Sem categoria

JOVENS – LIÇÃO 12 – A LIDERANÇA DE PAULO

INTRODUÇÃO

É impossível tratar sobre liderança cristã sem que haja menção do apóstolo Paulo. A sua liderança aparece no horizonte como o Sol, pois é marcada pela fidelidade, o que faz dele um dos líderes mais admirados em toda a história da cristandade; e não só isso, ele tam­bém se tornou um padrão a ser seguido por aqueles que desejam a excelente obra do episcopado (1 Tm 3.1).

Depois de Jesus, o apóstolo Paulo tem sido considerado por muitos como a maior liderança do cristianismo.

Mas, afinal, o que fez desse apóstolo alguém tão importante para o início e o avanço do cristianismo, o seu desenvolvimento e a sua manutenção até os dias atuais?

Este capítulo propõe uma abordagem em torno do modelo da liderança de Paulo sob o ponto de vista do seu caráter, do seu modelo e da sua prática.

Com isso, o propósito é de reafirmar a necessidade de toda liderança cristã na atualidade atentar para o modelo de li­derança de Paulo e buscar imitá-lo, assim como ele foi um imitador de Cristo (1 Co 11.1).

Para isso, serão apuradas a sua personalidade, a sua espiritualidade, as suas atividades missionárias e pastorais e, por fim, a sua teologia.

O CARÁTER MINISTERIAL DE PAULO

Além de ter sido um líder formidável, Paulo também foi um grande teólogo, um grande missionário e um dos maiores plantadores de igreja que o cristianismo presenciou.

Pelo seu labor e incansável trabalho, igrejas foram plantadas na província da Galácia, Ma­cedônia, Acaia e Ásia Menor.

Paulo também foi um proeminente escritor, tendo enviado cartas na intenção de fortalecer, discipular, disciplinar, exortar, encorajar e até mesmo expor as suas fraquezas e necessidades. As suas obras têm sobrevivido ao teste do tempo e dos críticos literários.

Um homem pequeno, conforme o significado do seu nome, porém grande nas suas contribuições, oriundo de Tarso, teve um encontro com o Senhor no caminho de Damasco e, consequentemente, a vida transformada (At 9.1-9) enquanto perseguia a Igreja de Jesus pelo excesso de zelo que ele tinha pela Lei (Fp 3.6).

O Início de Tudo

Mesmo obtendo uma experiência extraordinária de conversão e in­sistindo veementemente que a aparição do Jesus ressurreto a ele “foi tão real quanto as aparições testemunhadas por Pedro, Tiago e muitos outros na primeira páscoa e nos dias que a seguiram”,1

Paulo não ousou pregar de imediato e nem mesmo implantar igrejas logo que se converteu, mas dispôs-se a aprender e dedicou-se em preparar-se durante por um longo período.

É preciso dar ênfase ao intervalo que há no texto bíblico sobre a vida de Paulo que está entre Atos 9.20,21 e Atos 9.22.

Note que ele é visto ape­nas declarando Jesus como o Filho de Deus na primeira parte, enquanto é encontrado esforçando-se e confundindo os judeus na segunda, pois não só comunicava, como também explicava a respeito de Cristo, e isso denota um aprofundamento da sua compreensão a esse respeito.

Sendo assim, onde, quando e quem treinou e preparou Paulo?

Antes da sua conversão, Paulo foi instruído intensamente, vindo a tornar-se um grande conhecedor das línguas originais das Escrituras; por isso, quando se converteu, ele já tinha uma grande bagagem de conhecimento, como se vê nas quase noventa vezes em que ele cita explícita e implicitamente referências hebraicas. Paulo tinha fami­liaridade com os textos antigos (At 22.3).

Além do preparo intelectual, cultural, filosófico e religioso do seu povo, o próprio apóstolo relata na epístola aos Gálatas que o evan­gelho que o capacitou a exercer liderança no cristianismo:

I) Não lhe fora confiado por homens, mas pelo próprio Cristo (Gl 1.11,12); e

II) A revelação que recebeu de Cristo foi-lhe dada enquanto ele estava na Arábia, e isso como resultado de uma escolha soberana de Deus (Gl 1.17).

O desenvolvimento ministerial de Paulo, portanto, começou com um contato direto com o Senhor Jesus, que, por meio de revelação, o fez compreender a Palavra de Deus, preparando-o para a grande obra que veio a ser confiada a ele.

O Treinamento

De posse da experiência da sua conversão e do entendimento que teve a respeito de Jesus como o Filho de Deus, o apóstolo Paulo dirigiu-se a Jerusalém depois de três anos (Gl 1.18).

A sua experiência em Jeru­salém não foi tão agradável; para falar a verdade, foi extremamente maçante, pois:

I) Ele foi temido pelos irmãos da igreja em Jerusalém (At 9.26);

II) Alguns helenistas buscavam matá-lo (vv. 28,29);

III) Além de ter sido rejeitado pelos irmãos da igreja em Jerusalém, o próprio Senhor dispensou o seu serviço naquela cidade (22.17,18); e

IV) A sua saída promoveu a paz e, de certa forma, contribuiu com o crescimento da igreja (9.31).

Diante de tamanha decepção logo no início do seu ministério, o que restou para Saulo foi retornar para Tarso, a capital da província romana da Cilícia, a sua cidade natal, onde ficou por longos catorze anos; só então pôde ser usado por Deus de maneira efetiva, eficaz e sobrenatural (At 9.30).

Sendo assim, somando os três anos em que ficou entre a Arábia e Damasco após a sua conversão (Gl 1.18) e esses catorze em Tarso, o extraordinário apóstolo dos gentios ficou mais ou menos dezessete anos no anonimato, tendo de andar com Deus antes de andar entre os homens para falar-lhes das maravilhas divinas.

A parte fundamental do caráter ministerial de Saulo é a verdade de que ninguém será totalmente aceito sem antes ser totalmente rejeitado.

O Princípio de Autoridade

Outro aspecto muito presente na constituição do caráter ministerial de Saulo foi a sua relação com o que tem sido chamado de princípio de autoridade, do qual uma das principais ênfases é de que “não há quem possa liderar sem que esteja submisso a uma liderança”.

Antes de liderar, Saulo precisou aprender a ser liderado. Antes de exercer autoridade, ele teve de submeter-se a uma autoridade. Em um tempo de crescimento e avanço do evangelho na cidade de Antioquia, enquanto a igreja orava e jejuava, o Espírito Santo ordenou a Barnabé e Saulo que fossem separados para a obra missionária (At 13.1-3).

É imprescindível observar duas coisas na igreja em Antioquia: I) Havia uma lista de “profetas e doutores” que serviam na igreja.

O primeiro dessa lista foi Barnabé, e o segundo, Saulo, indicando que Deus escolhe tanto o primeiro quanto o último da lista; II) O texto diz: “[…] Apartai-me a Barnabé e Saulo […]” (At 13.2), ou seja, Bar­nabé seria o líder da expedição missionária, e não Saulo.

Isso mostra que havia mais um tempo na vida de Saulo para o desenvolvimento da sua liderança, por meio do serviço prestado à Igreja de Deus sob a liderança de Barnabé.

Deus investiu no preparo de Saulo e, com isso, fortaleceu as suas bases cristãs e forjou o seu caráter ministerial.

A LIDERANÇA DE PAULO

Muito se fala sobre o exercício de liderança hoje. As pessoas, num momento ou outro da vida, desejam tornar-se líderes, sempre alme­jando ter êxito nessa tarefa. Há muitos significados para liderança.

Por exemplo, há quem pense que ser líder é ser visto em destaque, ou mesmo ser isento de responsabilidades.

Há, ainda, quem pense que ser líder é ter sido promovido; entretanto, nem sempre se dimensiona o alto preço da responsabilidade e todos os desafios inerentes a esse posto. É preciso um resgate do verdadeiro conceito de liderança: serviço, integridade, fidelidade e sofrimento.

Ao tratar do assunto sobre liderança cristã em 1 Coríntios 4, Paulo tem como objetivo desfazer alguns mal-entendidos que ocorriam naquela igreja por meio de dissensão, contendas e partidarismo (1 Co 1.10,13), que prejudicavam e minavam a fé dos irmãos, impedindo o crescimento da igreja.

Lembrando que o assunto primário dessa carta aos coríntios não é sobre conselhos práticos para uma liderança genuinamente eficaz, mas, sim, o de apontar princípios capazes de direcionar o exercício do ministério de maneira genuinamente bíblica (1 Co 4.6).

O propósito desse ponto é o de mostrar a integridade da liderança de Paulo, o quanto ele foi dirigido por Deus como líder cristão e a confiabilidade do seu ministério.

Uma Liderança Íntegra

Segundo o Dicionário Bíblico Wycliffe, integridade é “o estado e qualida­de de ser eticamente sólido, moralmente bem ajustado e inteireza”.4

Embora a integridade tenha conotação direta com aspectos morais, ela não diz respeito somente a isso, mas abrange todas as áreas da vida humana.

A expressão “íntegro” também tem relação com aquilo que é inteiro, integral e completo, vindo a ser o contrário de parcial ou apenas uma parte.

Na prática, um íntegro pode, portanto, ser considerado uma pessoa determinada e que firmou no seu coração o objetivo de completar a sua missão, seja ela na vida ou naquilo que se propõe a fazer.

No seu discurso de despedida da liderança da igreja que estava em Éfeso, o apóstolo Paulo reafirmou o seu compromisso com a inte­gridade da sua vida e, consequentemente, do seu ministério, como se vê naquilo que falou sobre:

I) O seu comportamento entre os irmãos (At 20.18,19);

II) Os seus sentimentos e as suas adversidades (v. 19);

III) A sua fidelidade no ministério da pregação (vv. 20,21);

IV) O desprendimento quanto à sua própria vida (v. 24); e

V) O seu com­portamento ético diante das questões básicas da vida humana (v. 35).

Esse relato confirma a integridade com que Paulo conduziu a sua vida, confiando ao Senhor cada área dela e dedicando-se inteiramente em favor da expansão do Reino de Deus na terra e da edificação da Igreja.

A recompensa da sua integridade é demonstrada no amor demonstrado pelos anciãos da igreja que estava em Éfeso (vv. 37,38).

A integridade, além de manter-nos inteiros e completos no serviço da liderança cristã, poupa-nos da incoerência.

Paulo só conseguiu ministrar com integridade porque, antes de tudo, aprendeu com o Senhor e os seus líderes o valor de não fazer nada pela metade no ministério, além do valor de ministrar de forma íntegra primeiramente a ele e depois aos outros.

Paulo foi um líder íntegro e deve ser considerado um modelo a ser seguido por líderes da atualidade que desejam ser fiéis a Deus e alcançarem bons e duradouros resultados.

Uma Liderança Conduzida por Deus

Paulo aprendeu a agir e a trabalhar debaixo da direção que lhe foi dada por Deus. Em outras palavras, ele não definia a sua agenda segundo os seus próprios interesses ou percepções pessoais, menos ainda por conta das demandas impostas por movimentos circuns­tanciais — isso porque ele pautou o seu trabalho na firme certeza de que, embora pudesse atuar na evangelização, os resultados vêm de Deus (1 Co 3.6).

Paulo fez do ministério da pregação um meio para agradar a Deus, motivo por que buscava a sua direção para saber onde, como, quando e a quem pregar.

Por exemplo, ainda que de forma indireta, é possível ver a providência divina até mesmo na separação de Paulo com Barnabé, que pareceu, sim, prejudicial num primeiro momento, mas serviu para alavancar ainda mais a evangelização; afinal de con­tas, de uma expedição missionária, passou a ter duas (At 15.36-41).

Paulo desejou pregar com os seus companheiros na Ásia, porém o texto bíblico é enfático em afirmar que eles foram impedidos pelo próprio Espírito Santo (At 16.6,7).

Há outros episódios que confirmam a total dependência com que Paulo desempenhou a sua liderança, só que a reflexão aqui proposta é capaz de fundamentar essa verdade e de servir de incentivo para líderes cristãos na atualidade que decidiram trilhar pelo mesmo caminho que garantiu sucesso na liderança do apóstolo dos gentios.

Uma Liderança Confiável

Todo relacionamento depende de confiança. É impossível sustentar um relacionamento saudável sem que haja confiança entre as partes envolvidas.

Evidentemente que isso não é diferente na relação entre líder e liderados. O líder, portanto, deve ser alguém confiável e que inspire confiança.

Dentre outras qualidades, o apóstolo Paulo foi um líder confiável, tendo alcançado o respeito das igrejas, dos irmãos e dos apóstolos.

No primeiro dia da sua viagem a Roma como prisioneiro, o responsável pela embarcação, o centurião Júlio, autorizou o apóstolo a desembar­car para receber alguns cuidados especiais dos seus amigos (At 27.3).

Não se trata de um gesto comum de um centurião para um preso, ainda mais no primeiro dia de viagem. Isso só pode ser explicado com o argumento de que Paulo conquistou a confiança daquele homem (24.23).

Mesmo num ambiente hostil, de impossibilidades e de reclu­são, o apóstolo Paulo foi alguém que conquistou a confiança dos que o cercavam, vindo a liderar, inclusive, toda a embarcação (27–28).

A confiança que Paulo conquistou deu-se pela sua integridade e o interesse que demonstrou pelo bem daqueles que estavam com ele. Um líder confiável alcançará grandes êxitos, mas essa condição é fruto de entrega total e amor pelos liderados.

Paulo buscou uma liderança firmada sob a total direção de Deus, tendo conquistado total confiança dos seus liderados tanto com o seu modo de viver quanto com o de liderar.

ASPECTOS PRÁTICOS DA LIDERANÇA DE PAULO

Por meio do conhecimento e da inspiração da liderança cristã em Paulo, somos chamados a exercer nossa liderança com as mesmas qualidades do apóstolo.

O mais interessante é que não existem quali­ficações extraordinárias ou impossíveis de ser observadas e aplicadas na liderança.

Outro ponto importante aqui é que essas exigências não tornam o líder melhor ou mais especial do que os seus liderados no serviço cristão; pelo contrário, o chamado faz desse líder alguém munido de muitas responsabilidades.

Instruindo o seu filho na fé, Timóteo, Paulo delineou as quali­ficações ou aspectos práticos que são requeridos de toda liderança no serviço cristão.

Nessa lista, os líderes são chamados a observar e a praticar a fidelidade, a vigilância, a sobriedade, a honestidade, a hospitalidade, dentre outras qualidades que você pode conferir (1 Tm 3.1-16).

Não há e nunca houve uma liderança cristã válida sem que antes não sejam aplicados na vida do líder aspectos práticos da Palavra de Deus, que o capacitam para o chamado ministerial.

Paulo Conhecia suas Limitações

Um dos fatores que fizeram de Paulo um líder bem-sucedido foi a sua capacidade de reconhecer os seus próprios limites. Ele nunca escondeu a sua humanidade (Rm 7.24-25).

Com a consciência da sua humanidade, o apóstolo Paulo teve condições de perceber que, por mais que ele pudesse ter avançado na sua missão, ainda tinha muito a fazer e a melhorar (Fp 3.13-14).

Ao ter ciência da sua própria limitação, ele também pôde reco­nhecer o valor das pessoas para que tivesse êxito no seu ministério, como se vê no convite que fez para Timóteo encontrá-lo na prisão em Roma e o pedido que fez para João Marcos também estar com ele (2 Tm 4.9,11).

Paulo considerou-se incapaz de cumprir o seu ministério e por isso sempre dependeu de Deus (2 Co 2.16; 3.4-5).

O líder cristão precisa ter a consciência da sua própria huma­nidade e não a esconder dos seus liderados, obedecendo os limites que estabelecem o equilíbrio necessário nesse processo.

O maior erro que um líder pode cometer no exercício da sua vocação é o de assumir responsabilidades que vão além das suas possibilidades e da sua capacidade e daquilo que ele consegue aguentar ou realizar.

A habilidade de dividir tarefas não é sinônimo de fracasso; pelo contrário, é a manifestação do infinito e ilimitado poder de Deus na liderança de um servo finito e limitado, que depende primeiramente de Deus e dos seus liderados para cumprir a sua missão.

A liderança de Paulo destacou-se porque ele conhecia muito bem as suas limitações físicas e emocionais e trabalhava diariamente para que o poder de Deus fosse aperfeiçoado na e apesar da fraqueza (2 Co 2.9).

Paulo Estava Disposto a se Sacrificar

À semelhança de Cristo, o apóstolo Paulo exerceu a sua liderança sob o princípio do sacrificar-se em favor dos seus liderados.

Numa análise geral, o ensinamento de Paulo segue na linha de que o limite de atuação de um cristão é a consciência do seu irmão (1 Co 6.12; 8.9-13).

Paulo adotou esse mesmo perfil sacrificial como fundamento para o seu ministério. Ele nunca condenou a prática de um obreiro receber pelo trabalho prestado em favor da Igreja de Cristo (1 Co 9.1-14; 1 Tm 5.18), mas teve como prática não ser pesado às igrejas (2 Co 11.8) e trabalhou com as próprias mãos quando viu que era necessário (At 20.33-35).

De posse desse princípio e firmado nele, o apóstolo buscou nor­tear a sua vida e o seu ministério com a intenção de servir aos seus liderados, ainda que isso lhe custasse a sua saúde, a sua segurança, a sua liberdade e até mesmo a sua própria vida.

Ele pautou as suas ações como líder sobre a máxima de “sofro eu, mas não o rebanho de Deus”, e isso se vê nas suas próprias palavras, quando diz: “De maneira que em nós opera a morte, mas em vós, a vida” (2 Co 4.12).

William M. Greathouse afirma que o sofrimento de Paulo tinha como objetivo “revelar a ressurreição de Jesus aos coríntios”.5

Mesmo em decadência física, o seu interior era diariamente renovado enquanto liderava, pois o seu objetivo maior estava apontado para a esperan­ça do lar celestial. Ele continua: “A ousadia no ministério do novo concerto é mais enfatizada do que dificultada pelas fraquezas dos seus ministros”.

Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!

Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: TORRALBO, Elias. Liderança na Igreja de Cristo: Escolhidos por Deus para servir. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.

Fonte:  https://www.escoladominical.com.br/2022/12/16/licao-12-a-lideranca-de-paulo/

Vídeo: https://youtu.be/6ebxMT82sZU

Deixe uma resposta

Descubra mais sobre Iesus Kyrios

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading