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LIÇÃO Nº 11 – A SEGUNDA VINDA DE CRISTO

CREMOS

(…)

  1. Na segunda vinda de Cristo, em duas fases distintas: a primeira, — invisível ao mundo, para arrebatar a Sua Igreja antes da Grande Tribulação; a segunda — visível e corporal, com a Sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (I Ts.4:16,17; I Co.15:51-54; Ap.20:4; Zc.14:5; Jd.14).

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I – A DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS: ESCATOLOGIA

– Uma das doutrinas bíblicas, como vimos, diz respeito ao ensino do que Deus nos revelou a respeito das profecias relacionadas com o término da dispensação da Igreja e os fatos subsequentes até o final da história humana, ou seja, a chamada “doutrina das últimas coisas”, isto é, o ensino a respeito dos últimos fatos que acontecerão na história da humanidade, doutrina esta que recebeu o nome grego de “Escatologia”, palavra que significa literalmente “estudo das últimas coisas”, pois vem do grego “escata”, que significa, as últimas coisas, e “logos”, estudo.

– Antes de dar início ao estudo da doutrina das últimas coisas, devemos entender, primeiramente, porque e para que Deus quis deixar revelado ao homem o que iria acontecer, que é, precisamente, o objeto desta doutrina bíblica.

Ao mostrar as coisas que ainda iriam ocorrer, Deus quis não saciar uma natural curiosidade do homem a respeito do futuro, que poderíamos, inclusive, dizer que se trata de uma nota da própria natureza humana, mas, sobretudo, mostrar, com isso, pelo menos três coisas, a saber:

a) Deus é soberano e, portanto, O Senhor de todas as coisas, inclusive da história, a ponto de poder dizer, com antecedência, o que irá acontecer.

b) O homem que decide servir a Deus não precisa ficar atônito com relação ao futuro, pois sabe o que irá acontecer, porque certas coisas têm acontecido, diante da revelação divina.

c) O homem que decide servir a Deus, por saber o que, porque e para que as coisas à sua volta estão acontecendo, tem renovada a sua fé, aumentada a sua esperança bem como o seu ânimo em servir ao Senhor enquanto aqui viver.

– Devemos, portanto, ao estudar a doutrina das últimas coisas, não nos deixar levar pela curiosidade pura e simples, nem enxergá-la como um exercício de futurismo ou de adivinhação, mas, sobretudo, como um eficaz e necessário instrumento para que venhamos a servir a Deus com mais fé, esperança e disposição.

– A Escatologia é, portanto, o estudo das coisas que foram reveladas por Deus e que se encontram na Sua Palavra a respeito daquilo que ocorrerá no final dos tempos, no final da história humana.

Daí porque muitos relacionarem os estudos escatológicos ao “fim do mundo”, expressão que não é errada, mas que é uma simplificação muito grande que pode levar a erros.

Os crentes sabem que este mundo em que nós vivemos irá ser substituído por um novo céu e uma nova terra e que, portanto, terá um fim, mas o crente não pode se iludir com discursos que surgem a respeito do “fim do mundo”, como se isto fosse acontecer de forma repentina, através de uma catástrofe, como se dizia no tempo da chamada “guerra fria” (período entre 1947 a 1989, quando Estados Unidos e União Soviética se enfrentaram, sem uma guerra direta, pelo controle do planeta).

Os cristãos devem aprender, pela revelação constante na Bíblia Sagrada, o que ocorrerá antes deste final dos tempos e, no cumprimento das profecias, ter ainda mais alicerçada a sua fé no Senhor.

– Parte considerável das Escrituras Sagradas é formada de textos proféticos, mensagens de Deus aos homens em que, não poucas vezes, o Senhor mostra todo o Seu controle sobre a história da humanidade, revelando, com antecedência de séculos e milênios, fatos que ainda iriam acontecer.

O Senhor mostra, assim, que para Ele o tempo simplesmente não existe, tudo é um eterno presente e que, por isso, é necessário que nEle confiemos e Lhe obedeçamos, pois só assim teremos condição de participar da eternidade na Sua companhia, pois nada Lhe foge ao controle.

– Alguns estudiosos da Bíblia, inclusive, dizem que a Escatologia não abrange apenas os fatos históricos que ainda estão por acontecer, dentro de nossa atual dispensação, mas abrange toda a atividade profética constante das Escrituras, pois, as profecias a respeito da primeira vinda de Jesus, por exemplo, são tão escatológicas quanto as profecias que se referem à Sua segunda vinda, uma vez que, nos dois casos, o fato de Jesus já ter vindo a este mundo uma vez não altera a circunstância de que Deus fez as revelações antes que os fatos tenham acontecido, sendo, pois, uma ação divina de igual natureza tanto num caso quanto noutro.

– Embora até concordemos com este ponto-de-vista, temos que o objeto do estudo desta lição diz respeito aos fatos que ocorrerão a partir do instante em que a Igreja se constitui no povo de Deus aqui na Terra, este período de tempo na história humana em que Cristo concluiu a Sua obra de reconciliação entre Deus e o homem e esta boa nova é anunciada a todas as nações, com a plena e livre ação do Espírito Santo sobre a humanidade, pronta a convencê-la dos seus pecados e a fazer prosperar a pregação do Evangelho, que é levada a efeito pela Igreja.

– Dentro desta perspectiva, vemos que a doutrina das últimas coisas tem como profecia-chave, como elemento de base, a revelação feita por Deus, através do anjo Gabriel, ao profeta e grande estadista Daniel, conhecida como a “profecia das setenta semanas”, que se encontra em Dn.9:24-27.

É a partir desta revelação que se deve estruturar todo o estudo das últimas coisas.

– O profeta Daniel, como sabemos, estava cativo desde a sua adolescência na corte babilônica.

Fiel a Deus, prosperou naquela corte, chegando, mesmo, a atingir o ápice da carreira administrativa, tendo sido o único homem que, em toda a história da humanidade, serviu a três civilizações proeminentes distintas (Babilônia, Média e Pérsia).

Apesar de toda esta proeminência, Daniel jamais se esqueceu de sua condição de judeu, de integrante do povo escolhido por Deus e, até por causa da sua visão de estadista (o estadista é aquela pessoa que, dentro de suas habilidades políticas, enxerga as próximas gerações e não apenas a próxima eleição, como costuma ocorrer com os políticos em geral),

ao perceber que se completavam os setenta anos profetizados por Jeremias para a duração do cativeiro, passou a indagar o Senhor a respeito do futuro do seu povo, do futuro de Israel, já que não via como, humanamente, no limiar do domínio persa sobre o Oriente, poderia haver a restauração de Israel e o cumprimento das profecias até então existentes a respeito de uma aliança perpétua entre Deus e o Seu povo.

– Em resposta a esta oração sincera de Daniel, Deus, então, enviou o anjo Gabriel, que veio transmitir a mensagem divina relativa às setenta semanas, mensagem esta que só foi entregue após uma luta espiritual entre anjos, a demonstrar que o inimigo tentou (e sempre tentará) impedir que houvesse esta revelação, porquanto o conhecimento a respeito do que vai acontecer traz benefícios espirituais importantíssimos para os servos do Senhor.

Não é por acaso, portanto, que os falsos ensinos têm tido a escatologia sempre como um dos alvos preferenciais, seja com distorções doutrinária, seja com o relegar deste estudo ao último plano.

– Não é nosso objetivo aqui, até porque não é este o tema de nosso estudo nesta lição, dissecarmos a profecia das setenta semanas de Daniel, mas, sim, de demonstrar que é a partir do que está nesta profecia que devemos compreender as profecias bíblicas ainda não cumpridas naquele tempo e, em especial, as que ainda não se cumpriram no nosso tempo, ao mesmo tempo em que destacamos alguns elementos presentes nesta profecia e que são a chave para uma compreensão correta da escatologia bíblica.

– Em primeiro lugar, como vimos, a profecia veio em resposta a um pedido do profeta Daniel, um servo de Deus, sobre o futuro do povo de Deus, vez que se estavam cumprindo os setenta anos anunciados por Jeremias para a duração do cativeiro. Portanto, a escatologia está sempre relacionada com o futuro de Israel depois do cativeiro da Babilônia. A relação, pois, entre a escatologia e o povo de Israel é inevitável e sempre deve estar na mente dos crentes.

Em segundo lugar, na profecia das setenta semanas, vemos uma revelação destinada a um estadista experimentado, como era o profeta Daniel, e a quem Deus já havia revelado o futuro da humanidade através da revelação e interpretação de sonhos.

Assim, um outro elemento que deve nos chamar a atenção é que a escatologia bíblica se relaciona, também, com o movimento do poder político entre as nações sobre a face da Terra.

Assim sendo, é impossível falarmos em termos escatológicos sem avaliarmos o movimento do poder político entre as nações, ou, para usarmos uma expressão muito em voga nos nossos dias, o cenário político internacional.

– Em terceiro lugar, na profecia das setenta semanas, vemos qual é o objetivo de todos os fatos que ocorrerão no período final da história.

O anjo Gabriel disse ao profeta que “…setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santo dos santos…” (Dn.9:24), ou seja,

a finalidade de todo este movimento histórico outro não é senão pôr fim ao pecado que separa Deus do homem e, com isto, reinstituir aquela comunhão plena que havia entre Deus e o homem antes que os nossos primeiros pais pecassem.

A história nada mais é do que o período em que Deus e homem viveram separados um do outro por causa do pecado cometido pelo homem e o fim da história será o fim desta separação, com o retorno da comunhão entre Deus e o Seu povo, de forma absoluta, como se descreve em Ap.21:3.

Só então, quando o homem desfrutar desta comunhão plena com o seu Senhor e Criador, não haverá mais necessidade de profecia ou de visão, passando o homem a habitar plenamente no “Santo dos santos”, ou seja, na intimidade com o Senhor, por intermédio do sangue de Jesus que já foi derramado no Calvário.

II – AS LINHAS DE PENSAMENTO DA ESCATOLOGIA NA HISTÓRIA DA IGREJA

– A partir da profecia das setenta semanas, podemos elaborar uma espécie de cronograma dos acontecimentos escatológicos, uma espécie de calendário dos últimos dias, cujos eventos seriam estudados, à luz da Bíblia, na doutrina das últimas coisas, considerando, logicamente, a versão restrita de somente estudarmos aquilo que ainda não aconteceu a partir do nosso momento histórico.

– A profecia das setenta semanas inicia, como não poderia deixar de ser, com o término do cativeiro de Babilônia, que era o objeto da preocupação do profeta Daniel, indagação a que se respondia com esta revelação (cfr. Dn.9:2).

Assim, a revelação dada ao profeta estabeleceu que haveria uma ordem para a restauração e edificação de Jerusalém e que, a partir desta ordem, haveria um tempo de sete semanas para o término da obra.

Efetivamente, da ordem dada por Ciro para a reconstrução de Jerusalém(II Cr.36:22,23 e Ed.1:1) até o término da obra por Neemias(Ne.6:15), houve um período de 49 anos, ou seja, sete semanas de anos.

– Em seguida, a profecia fala de “sessenta e duas semanas” até a vinda do Messias, que era a grande promessa escatológica da época de Daniel, conforme havia sido profetizado desde Moisés, mas, de uma forma direta, através dos ministérios de Isaías e Miquéias.

Quando verificamos os episódios históricos, vemos que, entre a reconstrução de Jerusalém, terminada por Neemias, e a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, passaram-se 434 anos, ou seja, 62 semanas de anos.

– A profecia, então, diz que Messias seria tirado e não seria mais (Dn.9:25). Isto se cumpriu literalmente, pois, realmente, os judeus rejeitaram Jesus, mandando-o à crucificação (Mt.27:23-26), tendo, então, havido a

interrupção do relacionamento entre Deus e o povo judeu, que Paulo, em sua carta aos Romanos, figura como sendo a quebra dos ramos naturais da oliveira e o enxerto do zambujeiro (Rm.11:17-32).

Há, então, uma parada na profecia das setenta semanas, pois surge aí um período de tempo que não se refere ao povo de Israel (a profecia das setenta semanas diz respeito ao povo de Daniel, ou seja, a Israel, como se vê de Dn.9:24), que é o período chamado de “dispensação da Igreja” ou “dispensação da graça”.

– Até este ponto, como se trata de fatos já acontecidos ao tempo do surgimento da Igreja como o novo povo de Deus na Terra, não há discussão.

A polêmica aparece quando se trata de perguntar quando haverá o cumprimento da última semana de Daniel e o que está para acontecer.

– Ao longo da história da Igreja, surgiram diferentes linhas de pensamento a respeito destes dois assuntos, o que faz com que tenhamos, necessariamente, diferentes escatologias, sendo necessário apresentarmos as diversas linhas de pensamento e nos posicionarmos, para que venhamos a ter um estudo profícuo e sem confusões.

– Com relação ao período da última semana de Daniel, tem sido ele conhecido pelo nome de “Grande Tribulação”, expressão tirada de Ap.7:14, qualificada como um “tempo de angústia que nunca houve” (Dn.12:1). Basicamente, três têm sido os pensamentos a respeito de quando ocorrerá este período, a saber:

a) o pré-tribulacionismo – é a linha de pensamento que entende que a Grande Tribulação ocorrerá imediatamente após o arrebatamento da Igreja, ou seja, a Igreja não passará pela Grande Tribulação. É a posição oficial das Assembleias de Deus, como se vê no item 12 do Cremos da Declaração de Fé da CGADB..

b) o mídi-tribulacionismo – é a linha de pensamento que entende que metade da Grande Tribulação ocorrerá antes do arrebatamento da Igreja, ou seja, a Igreja não passará pela segunda metade da Grande Tribulação. É a posição que tem sido assumida no período recente por diversos estudiosos da Bíblia, inclusive ensinadores vinculados às Assembleias de Deus.

c) o pós-tribulacionismo – é a linha de pensamento que entende que a Igreja sofrerá toda a Grande Tribulação, negando até a existência do arrebatamento da Igreja como um evento separado da vinda de Jesus em glória. É a posição oficial dos movimentos adventistas.

– Com relação aos fatos que ainda irão acontecer, independentemente do cumprimento da última semana de Daniel, há, ainda, uma discussão a respeito do reino milenial de Cristo.

Como já dissemos, um elemento central da escatologia do Antigo Testamento era o estabelecimento do reino do Messias em Israel, algo que, até hoje, é aguardado com ansiedade pelos judeus.

Esta esperança messiânica está patente na própria profecia das setenta semanas, onde o Messias é citado nominalmente.

Nesta mesma profecia, entretanto, é dito que o Messias seria tirado e não seria mais, como a indicar que, na sua primeira aparição, o Messias não cumpriria todas as profecias a respeito de um reino que terá sobre as nações.

– Não foi difícil aos cristãos, então, ante os próprios ensinamentos do Senhor, compreenderem que haveria um reinado de Cristo sobre a Terra, algo que o Senhor deixou claramente para o futuro, quando indagado a respeito pelos discípulos, pouco antes de Sua ascensão (At.1:6,7), e que foi confirmado depois pelos anjos mandados após o desaparecimento físico do Senhor (At.1:11).

Este reino, inclusive, foi revelado à Igreja, duraria mil anos (Ap.20:4), daí, então, passar a ser conhecido como o “reino milenial de Cristo” ou, simplesmente, de “milênio”.

– Pois bem, ao longo da história da Igreja, surgiram, também, três linhas de pensamento a respeito do milênio, correntes estas que também influenciam decisivamente o estudo da doutrina das últimas coisas, a saber:

a) o pré-milenismo – é a linha de pensamento segundo a qual o reino milenial de Cristo é anterior ao julgamento final e ao fim da história humana, ou seja, antes do fim deste mundo, Cristo ainda reinará mil anos sobre a Terra. É a posição oficial das Assembleias de Deus, conforme se vê do item 12 da Declaração de Fé da CGADB.

b) o pós-milenismo – é a linha de pensamento segundo a qual o reino milenial de Cristo é posterior ao julgamento final e ao fim da história humana, ou seja, o milênio, na verdade, é o estado eterno, o novo céu e a nova terra onde habita a justiça, sendo a expressão “mil anos”, pois, metafórica, que significa a eternidade. É a posição dos movimentos adventistas.

c) o amilenismo – é a linha de pensamento segundo a qual o reino milenial de Cristo é a própria dispensação da Igreja, ou seja, o reino de Cristo é o domínio da Igreja sobre o mundo, o triunfo da evangelização.

Quando todos os homens se converterem, virá o fim da história. É a posição oficial da Igreja Romana.

– Percebe-se, de pronto, que o estudo da doutrina das últimas coisas é difícil e exige muito cuidado por parte do cristão.

Conforme nos posicionamos nesta ou naquela linha de pensamento, a respeito destes dois assuntos que advêm da profecia das setenta semanas, teremos conclusões diferentes e, muitas vezes, contraditórias entre si.

A verdade, sabemos, é única, é uma só e, por isso, não podemos admitir interpretações conflitantes.

Admitimos, entretanto, que, em certos pontos absolutamente secundários, poderemos até considerar pontos-de-vista nascidos em linhas de pensamento diferentes, dentro da máxima cunhada por Agostinho, segundo a qual, em teologia, devemos ter unidade nas coisas essenciais; liberdade, nas coisas secundárias e caridade (isto é, o amor “agape”), em todas elas.

As Assembleias de Deus adotaram oficialmente as linhas pré-tribulacionista e pré-milenista, que estão no item 12 do Cremos da Declaração de Fé da CGADB, objeto desta lição.

III – O ARREBATAMENTO DA IGREJA

– Dentro da linha pré-tribulacionista e pré-milenista adotada no Cremos da nossa Declaração de Fé, tem-se que a segunda vinda de Cristo há de ser compreendida em duas fases: o arrebatamento da Igreja e a vinda de Cristo em glória.

– A Igreja está esperando Jesus (I Co.1:7; Fp.3:20; Tt.2:13; Tg.5:7; II Pe.3:1-13; I Jo.3:1-3; Jd.21) .

Na ceia, anuncia a volta de Cristo; prega o evangelho para que alcance todas as nações e o fim do seu tempo sobre a face da Terra; faz o seu trabalho enquanto não se dá o início da última semana da profecia das setenta semanas de Daniel; aguarda o livramento prometido pelo Senhor da “ira futura” (I Ts.1:10).

– O arrebatamento da Igreja é, precisamente, este acontecimento em que Jesus retirará a Sua Igreja da face da Terra, no exato instante em que se iniciar a septuagésima semana de Daniel, quando Deus, então, tratará com os outros dois povos, Israel e os gentios.

Será o “dia da vingança do nosso Deus” (Is.61:2 “in fine”), o “tempo de angústia”, tanto para os judeus (Dn.12:1), quanto para as nações (Lc.21:25), pelo qual a Igreja não passará.

– A palavra “arrebatamento” vem da expressão constante de I Ts.4:17, onde é dito por Paulo aos tessalonicenses que os crentes serão “arrebatados” e se encontrarão com o Senhor nos ares.

Paulo estava ali falando a crentes a respeito da vinda do Senhor, ou seja, o seu ensino dizia respeito à vinda de Jesus para a Igreja, de forma que tudo ao que ele ali se referiu está relacionado com a Igreja, este novo povo criado na dispensação da graça.

– “Arrebatamento” significa “retirada repentina, rápida, de improviso”, normalmente com violência. Tem o mesmo significado que “rapto”, que, aliás, é a palavra utilizada para a tradução do termo grego de I Ts.4:17 na Vulgata Latina (a tradução da Bíblia para o latim, a língua dos romanos e que até hoje é a tradução oficial da Igreja Romana).

– O arrebatamento da Igreja, portanto, é a retirada repentina, de improviso, dos membros do corpo de Cristo sobre a face da Terra, antes que se inicie o período mais negro da história da humanidade.

Jesus, então, como diz Paulo, descerá até as nuvens e se encontrará com a Igreja, que é a reunião dos salvos de todos os tempos, daqueles que creram na pessoa de Jesus como seu único e suficiente Senhor e Salvador.

OBS: “…O Senhor não teria inaugurado uma Igreja que estava apenas na fundação.

Aqueles discípulos que acompanhavam Jesus, e existiam no dia de Pentecostes, não chegavam a mil, eram apenas parte do fundamento da novel Igreja. Muitos outros foram acrescidos depois daquele dia como fundamento da Igreja Cristã, a exemplo entre eles destacou-se o Apóstolo Paulo.

A Igreja de Jesus Cristo é composta de bilhões vezes bilhões de almas, uma multidão que homem algum jamais poderá calcular.

Com certeza, a Igreja será inaugurada quando todos os remidos, de todos os tempos, juntamente com os santos que morreram desde o princípio da geração, e foram evangelizados por Cristo após a ressurreição, estiverem reunidos em número incalculável, liderados pelo Senhor Jesus Cristo, que irá adiante da grande multidão e nos apresentará ao Pai, dizendo:

Hebreus 2.13:’…Eis-me aqui, e aos filhos que Deus me deu.’…” (Osmar José da SILVA. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.6, p.110).

Este pensamento do pastor Osmar José da Silva, aliás, dá o real significado para a palavra “igreja”, ou seja, “reunidos para fora” (“ekklesia”).

Só no dia do arrebatamento, a Igreja será realmente reunida em sua totalidade e estará para sempre fora deste mundo.

– A realidade do arrebatamento da Igreja, como vemos nas Escrituras, tem também um aspecto importantíssimo: não há como se definir a data deste arrebatamento.

Jesus foi bem claro ao afirmar que “…porém daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas unicamente Meu Pai.” (Mt.24:36; Mc.13:32).

– Esta afirmação de Jesus sempre intrigou e deixou perplexos os estudiosos da Bíblia ao longo da história da Igreja. Como diz sabiamente R.N. Champlin, “…para alguns comentaristas, essas são algumas das palavras mais difíceis de entender que Cristo proferiu.

A dificuldade não está em sua interpretação, pois o sentido é perfeitamente claro; o problema está em sua aceitação…” (O Novo Testamento interpretado, v.1, com. Mt.24:36, p.566).

Mas é, precisamente, nestas horas que o estudioso da Bíblia deve demonstrar que, acima da razão, está a sua fé na inerrância das Escrituras.

Jesus disse que ninguém saberia o dia da Sua volta e devemos nos conformar com esta assertiva, se é que cremos que Jesus é o caminho, a verdade e a vida.

– Muitos, na sua resistência a este texto, chegaram, mesmo, a deturpá-lo, tanto que alguns manuscritos eliminaram a expressão “nem o Filho” de Mt.24:26, que, entretanto, é autêntico, até porque são perfeitamente consonantes com o texto de Mc.13:32, onde não há esta omissão.

Segundo estes resistentes, o texto estaria negando a onisciência de Jesus, pois haveria algo que Jesus não saberia, ou seja, o dia da Sua volta e, portanto, Jesus não seria Deus.

Todavia, não é isto o que o texto diz. O texto afirma que Jesus, enquanto homem, enquanto revelação de Deus à humanidade, não estava autorizado e, por isso, em Sua humanidade, não tinha o conhecimento (pois o conhecimento de Jesus enquanto homem tinha como único objetivo a revelação do Pai aos homens – Jo.15:15), não ouviu do Pai a data do arrebatamento da Igreja e, portanto, não poderia transmiti-lo aos homens.

Jesus em tudo foi obediente ao Pai (Fp.2:8), despojando-se dos Seus atributos divinos para fazer a vontade do Pai. Assim, enquanto homem, em obediência ao Pai, privou-se do conhecimento da data da Sua vinda, sem que tenha deixado de, enquanto Deus, ter pleno conhecimento dela.

Tanto que, ainda hoje, pois que continua como homem e Deus no céu, também não revela esta data a quem quer que seja.

– Por que Deus não revelou a data do arrebatamento da Igreja ao Seu povo ?

Deus não revelou a data do arrebatamento da Igreja para o Seu povo, porque não é Deus de confusão (I Co.14:33).

Sendo um Deus que quer que o homem retorne à Sua imagem e semelhança, e, portanto, seja santo e viva em santidade (I Pe.1:15,16; Ap.22:11), bem como um Deus que determina aos crentes que perseverem até o fim para que alcancem a salvação de suas almas (Mt.24:13; I Pe.1:9) e que é este instante final que determinará a sorte eterna do homem (Ez.18), como poderia Deus anunciar a que dia viria o Seu Filho para arrebatar a Sua Igreja, permitindo a salvação de todo e qualquer homem sem que se seguisse a recomendação de santidade e de comunhão com Deus ?

Onde estaria a justiça e a veracidade da Palavra de Deus ? Vemos, portanto, que o caráter de Deus impõe esta incerteza da data do arrebatamento da Igreja.

– Não é por outro motivo, pois, que a dispensação da graça é o “tempo que se chama hoje”, pois o crente deve viver na perspectiva de que Jesus pode vir a qualquer momento, a qualquer instante.

Assim como Deus é um eterno presente, a vida de pureza, de santidade e de comunhão do cristão com o seu Senhor deve ser um permanente presente, uma realidade atual a todo tempo, pois Jesus pode vir a qualquer instante.

A vigilância é fundamental para o cristão, é uma atitude indispensável para que alcancemos o fim de nossa fé, que é a salvação de nossas almas, que somente ocorrerá no instante do arrebatamento da Igreja, quando atingiremos a glorificação, de que Paulo fala no capítulo 15 de I Coríntios.

– Não pode haver, portanto, no coração do cristão, um sentimento diverso desta atualidade permanente, deste preparo incessante para subir com Jesus.

Devemos estar preparados, com as nossas lâmpadas cheias de azeite, ou seja, em plena comunhão com Jesus neste momento, agora, para que possamos nos reunir com os santos na hora do arrebatamento.

A Bíblia deixa bem claro que não podemos nos iludir com as coisas deste mundo e começar a achar que “Jesus está demorando”. Este pensamento ou sentimento de “demora de Jesus” é um indicador perigosíssimo para o crente.

É uma atitude típica daqueles que estão se desviando dos caminhos do Senhor, como deixou claro o apóstolo Pedro, que diz que quem assim pensa são “escarnecedores, que andam segundo suas próprias concupiscências” (I Pe.3:3).

– Pouco importa, para o crente fiel e sincero, que se esteja esperando Jesus desde o ano 30 de nossa era e que, quase dois mil anos depois, Jesus ainda não tenha vindo.

Isto é irrelevante, pois o crente, como diz o poeta sacro, tem plena convicção e diz: ‘…É fiel, Sua vinda é certa. Quando…Eu não sei.

Mas Ele manda estar alerta, do exílio voltarei.” (parte da terceira estrofe do hino 36 da Harpa Cristã).

– Apesar do texto bíblico clarividente, não foram poucos os que se aventuraram em marcar a data do arrebatamento da Igreja.

 Na própria igreja apostólica, vemos que certas atitudes dos crentes foram resultantes de cálculos que foram inadvertidamente feitos pelos crentes quanto à vinda de Jesus.

Como Jesus havia dito que não passaria aquela geração sem que o que Ele havia predito no sermão profético acontecesse (Mt.24:34), certamente houve quem achasse que, até o ano 40, ou seja, dez anos depois da morte, ressurreição e ascensão de Cristo, Jesus voltaria, o que explica, plenamente, o comportamento dos crentes em Jerusalém, como dissemos supra.

Entretanto, veio o ano 40 e nada aconteceu, o que gerou um certo descrédito no meio do povo de Deus.

– Aliás, um dos grandes problemas destas designações de data da volta de Cristo é, precisamente, a decepção que vem sobre a Igreja quando a data não se concretiza (e jamais se concretizará, pelo que vemos nas Escrituras Sagradas).

É uma astuta armadilha do inimigo para fazer arrefecer no meio do povo de Deus a esperança na vinda do Senhor.

Pedro, por isso, foi bem incisivo ao alertar os crentes para que não dessem ouvidos àqueles que desacreditassem na promessa da vinda do Senhor, ainda que isto seja decorrência de precipitadas e atrevidas previsões, previsões estas que jamais terão qualquer respaldo bíblico, pois, conforme já visto, a Bíblia é clara ao afirmar que ninguém saberá a data do retorno de Cristo, e isto, frisemos bem, é um efeito do próprio caráter de Deus e, portanto, se é algo relacionado com o caráter de Deus, não tem como ser mudado em hipótese alguma.

– A destruição do templo de Jerusalém, certamente, teve um impacto imenso sobre os crentes, que viram, assim, o cumprimento de parte da profecia de Jesus, mas, mesmo assim, apesar disto, não se viu o cumprimento da vinda de Cristo e isto até colaborou para que a visão amilenista acabasse tomando conta de parcela considerável da Igreja.

Com a Reforma, entretanto, o quadro começou a mudar, mas, já no século XIX, em meio ao avivamento experimentado, logo surgiu alguém que se arvorou no direito de marcar a data da volta de Cristo.

Surgiu, então, o movimento adventista, liderado por William Miller, que definiu a volta de Jesus, primeiro para 1847 e, depois, para 1848, gerando mais uma decepção de grandes proporções, além de ter, de quebra, dado origem a uma importante seita, atuante até os nossos dias, que é o sabatismo, que foi construído sobre os escombros desta precipitada designação de data da volta de Jesus.

– Por trás de outra estapafúrdia designação de data da volta de Cristo está o surgimento de outra heresia, no século XIX, a saber, as Testemunhas de Jeová, para quem o milênio se iniciou em 1914, ou seja, a época de paz da humanidade prometida nas profecias messiânicas do Antigo Testamento teria começado no ano em que estourou a Primeira Guerra Mundial !

– Em 1992, pudemos ver, também, a designação de mais uma data para a volta de Cristo e, nesta oportunidade, no Oriente, mais precisamente na Coréia do Sul, um dos países de maior crescimento da Igreja nos últimos tempos.

Ali, um tal de Bang-Ik-Ká, dizendo que o dia e hora da vinda do Senhor não podiam ser revelados, mas que o mesmo não se daria com relação ao “período”, fixou que Jesus voltaria durante a “festa dos tabernáculos” de 1992.

Multidões se reuniram em diversos lugares do mundo e, mais uma vez, nada aconteceu. “Passarão os céus e a terra, mas as Minhas palavras não hão de passar”, disse Jesus e, portanto, fiquemos com a Palavra de Deus, que diz que não temos como saber quando Jesus voltará.

– É certo que sabemos que este dia está muito próximo, pois, todos os sinais já se cumpriram ou estão se cumprindo, não havendo, aliás, como sabermos quando o evangelho será pregado a todas as gentes.

Ora, precisamente porque não temos de detectar em que instante isto ocorrerá e é este sinal que determina o fim (Mt.24:14 “in fine”), temos mais uma prova de que o tempo da graça é “hoje” e não podemos, por isso, deixar que nossos corações sejam endurecidos, mas que estejamos agora, neste momento, em comunhão com Deus, para que possamos ouvir o clamor da última trombeta.

– Uma outra discussão que surge a respeito do momento do arrebatamento da Igreja diz respeito a se ele se dará antes, no meio ou depois da Grande Tribulação.

Como vimos supra, conforme se responda a esta questão, teremos as três linhas de pensamento existentes entre os chamados “milenistas”, quais sejam: os pré-tribulacionistas, os midi-tribulacionistas e os pós-tribulacionistas.

– Nosso entendimento, que é o oficialmente adotado pelas Assembleias de Deus, é no sentido de que o arrebatamento da Igreja se dará antes do início da Grande Tribulação.

A Bíblia diz-nos que Jesus prometeu livrar a Igreja da ira futura (I Ts.1:10), guardar da hora da tentação que há de vir sobre o mundo (Ap.3:10), bem como que o diabo e seus anjos serão precipitados sobre a face da Terra, quando, então, agirão com grande ira (Ap.12:7-12), o que somente se explica pelo fato de os ares que hoje são por eles ocupados terem de dar lugar ao encontro de Jesus com a Sua Igreja.

Também é dito que há um que resiste para que o Anticristo ainda não se manifeste e que não haverá tal manifestação enquanto este não for tirado (II Ts.2:7) e sabemos que não há como o Espírito Santo, dentro das obras que Lhe foram confiadas (Jo.14:16-18; 16:13-15), deixar de atuar livremente sobre este mundo com a Igreja ainda aqui habitando, pois isto contrariaria a promessa solene de Jesus de não deixar a Igreja órfã.

Ademais, o clamor pela vinda de Jesus é tanto do Espírito quanto da Igreja (Ap.22:17).

Por tudo isto, embora respeitemos os outros pontos-de-vista, não podemos senão considerar que o arrebatamento da Igreja se dará no momento imediatamente anterior ao início da Grande Tribulação.

– Como vimos, “arrebatamento” é rapto, retirada de surpresa, retirada rápida, retirada repentina.

A Bíblia dá-nos uma característica de que como se dá um rapto no episódio narrado no livro de Juízes, a respeito do rapto de mulheres pelos benjaminitas, a fim de impedir que a descendência de Benjamim se perdesse, depois que haviam sido derrotados pelas demais tribos de Israel (Jz.21:13-25).

Diz o texto sagrado que os benjaminitas ficaram nas vinhas, em atitude de emboscada e, quando passaram as mulheres, levaram algumas delas, pegando-as rapidamente, com violência e imediatamente saindo daquele local, levando-as para as suas casas. De igual modo, será o arrebatamento da Igreja.

– Assim como os benjaminitas estavam nas vinhas em atitude de emboscada, ou seja, esperando a chegada do momento para arrebatar as mulheres israelitas, de igual forma, o Senhor Jesus está pronto, aguardando apenas a ordem do Pai para buscar a Sua Igreja.

– Ao ser concedida esta ordem, porém, algo deverá ser feito nas regiões celestiais. Afirmam as Escrituras que o inimigo e as hostes espirituais da maldade habitam os lugares celestiais (Ef.6:12), ou seja, por permissão divina, uma certa dimensão celestial é habitada pelo adversário e por suas miríades angelicais, que vagam sem local e sem destino por este universo, aguardando a execução da sentença de suas condenações (Jó 1:7).

Para que se faça o encontro de Jesus com o Seu povo nos ares, ou seja, precisamente nesta região, que se encontra abaixo da glória divina, será preciso que o diabo e seus anjos sejam dali retirados, o que será feito pelo arcanjo Miguel, como se vê de Ap.12:7-9.

Esta batalha no céu fará com que o diabo seja precipitado sobre a Terra, ou seja, deixará os ares livres para o encontro de Jesus com a Sua Igreja.

Simultaneamente, como se revela no livro do Apocalipse, se iniciará uma época terrível sobre os homens que aqui ficarem, pois o diabo atuará como nunca sobre a face da Terra, irado e sabendo que tem pouco tempo (Ap.12:12).

– Dada a ordem pelo Pai, Jesus descerá do céu com alarido, com voz de arcanjo e com a trombeta de Deus, ou seja, Jesus, uma vez mais, ingressará na nossa dimensão e, assim como uma nuvem O ocultou, ou seja, impediu que Ele fosse visível a Seus discípulos (At.1:9), agora voltará a ser visto pela Sua Igreja, igualmente nas nuvens.

É interessante observar que a promessa da volta de Cristo para a Sua Igreja, feita logo após a Sua ascensão, é que Jesus “…há de vir assim como para o céu O vistes ir…” (At.1:11 “in fine”).

As Escrituras combinam-se em cada detalhe e nada deixará de ser cumprido.

No dia da ascensão, Jesus foi visto pelos Seus discípulos (eram mais de quinhentos irmãos, diz-nos Paulo em I Co.15:6) e, num primeiro instante, também só será visto pela Sua Igreja, pois assim como subiu, irá descer,. Aleluia !

– Estes alarido, voz de arcanjo e trombeta de Deus mencionados por Paulo (I Ts.4:16) estão de acordo com o que Jesus fala na parábola das dez virgens, quando diz que, à meia-noite, ouviu-se um clamor, que dizia: “Aí vem o esposo”.

Por isso, alguns estudiosos das Escrituras, entre os quais se inclui o pastor Severino Pedro da Silva (membro da Academia Brasileira Evangélica de Letras e da Casa de Letras Emílio Conde), entendem que, no dia do arrebatamento, os crentes fiéis serão, sim, avisados do evento, pois os textos bíblicos falam a respeito de um clamor, de um aviso, de um chamado no instante do arrebatamento.

Jesus, mesmo, afirmou que as Suas ovelhas conhecem a Sua voz (Jo.10:4).

A presença do arcanjo, neste instante, como vimos, justifica-se pelo fato de ter ele liderado a batalha contra o diabo e os seus anjos, para a limpeza dos ares, a fim de que se tenha o encontro entre Jesus e a Sua Igreja. Seria, assim, também um brado de vitória do arcanjo.

– De qualquer modo, o texto fala-nos, claramente, que Jesus, como um verdadeiro comandante e líder, estará convocando o Seu povo para uma reunião, sendo este o sentido do alarido, da voz de arcanjo e da trombeta de Deus.

Lembremo-nos de que Moisés, para reunir o povo, tocava trombetas especialmente fabricadas para esta finalidade (Nm.10:1-10) e, agora, Jesus, a cabeça da Igreja, irá convocar, reunir todo o Seu povo.

Esta descrição do arrebatamento, portanto, permite-nos ver, claramente, que se trata de um evento peculiar à Igreja, pois se trata de chamar ao encontro do líder o povo, uma atração até os ares, quando Jesus se faz acompanhar apenas do arcanjo (provavelmente Miguel, o único na Bíblia a ser assim denominado).

– Muitos intérpretes discutem a respeito de eventual distinção entre o alarido, a voz de arcanjo e a trombeta de Deus.

Entendem alguns que tudo é uma figura da idéia da convocação de toda a Igreja, de todos os santos.

Outros já acham que o alarido, ou seja, o grito, seria um chamado aos mortos para a sua ressurreição (reportando-se aqui ao episódio da ressurreição de Lázaro, em que Jesus clamou com grande voz – Jo.11:43); a voz de arcanjo se referiria ao chamado dos crentes vivos, aqueles que estiverem vigilantes, aguardando o Senhor com as lâmpadas cheias de azeite; enquanto que a trombeta de Deus representaria a ordem de reunião dos vivos e dos mortos na presença do Senhor nos ares.

– Com relação à trombeta de Deus aqui mencionada, não podemos confundi-la com nenhuma das trombetas mencionadas no livro do Apocalipse.

Aqui se está falando da “trombeta de Deus”, que tem a função de convocar a Igreja, para encontrar-se com Jesus nos ares.

As sete trombetas que se encontram no livro do Apocalipse fazem parte do sétimo selo (Ap.8:1,2) do livro que fora aberto pelo Cordeiro (Ap.5:5), ou seja, são episódios e acontecimentos que se dão “depois destas coisas” (Ap.4:1), ou seja, depois dos episódios profetizados por Jesus para a Igreja nas cartas das igrejas da Ásia, em especial, a carta dada a igreja em Filadélfia, onde Jesus prometeu “guardar da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra” (Ap.3:10b).

Portanto, as sete trombetas dizem respeito aos juízos de Deus sobre Israel e os gentios na Grande Tribulação, nada tendo que ver com a trombeta de que estamos agora a tratar, que é a última trombeta da dispensação da graça.

– Feita a convocação, ocorrerá a ressurreição dos crentes que morreram no Senhor, daqueles que estão dormindo no Senhor (I Ts.4:13).

É importante observar que a Bíblia nunca diz que o crente morre, mas, sim, que dorme no Senhor.

Este “dormir no Senhor”, ademais, não tem o significado de que o crente fiel que já morreu esteja inconsciente, não tenha noção do que está se passando, como defendem, entre outros, os adventistas. Jesus deixou claro, no episódio do rico e Lázaro(Lc.16:19-31), que os fiéis, ao morrerem, têm a separação do homem interior (alma e espírito) e do homem exterior (corpo).

Entretanto, permanecem conscientes e estão aguardando a ressurreição no seio de Abraão, ou seja, no Paraíso, como Jesus disse ao ladrão da cruz(Lc.23:43).

– Nesta ressurreição, os crentes que estavam mortos, terão a reunião do seu homem interior (alma e espírito) com o seu homem exterior (corpo).

Só que este novo corpo não será o mesmo corpo que tinham antes de sua morte física, mas, a exemplo do que ocorreu com o Senhor Jesus na Sua ressurreição, receberão um corpo glorificado, um corpo espiritual, um corpo celestial. Paulo bem explica isto em I Co.15:40-50.

Completar-se-á, então, o processo da salvação e os fiéis atingirão a glorificação, que é o estágio final da salvação.

Dotados de um corpo glorificado, a exemplo do seu Salvador, poderão, assim como Ele o fez, adentrar às mansões celestiais.

– Todos os que morreram em Cristo, ou seja, aqueles que creram em Jesus como seu Senhor e Salvador e que já estiverem mortos no dia do arrebatamento da Igreja, ao ouvirem o alarido, ressuscitarão e, novamente, serão corpo, alma e espírito, mas, como vimos, terão um corpo glorificado, um corpo que não estará mais submetido às leis físicas, um corpo igual ao de Jesus após a Sua ressurreição.

Por isso, poderão encontrar com Jesus nos ares, pois a lei da gravidade não poderá mais ter qualquer efeito sobre seus corpos, como também poderão, doravante, participar da dimensão da eternidade.

E, assim como Cristo Se tornou invisível aos homens, os crentes, apesar de serem milhões de milhões, milhares de milhares, não serão vistos nem notados pelos demais seres humanos.

– Discute-se, aqui, se ressuscitarão apenas os que morreram na dispensação da graça ou todos aqueles que creram em Jesus, em todas as épocas, ou seja, aqueles que “todos estes, [que] tendo testemunho pela fé, não alcançaram a promessa; provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados” (Hb.11:40).

A questão é polêmica, mas o texto que mencionamos, no nosso modesto entendimento, permite-nos observar que todos os fiéis a Deus, de todas as épocas, estão envolvidos no arrebatamento, até porque consideramos que a ida de Jesus ao Hades foi com o objetivo de dar testemunho da salvação a todos os mortos e, assim, fazer os fiéis conscientes de em que haviam crido.

Mas é questão polêmica, que comporta várias interpretações, sendo um assunto nitidamente secundário e no qual, como já ensinava Agostinho, deve haver liberdade.

– Completada a ressurreição dos crentes mortos, segue-se a transformação dos crentes que estiverem vivos no dia do arrebatamento da Igreja. Paulo diz que, de modo algum, os crentes vivos precederão aos que já haviam morrido (I Ts.4:15; I Co.15:52).

Assim que todos os mortos ressuscitarem, os crentes que estiverem vivos serão transformados, ou seja, os seus corpos físicos, corruptíveis, de carne e osso, serão revestidos da incorruptibilidade, o corpo material será absorvido por um corpo glorioso, um corpo espiritual, um corpo celestial que substituirá o corpo anterior e, assim, os crentes vivos serão, igualmente, glorificados e postos em condição de se encontrarem com Jesus e com os crentes ressuscitados nos ares.

Este processo de transformação é descrito por Paulo em I Co.15:51-54. Não é de admirar que isto ocorra.

Não bastasse o fato de estar narrado na Bíblia e de nosso Senhor ser onipotente, a própria ciência, desde a teoria da relatividade, tem afirmado que a matéria pode ser transformada em energia, quando estiver na velocidade da luz, tendo havido, também, um exemplo de absorção da matéria pelo corpo glorificado, no episódio do alimento consumido por Jesus quando jantou com os discípulos em Jo.21:13-15.

– Operada a transformação dos crentes vivos, todos os crentes se encontrarão com Jesus nos ares, ou seja, na região celestial que antes fora ocupada pelo adversário e seus anjos, num encontro maravilhoso, onde haverá a reunião da Igreja, onde a Igreja se tornará, efetivamente, o conjunto dos “reunidos para fora do mundo” (“ekklesia”).

Esta reunião é o resultado da colheita de almas feita durante a história da humanidade, a ceifa produzida pelo amor de Deus (Jo.4:34-38), o que nos faz lembrar da “festa dos tabernáculos”, a “festa da colheita” (Ex.34:22), realizada no final do ano civil israelita, no sétimo mês (Lv.23:34, outubro/novembro no nosso calendário), onde se comemorava a colheita efetuada e se lembrava a condição de escravos no Egito e o tempo de peregrinação no deserto, razão pela qual habitavam os israelitas em cabanas durante sete dias.

Esta reunião da Igreja se dará, igualmente, no término do “ano aceitável do Senhor”, quando a Igreja sentirá que não é do mundo e que apenas peregrinava por aqui, ao mesmo tempo em que, a exemplo do que ocorria com a festa dos tabernáculos, que era seguida pelo inverno, se abaterá sobre a Terra um grande inverno espiritual.

– É oportuno aqui observar que este processo de ressurreição, de transformação e de reunião dos crentes será efetuado pelo Espírito Santo, que levará a Igreja ao encontro do Senhor Jesus nos ares, entregando-Lhe a Noiva, como o pai da noiva ou o padrinho, na falta do pai, costumam fazer nas cerimônias de casamento que estamos acostumados a assistir.

É obra do Espírito Santo o mover, o movimentar (Gn.1:2) e o ressuscitar e transformar (Rm.8:11). Após a reunião e a realização tanto do Tribunal de Cristo e das Bodas do Cordeiro, o Filho, então, entregará a Igreja ao Pai (I Co.15:28; Hb.2:13).

– Todos estes eventos ocorrerão em tempo ínfimo, pois a Bíblia diz que isto se dará “num abrir e fechar de olhos” (I Co.15:52a), expressão que, no grego, é “atomo”, ou seja, unidade que não pode ser dividida.

Todos estes episódios se darão num intervalo de tempo mínimo, dentro da dimensão humana, de forma repentina, imediata, como convém ocorrer num rapto.

Aliás, podemos fazer um paralelo da exiguidade de tempo com os chamados “sequestros-relâmpago” que tanto têm trazido desassossego e intranquilidade aos moradores das cidades brasileiras.

Se homens perversos, limitados e, no mais das vezes, sob tensão, somem com pessoas repentinamente, para fazer-lhes mal, que podemos dizer do Senhor dos senhores e Rei dos reis, quando tiver o propósito de libertar o Seu povo da fúria do inimigo e da provação divina que se abaterá sobre a Terra ?

– Jesus disse que o Filho do homem virá como o relâmpago (Mt.24:27) e, como hoje sabemos, pela física, a maior velocidade que existe é a velocidade da luz, na qual a própria matéria se transforma em energia. Na velocidade da luz, como demonstrou Einstein, o tempo simplesmente não passa, não existe.

Por isso, a Bíblia afirma que o arrebatamento da Igreja se fará “num abrir e fechar de olhos”, num instante que não será sequer notado ou percebido pelos homens.

Por isso, não há como fugirmos desta realidade: o arrebatamento será instantâneo e não haverá tempo para reconciliações nem para acertos de contas com Deus.

Ou estejamos preparados a todo instante, sem qualquer pestanejar, ou estaremos praticamente condenados a sofrer as agruras da Grande Tribulação! Ora vem, Senhor Jesus!

IV – A VINDA DE JESUS EM GLÓRIA

– Sete anos depois do arrebatamento da Igreja, quando o Anticristo, que estará dominando a Terra, levar todas as nações para a “solução final” na sua mais nova (e última) versão (“solução final” foi o nome dado por Adolf Hitler para o extermínio dos judeus na Segunda Guerra Mundial), quando parecer que Israel não tem mais nenhuma saída, nenhuma possibilidade de escapar à total destruição (e, humanamente falando, não haverá mesmo como se impedir a vitória do Anticristo), Deus começará a agir, invertendo as coisas e fazendo com que, mais uma vez, Israel seja salvo e poupado da destruição, aliás, salvo em todos os sentidos, pois, além da salvação da destruição física, Israel alcançará, nesta oportunidade, a sua salvação espiritual.

– Em primeiro lugar, haverá um sinal maravilhoso em Jerusalém. As duas testemunhas, que, durante três anos e meio, tiveram seus corpos expostos como troféus pelo Anticristo, ressuscitarão aos olhos de todos os homens e subirão aos céus (Ap.11:11,12).

Será um sinal que, certamente, amedrontará a todos os habitantes da Terra, que o testemunharão (certamente, todas as atenções do mundo estarão voltadas para a Palestina neste dia, porque estará tudo preparado para a destruição dos últimos judeus e os meios de comunicação não iriam perder esta oportunidade de exaltar e glorificar o seu dominador, ou seja, a besta.

Não nos esqueçamos de que, desde a quebra do pacto, Jerusalém estará sob o domínio do Anticristo, talvez como uma cidade internacional de adoração, como centro do culto à besta.).

A ressurreição das duas testemunhas é um sinal que mostrará de forma patente e indiscutível que o poder do Anticristo e do Falso Profeta é inferior ao poder de Deus.

O Anticristo que terá enganado o povo com relação a sua suposta ressurreição e o Falso Profeta, que terá mostrado a superioridade de seu poder ante as duas testemunhas, terão a sua credibilidade fortemente abalada ante os seus adoradores.

– Em segundo lugar, logo em seguida a assunção das duas testemunhas aos céus, haverá um grande terremoto, que destruirá a décima parte de Jerusalém e que causará a morte de sete mil homens (Ap.11:13).

Os demais, atemorizados, darão glória a Deus, ou seja, serão os primeiros a reconhecer o senhorio de Deus sobre todas as coisas, rejeitando, assim, ao Anticristo e ao Falso Profeta.

Neste terremoto, entendemos que o terceiro templo, transformado em centro de adoração ao Anticristo, deverá ser destruído, assim como a imagem da besta que ali havia sido colocada para adoração.

– Em terceiro lugar, será derramada a sétima taça da ira de Deus, com um grande terremoto, o maior terremoto que já houve sobre a face da Terra (Ap.16:18), um terremoto que atingirá diversas partes do planeta, mas que atingirá em cheio Babilônia, a capital comercial do Anticristo, fendendo-a em três partes, além de outras cidades importantes, sendo que, simultaneamente a este terremoto, cairá do céu uma saraiva (isto é, uma chuva de pedras de granizo), com pedras de até 35 kg cada.

Será uma praga extremamente dura, pois a Bíblia diz que Deus terá dado o cálice do vinho da indignação da Sua ira e informa que a praga será muito grande (Ap.16:19).

– Em quarto lugar, o próprio Senhor Jesus, em pessoa, acompanhado de anjos e da Igreja que havia sido arrebatada sete anos antes, aparecerá em toda a Sua glória perante todos os homens, em Jerusalém, ocasião em que pisará novamente no monte das Oliveiras (Zc.14:4), no mesmo local em que Seus pés deixaram o chão por ocasião da Sua ascensão (At.1:9-11).

Ao pisar no monte das Oliveiras, diz-nos a Bíblia, o monte das Oliveiras se fenderá ao meio, formando um vale muito grande, mudanças geográficas concomitantes aos eventos naturais que estarão transformando bruscamente o relevo da Terra em virtude do grande terremoto.

– Em consequência do grande terremoto e do fender do monte das Oliveiras, haverá a formação de um novo curso nas águas em Jerusalém, de tal modo que se criará o rio que é descrito em Ez.47:1 e o regime hidrográfico mencionado em Jl.3:18.

A Palestina deixará de ser um local de escassez de águas, ao contrário do Egito e de Edom, que se tornarão lugares secos (Jl.3:19).

As águas que surgirem neste momento são chamadas de “águas vivas”, porque terão o condão de trazer a vida abundante para um terreno desértico e que, inclusive, sarará as águas do Mar Morto, fazendo com que áreas desérticas como é En-Gedi passem a ser lugares de pescadores (Ez.47:8-10).

– Em quinto lugar, Jesus virá em toda a Sua glória, como um guerreiro, em toda a Sua majestade, tanto que João O viu num cavalo branco, como o Fiel e o Verdadeiro, tendo nas Suas coxas o Seu título:

Rei dos reis e Senhor dos Senhores (Ap.19:11,16). Por isso os estudiosos da Bíblia denominam esta passagem de “parousia” (ou seja, aparição, em grego) ou “vinda de Jesus em glória”, pois o Senhor voltará à Terra, mas, ao contrário da primeira vinda, quando veio como uma humilde criança nascida numa estrebaria em Belém, virá com todo o Seu esplendor, com toda a Sua glória.

– É importante verificarmos a descrição que João faz da aparição do Senhor, para desta descrição extrairmos preciosas lições a respeito do evento e da própria natureza do Cristo e da Sua Igreja.

– É importante observar que Jesus é apresentado como um cavaleiro que está montando um cavalo branco.

Como já vimos, em Apocalipse 6, também apareceu um cavaleiro que montava o cavalo branco, mas aquele cavaleiro, como sabemos, não era o Cristo, mas, sim, a sua maior falsificação, ou seja, o Anticristo, a besta.

Assim como Jesus, nesta oportunidade, naquela ocasião, também foi visto um cavaleiro montando um cavalo branco, o que nos traz a lição de que o adversário sempre procura imitar as coisas de Deus e o faz de uma forma extremamente astuta e enganadora.

Notemos que o diabo copiou toda a aparência exterior da vinda de Jesus em glória: arrumou um cavaleiro e um cavalo branco. Assim faz sempre Satanás: mostra-nos algo que, na aparência, é idêntico ao que é providenciado e feito por Deus.

Mas cessa na aparência exterior a suposta “igualdade” entre uma e outra operação e não é por outro motivo que Jesus nos recomenda que jamais julguemos segundo a aparência exterior (Jo.7:24).

– Se verificarmos as duas visões de João, se ambos os cavaleiros montavam cavalos brancos, o fato é que este cavaleiro de Ap.19 é chamado de Fiel e Verdadeiro, ao passo que o cavaleiro de Ap.6 tinha em sua mão um arco, ou seja, embora a cor branca do cavalo simbolizasse e aparentasse a paz, o cavaleiro de Ap.6 tem, em suas mãos, um arco e não declara o seu nome.

Já o cavaleiro de Ap.19 é chamado de Fiel e Verdadeiro e nada tinha em Suas mãos.

Isto nos mostra claramente que as coisas de Deus têm compromisso com a verdade e com a fidelidade, não necessitam de que alguém lhes faça propaganda, bem como bastam por si próprias, sem ajuda de quem quer que seja.

O cavaleiro tinha obras, não propaganda; tinha verdade, não engano; tinha fidelidade, não astúcia.

Será que temos, como servos de Deus, nos apresentado perante os outros como pessoas fiéis, verdadeiras e cujas obras demonstram que julgamos e pelejamos com justiça ? Ou será que temos preferido ter aparência, engano, astúcia ?

– O cavaleiro de Ap.19 tinha olhos como chama de fogo e sobre a Sua cabeça havia muitos diademas. Seu título demonstra que é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores.

O cavaleiro de Ap.19 é alguém que já reina, que controla todas as coisas.

O cavaleiro de Ap.6, ao revés, era alguém que vinha para vencer, alguém que queria conquistar algo, alguém que tencionava se fazer grande e que havia recebido uma coroa.

Isto nos mostra que Jesus já reina, que tudo o que acontece está sob o total e pleno controle do Senhor e, por isso, não temor porque nos desesperar.

Mesmo quando as coisas parecerem impossíveis, quando o triunfo do mal parece inevitável, como ocorrerá neste instante da história de Israel, Jesus jamais terá perdido o controle da situação, jamais terá Se esquecido de Suas promessas.

Quando olhamos para esta descrição da vinda gloriosa de Jesus, temos de glorificar a Deus e lembrar que nenhuma situação de nossas vidas será mais aflitiva do que esta que será vivida pelo povo de Israel ao término da Grande Tribulação e que o nosso Jesus é o mesmo que virá socorrer Israel (Hb.13:8), de modo que, no momento certo, de forma sobrenatural, se preciso for, este Jesus virá para nos socorrer em nossas dificuldades.

– O cavaleiro de Ap.6 recebeu a coroa, ou seja, devia o seu poder a alguém.

Ora, sabemos que o Anticristo operará segundo a eficácia de Satanás e a ele deverá o seu poder, daí porque, juntamente com o Falso Profeta, serão os inauguradores do lago de fogo e de enxofre.

O cavaleiro de Ap.19, porém, é o próprio Deus, pois é chamado de a Palavra de Deus e isto nos mostra que nada há mais poderoso e firme na face da Terra do que a Palavra do Senhor.

Passarão os céus e a terra, mas não passará a Palavra de Deus. Vale a pena servirmos a Deus e obedecermos à Sua Palavra, pois nela encontramos o verdadeiro poder, a verdadeira firmeza para a nossa existência.

Nem mesmo toda a eficácia e poderio do diabo podem resistir à Palavra de Deus e esta lição espiritual nos é trazida desta visão de João.

Não temamos toda a força do inimigo, pois a Palavra de Deus é maior !

– O cavaleiro de Ap.6 trazia um arco, uma arma que é curvada, que é torta, enquanto que da boca do cavaleiro de Ap.19 saía uma aguda espada, uma arma reta.

Isto nos mostra que as coisas de Deus sempre buscam a retidão, sempre nos trazem o que é direito e que isto é que deve ser buscado pelo servo do Senhor (nossa oração tem de ser como a de Esdras, que pedia a Deus um caminho direito, Ed.8:21).

O Senhor é reto (Sl.25:8) e, se com Ele aprendemos, também o seremos. Discerniremos sempre se algo provém, ou não, de Deus se observamos se há, ou não, retidão naquilo que estamos analisando.

– Em sexto lugar, assim que pisar o monte das Oliveiras, Jesus iniciará a peleja, a batalha em defesa de Israel (aliás, vemos aqui, uma vez mais, uma guerra em que Israel sairá vitorioso porque agiu em defesa, porque foi agredido e não porque agrediu).

Jesus vem para vingar o povo de Deus, para fazer justiça, para destruir os inimigos de Israel, que, inclusive, em meio à praga da grande saraiva, terão, pela vez derradeira, blasfemado contra Deus, como, aliás, fizeram no decorrer das sete últimas pragas (Ap.16:21).

– A Bíblia descreve a ação de Jesus na batalha do Armagedom como sendo uma “pisadura do lagar”.

O lagar era um local destinado à produção do vinho. As uvas colhidas eram levadas até este local, um espaço situado um pouco acima do solo, onde as pessoas passavam a pisar as uvas.

Pisadas, as uvas soltavam o seu suco, que era encaminhado, através de um sistema de condução, a um outro compartimento, onde o suco era recolhido (normalmente em tonéis), a fim de que pudesse ser transformado em vinho.

Na batalha do Armagedom, Jesus estará como que pisando o lagar, ou seja, espremendo os inimigos de Israel, destruindo-os e fazendo correr não suco de uva, mas o próprio sangue deles.

É por isso que Jesus é visto por João com Suas vestes salpicadas de sangue (Ap.19:13), visão esta que é integralmente concorde com a que teve o profeta Isaías (Is.63:1-3).

– A Bíblia também chama a ação de Jesus na batalha do Armagedom de “colheita”.

Em mais de uma passagem bíblica, é dito que a ação da justiça divina sobre os rebeldes será uma colheita, ou seja, a justa retribuição por tudo aquilo que os homens fizeram em sua insensibilidade e rebelião espirituais (Gl.6:7).

O juízo de Deus sobre os povos rebeldes é chamado de colheita em Ap.14:14-20, num contraste com a bênção e a comunhão que desfrutarão aqueles que preferirem morrer por Cristo no período da Grande Tribulação.

Os adoradores da besta são comparados a uvas maduras que são recolhidas e reunidas para serem pisadas pelo Senhor.

A mesma imagem da colheita já havia sido utilizada pelo próprio profeta preparador do caminho do Senhor, João Batista, que, na sua pregação, já havia alertado a respeito.

Jesus viria com a graça, mas, depois, viria com a pá, limparia a Sua eira e recolheria o Seu trigo no celeiro e queimaria a palha com fogo que nunca haveria de se apagar (Mt.3:12).

Não nos iludamos, amados irmãos, sejamos fiéis ao Senhor, pois horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo!

– Mas as Escrituras ainda chamam a ação de Jesus na batalha do Armagedom como sendo a “ceia do grande Deus” (Ap.19:17.

Será uma grande carnificina, pois a própria Palavra nos afirma que todos os soldados envolvidos serão mortos, não haverá nenhum sobrevivente, com exceção do Anticristo e do Falso Profeta, numa matança sem precedentes na história da humanidade (Ap.19:21).

Por isso, as Escrituras afirmam que o Senhor mandará todas as aves de rapina existentes para aquele local, a fim de que possam elas cumprir o seu papel ecológico de partícipes na “reciclagem” daquela matéria.

OBS: “…Esta passagem em foco é a consolidação do que foi predito por Jesus nas passagens de Mateus 24.28 e Lucas 17.37 respectivamente. Nestas duas passagens lemos o que segue: ‘ pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias’(…).

Em realidade, nesse caso, as ‘águias’ são abutres, que os antigos aceitavam como uma raça de águia especial (Jô 39.30, Os.8.1). Plínio enfatiza isto em sua História Natural.(…).

Aristóteles observa em seus escritos que este pássaro tem a capacidade de farejar a sua vítima a grande distância e que, com frequência, acompanhavam os exércitos.

Lemos também que, durante a guerra russa, grande número dessas aves se ajuntou na península da Criméia, e ali estacionou até o fim da campanha, nas cercanias do campo, embora, antes, dificilmente fossem vistas naquela parte do país.

Também lemos que esses pássaros seguidores dos exércitos mortais, seguiram a Napoleão Bonaparte, nos campos gelados da Rússia.…” (Severino Pedro da SILVA. Apocalipse versículo por versículo. 2.ed., p.251).

– É interessante observar que muitos chegaram a objetar esta passagem bíblica, mostrando que, com o aumento da tecnologia, as guerras seriam cada vez menos sangrentas e que poupariam cada vez mais vidas.

Entretanto, não é o que se tem mostrado ao longo dos últimos anos. A invasão norte-americana do Iraque, por exemplo, que é a última ocorrência desta suposta “guerra limpa”, revelou que estamos longe, muito longe desta circunstância.

Mais uma vez, podemos dizer com segurança: a Bíblia tem razão.

– Em sétimo lugar, o Anticristo e o Falso Profeta serão lançados vivos no lago de fogo e de enxofre.

Eles serão os únicos sobreviventes da batalha do lado inimigo do povo de Deus, mas serão poupados apenas para servirem de supremo exemplo para os rebeldes e desobedientes à Palavra de Deus.

A Bíblia diz que eles serão lançados vivos no lago de fogo e enxofre, que será, então, inaugurado (Ap.19:20). Se chamamos de “inferno” ao ardente lago de fogo e enxofre, temos de admitir que o “inferno” encontra-se vazio na atualidade, sem qualquer ser.

Ele somente será inaugurado nesta ocasião, porquanto para que ele seja inaugurado, é mister que Deus execute a Sua justiça e, até o momento, Ele não o fez, nem mesmo em relação aos anjos caídos, que dirá em relação aos homens.

Na Sua grande longanimidade, misericórdia e amor, Deus tem deixado para executar o juízo no final da história e o primeiro instante em que isto ocorrerá será, precisamente, quando da vinda de Jesus em glória.

O Anticristo e o Falso Profeta, que se entregaram de corpo, alma e espírito a Satanás, que se deixaram, como nenhum outro ser humano em toda a história, se envolver e serem instrumentos do adversário, receberão a sua justa retribuição por este ato de insolência e serão lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre.

– A Bíblia não afirma explicitamente quem o fará, mas cremos que será o próprio Jesus, em pessoa, que tomará esta providência. Dizemos isto baseados na narrativa bíblica a respeito de Josué, que, como sabemos, é um dos tipos de Cristo.

Josué, o conquistador da Terra Prometida para Israel, representa Jesus precisamente neste aspecto militar, neste aspecto de conquistador e de vencedor sobre um inimigo que havia chegado à medida da injustiça (Gn.15:16).

Ora, é dito que os reis dos povos derrotados por Israel sempre tinham suas vidas poupadas e eram trazidos pessoalmente à presença de Josué, que os justiçava, determinando a sua morte (Js.10:16-19,22-27).

Assim, entendemos que o próprio Rei dos reis e Senhor dos senhores, que tem em Suas mãos as chaves da morte e do inferno (Ap.1:18 “in fine”), inaugurará o lago de fogo e de enxofre, ali lançando o Anticristo e o Falso Profeta.

– Temos aqui uma outra lição espiritual importantíssima para as nossas vidas: o destino da rebelião e do pecado não é outro senão a perdição eterna.

De nada adianta o poder humano ou o poder advindo do diabo e de seus anjos, nada impedirá o senhorio de Cristo e a sentença de perdição que por Ele será proferida no dia do julgamento.

– Por que Jesus voltará à Terra? Talvez alguns de nós já tenha feito esta pergunta.

Tendo sido desprezado, rejeitado e humilhado, mas vencido a morte e ressuscitado, seria normal que Jesus não tivesse que retornar a este mundo.

Seria normal que o Senhor apenas determinasse a punição dos rebeldes e estabelecesse, com os Seus servos, numa nova terra e céus, o Estado eterno, sem ter que revigorar este mundo sofrido e manchado pelo pecado e que, afinal de contas, cederá seu lugar a um céu e terra onde habite a justiça.

– No entanto, Jesus tem de cumprir a Sua obra redentora e a redenção envolve a restauração de todas as coisas que foram danificadas e prejudicadas pelo pecado.

O pecado trouxe separação entre Deus e o homem e isto Jesus já resolveu ao morrer por nós no Calvário, mas há ainda outros compromissos assumidos pelo Senhor ao longo da história da humanidade, que precisam ser cumpridos e, como nos mostra a visão de João a respeito da volta triunfal de Cristo, Jesus vem como o Fiel e Verdadeiro, ou seja, como Alguém que cumpre tudo aquilo que prometeu, como Alguém que é fiel.

– Assim, é imperioso que Jesus volte à Terra a fim de promover a restauração de Israel. Israel foi escolhida por Deus para ser a Sua propriedade peculiar dentre os povos, para ser o modelo de santidade na Terra, para ser o instrumento da revelação de Deus a todas as nações.

As nações não podem, portanto, desaparecer antes que Israel cumpra este papel que lhe foi prometido pelo próprio Deus. Ao selar o pacto com Israel, Deus disse aos israelitas que eles seriam “um reino sacerdotal e um povo santo” (Ex.19:6).

Ora, isto ainda não ocorreu em toda a história de Israel desde este pacto até os dias de hoje.

O objetivo de Deus é fazer com que Israel chegue a este patamar, o que somente será possível se for extinta a transgressão, se dê fim aos pecados e se expie a iniqüidade, sendo trazida a justiça eterna e selada a visão e a profecia (Dn.9:24).

– Torna-se, portanto, necessário o cumprimento de toda a profecia que se encontra nas Escrituras a respeito de Israel, bem como que o pecado seja retirado do meio da nação judia.

Para tanto, será preciso que Jesus volte à Terra, seja reconhecido como Messias por Israel, pois somente quando cremos em Cristo como único e suficiente Senhor e Salvador, alcançamos a salvação, pois “…em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” (At.4:12).

A volta triunfal de Cristo é uma necessidade para que Israel reconheça Jesus como o Messias e, desta forma, alcance a salvação, cumprindo-se, então, as profecias que dizem que o remanescente de Israel será salvo e sendo, de uma vez por todas, extirpado o pecado da nação de Israel (Is. 10:22; Sf.3:13; Rm.9:27).

– Mas Jesus também precisa voltar à Terra para que o sistema mundial gentílico seja destruído. Conforme foi profetizado nas Sagradas Escrituras, o sistema mundial gentílico será destruído pelo próprio Deus, através de Sua pedra (Dn.2:34,44), ou seja, Cristo Jesus, “…a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina.” (At.4:11).

O sistema mundial gentílico que fomenta a rebelião, o pecado e é um poderoso instrumento do adversário na tarefa de seduzir os homens ao mal tem de ser banido e destruído para sempre e isto somente se fará se o próprio Deus, na pessoa do Filho, retornar à Terra, fazendo o devido acerto de contas, requerido pela justiça divina.

– Jesus precisa retornar à Terra para, após a restauração espiritual de Israel e da destruição do sistema mundial gentílico, estabelecer o Reino de Deus sobre a face da Terra, como está profetizado (Dn.2:44).

O Reino de Deus precisa ser instaurado na face da Terra, para todas as nações, pois foi anunciado por Jesus (Lc.16:16) e esperado pelos Seus servos (Mc.15:43; At.28:31;Gl.5:21).

Este reino é necessário para que haja o cumprimento de todas as profecias a Seu respeito, pois podem passar os céus e a terra, mas a Palavra de Deus não pode passar.

Por isso, João anunciou que Jesus regerá com vara de ferro as nações (Ap.19:15), pois tem de estabelecer o reino de Deus sobre a Terra, a fim de que a justiça e a paz possam ser uma realidade e não um sonho inalcançável, como é hoje em dia (Sl.85:10).

– Jesus precisa retornar à Terra para a redenção da natureza, que geme desde que o homem pecou (Rm.8:20-22).

Sendo o mordomo da criação de Deus na terra(Gn.1:26), ao pecar o homem trouxe consequências nefastas para esta mesma criação, que foi amaldiçoada como efeito da desobediência humana (Gn.3:17,18), o que, aliás, mostra como fazemos aqueles que estão sob nossa responsabilidade sofrer pelos erros que cometemos.

Esta natureza precisa ser restaurada, mesmo que vá ser substituída logo depois, porquanto Deus precisa demonstrar que tem poder para repor a natureza no seu estado anterior ao pecado do homem.

Isto só será possível a partir do instante em que o pecado for extirpado e que o sedutor dos homens for aprisionado, criando-se, então, as mesmas condições que existiam no Éden antes da queda do homem.

– Jesus precisa, ainda, voltar à Terra, porque disse que a Sua Igreja, que Ele comprou com o Seu sangue, é formada de reis e sacerdotes (Ap.5:10), vez que a chamou de “sacerdócio real” (I Pe.2:9), tendo, inclusive, dito aos Seus apóstolos que eles julgariam as doze tribos de Israel (Mt.19:28).

Ora, isto só será possível se for estabelecido um reino de Cristo sobre a face da Terra, pois, no céu, não há como haver governo por parte dos integrantes da Igreja, pois ali reina soberano o Senhor, muito menos de os salvos serem utilizados como oficiais de um governo sobre as nações, pois as nações somente existem aqui na Terra.

Diante disto, para que tudo a respeito dos salvos seja cumprido, é mister que eles retornem a esta Terra, mas, como foi prometido por Deus, após o arrebatamento, estará a Igreja para sempre com o Senhor (I Ts.4:17), o que implica em afirmar que, como a Igreja tem de voltar à Terra, ela o fará porque Jesus também o fará.

– Por fim, Jesus voltará à Terra, porque não haveria como outra pessoa em todo o Universo concluir o “dia da vingança do nosso Deus”. A punição dos ímpios na Grande Tribulação tem de ser concluída por Aquele que tem todo o poder nos céus e na terra e este é um só: Jesus (Mt.28:18).

Só Ele pode pisar o lagar da ira divina (Is.63:3 “in initio”), pois só Ele é digno para tanto (Ap.5). Somente um retorno pessoal de Cristo poderá pôr fim aos juízos divinos sobre os ímpios.

Ninguém poderia fazê-lo e, por isso, é imperativo, necessário, indispensável que o próprio Jesus retorne a este mundo para concluir este juízo, que, não é por outra razão, que é, por vezes, chamado nas Escrituras de “dia de Cristo” e de “dia de Jesus” (II Ts.2:2; Fp.1:6).

– “CREMOS, professamos e ensinamos que a Segunda Vinda de Cristo é um evento a ser realizado em suas fases.

A primeira é o arrebatamento da Igreja antes da Grande Tribulação, momento este em que “nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados” (I Ts.4:17);

a segunda fase é a Sua vinda em glória depois da Grande Tribulação e visível aos olhos humanos:

“Eis que vem com as nuvens, e todo olho O verá, até os mesmos que O traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre Ele. Sim! Amém!” (Ap.1:17).

Nessa vinda gloriosa, Jesus retornará com os santos arrebatados na terra: “na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os Seus santos” (I Ts.3:13)” (Início do Capítulo XXI – Sobre a Segunda Vinda de Cristo da Declaração de Fé da CGADB).

Ev. Caramuru Afonso Francisco

Fonte: http://www.portalebd.org.br/classes/adultos/878-licao-11-a-segunda-vinda-de-cristo-i

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