Sem categoria

LIÇÃO Nº 10 – CUMPRINDO AS OBRIGAÇÕES DIANTE DE DEUS

lição 11

Como seres humanos, criaturas de Deus, temos obrigações diante do Senhor e Criador.

[jwplayer player=”1″ mediaid=”934″]

INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo do livro de Eclesiastes, hoje veremos quais os deveres que temos diante do Senhor.

– Como seres humanos, criaturas de Deus, temos obrigações diante do Senhor e Criador.

I – OLHANDO ALÉM DO SOL

– Na sequência do livro de Eclesiastes, hoje veremos quais os deveres que temos diante do Senhor.

– Na lição anterior, quando adentramos o estudo do livro de Eclesiastes, verificamos que o tema do pregador é a “vida debaixo do sol”, ocasião em que Salomão fez uma análise de tudo quanto existe “debaixo do sol”, verificando que a dimensão terrena, por si só, não tem sentido algum, é “vazia de sentido”, ou, na expressão do texto sagrado, é “vaidade”.

– Nesta reflexão, porém, como também vimos na lição anterior, ao tratar do trabalho (Ec.2:24-26), mostra que há uma dimensão “além do sol”, “acima do sol”, de sorte que não se tem um quadro pessimista e de desencanto existencial em Eclesiastes, mas uma análise realista de que a dimensão terrena não basta por si só, só tem sentido quando nos voltamos para Deus. OBS: “No princípio criou Deus o céu e a terra. Assim começa o que chamamos o tempo, pois, antes desse princípio, existia a eternidade, que, uma vez acabado o tempo, continuará.…” (KASTBERG, Nils. Lição 1 – O princípio do mundo. 5 jan.1936. Coleção Lições Bíblicas, v.1, p.320).

– O pregador, portanto, apesar de notar que tudo na “vida debaixo do sol” é “vaidade de vaidades”, já indica, logo no limiar de seu livro, que existe uma dimensão “além do sol”, algo “acima do sol”, que é a dimensão em que está Deus, que dá não somente a capacidade de desfrute do fruto do trabalho, como também sabedoria, conhecimento e alegria. OBS: No Talmude, segundo livro sagrado do judaísmo, é dito que a expressão do pregador em Ec.1:2 remonta a “sete” vaidades, pois a palavra se repete duas vezes no singular e duas vezes no plural, assim, remontaria ao número “sete”. Por isso, ante um funeral, era recomendado que o judeu se levantasse e sentasse sete vezes, para indicar a finitude da vida debaixo do sol (Baba Bathra 100b). Podemos dizer, com isso, que a menção ao número “sete” indica que o mundo é imperfeito, finito, dependente de Deus, este, sim, perfeito e controlador de todas as coisas.

– O pregador, então, em perfeita consonância com todas as Escrituras (numa prova de que se trata, sim, de um texto inspirado pelo Espírito Santo), mostra-nos que somos criaturas divinas, que estamos num patamar abaixo do do Criador, que, assim, merece toda honra e toda a obediência de nossa parte.

– Não há sentido na vida se não levarmos em conta esta dimensão vertical, se não aceitarmos que há um ser que está acima de nós, a quem devemos honra e obediência, ou seja, o Senhor.

– Esta consciência de que a posição humana está abaixo da divina é essencial para que possamos ter uma conduta agradável ao Senhor. Quando Deus pôs o homem no jardim que havia formado por Éden, fez  questão de dar uma ordem ao homem, para bem indicar que existe uma hierarquia, a necessidade de nos portarmos como servos e Deus, como o Senhor (Gn.2:16,17).

– A entrada do pecado no mundo, na humanidade está vinculada à desconsideração da dimensão divina. Satanás enganou o primeiro casal querendo fazê-lo crer que eles poderiam ser iguais a Deus (Gn.3:5), que eles poderiam dispensar a dimensão divina, algo que os leva a uma vida sem sentido, como bem mostra o pregador no livro de Eclesiastes.

– Esta desconsideração da dimensão divina, esta falta de consciência de que Deus está acima do homem é um dos motivos da desordem moral, da grande corrupção que vivemos no mundo, como nos atesta o salmista Davi (Sl.14:1; 53:1). A desconsideração da pessoa divina leva à corrupção, à prática da maldade, pois, como escreveu o escritor russo Fiódor Mikhailovich Dostoievski (1821-1881), “se Deus não existe, tudo é possível”, ou seja, não há limites para a prática do mal. OBS: “…Hoje todos nós corremos o perigo de viver como se Deus não existisse: Ele parece tão distante da vida contemporânea. Mas Deus tem mil modos, para cada um o seu, de se fazer presente na alma, de mostrar que existe, que me conhece e me ama.…” (BENTO XVI. Audiência geral de 13 de outubro de 2010. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/audiences/2010/documents/hf_ben- xvi_aud_20101013_po.html Acesso em 24 out. 2013). “…Nosso mundo moderno e autossuficiente, infelizmente, já não precisa mais de Deus; vive como se o Todo-poderoso não existisse, e agora sofre.

 Papa Bento XVI disse que o homem moderno construiu um mundo que não tem mais lugar para o Senhor.(…) É a religião que dá base moral a todas as outras atividades. Como disse Dostoiwiski – em “Os Demônios” – “Se Deus não existe, então, eu sou deus”. E faço o que eu quero, vivo segundo as “minhas” pobres leis.…(AQUINO, Felipe. O mundo vive como se Deus não existisse. Disponível em: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?e=11981 Acesso em 24 out. 2013).

– A base da verdadeira e genuína ética, ou seja, da conduta ideal do indivíduo está, precisamente, em se reconhecer que Deus está acima do homem e que, portanto, é quem diz o que é o certo e o que é errado, o que deve ser feito e o que não deve ser feito.

– O pregador mostra-nos a existência de uma “dimensão além do sol”, de uma vida “acima do sol”, à qual deve o homem aspirar e buscar, pois de lá vem o bem que se pode viver aqui, “debaixo do sol”.

– Neste relacionamento entre Deus e o homem, diante da consciência de que Deus é o Senhor, surge um relacionamento “de cima para baixo”, ou seja, temos a consciência de que somos servos, devemos obedecer ao nosso Criador, uma vez que Ele é o Senhor. Este relacionamento equipara-se ao relacionamento existente entre o rei e seus súditos, um relacionamento bem conhecido nos tempos de Salomão, já que Israel vivia sob o regime monárquico, que o próprio povo havia escolhido para si (cf. I Sm.8).

– Este relacionamento entre o monarca e seus súditos foi bem explicitado por Samuel diante do povo israelita, quando este pediu um rei e Deus lho concedeu e bem demonstra como deve ser o comportamento do homem diante de Deus.

– Samuel mostra, em primeiro lugar, que o “o rei reinaria sobre o povo” (I Sm.8:11), que o “rei foi posto sobre o povo” (I Sm.12:13), ou seja, o rei não se encontra no mesmo patamar de seus súditos, está acima deles. De igual modo, Deus está acima de nós, não estamos no mesmo patamar que ele. Isto já nos mostra como é mentirosa a doutrina da Nova Era, que diz que o homem é um “pequeno deus” ou de que existe “um deus dentro de cada ser humano”. De forma alguma? Deus é Deus e nós, meros homens (Sl.9:19,20).

– O rei tinha o direito de tomar para si a propriedade alheia, pois, na verdade, tudo lhe pertenceria, ele tinha o que os juristas chamam de “domínio eminente”, ou seja, o rei poderia, como direito seu, tomar para si tanto os familiares dos súditos quanto os bens dos súditos para montar a “máquina administrativa” do reino (I Sm.8:11-16).

– Os súditos assumiam, portanto, o dever de sustentar todo o aparato do rei, assumiam obrigações diante dele, no sentido de fazer-lhe a vontade. Quando consideramos a dimensão superior divina, devemos entender que tudo que temos está à Sua disposição, pois tudo é d’Ele (Sl.24:1), a fim de que Ele faça conforme a Sua vontade.

– Por fim, o rei exige dos seus súditos que lhe sirvam quando necessário, não só deixando à disposição tudo quanto lhes pertence, mas, também, eles próprios trabalho sob ordem e autoridade do rei (I Sm.8:17). Também, quando temos consciência de que Deus é o Senhor, de que existe uma dimensão “acima do sol”, devemos estar prontos para Lhe servir.

– É este, aliás, o sentido que o Senhor Jesus dá a quem quiser ser Seu discípulo, quando diz que devemos segui-l’O (Mt.16:24; Mc.8:34; Lc.9:23).

ste seguir inicia-se com a negação de nós mesmos e a tomada da nossa cruz, ou seja, colocamo-nos à inteira disposição do Senhor, tudo deixando para fazer-Lhe a vontade. Como diz o poeta sacro: “Sim, meu Jesus, Te seguirei; Seguirei, sim, seguirei; Por ti eu tudo deixarei; Deixarei, sim, deixarei; Mui débil sou, e sem valor; Sem ti não posso andar, Senhor; Mas enche-me do teu vigor! Seguirei, sim, seguirei.” (quarta estrofe do hino 217 do Cantor Cristão).

II – A REVERÊNCIA NO CULTO A DEUS

– É dentro desta perspectiva de que existe uma dimensão “além do sol”, que o pregador, após falar das mazelas da “vida debaixo do sol”, da falta de sentido para a vida se formos apenas verificar a sua dimensão terrena, que inicia o capítulo 5, dando-nos uma sucinta lista das nossas obrigações diante de Deus, de nossos deveres diante do Senhor.

– O primeiro mandamento apresentado pelo pregador é que devemos “guardar o pé quando entrarmos na casa de Deus” (Ec.5:1).
– Quando se tem consciência de que há uma dimensão “além do sol”, o homem, de imediato, tem de ter noção de que existe uma distinção entre o que é “sagrado” e o que é “profano”.

– É fundamental que o homem tenha consciência de que existe uma separação entre “sagrado” e “profano”. “Sagrado” é aquilo que se relaciona com Deus, é aquilo que faz a ligação entre nós e a “dimensão acima do sol”. A palavra sagrado vem da raiz “sac(r)-“, cujo significado é “conexo com o divino”, algo “dedicado ao divino”.

– Na Bíblia Sagrada, vemos, com muita clareza, que é essencial no relacionamento com Deus esta diferenciação entre o “santo” e o “profano”, entre “o imundo” e “o limpo” (Lv.10:10; Ez.22:26; 42:20; 44:23), sendo uma das funções primordiais do sacerdócio levítico levar o povo a esta consciência de que existe esta distinção, tendo sido os sacerdotes duramente reprimidos pelo Senhor por não terem se desincumbido desta tarefa.

– Em nosso relacionamento com o Senhor, por primeiro, devemos saber diferenciar o que é “sagrado” e o que é “profano”, o que é “dedicado a Deus” e o que não no é. Vivemos “debaixo do sol”, mas não podemos desmerecer nem desconsiderar esta dimensão “acima do sol” e, por isso, devemos tratar com reverência, respeito e veneração tudo quanto se refere ao divino, tudo o que é sagrado, tudo que é santo.

– O sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917) chegou mesmo a apontar que a própria vida em sociedade é estruturada sob a distinção entre o “sagrado” e o “profano”, sendo uma distinção que é fundamental para que se possa construir uma sociedade, a base mesma da própria racionalidade humana.

– A desconsideração do que seja “sagrado” e do que seja “profano” é um fator que desestabiliza toda a “vida debaixo do sol”, comprometendo-a de forma indelével, levando-a, no dizer do já mencionado sociólogo, a um estado tal que leva à própria destruição da sociedade, à própria destruição do próprio homem.

– Milênio antes da sociologia, o sábio Salomão já nos afirmava que precisamos “guardar o pé quando entrarmos na casa de Deus”, ou seja, que devemos fazer a diferença entre o que é “sagrado” e o que é “profano”, respeitando aquilo que é sagrado, tendo um comportamento de reverência e de veneração por aquilo que é dedicado a Deus, que é separado para que se faça ligação com o Senhor.

– A palavra “santo” (hebraico – “qodesh” – )קדש , aliás, significa precisamente isto, “separado”, “apartado”, “dedicado”. Em contrapartida, a palavra “profano”, que, em hebraico é “cholel” (הל), significa “comum”, ou seja, algo que não é especial, algo que pode ser tratado como corriqueiro, sem qualquer destaque.

– Este primeiro mandamento que disciplina o nosso relacionamento com Deus tem sido extremamente vulnerado em nossos dias. Com efeito, é uma característica triste de nosso tempo a “profanação”, ou seja, a consideração de algo “sagrado” como comum, o total desrespeito com as coisas dedicadas ao Senhor.

– Começamos verificando que, quando Salomão escreveu a respeito, estava, certamente, pensando no templo que havia construído, na “casa de Deus”, onde tudo ali estava dedicado ao Senhor. Toda a lei mosaica estava firmada na consideração do tabernáculo e, depois, do templo, como um local dedicado a Deus, onde tudo ali era santo.

– No entanto, em nossa dispensação, devemos nos lembrar que a “casa de Deus” somos nós (Hb.3:6), de tal sorte que todo aquele cuidado que deveria haver no templo, no tabernáculo, em seus utensílios e rituais, é um cuidado que devemos ter conosco mesmos, pois agora nós é que somos templo do Espírito Santo (I Co.6:19) bem como moradia do Pai e do Filho (Jo.14:23).

– Ora, se somos habitação da Santíssima Trindade, como podemos, então, permitir que nosso corpos sejam profanados, sejam considerados como algo comum e, portanto, sem considerar a presença divina, tornamo-nos “instrumento de iniquidade”, obedecendo às concupiscências da carne (Rm.6:12,13)?

– Lamentavelmente, nos dias hodiernos, temos visto como muitos que cristãos se dizem ser têm profanado os seus corpos, tornando-se instrumentos de iniquidade, seja através de uso de vestes indecentes, despertadoras de sensualidade, seja através de mutilações, tatuagens, uso de piercings, como também adoção de práticas bizarras e afrontadoras da modéstia e do equilíbrio, transformando seus corpos em expressão de revolta e de tantas outras coisas que não edificam e que somente revelam a falta de consciência da separação entre o “sagrado” e o “profano”.

– Mas, como se isto fosse pouco, também vemos a falta de consciência entre a distinção entre o “sagrado” e o “profano” na própria liturgia, ou seja, no próprio “serviço a Deus”, no próprio culto ao Senhor. Embora sejamos “templo do Espírito Santo”, não servimos a Deus sozinhos, devemos nos ajuntar para invocar o nome do Senhor, pois Cristo edificou a Sua Igreja, exige uma necessária união para que Se faça presente em nosso meio, para que se possa fazer a Sua obra (Mt.16:18; I Co.14:26; I Pe.2:9,10).

– Todo o cerimonial da lei de Moisés serve como sombra para o culto de nossa dispensação (Hb.10:1), de modo que, ainda que não tenhamos que repetir todo o ritual ali estabelecido, até porque tudo foi cumprido por Cristo, jamais devemos nos esquecer que ali se encontram verdades eternas, imutáveis, que devem ser acolhida por quem serve ao Senhor, pois nosso Deus é um Deus de ordem e não de confusão (I Co.14:33).

– No culto instituído pela lei de Moisés vemos a necessidade de se ter reverência, respeito pelo que é santo, um cuidado para que não se confundisse o que era dedicado ao Deus e o que era comum. Os sacrifícios deveriam ser feitos com animais sem defeito, sem mancha, especialmente dedicados ao Senhor, não se permitindo qualquer contaminação.

– Pois bem, em nossos dias, devemos ter este mesmo cuidado. Não podemos permitir que nada “comum”, nada “profano” venha a fazer parte de nosso culto. Temos de oferecer a Deus um “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, o nosso culto racional” (Rm.12:1), culto este que não pode ter a forma do mundo (Rm.12:2).

– Destarte, não se podem introduzir na “casa de Deus” práticas, modos e atitudes que são próprias do mundo, pois, em nosso culto a Deus, não podemos nos conformar com o mundo. Infelizmente, não é o que tem ocorrido atualmente, pois muitos “cultos” transformaram-se em “shows gospel”, em “momentos de diversão ou entretenimento”, como também se têm adotado práticas que revelam total irreverência ao Senhor, trazendo coisas mundanas para oferecer a Deus, notadamente ritmos musicais profanos, imitações de ambientes profanos (veja-se a transformação de templos em verdadeiros salões de baile ou boates nas chamadas “baladas gospel”) e técnicas neurolinguísticas e teatrais nas pregações. Tomemos cuidado, amados irmãos! OBS: Já em 1935, o missionário Nils Kastberg alertava os crentes para que não se envolvessem com ritmos musicais mundanos, como o “jazz”, raiz do “rock”. Eis o trecho de uma lição da EBD neste sentido: “…Há duas qualidades de alegria: a alegria do mundo e a alegria no Senhor. Para nós, crentes, não servem as diversões do mundo, pois contaminam a nossa alma e nos desligam do Senhor.

Quando o povo de Israel começou a divertir-se com os gentios, a alegria do Senhor logo desapareceu. Israel tem, porém, uma promessa gloriosa, a respeito do futuro, quando irá, verdadeiramente, converter-se ao Senhor,que, então, abençoará a terra, para que dê bastante trigo, mosto, azeite etc. (Jr.31:12). Então, as virgens se alegrarão com danças: não será uma dança carnal, a “jazz”, mas ruído de alegria no Senhor…” (Lição 3 – O problema das diversões à luz da Bíblia. 20 out. 1935. Coleção Lições Bíblicas, v.1, p.285).

– Outro fator que tem se alastrado em nossos dias é a questão do comportamento durante o culto. Quantos são aqueles que aproveitam o momento da reunião para “colocar a conversa em dia”, tagarelando o tempo todo, não cultuando a Deus, mas apenas assistindo ao culto dos demais, culto este, aliás, que é sensivelmente prejudicado com a conversa.

– Lamentavelmente, esta irreverência é quase que uma características das Assembleias de Deus, que, neste ponto, precisam aprender, e muito, com outras denominações, que primam pelo respeito na hora do culto, pelo silêncio reverente, pela devoção. Aprendamos a “guardar o pé” na casa de Deus!

– O pregador, dentro do paralelismo hebraico, deixa bem claro que “guardar o pé na casa de Deus” é “inclinar-se mais a ouvir do que a oferecer sacrifícios de tolos”, Vemos que o silêncio faz parte da reverência. Devemos cultuar a Deus querendo ouvi-l’O falar, estando prontos a ouvir a voz do Senhor.

– É esta a razão pela qual o apóstolo Paulo, ao falar sobre o uso dos dons espirituais na igreja, enfatizou a necessidade de que tudo fosse feito com ordem, de modo a que Deus pudesse ser ouvido por todos. Por isso, mandou que somente fossem faladas línguas estranhas de forma audível a todos quando houvesse interpretação (I Co.14:27,28) e que as profecias deveriam ser proferidas em sequência, sem qualquer concomitância (I Co.14:31).

– Proceder de outro modo, diz Salomão, é “oferecer sacrifícios de tolos”, ou seja, oferecer um sacrifício que não será aceito pelo Senhor, pois o “tolo”, como sabemos, nos livros sapienciais, é aquele que se recusa a aprender de Deus, é aquele que não tem sabedoria, que não reconhece a soberania divina, que, a exemplo de Caim, quer fazer o culto “ao seu modo”, esquecendo-se de que Deus é quem determina como deve ser cultuado.

– O tolo está num estado de tamanha ignorância espiritual, está tão distante de Deus que seu culto não vale coisa alguma, pois ele nem sequer sabe que está praticando o mal, não tem sequer a consciência do desagrado divino para com o seu gesto. Será que nosso culto é um sacrifício de tolo ou um culto racional? Pensemos nisto!

– Quando nos reunimos na presença do Senhor, temos de “guardar o pé”, ou seja, ser cautelosos com nossas ações, pensar bem no que estamos a fazer, se, efetivamente, estamos fazendo a diferença entre o que é “santo” e o que é “profano”.

II – O CUIDADO NO FALAR COM DEUS

– O pregador, então, traz um segundo mandamento a respeito do nosso relacionamento com Deus, qual seja, o cuidado no falar: “Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma  diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra; pelo que sejam poucas as tuas palavras” (Ec.5:2).

– Já tratamos neste trimestre, mais especificamente na lição 5, a respeito do cuidado que temos de ter com aquilo que falamos. Assim, reportamo-nos ao que ali refletimos a respeito da necessidade de termos muita cautela em nosso falar, que é a expressão da nossa racionalidade.

– No entanto, Salomão volta a tratar neste assunto no livro de Eclesiastes de uma forma mais profunda e mais abstrata do que quando dissertou sobre este tema no livro de Provérbios, onde havia maior concretude e uma aplicação para a “vida debaixo do sol”.

– Aqui o pregador está a considerar o aspecto do nosso falar em nosso relacionamento com o Senhor, ou seja, o aspecto sagrado do falar. O nosso falar gera consequências no que concerne a nosso relacionamento com Deus.

– Por ser o falar a expressão da nossa racionalidade, por ser o externar do nosso íntimo, tudo o que falamos se torna público e conhecido de todos e, por causa disso, temos de prestar conta de tudo quanto pronunciamos, visto que o Senhor é o Reto e Supremo Juiz de toda a humanidade e o que falamos deve, então, ser levado com conta por Aquele que cuida para que a justiça se realize em toda a Sua criação.

– Como tivemos ocasião de afirmar na referida lição 5, e este texto de Eclesiastes o confirma muito bem, não é verdade que “haja poder em nossas palavras”, como têm ensinado os triunfalistas e outros segmentos heréticos que se têm imiscuído no meio do povo de Deus, mas o que falamos tem repercussão em nosso relacionamento com o Senhor, que, por Sua justiça, agirá por conta daquilo que tivermos dito, até porque a boca fala do que o coração está cheio (Mt.15:17-20).

– No mundo dos homens, é dito que “ninguém é punido pela mera cogitação”, ou seja, ninguém pode ser punido por ter pensado isto ou aquilo, até porque o ser humano não tem condição de saber o que se passa no interior de outro ser humano. Mas, a partir do momento que a intenção é transformada em atos, a punição torna-se possível e, até mesmo, necessária, para que se mantenha a ordem social.

– Ora, o Senhor, mesmo conhecendo os pensamentos e tratando de julgar as pessoas segundo eles, também tem de agir, e muito mais do que os homens, quando tais pensamentos são externados através do falar, visto que tem de sustentar toda a Sua criação com justiça. Por isso, quando proferimos palavras precipitadamente, temos de reconhecer que, ante a soberania divina, tudo isto será levado em conta pelo Senhor e teremos de prestar contas daquilo que falamos.

– Antes de falarmos qualquer coisa, então, devemos nos lembrar que estamos na terra, mas Deus está no céu, que somos meros homens, mas Ele é Deus; que somos Seus servos, mas Ele é o Senhor e que, portanto, não temos como escapar de Seu juízo, de Sua ação. Como afirma o Senhor Jesus: “…de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no Dia do Juízo” (Mt.12:36). Sejamos prudentes no falar!

– Mas, o pregador faz questão, aqui, de nos mostrar que nossa cautela no falar deve ser ainda maior quando estamos a falar com o Senhor. O Senhor, pela Sua infinita misericórdia, apesar de nosso pecado, quer falar conosco e, por isso, providenciou um meio pelo qual podemos voltar a ter comunhão com Ele, por meio do sacrifício de Cristo Jesus na cruz do Calvário (Ef.2:11-16; Hb.10:19-23).

– A abertura deste diálogo, entretanto, não retira a extrema necessidade de termos cautela e cuidado no falar com o Senhor. É isto que Salomão nos ensina, a fim de que, diante de nosso falar, não venhamos a ser postos em situação de juízo diante do Senhor.

– Esta falta de cautela faz-nos lembrar do episódio que envolveu o juiz Jefté que, de forma precipitada, fez um voto ao Senhor de que, se fosse vitorioso na batalha, oferecia a Deus a primeira coisa que lhe viesse ao encontro saindo da porta de sua casa. Após a batalha, quando retornava para o seu lar, sua única filha veio ao seu encontro e ele teve de cumprir o voto, sacrificando-a (Jz.11:30-40).

– Em nosso falar com o Senhor, devemos sempre lembrar que Ele é Deus e nós, homens; que Ele é o Senhor, e nós, Seus servos. Por isso mesmo, totalmente inadmissível o ensino dos da confissão positiva e do triunfalismo no sentido de que devemos “cobrar de Deus”, “exigir nossos direitos”, “pôr Deus contra a parede”, circunstâncias que somente podem trazer maldições sobre os homens, visto que se trata de um falar precipitado e que revela uma irreverência, um comportamento de desrespeito que receberá a devida recompensa. Que Deus nos guarde disto, amados irmãos!

– Devemos falar pouco com Deus. De nada adiantam as “vãs repetições” que são próprias dos gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos (Mt.6:7). A multidão de palavras é uma característica do tolo, daquele que não serve a Deus (Ec.5:3). Seremos ouvidos por Deus se Lhe formos tementes e fizermos a Sua vontade (Jo.9:31); se nos dirigirmos a Ele em nome de Jesus (Jo.14:13; Hb.10:19-21); se nos chegarmos diante de Deus com verdadeiro coração e em inteira certeza de fé, purificados da má consciência e o corpo lavado com água limpa (Hb.10:22).

Temos nos apresentado deste modo ao Senhor em oração? OBS: “…a reza em si é obviamente uma repetição. Se se trata de frase previamente estabelecida, é algo repetido. A oração deve ter palavras emanadas do âmago da alma. Nem mesmo a nossa mente pode preestabelecer a mensagem dirigida ao nosso Pai que está nos céus. O nosso sistema neurolinguístico é inspirado a se comunicar com a alma e produzir as palavras que são instantaneamente enviadas aos ouvidos do Criador em uma impressionante velocidade, igual à luz elevada a centésima quarta grandeza (c144)…” (CARVALHO, Ailton Muniz de. Como falar com Deus corretamente? :simplesmente observando o que Cristo nos ensinou, p.94).

– Nesta cautela concernente ao falar com Deus, insere-se a questão do voto. Voto é uma manifestação de vontade de alguém que, usando do seu livre-arbítrio, sem que fosse obrigada a isso, promete realizar algo se Deus lhe conceder algo que deseja. O voto é uma “declaração unilateral de vontade”, uma obrigação que se assume diante de Deus por livre e espontânea vontade.

– Deus nos deu o livre-arbítrio e, portanto, não somos obrigados a prometer coisa alguma em troca de uma bênção, de troca do atendimento de nosso pedido por parte de Deus. Temos de nos lembrar que Deus é soberano e, portanto, concederá, ou não, aquilo que Lhe pedimos segundo a Sua vontade.

– Como nos lembra Salomão, Deus está nos céus e nós, aqui na Terra, ou seja, não há como se realizar um “contrato” entre Deus e o homem, como se fôssemos iguais, como se estivéssemos no mesmo nível. Deus é o Senhor, é o rei, como já vimos, e, portanto, jamais poderemos superar esta assimetria, este desnível intransponível entre nós e Deus.

– Deste modo, é tolice achar que se se prometer fazer algo para Deus, seremos, só por isso, atendidos em nosso pleito, como se Deus fosse um ser que precisasse de nós, um ser que estivesse ávido por ter esta ou aquela vantagem, como se Ele tivesse carências que seriam supridas pelas nossas promessas, pelos nossos votos, como ocorre entre os homens.

– Entre os homens, por exemplo, quando alguém promete uma recompensa a alguém por conta da prática de algum ato, v.g., o achado de um animal perdido, esta promessa feita unilateralmente obriga a pessoa a cumpri- la. Até mesmo entre os homens, seres extremamente imperfeitos e maculados pelo pecado, a promessa unilateral, uma vez realizada e externada, vincula aquele que prometeu. OBS: O Código Civil é claríssimo neste sentido no seu artigo 854 que transcrevemos: “Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar, a quem preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido”.

– Deus não Se vincula a qualquer voto que for proferido, pois não necessita de qualquer coisa que for prometida pelo homem. No entanto, votar não é pecado, visto que se trata de um legítimo exercício da vontade do homem, do seu livre-arbítrio. Assim, não está proibido votar, fazer uma promessa ao Senhor.

– Tal voto, entretanto, não pode, jamais, ter o significado de um “toma-lá-dá-cá”, pois a oferta de uma barganha a Deus é nada mais, nada menos que falta de consciência da soberania divina, uma tolice, algo que não fará o menor sentido, pois fruto de uma mente que não sabe que Deus está nos céus e nós, na Terra.

– O voto somente terá valor diante do Senhor se for a expressão de uma gratidão. A pessoa faz o voto não para “vincular” Deus, nem tampouco para “obrigá-l’O” a fazer isto ou aquilo em troca, mas, sim, para demonstrar a sua gratidão a Deus e aproveitar o cumprimento do voto para glorificar o Seu nome.

– É precisamente isto que nos ensina Salomão ao afirmar que, quando alguém fizer algum voto, deve cumpri-lo, pois é melhor que não se vote do que, em votando, não se cumpra tal voto (Ec.5:4,5). Votar não é pecado, é um exercício legítimo do livre-arbítrio, mas, tendo havido o voto, a pessoa que votou fica “vinculada”, pois se comprometeu a fazer algo para Deus e, por isso, tem de cumprir com o prometido.

– Votar e não cumprir o que votou é ser infiel, é ser mentiroso e, portanto, é pecado. O falar do homem, como nos ensina o Senhor Jesus, deve ser “sim, sim, não, não”, sendo que o que sai disso é de procedência maligna (Mt.5:37).

– A tradição judaica dizia que toda promessa feita a alguém que está presente vincula a pessoa. Como Deus está presente em todos os lugares, tudo o que for prometido ao Senhor vincula o promitente. Este princípio era levado ao extremo pelos judeus, a ponto, inclusive, de se invalidar, indevidamente, o dever de honra aos pais. Se alguém havia prometido dar alguma oferta ao Senhor, deveria cumprir com o prometido, mesmo se os pais precisassem de ajuda. Jesus, entretanto, não aceitou este pensamento tradicional judaico, dizendo que não se poderia invalidar um mandamento divino por conta de uma promessa, de um voto (Mt.15:5,6).

– Ninguém é obrigado a votar, mas, em fazendo o voto, deve cumpri-lo, senão cairá em pecado e o salário do pecado é a morte. Sejamos, pois, prudentes, para que não venhamos a nos perder com o nosso próprio falar. OBS: Por sua biblicidade, transcrevemos o que diz o Catecismo da Igreja Romana a respeito dos votos: “”O voto, isto é, a promessa deliberada e livre de um bem possível e melhor feita a Deus, deve ser cumprido a título da virtude de religião.” O voto é um ato de devoção no qual o cristão se consagra a Deus ou lhe promete uma obra boa. Pelo cumprimento de seus votos, o homem dá a Deus o que lhe prometeu e consagrou. Os Atos dos Apóstolos nos mostram S. Paulo preocupado em cumprir os votos que fizera” (§2102 CIC).

– A Igreja Romana prevê a possibilidade de “dispensa dos votos e das promessas por motivos adequados” (§ 2013 “parte final”), mas tal entendimento não se coaduna com o ensino bíblico a respeito, pois a Igreja não tem poder de eliminar um compromisso assumido entre uma pessoa e o próprio Deus, de sorte que temos de ser muito prudentes no momento do voto, pois se não o cumprirmos, posteriormente, estaremos trazendo para nós mesmos condenação. Tomemos cuidado, amados irmãos!

– É interessante verificar que, na lei de Moisés, o voto era considerado uma “vinculação da alma” com uma determinada obrigação, quando fosse feito por homens (Nm.30:2) e, somente, uma “obrigação”, quando feita por mulheres, porquanto o voto de uma mulher somente valeria após a aprovação do pai ou do marido, caso a mulher estivesse sujeita a um ou outro (Nm.30:3,4). Se, porém, não tivesse pai ou marido que a sujeitasse ou se pai ou marido aprovassem o voto, estaria ela igualmente vinculada com sua alma pelo que votara (Nm.30:7).

– Observemos, a propósito, que, na lei e Moisés, é inclusive mencionado que a vinculação se dá mesmo que o dito for irrefletido, ou seja, for um falar precipitado, precisamente a hipótese de que trata Salomão em Eclesiastes (Nm.30:6).

– Daí a seriedade do voto e não há como se desvincular do que foi votado. O pregador afirma que não dizer que se tratou de “um erro”, de uma “precipitação”, de uma “situação de desespero”, de um “vício de vontade”, de uma “inadvertência”, como se costuma alegar nos meios judiciais para se anular uma obrigação ou um contrato assumido, pois tal procedimento é considerado pecado e que traz a ira de Deus contra quem assim proceder (Ec.5:6).

– Por isso, não se pode admitir a interpretação romanista de que a Igreja pode dispensar os votos e promessas, ou, mesmo, substituí-las, visto que assim o texto sagrado não ensina, dizendo que mesmo que se diga isto a um “anjo” (que pode ser interpretado como sendo um anjo ou um mensageiro, sacerdote ou levita, ou, mesmo, o próprio Deus).

– Mas por que Deus Se ira com o descumprimento do voto, já que não se trata de uma barganha? Porque a ira de Deus está sobre todos os que praticam o pecado (Jo.3:36; Rm.1:18). Não se trata de uma “cobrança” de Deus, mas de aplicação da justiça divina, visto que quem vota e não cumpre se faz mentiroso e falso, pratica, portanto, pecado, é um infiel.

– Por isso, o pregador convida as pessoas a não falarem demais, pois, “nas muitas palavras há vaidades”, devendo, pois, a pessoa “temer a Deus”, ou seja, ser reverente, sabendo que se prometer algo ao Senhor, estará prometendo ao Ser Supremo, ao Reto e Supremo Juiz, não podendo dizer que o fez por “brincadeira”, pois se “como o louco que lança de si faíscas, flechas e mortandades, assim é o homem que engana o seu próximo e diz: Fiz isso por brincadeira” (Pv.26:18,19), que diremos de quem faz promessas ao Senhor e não as cumpre? OBS: O significado de “temer” fica bem evidenciado no seguinte trecho do Talmude, o segundo livro sagrado do judaísmo, a saber: “…Os Rabis ensinaram: O que é temor e o que é honra?

Temor significa que o filho não deve se levantar no lugar do pai, não deve se assentar no lugar do pai, não deve contradizê-lo nem desobedecer-lhe. Honra significa que ele deve alimentá-lo, vesti-lo, cobri-lo e levá-lo para lá e para cá. (Tratado Kiddushin 31b) (tradução nossa de texto original em inglês disponível em http://www.sacred-texts.com/jud/bata/bata13.htm Acesso em 22 out. 2013)”. Fica claro, portanto, que “temer a Deus” é não se esquecer que somos criaturas, que estamos em patamar inferior ao Senhor e que, portanto, devemos nos considerar servos, jamais nos pondo no mesmo nível de Deus.

– Davi é bem claro ao chamar aqueles que “fala vaidades” como “filhos estranhos”, ou seja, pessoas ímpias, que não servem a Deus, “cuja mão direta é a destra da iniquidade” (Sl.144:11), seguindo neste mesmo sentido o profeta Jeremias, que chama de “adúlteros espirituais”, de “bando de aleivosos” aqueles que “estendem a sua língua, como se fosse o seu arco, para a mentira (…), zombam do seu próximo e não falam a verdade” (Jr.3:3,5), cuja língua é comparada a uma flecha mortífera, que fala engano (Jr.9:8). Podemos ser caracterizados como um exemplo desse tipo de gente? Evidentemente que não! Por isso, jamais votemos e não cumpramos o que tivermos votado.

III – A BUSCA DA SABEDORIA, O GOZO DO FRUTO DO TRABALHO E A VIDA COM A MULHER DA MOCIDADE

– Mas o pregador, em sua discussão a respeito do sentido da vida debaixo do sol, também traz outros deveres que o homem tem para com o Senhor, ainda que sejam condutas não voltadas diretamente a Deus, mas que Lhe agradam.

– O primeiro deles é a busca da sabedoria. Diz o pregador: “Tão boa é a sabedoria como a herança e dela tiram proveito os que veem o sol. Porque a sabedoria serve de sombra, como de sombra serve o dinheiro; mas a excelência da sabedoria é que ela dá vida a seu possuidor” (Ec.7:11,12).

– A busca da sabedoria é um dever para todo o homem diante de Deus, pois é Ele quem lha dá (Ec.2:26). Quem a busca, encontrará a vida, a verdadeira vida, que é a comunhão com Deus. Aqui, como ensinava o saudoso pastor Walter Marques de Melo (1933-2012), temos, em verdade, um prenúncio da pessoa de Cristo Jesus, pois, se a sabedoria é sombra, a “excelência da sabedoria” é a vida, é o próprio Jesus Cristo (Jo.1:4; 14:6). O próprio Senhor Jesus disse que viera para dar vida e vida com abundância aos que cressem n’Ele (Jo.10:10). –

Aquele que busca a sabedoria fica nas mãos de Deus (Ec.9:1), ainda que, por ter se tornado sábio, não seja reconhecido pelos homens (Ec.9:14-16). Embora o sábio e o justo possam passar pelas mesmas aflições por que passa o tolo e o injusto (Ec.8:14), o fato é que bem sucede a quem teme a Deus (Ec.8:11-13). Por isso, vale a pena buscar a sabedoria e, com isso, agradar a Deus e ficar entregue em Suas mãos.

– Não há melhor lugar para se ficar senão nas mãos do Senhor, pois quem está em Suas mãos jamais poderá ser retirado dali (Jo.10:28,29). Nas mãos do Senhor, achamos sentido para a vida e conseguimos enxergar “além do sol”.

– Mas, o pregador também manda que os homens desfrutem do fruto do seu trabalho nesta dimensão terrena, tenham uma “alegria no Senhor”, tirando o legítimo proveito daquilo que adquiriram através do trabalho (Ec.8:15; 9:7).

– Esta “alegria no Senhor” deve ser feita, logicamente, com sabedoria e de forma a agradar a Deus, pois tal desfrute é considerado bom precisamente porque se reconhece que, por mais que o homem faça, jamais poderá alcançar a obra de Deus (Ec.8:16,17).

– Para que possamos legitimamente desfrutar do fruto de nosso trabalho, temos de ter “vestidos alvos” e “azeite na cabeça” (Ec.9:8), ilustração que o pregador faz para nos mostrar que devemos estar em plena comunhão com Deus, fazendo-Lhe a vontade. Precisamos estar agindo como “sacerdotes”, pois é à indumentária dos sacerdotes que o pregador faz alusão aqui.

– É absolutamente necessário, em nossa vida terrena, que nos mantenhamos em comunhão com o Senhor, que nos mantenhamos com as “vestes brancas”, mediante a purificação do sangue de Cristo (Ap.22:14), purificação esta contínua e que depende de estarmos a andar na luz, como Jesus na luz está, tendo comunhão uns com os outros (I Jo.1:7). Para caminharmos na luz, é mister que não mais pratiquemos o mal, mas, sim, a verdade (Jo.3:20,21), ou seja, estejamos observando a Palavra de Deus (Jo.17:17).

– Quando participamos da ceia do Senhor, estamos declarando, diante de Deus, que temos comunhão com os irmãos e com Cristo, de modo que, se não estivermos a declarar a verdade, estaremos mentindo, trazendo para nós mesmos condenação, assim como que se tivéssemos feito um voto e não o tivéssemos cumprido ( I Co.11:29,30), oferecendo um verdadeiro “sacrifício de tolo”.

– Devemos, por isso mesmo, cumprirmos este mandamento de termos, em todo o tempo ( e não apenas na semana da ceia ou quando vamos aos cultos…) as vestes brancas.

– Mas devemos, também, ter o óleo sobre a nossa cabeça, o que nos fala da presença do Espírito Santo em nossas vidas. O óleo sobre a cabeça era um sinal da unção sobre o rei ou o sacerdote (I Sm.16:13; Sl.133:2). Nós fomos feitos “reis e sacerdotes” por Cristo (I Pe.2:9; Ap.1:6), de modo que jamais o Espírito Santo pode Se apartar de nós, Ele deve estar sempre em nós (Jo.14:17).

– Para tanto, não podemos pecar, pois o pecado afasta de nós o Espírito (Sl.51:11), pois, quando pecamos, entristecemo-l’O (Ef.4:30). Este é mais um dever que temos para com Deus.

– O pregador nos manda que devemos gozar a vida com a mulher que amamos, que outra mulher senão aquela com quem casamos, aquela com quem nos vinculamos, gozo este que deve ser até a morte (Ec.9:9). É interessante vermos que o polígamo Salomão, aqui inspirado pelo Espírito Santo, admite que só há uma mulher a quem devemos devotar a nossa vida, e a quem devemos dedicar até a morte, “durante todos os dias da tua vaidade”.

– Esta mulher amada, a quem nós nos unimos por força do casamento, em união perpétua, é bem diferente de outra mulher, que é “coisa mais amarga do que a morte”, a mulher “cujo coração é redes e laços, e cujas mãos são ataduras”, que prenderá os pecadores, pois os tementes a Deus serão livres dela pelo Senhor (Ec.7:26). Somente aqueles que adquirirem sabedoria poderão se livrar deste mal.

– Outro dever do homem, portanto, é manter uma vida familiar consoante os princípios divinos sobre a face da Terra, a fim de que possa ter uma vida bem-aventurada, a fim de que possa agradar a Deus e se manter nas Suas mãos.

– Aqui devemos lembrar o que diz o pregador a respeito das vantagens da vida a dois, quando mostra que é melhor serem dois do que um, pois, assim, serão vencidas todas as dificuldades da vida (Ec.4:9-12). Esta vida a dois, porém, tem de ter a participação do Senhor, pois “o cordão de três dobras não se quebra tão depressa” (Ec.4:12). Na vida a dois, na vida conjugal faz-se absolutamente preciso que nos voltemos ao Senhor e que permitamos que Ele compartilhe de nosso casamento. Somente assim conseguiremos desfrutar a alegria que nos é prometida.

– Por fim, o pregador manda que tudo que vier a nossas mãos a fazer, devemos fazê-lo, conforme as nossas forças, porque, depois de nossa peregrinação terrena, na sepultura, não teremos como realizar qualquer boa obra (Ec.9:10).

– Somos chamados para fazer o bem, conforme as nossas forças, conforme a ordenança divina. Devemos sempre estar atentos para as coisas que Deus nos dá a fazer, que deverá ser feito por nós mesmos e não por outros. Não se trata de querer “mudar o mundo”, mas de, com nossas obras, glorificarmos ao Senhor (Mt.5:16).

– Somente devemos fazer aquilo que está ao nosso alcance e que nos vier à mão para fazer. Assim, Deus não nos exige que façamos o impossível (como diz conhecida máxima jurídica – “Nemo ad impossibilia tenetur”, ou seja, ninguém pode ser obrigado ao impossível), nem tampouco que nos metamos em questões alheias, que não nos dizem respeito, pois “O que, passando, se mete em questão alheia é como aquele que toma um cão pelas orelhas” (Pv.26:17). O Senhor quer que, quando Ele nos der oportunidade, glorifiquemos Seu nome fazendo o que é bom.

– Assim fez o Senhor Jesus, que andou fazendo bem, curando a todos os oprimidos do diabo (At.10:38). No entanto, sabia bem os limites de Seu ministério terreno, tanto que disse àquela mulher cananeia que não tinha sido enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt.15:24), não tendo também se intrometido em questões que não diziam respeito ao Seu ministério, como, por exemplo, quando chamado a resolver uma questão de herança entre irmãos (Lc.12:13,14) ou chamado a se imiscuir em assuntos políticos com respeito ao tributo a César (Mt.22:17-21). Imitemos, pois, o Senhor, não nos metendo em questões alheias, mas jamais deixando de fazer aquilo que vem às nossas mãos.

– Será que temos cumprido todos estes deveres diante de Deus? Que Deus nos ajude a cumpri-los para que tenhamos um sentido nesta “vida debaixo do sol”. Amém!

 Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

Site: http://www.portalebd.org.br/files/4T2013_L10_caramuru.pdf

Deixe uma resposta

Descubra mais sobre Iesus Kyrios

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading