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JUVENIS – LIÇÃO Nº 2 – DEPRESSÃO, COMO LIVRAR-SE DELA?

A depressão é conhecida como o “mal do século”, devido à alta incidência desta doença que tem afetado tantas pessoas na atualidade.

A melancolia era uma doença já detectada por Hipócrates, em V a.C., na Grécia e, segundo este referencial dos médicos, já afetava o funcionamento do organismo e o humor, dado o excesso da presença da bílis negra.

Três séculos depois o médico romano Celso, ao detectar traços de melancolia, recomendava uma série de atividades para seu tratamento, tais como:

incentivar a distração com leitura e jogos, realizar uma atividade moderada ao ar livre e consumir ervas medicinais para reequilibrar o excesso de bílis negra.

Os estudos mais aprofundados da psiquiatria e do funcionamento orgânico cerebral vem evoluindo com o passar dos anos.

Esta disciplina médica verifica que a depressão tem duas origens: endógena (causada por fatores internos, hereditários e fisiológicos) e exógena (causada por fatores externos, circunstâncias que desencadeiam o estado depressivo).

Dentre os sintomas da depressão, podemos averiguar que o indivíduo é afetado conjuntamente, pois apresenta dificuldades de comunicação com os demais, seu controle emocional e intelectual é afetado.

Consequentemente, ele manifesta sentimento de culpa, dificuldades para se concentrar, sentimento de frustração, irritabilidade, falta de confiança e desejos de auto-destruição (tentativas de suicídio, cortes no corpo).

O estudioso de etimologia das palavras, Benjamin Veschi (2019), destaca que o vocábulo depressão origina-se no latim e está relacionado à geologia:

Localiza-se no latim como depressio, sobre a ideia de uma forma afundada como consequência natural ou por uma força exercida.

A desconstrução dos elementos identifica o prefixo de-, que se refere a um condicionamento indicando uma relação descendente, tendo raiz no indo- europeu *de-, e pressio, que marca a palavra pressão, associada a seu verbo como premere, com uma raiz indo-europeia em *per-.

Quando pensamos no espaço geológico podemos perceber sua dimensão mutante. Assim, há montanhas, planícies, colinas, falésias, vales e todo tipo de acidentes. Em outras palavras, no relevo há estruturas ascendentes e descendentes.

Em sua origem mais remota, este termo era usado para descrever a dimensão mutante da Terra. Com o passar do tempo, a ideia de afundamento terrestre foi projetada para outras áreas, como o declínio emocional do indivíduo e da economia. (Veschi, 2019)

A doença chamada “mal do século” vem afetando as pessoas há milênios. Muitos crentes referem-se a ela como uma pressão demoníaca que afeta os servos do Senhor, trazendo prejuízos à vida espiritual.

No entanto, vários deles se esquecem das personagens bíblicas que, também, tiveram momentos de depressão e, mesmo assim, compartilharam da doce presença e cuidados do Senhor.

MOISÉS – diante de tantas circunstâncias adversas, Moisés sente-se pressionado, sem condições de suportar tais situações, com forças inferiores para o enfrentamento dos obstáculos, o que o fez questionar a Deus:

Por que fizeste mal a teu servo, e por que não achei graça aos teus olhos, visto que puseste sobre mim o cargo de todo este povo?

Concebi eu porventura todo este povo? Dei-o eu à luz? Para que me dissesses: leva-o ao teu colo, como a ama leva a criança que mama, à terra que juraste a seus pais? De onde teria eu carne para dar a todo este povo? (Nm 11.11-13)

A pressão do povo, a falta de apoio, os sentimentos de solidão fizeram Moisés sucumbir e questionar o trabalho que estavam em processo. A dor causada pelo sentimento de incompetência revela as profundezas da dor da alma: “Eu só não posso levar a todo este povo, porque muito pesado é para mim.

E se assim fazes comigo, mata-me, peço-te, se tenho achado graça aos teus olhos, e não me deixes ver o meu mal.” (Nm 11:14,15).

Na verdade, parece-nos um paradoxo. Se o Senhor estava se agradando de Moisés, achando graça no que fazia, por que iria matá-lo? Tal fala demonstra o conflito interno pelo qual o servo do Senhor passava.

Foi então que o nosso Deus lhe apresentou a solução porque a morte de Moisés não mudaria aquela realidade.

Era necessária a parceria, o companheirismo, trabalho conjunto de diversos líderes para resolver os problemas do povo:

E disse o Senhor a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que sabes serem anciãos do povo e seus oficiais; e os trarás perante a tenda da congregação, e ali estejam contigo. Então eu descerei e ali falarei contigo, e tirarei do espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que tu não a leves sozinho. (Nm 11:16,17)

O Senhor solucionou o problema do sobrecarregado Moisés, deixando claro que é preciso repartir a carga com os demais. Não podemos carregar todo o peso sozinhos. E para o povo, o Senhor deixou uma lição:
E dirás ao povo: Santificai-vos para amanhã, e comereis carne; porquanto chorastes aos ouvidos do Senhor, dizendo: Quem nos dará carne a comer?

Pois íamos bem no Egito; por isso o Senhor vos dará carne, e comereis; […] Mas um mês inteiro, até vos sair pelas narinas, até que vos enfastieis dela; porquanto rejeitastes ao Senhor, que está no meio de vós, e chorastes diante dele, dizendo: Por que saímos do Egito? (Nm 11.18,20)

ELIAS – a partir do instante que foi o mandante da morte aos profetas de Baal e Asera, Elias foi sentenciado à mesma pena por Jezabel: “Assim me façam os deuses, e outro tanto, se decerto amanhã a estas horas não puser a tua vida como a de um deles.” (I Rs 19.2)

O servo de Deus não se permitiria morrer de acordo com os pressupostos daquela mulher e fugiu para salvar a sua vida.

Caminhou pelo deserto durante um dia e, descansando embaixo de um zimbro, solicita ao Senhor que tire a sua vida.

Mais uma vez, observamos que a pressão psicológica e emocional exercidas sobre a pessoa, conduzem-na a tomar atitudes inesperadas e falar o que não se imaginava:

“Ele, porém, foi ao deserto, caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, e disse: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais.” (1 Rs 19:4) Vejamos o que é o zimbro:

O nome científico para o zimbro é Juniperus communis, porém popularmente também pode ser chamado de cedro, junípero, genebreiro ou zimbrão. A árvore do zimbro é arbustiva (em formato de arbusto) e de pequeno porte, caracterizada por ter um tronco reto e com muitas folhas pontiagudas e curtas. Os frutos do zimbro são pequenas bolinhas azuis ou pretas, com sabor levemente doce quando maduros.

Tecnicamente, o zimbro não produz frutos, mas sim uma espécie de pinha. Porém, devido a sua estrutura diferenciada, convencionou-se chamá-lo de pseudofruto ou, simplesmente, fruto.
As árvores do zimbro são conhecidas por sua resistência, sendo possível brotarem em lugares com clima bastante adverso, com solo podre, seco ou rochoso.

O zimbro, no entanto, possui um crescimento muito lento. Pode viver até mais de 150 anos, por exemplo.

Foi à sombra desta vegetação típica do deserto que o profeta, exausto da caminhada, da sua fuga, adormeceu. Este é um sintoma típico da depressão.

A pessoa opta pelo adormecimento, porque é assim que se isola de todos, procura ficar inacessível pra comunicar sua dor e revelar suas limitações.

Um outro sintoma destacado no texto é a falta de apetite. O Senhor providenciou-lhe o alimento, as bebidas necessárias para que pudesse angariar energia suficiente para prosseguir na jornada.

E deitou-se, e dormiu debaixo do zimbro; e eis que então um anjo o tocou, e lhe disse: Levanta-te, come. E olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido sobre as brasas, e uma botija de água; e comeu, e bebeu, e tornou a deitar-se.

E o anjo do Senhor tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque te será muito longo o caminho. Levantou-se, pois, e comeu e bebeu; e com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus. (I Rs 19. 5-8)

Este fato nos mostra que, em todas as circunstâncias, o Senhor nos sustenta. Em nossas fraquezas e vulnerabilidades, Ele nos compreende.

Em nossa busca por sentido, pelo significado daquelas ocorrências, Ele orienta, aponta caminhos, solução para o que inquieta o profeta e turba os seus pensamentos.

O Senhor o alimentou de modo tão eficaz, que caminhou durante quarenta dias e quarenta noites. No entanto, o deprimido e cansado Elias mais uma vez se esconde.

Desta feita, na caverna. Quando o Senhor a Ele se dirige, começa a se justificar, mencionando a sua solidão e a incapacidade de enfrentar seja o que fosse, porque era o único. Lembra-nos Moisés, o único em sua posição.

Mas o Senhor o encoraja dizendo que havia um número considerável de homens (7.000) que não se prostraram diante de Baal e que ele ainda tinha algumas tarefas a fazer.

E ali entrou numa caverna e passou ali a noite; e eis que a palavra do Senhor veio a ele, e lhe disse: Que fazes aqui Elias?

E ele disse: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada, e só eu fiquei, ¹⁰ e buscam a minha vida para ma tirarem. E Deus lhe disse: Sai para fora, e põe-te neste monte perante o Senhor.[…]

E sucedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu o seu rosto na sua capa, e saiu para fora, e pôs-se à entrada da caverna; e eis que veio a ele uma voz, que dizia: Que fazes aqui, Elias?

E ele disse: Eu tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada, e só eu fiquei; e buscam a minha vida para ma tirarem.

E o Senhor lhe disse: Vai, volta pelo teu caminho para o deserto de Damasco; e, chegando lá, unge a Hazael rei sobre a Síria. Também a Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei de Israel; e também a Eliseu, filho de Safate de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar. (I Reis 19. 9-16)

O deprimido deve ser esclarecido a respeito do cuidado de Deus por sua vida, que ele é uma pessoa extremamente útil, ele precisa ter uma razão pela qual deve prosseguir na sua jornada. Por isto, nosso Deus recomenda a Elias três tarefas.

Ele é profeta e deve continuar exercendo a sua função, ciente de que não está sozinho. Há outros homens de Deus como ele, lutando em prol da salvação de Israel, orando para que Israel fique livre da idolatria.

Saia da caverna Elias e prossiga na tua jornada! É uma palavra de estímulo.  O que o deprimido mais precisa é de alguém que o admire, que reconheça seus atributos….

JÓ – podemos inferir e chegar à conclusão de que a depressão de Jó é de caráter exógeno, ou seja, motivada por fatores externos.

Uma tragédia que devastou sua família e destruiu todos os seus bens, além de uma terrível enfermidade levaram-no à completa prostração, à confissão do seu estado, à busca pelo significado de tudo aquilo, ao anseio pela morte, de não ter nascido. A situação de Jó é lamentável, seu estado psíquico também.

Somente a recuperação de seus bens e da sua família contribuíriam para a sua cura. Deus conhece os seus filhos e os caminhos da cura de cada um deles.

É preciso observar a necessidade de relacionamentos para a cura se efetuar. O deprimido não pode se isolar. Jó debateu com seus amigos e, no final, orou por eles. Eis uma das chaves para a solução.

Ou como aborto oculto, não existiria; como as crianças que não viram a luz. (Jó 3.16)

Porque antes do meu pão vem o meu suspiro; e os meus gemidos se derramam como água. Porque aquilo que temia me sobreveio; e o que me receava me aconteceu. Nunca estive tranquilo, nem sosseguei, nem repousei, mas veio sobre mim a perturbação. (Jó 3. 24-26)

E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o Senhor acrescentou em dobro, a tudo quanto Jó antes possuía. (Jó 42.10)

JONAS – a missão recebida, da parte do Senhor, era difícil. O profeta israelita teria que pregar para o povo ninivita, povo assírio, conhecido por sua crueldade com seus inimigos, incluindo-se o povo de Israel.

Esta pregação devia ser urgente, pois o Senhor estava prestes a destruir aquela nação por causa de sua rebeldia e maus- tratos aos seus inimigos.

Jonas, por sua vez, atuando como alguém que estava do lado do oprimido, optou por não pregar, por deixar aquela nação perecer sob o castigo divino, fugindo para uma cidade portuária e se escondendo num navio.

O ato de se esconder já é um comportamento próprio do deprimido que, quando foi descoberto, preferiu perecer nas águas do mar.

O depressivo não costuma atuar em favor do próximo. Ele está centrado na sua dor. Precisa salvar-se.

Ainda não está comprometido com o seu semelhante; como profeta, em depressão, não sente que está em condições de pregar para que outros sejam salvos.

O estado do profeta é ilustrado quando ele solicita para ser jogado ao mar. A sua indignidade o conduz à depressão da Terra, às profundezas, ao ventre do peixe, a locais inimagináveis.

E orou Jonas ao SENHOR, seu Deus, das entranhas do peixe. E disse: Na minha angústia clamei ao Senhor, e ele me respondeu; do ventre do inferno gritei, e tu ouviste a minha voz.

Porque tu me lançaste no profundo, no coração dos mares, e a corrente das águas me cercou; todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado por cima de mim. (Jn 2.1-3)

Esta experiência o fez refletir e mudar de postura. Após os três dias no ventre do peixe, o Senhor o lançou na praia de Nínive e Jonas pregou. Ganhou a cidade inteira para Deus.

Um pregador muitíssimo bem-sucedido que, interiormente, ainda vivia no amargor de sua situação, sem pensar no benefício das pessoas, esperando que Deus as castigasse.

Mas o Senhor não age assim. Jonas, por sua vez, solicitou a morte para si:” Peço-te, pois, ó Senhor, tira-me a vida, porque melhor me é morrer do que viver.” (Jn 4.3) Mas não é assim que nosso Deus trabalha.

Jonas precisava aprender a se relacionar e foi o que aconteceu quando ele fez uma cabana, ao derredor da cidade e nela ficava assentado esperando para ver o que aconteceria à cidade.

O Senhor fez crescer uma aboboreira que lhe dava sombra e o fazia sentir-se mais confortável. No entanto, no dia seguinte o Ele enviou um verme que a destruiu e o profeta irou-se. Ali, aprendeu a lição sobre misericórdia, relacionamento, alteridade.

Para todos que enfrentaram a depressão e pediram a morte, nosso Deus ensinou uma lição para que se arrependessem e valorizassem a vida. Para eles, foram dadas mais tarefas, porque enquanto há vida, há trabalho a fazer.

É necessário observar que o Senhor é o dono da vida e Ele só tira quando quer, quando aprouver: “O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela”. (I Sm 2.6) É a Sua vontade que determina.

Não temos este poder. Não podemos exigir que o Senhor nos leve. Ele pode nos usar até mesmo no leito de um hospital.

E fez o Senhor Deus nascer uma aboboreira, e ela subiu por cima de Jonas, para que fizesse sombra sobre a sua cabeça, a fim de o livrar do seu enfado; e Jonas se alegrou em extremo por causa da aboboreira.

Mas Deus enviou um verme, no dia seguinte ao subir da alva, o qual feriu a aboboreira, e esta se secou. E aconteceu que, aparecendo o sol, Deus mandou um vento calmoso oriental, e o sol feriu a cabeça de Jonas; e ele desmaiou, e desejou com toda a sua alma morrer, dizendo: Melhor me é morrer do que viver.

Então disse Deus a Jonas: Fazes bem que assim te ires por causa da aboboreira? E ele disse: Faço bem que me revolte até à morte.

E disse o Senhor: Tiveste tu compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer, que numa noite nasceu, e numa noite pereceu; e não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que estão mais de cento e vinte mil homens que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais? (Jn 4.6-11)

Como já foi dito, no texto de nossa revista, muitos depressivos são “tachados” de pessoas fracas e sem fé e nós terminamos de avaliar comportamentos de grandes homens de Deus, referenciais na Bíblia Sagrada, que também enfrentaram a depressão e manifestaram os sintomas característicos dela.

Todos nós conhecemos a fé de Moisés e de Elias, o comprometimento que estes homens tinham com a Lei de Deus e como lutaram para que o povo a seguisse. Aprendemos acerca da paciência com Jó. Foi paciente, esperou e demonstrou sinais claros de que tinha fé:

“Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra.” (Jó 19.25) e Jonas, apesar de todas as suas limitações, pregou para uma cidade durante um dia, de forma tão convincente que todos se arrependeram: “ E começou Jonas a entrar pela cidade caminho de um dia, e pregava, dizendo: Ainda quarenta

dias, e Nínive será subvertida. E os homens de Nínive creram em Deus; e proclamaram um jejum, e vestiram-se de saco, desde o maior até ao menor. “ (Jn 3.4,5)

A Bíblia nos mostra, com clareza, que todos nós estamos sujeitos a sofrer este mal que afeta a área psicológica (emocional), psiquiátrica e até espiritual, tendo em vista que o desânimo nos impede de orar e frequentar a igreja, mas não quer dizer que deixamos de crer em Deus.

A dor que perturba a alma, a sede dos sentimentos, é bem visível, diante das pessoas que começam a questionar a fé de quem está a sofrer e não sabe explicar, ao certo, a razão de tanta angústia: “As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, enquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus? “ (Sl 42.3)

Daí a importância da atuação da igreja, da compreensão e acolhimento com o fim de auxiliar o deprimido a superar-se. A depressão não tem origem demoníaca. Ela é uma enfermidade que tem origens diversas. Cada pessoa tem a sua história. Cada depressão tem a sua causa.

Cada ferida tem o seu causador. É necessário tratar a ferida que abate o homem interior e o deprime a ponto de mantê-lo prostrado.

A psicoterapia é um excelente instrumento para orientar a pessoa a descobrir as causas de sua dor e, assim, aprender a lidar com as limitações, os obstáculos cotidianos, as situações que despertam emoções negativas.

Na psicoterapia, abre-se as janelas do autoconhecimento. Quando o indivíduo faz observações sobre si mesmo e descobre suas qualidades e defeitos, evidencia quais são as melhores formas de retratá-los nas suas ações.

O tratamento psiquiátrico contribui com a psicoterapia porque vai regular as substâncias químicas do cérebro que afetam e revelam o estado de humor.

Ambas precisam atuar juntas no tratamento da depressão. Lembrando, também, que se trata de um transtorno provocado por um desequilíbrio químico, no qual falta a substância chamada serotonina. A medicação tratará de repor a serotonina, que falta, com o fim de estabilizar o humor.

Conhecendo a origem da depressão e os resultados dela decorrentes, é inviável afirmarmos que Satanás é a causa desta doença, haja vista que a mesma nasce na alma.

Depressão não se “pega”, não é contagiosa. Ela é gerada no homem interior. O inimigo pode aproveitar-se de nossos momentos de depressão para tentar destruir-nos e colocar dúvidas em nossa mente, tal como fez com Eva, porém todo aquele que serve ao Senhor, com sinceridade, não se permitirá enganar, mesmo que esteja aflito, dirá: “Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face.” (Sl 42.5)

Ele sabe que é apenas um momento de depressão, de profunda tristeza, que vai passar e ele terá forças para louvar ao Senhor.

1 – Devemos orar por quem está passando por momentos tais como este, “orar sem cessar” (I Ts 5.17);

2- Estimular nosso irmão a apegar-se à Palavra de Deus, o alimento que nos fortalece, nos consola, “revigora a alma” (Sl 19.7).

3- Trabalhar para que nosso irmão não fique permanentemente isolado, embora seja esta a sua preferência. A companhia compreensiva, zelosa e carinhosa da igreja auxilia, de forma imprescindível, na recuperação do enfermo:

“ Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.

E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um”. (Jo 17:21,22). A unidade do Corpo de Cristo traz saúde.

4- Promover situações nas quais a pessoa reescreva a sua história e possa analisá-la, com o fim de tomar novas iniciativas e superar os traumas passados.

Para os especialistas na área de psicoterapia, é fundamental que o paciente tenha pontos de fuga para a sua recuperação.

O que são pontos de fuga? São atividades prazerosas para o indivíduo, tais como pintura, artesanato, música, costura, cozinha, canto, jardinagem, marcenaria, atividade física, caminhada etc.

A pessoa deve se dedicar a algo que ela goste de fazer. Também sugere-se que ela aprenda algo novo. É importante estabelecer sentido para tarefas novas, iniciar algo e finalizar, trazer beleza ao mundo etc.

Realizar trabalhos sociais, tais como montagem e distribuição de cestas básicas, distribuição da sopa, fazer doces e salgados para uma atividade coletiva do grupo etc também são atividades prazerosas.

Quando isto acontece, o deprimido realiza algo que sempre envolve o próximo, o olhar do outro, a conclusão dos projetos, o prazer do exercício de algo

que não é feito por obrigação, um trabalho feito sem a pressão de outrem etc. Assim, ele sai de sua zona de conforto, do seu egoísmo, de atentar apenas para os seus sentimentos. Agora, vai se preocupar com o sentimento alheio.

Pois a sua arte é para agradar o outro, a sua caridade é para beneficiar o outro, as outras atividades são para auxiliar o outro. Cuidar do outro também faz muito bem.

É o que precisamos transmitir aos nossos jovens, mantê-los ocupados, pois eles vivem momentos bastante conflituosos com a sua própria identidade, querem sentir-se bem consigo mesmos e com o outro. Trata-se de uma fase na qual os hormônios estão em ebulição e eles precisam despender esta energia.

Permitir, como igreja, que eles se envolvam, se socializem, conversem, aprendam, compartilhem bens etc, será imprescindível para que auxiliemos as famílias no sentido de evitar que muitos jovens desenvolvam pensamentos depreciativos sobre si, porque sentir-se-ão úteis.

ELES PRECISAM SENTIR-SE ÚTEIS PARA O REINO DE DEUS E SOMOS NÓS QUE DEVEMOS PROMOVER ISTO, DANDO-LHES TRABALHO PARA FAZER!

Chamei essa característica de “auto transcendência da existência humana”. Ela denota o fato de que o ser humano sempre aponta e se dirige para algo e se dirige para algo ou alguém diferente de si mesmo – seja um sentido a realizar ou outro ser humano a encontrar.

Quanto mais a pessoa esquecer de si mesma – dedicando-se a servir uma causa ou a amar outra pessoa – , mais humana será e mais se realizará.

O que se chama de autorrealização não é de modo algum um objetivo atingível, pela simples razão de que quanto mais a pessoa se esforçar, tanto mais deixará de atingi-lo. (Frankl, 1985, p. 135)

Em nossa infância e adolescência, aprendemos uma canção que seria fundamental para auxiliar a eliminar a dor interna de cada pessoa em depressão:
Feliz Serás (Denise)

Se em teu viver Existe um vazio
E se não podes cantar
Com os que cantam pra Jesus Não te detenhas
Não chores, meu amigo Cristo transforma
As trevas em plena luz

Feliz serás, jamais verás
Tua vida em pranto se findar Feliz serás, se ao Senhor
Teu coração entregar

Contempla agora
As bênçãos de Cristo Quando em sorriso tuas
Lágrimas Ele vai transformar Pra sempre guiará
Os teus caminhos
E com amor ao céu te levará

Disponível em: https://www.letras.mus.br/denise/1087504/. Acesso em 03 jan.2024.

SUGESTÕES DE ATIVIDADES:

– Sugerimos que ouçam a canção da Denise. É da década de 70, mas já falava profundamente conosco sobre a dor que afeta as pessoas nesta década. Disponível em https://youtu.be/DWjz6r7FxoU. Acesso em 03 jan.2024.

– Pergunte a eles se conhecem jovens com depressão. Orientem sobre o que podem fazer para superar as dificuldades, tais como propostas de pontos de fuga.

– Há algum jovem do grupo ou membro da igreja com depressão? Mobilize o grupo para auxiliar a pessoa por meio de oração, companheirismo, compreensão e união com o fim de auxiliá-la a reagir e começar a fazer algo que seja significativo.

REFERÊNCIAS:

ENCICLOPÉDIA de Significados. Significado de Zimbro. Disponível em: https://www.significados.com.br/zimbro/. Acesso em: 02 jan.2024.
FRANKL, Viktor E. Em busca de sentido. 56. ed. São Paulo: Vozes e Sinodal, 2022.

VESCHI, Benjamim. Etimologia: origem do conceito. Etimologia de depressão. Disponível em: https://etimologia.com.br/depressao/. Acesso em: 02 jan.2024.

Profª. Amélia Lemos Oliveira


Fonte: https://www.portalebd.org.br/classes/juvenis/10158-licao-2-depressao-como-livrar-se-dela-i

Vídeo: https://youtu.be/M_RCUZOua98

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