando somos salvos, somos “vestidos das vestes da salvação” (II Cr.6:41; Is.61:10).

– “…Ambrósio, com referência a Elias e seu jejum, no capítulo 4, diz: ‘Adão estava coberto com uma veste de virtudes antes da sua transgressão; mas, como se tivesse sido desnudado pelo pecado, ele se viu nu, porque a veste que tinha, anteriormente, foi perdida’.

E, novamente, no sétimo livro de seu comentário sobre o capítulo 10 daquele Evangelho, assinalando, de maneira ainda mais clara, a distinção entre a perda das qualidades sobrenaturais e a corrupção das naturais, ele diz:

‘Quem são os ladrões, se não os anjos da noite e da escuridão?

Primeiramente, eles nos despem das vestes da graça espiritual, e então nos infligem ferimentos’. Agostinho, (De Trinitate, lib. 14, cap. 16) diz:

‘Ao pecar, o homem perdeu a justiça e a verdadeira santidade e, por esse motivo, a sua imagem ficou deformada e manchada; ele recebe, novamente, essas qualidades, quando é renovado e reformado’…” (ARMINIO, Jacó. Um debate amistoso entre Jacó Armínio e Francis Junius, a respeito da predestinação, realizado por meio de cartas. In: As obras de Armínio. Trad. de Degmar Ribas. v.3, p.122).

– Deus é vestido de glória e majestade (Sl.104:1) e refletia sobre o homem, de algum modo, esta circunstância, mas, com o pecado, isto se perdeu, o que somente ser restaura quando da salvação na pessoa de Jesus Cristo, já que, como diz o apóstolo Paulo, o salvo com cara descoberta reflete como um espelho a glória do Senhor (II Co.3:18).

– Tanto assim é que, mesmo quando Deus forma um povo que seria “propriedade peculiar Sua dentre os povos” (Ex.19:5,6), a glória de Deus se manifesta a Israel à distância, como no deserto, logo após terem murmurado por causa da fome (Ex.16:10), seja no monte Sinai (Ex.24:16,17).

– A glória divina, constante da nuvem, repousava sobre a arca da aliança, que os israelitas nem podiam ver e ficava no lugar santíssimo, separado pelo véu, numa clara figura de que, por causa do pecado, estava o homem sem condições de alcançar a glória de Deus, de dela compartilhar ou desfrutar.

– A arca, inclusive, era considerada a própria “glória de Israel” (I Sm.4:21,22).

Tanto que, seja quando ela foi posta no tabernáculo, quando de sua edificação (Ex.40:34,45), seja quando o primeiro templo foi inaugurado por Salomão (I Rs.8:6-11; II Cr.7:1-3), a glória encheu ambos os santuários, daí porque se passou a confundir a própria arca com a glória de Deus.

Davi fala textualmente que a habitação da casa do Senhor era o lugar onde habitava a glória de Deus (Sl.26:9), certamente se referindo ao lugar onde ficava a arca. É elucidativo que, para escapar dos castigos divinos que sobrevieram a eles por conta da captura da arca, os filisteus tiveram de dar glória a Deus, como parte da expiação de culpa, antes de devolverem a arca a Israel (I Sm.6:1-6).

– Esta separação da glória de Deus se verificou, inclusive, quando o próprio Moisés subiu ao monte Sinai depois da entrega dos dez mandamentos, pois é dito que se chegou apenas à escuridade onde Deus estava (Ex.20:21), como também, quando subiu com os anciãos de Israel, a visão de Deus, na Sua claridade, foi vista mas mantida, ainda uma distância, tanto que o texto sagrado diz que o Senhor não estendeu Sua mão sobre os escolhidos dos filhos de Israel (Ex.24:11).

– Moisés voltou a subir o monte e, só então, a glória do Senhor o envolveu (Ex.24:15-18), tendo ele ali ficado durante quarenta dias e quarenta noites.

Este envolvimento, contudo, não significou que Moisés tivesse tido o compartilhamento e desfrutar da glória divina, pois, quando sobe ao monte depois do episódio do bezerro de ouro, pediu a Deus que lhe mostrasse a Sua glória (Ex.33:18),

circunstância que nos mostra que Moisés não tivera ainda a oportunidade de superar aquela distância estabelecida por Deus e, ante o atendimento, ainda que parcial, do pedido de Moisés pelo Senhor, Moisés, ao retornar ao arraial,

teve seu rosto resplandecente, ainda que temporariamente, o que o obrigou a usar um véu para esconder a sua face dos demais israelitas (Ex.34:29-35; II Co.3:7).

– Todavia, aqui, também, há o uso do véu, pelo qual Moisés encobria o rosto dos demais israelitas, que não podiam ver a face de Moisés, uma outra figura de que a glória divina era inacessível ao homem no pecado.

– Como se não bastasse a perda da glória divina, o homem, embrutecido pelo pecado (Rm.1:21,22), mudou a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem do homem corruptível, e de vares, e de quadrúpedes, e de répteis,

 passando a honrar e a dar glória a criaturas em vez do Criador, com a prática da idolatria (Rm.1:23), o que ocorreu não só com os gentios, mas com o próprio Israel, quando fizeram o bezerro de ouro (Sl.106:19,20).

– A vinda de Jesus traz esta glória novamente ao encontro do homem. A propósito, a arca da aliança é um tipo de Cristo e, assim, neste sentido, o próprio Jesus é a “glória do Senhor”.

A chegada da justiça e da salvação seria o estabelecimentoda salvação e da glória do Senhor (Is.46:13).

– Já no Seu nascimento, a glória do Senhor cercou os pastores de Belém (Lc.2:8-13), demonstrando, deste modo, que Cristo veio trazer novamente a glória divina aos homens, tendo o próprio Cristo, no início do Seu ministério, afirmado que os céus estariam abertos e os anjos de Deus subiriam e desceriam sobre o Filho do homem, a indicar esta presença e esplendor sobre Ele.

Não foi à toa que o apóstolo João testificou que, quando o Verbo Se fez carne e habitou entre nós, pôde ser vista a Sua glória, como a glória do Unigênito do Pai cheio de graça e de verdade (Jo.1:14), afirmação que mostra o cumprimento da profecia de Isaías de que o Renovo do Senhor.seria cheio de beleza e de glória (Is.4:2).

– Em resposta a Natanael, Jesus disse que, dali em diante, os céus estariam abertos e os anjos subiriam e desceriam sobre o Filho do homem (Jo.1:51), a anunciar que a glória divina agora era acessível por meio de

Cristo, a ponte entre Deus e os homens, a concretização da “escada o sonho de Jacó” (Gn.28:10-17) e, a partir do Seu primeiro milagre, começou a manifestar a glória de Deus (Jo.2:11).

– Jesus, mesmo é chamado de “o Rei da Glória” por Davi no Salmo 24, que nos fala tanto da entrada triunfal de Cristo nos céus em Sua ascensão (Sl.24:8), como de Sua entrada triunfal após o arrebatamento da Igreja (Sl.24:10). Ele é o Senhor da glória que foi crucificado (I Co.2:8; Tg.2:1).

II – A GLORIFICAÇÃO EM CRISTO

– Já temos visto que o homem perdeu a glória de Deus por causa do pecado e que Jesus Cristo trouxe esta glória novamente ao homem, sendo Ele próprio o “Rei da Glória”. Assim, é como que consequência lógica que a salvação proporciona a retomada do contato com a glória divina.

– Paulo afirma que, ao entrarmos em comunhão com o Senhor, tornamo-nos como espelhos para refletir a glória de Deus e somos transformados de glória em glória na mesma imagem como pelo Espírito do Senhor (II Co.3:18).

– Esta afirmação do apóstolo corrobora o ensino de Nosso Senhor de que os Seus discípulos têm de resplandecer suas luzes diante dos homens para que as suas boas obras sejam vistas e os homens glorifiquem ao seu Pai que está nos céus (Mt.5:16).

– Nota-se, portanto, que, quando somos salvos em Cristo Jesus, passamos a refletir a glória de Deus, ou seja, voltamos a ter aquele brilho que Adão perdera quando da queda, de modo que passamos a ostentar a “beleza da santidade” do Senhor, ou seja, passamos a ter a pureza interior que se revela exteriormente pela prática de boas obras, pela produção do fruto do Espírito.

– O primeiro contato do salvo com a glória de Deus, portanto, faz com que passemos a refletir a glória de Deus mediante uma vida santa, justa e inculpável, sendo este o motivo pelo qual o apóstolo Paulo tenha dito que o salvo resplandece como astro no mundo precisamente por ser irrepreensível, sincero e inculpável no meio de uma geração perversa (Fp.2:15).

– A ausência do pecado em nós gera uma comunhão com o Senhor, Senhor que vem habitar em nós (Jo.14:17,23) e esta habitação divina faz com que reflitamos a glória divina e isto seja percebido por todos os homens, como os israelitas, através da nuvem, podiam vislumbrar a glória do Senhor no tabernáculo

– Somos espelhos que refletem a glória de Deus, nossa vida passa a ser um instrumento da glorificação do Senhor.

Assim como Jesus glorificou o Pai na terra consumando a obra que Lhe fora dada a fazer (Jo.17:4), de igual modo nós glorificamos ao Senhor quando fazemos aquilo que nos é mandado, quando fazemos a vontade de Deus.

Não foi à toa que os algozes de Estêvão viram o seu rosto brilhar como de um anjo (At.6:15), pois a presença de Deus era tão real na vida deste primeiro mártir da igreja que, a exemplo de Moisés, o seu rosto brilhou mesmo num instante tão difícil como o que Estêvão estava a passar.

– Paulo afirma que os “vasos de misericórdia”, ou seja, os homens que recebem a Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador, são receptáculos pelos quais se fazem conhecer as riquezas da glória do Senhor (Rm.9:23).

O salvo deve fazer tudo para a glória de Deus (I Co.10:31) e, por isso, o fruto da justiça que passa a produzir por conta da sua comunhão com Deus é para glória e louvor de Deus (Fp.1:11).

– A salvação permite-nos fazer a vontade de Deus, pois, libertos do pecado, passamos a ser livres e a poder realizar o que Deus deseja, de modo que a salvação nos permite dar glória a Deus. Passamos a ser instrumento da glorificação do Senhor (Jo.15:8; II Ts. 1:12; I Pe.4:11).

– Esta glorificação do Senhor acaba por nos fazer cada vez mais parecidos com Cristo.

Não foi à toa que os antioquitas passaram a chamar os discípulos de “cristãos” (At.11:26), ou seja, “semelhantes a Cristo”, “pequenos Cristos”.

Esta identificação com o Senhor é tanta que Paulo chamou irmãos que mandou juntamente com Tito para Corinto de “glória de Cristo” (II Co.8:23).

– Com efeito, a salvação tem como objetivo nos fazer conformes à imagem do Filho de Deus (Rm.8:29), pois passamos a ser filhos de Deus por adoção (Rm.8:15,16), de modo que nos tornamos parecidos com o nosso irmão mais velho, Cristo Jesus, que, pelo nosso testemunho e semelhança para com Ele, passa a ser “o primogênito entre muitos irmãos” (Rm.8:29).

Fomos salvos para “louvor e glória da Sua graça, pela qual nos fez agradáveis a Si no Amado” (Ef.1:6). Em Cristo “fomos feitos herança (…) com o fim de sermos para louvor da Sua glória” (Ef.1:11,12).

– Jesus, para nos salvar, fez-Se homem, precisamente para poder participar das mesmas coisas que nós, não tendo tido vergonha de Se fazer irmão dos homens (Hb.2:14-18).

Agora, tendo salvado o homem, faz com que eles passem a participar da glória que tinha antes de vir ao mundo (Jo.17:5), glória que é gratuitamente dada por Ele aos homens (Jo.17:22), pois só assim se fará a unidade perfeita que é o objetivo da salvação do homem (Jo.17:21-23).

– A salvação também nos permite ver a glória de Deus. Cristo disse a Nicodemos que só quem nasce de novo vê o reino de Deus (Jo.3:3) e para Marta que, se ela cresse, veria a glória de Deus (Jo.11:40).

Paulo diz que Deus é quem resplandece em nossos corações para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo (II Co.4:6), pois, no pecado, o homem é cego para que não lhe resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo (II Co.4:4).

Estêvão é também um exemplo disto, pois viu a glória de Deus quando era apedrejado (At.7:55).

– A salvação, porém, traz ao homem a esperança da glória, pois, ao contrário do que ocorria com Adão, que tinha contato com a glória e, de certo modo, a refletia, ao salvo na pessoa de Cristo Jesus está reservado algo melhor, que é a própria glorificação.

Deus nos chama para o Seu reino e glória (I Ts.2:12; I Pe.5:10), para alcançar a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo (II Ts.2:14; II Tm.2:10).

– Se o salvo já volta a refletir a glória divina, o fato é que também passa a esperar a glória, porque, mais do que Adão antes da queda, o salvo irá desfrutar permanentemente da glória de Deus.

Tendo entrado na graça, o salvo na pessoa de Cristo Jesus passa a se gloriar na esperança da glória de Deus (Rm.5:2), pois sabe que a glória de Deus será revelada nele mesmo (Rm.8:18).

– Assim como Jesus foi glorificado quando de Sua ressurreição (Jo.7:39; 12:16,23), glorificação que fora profetizada por Isaías (Is.49:5), também seremos glorificados (Rm.8:30). Assim como Jesus foi recebido acima na glória (I Tm.3:16), também nós seremos recebidos na glória divina (Rm.8:17; Hb.2:10).

– Cristo em nós é a “esperança da glória” (Cl.1:27) porque a salvação nos traz esta esperança de que, assim como o Senhor Jesus ressuscitou, ressuscitar-nos-á também por Jesus, fazendo com que o nosso corpo terreno, mortal, a “nossa casa terrestre deste tabernáculo” se torne “um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna nos céus”, uma habitação que é do céu (II Co.5:1,2).

– A salvação nos faz não só ter comunhão com Deus como também nos garante morar com o Senhor Jesus na “casa do Pai” e isto implica participar da dimensão eterna, onde haverá novos céus e nova terra onde habita a justiça (II Pe.3:13) e, neste reino de Deus, não pode entrar nem a carne nem o sangue (I Co.15:50).

– A salvação faz com que, assim como Jesus participou da carne e do sangue, fazendo-Se homem (Hb.2:14), também os salvos participarão da glorificação experimentada por Cristo quando de Sua ressurreição, um corpo que não era terreno, mas do céu, pois “o primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu” ( I Co.15:47).

– Jesus desceu do céu, subiu ao céu e está no céu (Jo.3:13) e o salvo igualmente subirá ao céu, pois estará para sempre com o Senhor (Jo.14:3; I Ts.4:17) e, diante desta promessa, tem-se que também será glorificado, já que, na dimensão eterna, não poderá haver carne nem sangue.

– O salvo terá um corpo incorruptível (I Co.15:42), espiritual (I Co.15:44), que será a imagem do celestial (I Co.15:49), a consolidação da imagem de Cristo que está sendo construída a cada dia em nossa santificação (II Co.3:18), o revestimento da incorruptibilidade (I Co.15:53).

– Portanto, a glorificação representará a consumação do processo da salvação, pois seremos completamente livres da natureza pecaminosa, tornar-nos-emos impecáveis, podendo, aí, sim, dizer que estamos salvos para sempre.

– Esta glorificação ocorrerá no dia do arrebatamento da Igreja, como nos ensina o apóstolo Paulo ao dizer que tal fato se dará, “num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta, porque a trombeta soará e os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados.

Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e isto que é mortal se revista da imortalidade” (I Co.15:52,53).

– A glorificação é o alcance da unidade da fé, do conhecimento do Filho de Deus, de varão perfeito, da estatura completa de Cristo (Ef.4:13), a perfeição que promoverá a aniquilação do que é parcial (I Co.13:10).

– Agora, como filhos de Deus, somos libertos do poder do pecado, pois ele não tem mais domínio sobre nós (Rm.6:14), como também do corpo do pecado, que foi desfeito, ante a crucificação da carne (Rm.6:6), mas somente salvos da natureza do pecado quando da glorificação, pois aí estará para sempre morta a carne, que não pode herdar o reino de Deus (I Co.15:50).

OBS: Como afirma o Catecismo Maior de Westminster:

“Os que são eficazmente chamados e regenerados, tendo criado em si um novo coração e um novo espírito, são além disso santificados real e pessoalmente, pela virtude da morte e ressurreição de Cristo, pela sua palavra e pelo seu Espírito,

que neles habita; o domínio do corpo do pecado é neles todo destruído, as suas várias concupiscências são mais e mais enfraquecidas e mortificadas, e eles são mais e mais vivificados e fortalecidos em todas as graças salvadores,

para a prática da verdadeira santidade, sem a qual ninguém verá a Deus (I Co.1:30; At.20:32; Fp.3:10; Rm.6:5-6; Jo.17:17,19; Ef.5:26; II Ts. 2:13; Rm. 6:6, 14; Gl. 5:24; Cl. 1:10,11; Ef.3:16-19; II Co.7:1; Cl.1:28 e 4:12; Hb.12:14).

  1. Esta santificação é no homem todo, porém imperfeita nesta vida; ainda persistem em todas as partes dele restos da corrupção, e daí nasce uma guerra contínua e irreconciliável – a carne lutando contra o espírito e o espírito contra a carne.(I Ts.5:23; I Jo.1:10; Fp.3:12; Gl.5:17; I Pd.2:11).

III. Nesta guerra, embora prevaleçam por algum tempo as corrupções que ficam, contudo, pelo contínuo socorro da eficácia do santificador Espírito de Cristo, a parte regenerada do homem novo vence, e assim os santos crescem em graça, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus (Rm.7:23 e 6:14; I Jo.5:4; Ef. 4:15,16; II Pe.3:18; II Co.3:18 e 7:1).”

– A fé em Cristo Jesus faz com que aguardemos a pátria celestial, que sabemos ser melhor do que esta terra, a exemplo de Abraão (Hb.11:16), o pai da fé, que esperava a cidade que tem fundamentos da qual o artífice e construtor é Deus (Hb.11:10).

– A iluminação trazida pelo novo nascimento, que nos permite ver o reino de Deus (Jo.3:3),

que nos retirou da cegueira espiritual que nos impedia de ver o evangelho da glória de Cristo (II Co.4:4),

permite-nos saber a esperança da nossa vocação e as riquezas da glória da Sua herança nos santos (Ef.1:18),

de modo que passamos a querer entesourar nos céus e não na terra (Mt.6:19-21),

pois o nosso coração passa a estar nos céus, tanto que passamos a pedir que o Senhor nos livre de toda má obra e nos guardará para o Seu Reino celestial (II Tm.4:18).

– Quando ressuscitamos com Cristo, passamos a pensar nas coisas que são de cima e não nas que são da terra, porque já estamos mortos e a nossa vida está escondida com Cristo em Deus e, por isso, aguardamos a manifestação de Cristo, sabendo que, quando Ele Se manifestar, então também nos manifestaremos com Ele em glória, ou seja, seremos glorificados (Cl.3:1-4).

– O salvo espera Jesus, o seu Salvador e Senhor (Fp.3:20), sabendo que Cristo transformará o nosso corpo abatido para ser conforme o Seu corpo glorioso (Fp.3:21).

Os filhos de Deus santificam-se exatamente porque sabem que quando o Senhor Se manifestar serão semelhantes a Ele e como Ele é o verão (I Jo.3:2,3). Eles esperam Jesus, que os livrará da ira futura (I Ts.1:10) .

– A salvação trazida pela graça de Deus nos faz não só renunciar à impiedade e às concupiscências mundanas e viver neste presente século sóbria, justa e piamente, como também nos faz aguardar a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo (Tt.2:11-13).

– A salvação traz-nos a esperança da glorificação e é esta esperança que nos permite caminhar a cada passo em direção aos céus, visto que é ela que nos impedir de nos confundir (Rm.5:5), que nos mantém no caminho santo, pois é a âncora da alma (Hb.6:19).

Se perdemos esta esperança, seremos os mais miseráveis de todos os homens, visto que trataremos a salvação como algo restrito às coisas deste mundo (I Co.15:19).

– Por isso, a fé na vinda de Cristo é fundamental para que alcancemos a salvação. Quem tem esta fé não descuida da sua santificação e, mantendo-se vigilante, não cai da graça (I Co.10:12) e a prova da nossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e glória, e honra na revelação de Jesus Cristo (I Pe.1:7).

– A esperança da glorificação, como se vê, é a força que nos permite passar pelas tribulações e aflições desta vida, pois nos permite ver o que nos espera e não o que nos está a cercar, pois passamos a entender que, assim como Cristo, faz-se mister que passemos pelos sofrimentos e aflições do tempo presente para que desfrutemos da glória que está por vir (Rm.8:18; II Co.1:5-7; Fp.3:10-16; I Pe.1:11; 4:13; 5:1)

Os que deixam de crer na vinda de Cristo são pessoas que andam segundo as suas próprias concupiscências, ou seja, pessoas que deixaram de ter vida santa e retornaram à prática do pecado (II Pe.3:3,4).

– É por isso mesmo que o Espírito e a Igreja dizem “vem” e quem ouve a voz do Senhor deve também dizer “vem” (Ap.22:17).

Somente quem ama a vinda do Senhor poderá terminar o bom combate, acabar a carreira e guardar a fé (II Tm.4:7,8). Aliás, só é “casa de Cristo” quem conserva firme a confiança e a glória da esperança até ao fim (Hb.3:6).

– Entende-se, portanto, porque os círculos ligados à doutrina da predestinação incondicional dão pouco realce seja à doutrina da santificação, que consideram algo “automático” nos eleitos, seja à doutrina das últimas coisas, já que reduzem a perspectiva da glorificação apenas para o juízo final, num tempo remoto e que pouco significará senão o final dos tempos, já que, supostamente, previamente já estão escolhidos os que são salvos e os que não o são.

OBS: É o que se verifica no Catecismo Maior de Westminster: “Deus já determinou um dia em que, segundo a justiça, há de julgar o mundo por Jesus Cristo, a quem foram pelo Pai entregues o poder e o juízo.

Nesse dia não somente serão julgados os anjos apóstatas, mas também todas as pessoas que tiverem vivido sobre a terra comparecerão ante o tribunal de Cristo, a fim de darem conta dos seus pensamentos, palavras e obras, e receberem o galardão segundo o que tiverem feito, bom ou mau, estando no corpo.

(…) II. O fim que Deus tem em vista, determinando esse dia, é manifestar a sua glória – a glória da sua misericórdia na salvação dos eleitos e a glória da sua justiça na condenação dos réprobos, que são injustos e desobedientes.

Os justos irão então para a vida eterna e receberão aquela plenitude de gozo e alegria procedente da presença do Senhor; mas os ímpios, que não conhecem a Deus nem obedecem ao Evangelho de Jesus Cristo, serão lançados nos eternos tormentos e punidos com a destruição eterna proveniente da presença do Senhor e da glória do seu poder.…” (XXXIII, I e II).

– O Senhor Jesus não disse quando viria precisamente para enfatizar a necessidade da vigilância e da santificação para se ver o Senhor (Hb.12:14). Como Deus é santo, tem de exigir a santidade para os que são Seus filhos (I Pe.1:15-17) e tal exigência só faz sentido se for algo que tenha de ser objeto de participação do homem, não algo automático, até porque Pedro é bem claro ao nos mostrar que o salvo pode se perder (II Pe.2:1,20-22).

– Por isso, o apóstolo Paulo diz que os que já ressuscitaram com Cristo devem mortificar os seus membros que estão sobre a terra, devendo despir-se do velho homem com os seus feitos e vestir-se do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem d’Aquele que o criou (Cl.3:5-10).

Este velho homem será completamente eliminado quando da glorificação.

– A esperança da glorificação é o principal elemento que nos leva à santificação e o que deve marcar os que estão caminhando para a salvação. Estamos esperando Jesus? Pensemos nisto!

Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/adultos/1452-licao-13-glorificados-em-cristo-i

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