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Lição 1 – A apostasia no reino de Israel


A) INTRODUÇÃO AO TRIMESTRE

Pela graça e misericórdia do Senhor, estamos dando início a mais um ano letivo da Escola Bíblica Dominical.
Agradecemos ao Senhor por mais esta rica oportunidade, que nos permite, num mundo cada vez mais hostil ao Evangelho, ainda termos liberdade de culto e de crença para podermos estudar a Palavra de Deus, prosseguindo, assim, a nossa jornada rumo à cidade celestial.
Neste novo ano, iniciaremos a Escola Bíblica Dominical com um “trimestre temático”, como temos denominado os trimestres em que estudamos um determinando assunto das Escrituras e não um livro da Bíblia.
A Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) escolheu como assunto deste trimestre o estudo dos profetas Elias e Eliseu, estes dois grandes gigantes espirituais que o Senhor levantou num período de extrema crise espiritual no reino de Israel (o reino do norte).
Ambos os profetas têm uma importância singular não só na história de Israel, mas para a própria Igreja, pois são duas personagens que nos revelam que o Senhor, mesmo em meio à apostasia espiritual do Seu povo, está disposto a não só restaurar espiritualmente a Sua nação, como também demonstrar prodígios e maravilhas, a fim de reafirmar o Seu poder, confirmando, assim, com sinais, a Sua Palavra, que sempre caminha no sentido de trazer o povo de volta à comunhão com Ele.
Os ministérios de Elias e de Eliseu, a exemplo do que ocorrera com Moisés, dão a exata dimensão do que representa servir a Deus: ter uma vida consoante a vontade de Deus, consubstanciada na Sua Palavra (naquele tempo, a lei), mas, também, ter uma vida que demonstre o poder de Deus sobre todas as coisas.
Conhecer a Deus, ou seja, ter intimidade com Ele, desfrutar da Sua comunhão é, portanto, ter consciência desta dupla dimensão divina, qual seja, a de ser Ele a Verdade, Aquele que nos diz o que é certo e o que é errado, como se deve viver, como também Aquele que mostra todo o poder, Aquele que pode realizar sinais e prodígios para confirmar a veracidade da Sua Palavra.
Esta dupla dimensão divina foi, posteriormente, reafirmada pelo Senhor Jesus, que, respondendo aos saduceus, certa feita, afirmou que aqueles religiosos erravam porque não conheciam as Escrituras nem o poder de Deus (Mt.22:29). Assim, quem não conhece seja a Palavra, seja o poder de Deus, erra nesta vida, deixando, portanto, de ter comunhão com o Senhor.
Estudar as vidas de Elias e de Eliseu, portanto, abre-nos esta oportunidade de, através destas biografias, notarmos a importância de termos consciência e desfrutarmos desta dupla dimensão da revelação divina, o que nos leva a pregar o “Evangelho pleno”, também chamado de “Evangelho completo”, que é um Evangelho de conhecimento das Escrituras e do poder de Deus.
Por isso mesmo, o subtítulo deste trimestre é “um ministério de poder para a Igreja”, subtítulo que, a princípio, poderia causar espécie, já que iremos analisar a vida de dois profetas de Israel, dois profetas do Antigo Testamento. Contudo, como nos diz o apóstolo Paulo, “…tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm.15:4).
As vidas de Elias e Eliseu são uma demonstração do Senhor de que, mesmo em meio a um período de grande apostasia espiritual, podemos, sim, continuar fiéis a Deus e ser conhecedores das Escrituras e do Seu poder, triunfando sobre o pecado e o mal e levando muitos a se decidirem pelo Senhor Jesus.
Assim como Elias e Eliseu, a Igreja, nos dias hodiernos, vive em meio a uma grande apostasia espiritual, vive em meio a um período em que os que se dizem povo de Deus estão cada vez mais distantes do Senhor, estão cada vez mais misturados com os incrédulos, estão cada vez mais elegendo outros deuses a quem estão a servir.
Diante deste quadro desanimador, resta àqueles que ainda se mantêm fiéis seguir os exemplos de Elias e de Eliseu que, contra tudo e contra todos, resolveram ficar à disposição do Senhor, foram cheios do Espírito Santo e realizaram ministérios que se sobressaíram e que servem de referência até os dias de hoje.
Elias e Eliseu, em meio a tanto desvio espiritual, puseram-se à disposição do Senhor que, através deles, não só trouxe a mensagem de arrependimento para o povo, mas também realizou sinais, prodígios e maravilhas, mostrando que é Aquele que tem todo o poder nos céus e na terra.
De igual maneira, é isto que o Senhor Jesus espera de cada um de nós, visto que nos prometeu o revestimento de poder para que fôssemos Suas testemunhas tanto em Jerusalém como na Judeia e Samaria e até os confins da terra (Lc.24:46-49; At.1:8).
É, aliás, este o significado da capa da revista deste trimestre, que nos mostra uma cruz ao fundo, bem como uma pomba voando e abaixo dela uma chama de fogo. A ilustração mostra-nos, com absoluta clareza, que, a partir do sacrifício vicário de Cristo na cruz do Calvário, abriu-se a porta para que não só a Palavra de Deus seja pregada, trazendo salvação a todos os homens, mas que tal Palavra seja confirmada com sinais e maravilhas.
Jesus, pela morte na cruz do Calvário, alcançou a nossa salvação, e tanto Seu sacrifício foi aceito que Ele ressuscitou e foi glorificado, permitindo-se, então, que o Espírito Santo fosse dado a todo o povo de Deus (Jo.7:39), para que sejam testemunhas desta salvação a todos os povos.
Esta concessão do Espírito Santo ao povo de Deus faz com que não só o Evangelho possa ser pregado com autoridade, de modo a que os homens sejam convencidos do pecado, da justiça e do juízo (Jo.16:7-10), como também que o povo de Deus realize sinais, prodígios e maravilhas, confirmando a Palavra que é pregada (Mc.16:20).
O nosso ministério, ou seja, o nosso serviço a Deus, o nosso servir a Deus deve, portanto, ter estes dois componentes indispensáveis: a pregação do Evangelho e a realização de sinais e maravilhas que confirmem a Palavra pregada.
É isto que vemos nos ministérios de Elias e de Eliseu, é isto que vemos no ministério de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, é isto que é necessário vermos em nossos ministérios.
Temos a absoluta necessidade de conhecermos as Escrituras e o poder de Deus, para que cumpramos aquilo que o Senhor requer de cada um de nós.
Após uma lição introdutória, em que analisaremos o “pano de fundo” dos ministérios de Elias e de Eliseu, qual seja, a terrível apostasia que atingia Israel no período destes dois homens de Deus, teremos dois blocos de lições, cada um relacionado a um dos profetas que iremos estudar.
O primeiro bloco, referente ao profeta Elias, ocupa a maior parte do trimestre, das lições 2 a 9, quando estudaremos a pessoa do profeta (lição 2), a longa seca sobre Israel (lição 3), o confronto entre Elias e os profetas de Baal (lição 4), a depressão que atingiu Elias (lição 5), o episódio da viúva de Sarepta (lição 6), o caso da vinha da Nabote (lição 7), o legado de Elias (lição 8) e o significado da aparição de Elias no Monte da Transfiguração (lição 9).
O segundo bloco, referente ao profeta Eliseu, ocupará as lições 10 a 13, quando estudaremos o tema “há um milagre na sua casa” (lição 10), os milagres de Eliseu (lição 11), Eliseu e a escola dos profetas (lição 12) e, por fim, a morte de Eliseu (lição 13).
O comentarista deste trimestre é o pastor José Gonçalves, pastor das Assembleias de Deus em Água Branca/PI, teólogo, autor do blog que tem o seu nome ( http://prjosegoncalves.blogspot.com.br/) e que tem comentado as lições bíblicas nos últimos anos.
Que o estudo deste trimestre possa nos conscientizar de que precisamos ser reais testemunhas do Senhor Jesus no meio de um mundo hostil ao Evangelho, mas que ainda precisa conhecer as Escrituras e o poder de Deus.
B) LIÇÃO Nº 1 – A APOSTASIA NO REINO DE ISRAEL
Nos dias de Elias e Eliseu, a situação espiritual de Israel era terrível, pois o povo estava a irritar o próprio Deus.
INTRODUÇÃO
– Iniciamos o estudo dos ministérios dos profetas Elias e Eliseu, que viveram numa época de terrível crise espiritual no povo de Israel.
– A situação espiritual de Israel nos dias de Elias e de Eliseu era tão terrível, que o Senhor Se disse irritado com o comportamento dos israelitas (I Rs.16:33).
I – O QUE É APOSTASIA
– Estamos dando início a mais um trimestre da Escola Bíblica Dominical, quando iremos estudar os ministérios dos profetas Elias e Eliseu para, através de tal estudo, termos consciência da necessidade que a Igreja tem de ter um ministério de palavra e de poder nos dias difíceis em que estamos a viver.
– Nesta primeira lição, o comentarista nos leva a um estudo a respeito da lamentável situação espiritual que vivia Israel quando o Senhor levantou Elias e Eliseu, a fim de termos a exata noção de quantas dificuldades estes dois gigantes espirituais enfrentaram durante os seus ministérios.
– Antes que verifiquemos a situação histórica e espiritual vivida pelo povo de Israel nos dias de Elias e Eliseu, entendemos ser interessante bem conceituarmos o que é apostasia, já que o título da lição fala da “apostasia no reino de Israel”.
– A palavra “apostasia” é grega, composta de “apo”(από), preposição que dá a ideia de deslocamento de um ponto de partida, de afastamento e “stasis” (στάσις), que significa “posição”. Assim, “apostasia” é o deslocamento de uma posição, a saída de um lugar, o distanciamento de um local. Em o Novo Testamento, encontramos esta palavra em At.21:21, em II Ts.2:3 e o verbo a ela correspondente em Hb.3:12. Na versão grega do Antigo Testamento (a Septuaginta), encontramos esta palavra em Js.22:22 e II Cr.29:19. Na Versão Almeida Revista e Corrigida e na Edição Contemporânea de Almeida, a palavra “apostasia” é encontrada em três versículos (Jr.8:5, Ez.23:21 e II Ts.2:3).
– A.S. Wood, um dos colaboradores do Novo Dicionário da Bíblia de J.D. Douglas, afirmou que “…no grego clássico, o vocábulo grego apostasia é um termo técnico para revolta ou defecção política…” (Apostasia. In: op.cit., v.1, p.95), enquanto que, para os judeus, diz-nos Nathan Ausubel, a apostasia era tida “…como o mais grave de todos os pecados que o judeu ameaçado podia cometer…”, motivo pelo qual “…embora já fosse terrível como instrumento de excomunhão entre os judeus, nos dias dos Minim (as seitas heréticas da Judeia que provavelmente incluíam os primeiros cristãos), o cherem [a excomunhão, observação nossa] cresceu em severidade e em frequência de aplicação na Idade Média, quando a perseguição aos judeus e os esforços para convertê-los ao cristianismo tornaram-se mais intensos. O menor desvio das ideias tradicionais ou das práticas era imediatamente considerado pelos líderes religiosos e comunais como passível de levar à apostasia…” (Excomunhão. In: JUDAICA, v.5, p.282).
– Percebemos, portanto, que a apostasia está relacionada com uma atitude de mudança de comportamento, de afastamento de valores supremos, de crenças fundamentais que uma pessoa possuía e que a fazia viver numa determinada comunidade. Trata-se de uma considerável modificação de suas crenças e de seus princípios, uma alteração profunda no seu interior, em que a pessoa deixa as coisas mais caras e preciosas que tinha no seu universo de crenças, sentimentos e valores, para rejeitar tudo aquilo de forma voluntária e consciente. Assim, para os gregos, quando alguém se revoltava contra o governo de sua cidade, quando abandonava o grupo político a que pertencia, tinha-se a apostasia. Para os judeus, quando a pessoa abandonava a Torá, deixava de servir ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó, também praticava apostasia.
– Ora, este gesto da apostasia representa, entre os cristãos, igualmente, a rejeição voluntária e deliberada da fé em Jesus Cristo. A apostasia é, como afirma a Bíblia de Estudo Pentecostal, a “…decaída, deserção, rebelião, abandono, retirada ou afastar-se daquilo a que antes se estava ligado. Apostatar significa cortar o relacionamento salvífico com Cristo, ou apartar-se da união vital com Ele e da verdadeira fé n’Ele(…). Sendo assim, a apostasia individual é possível somente para quem já experimentou a salvação, a regeneração e a renovação pelo Espírito Santo (cf. Lc.8.13; Hb.6:4,5); não é a simples negação das doutrinas do NT pelos inconversos dentro da igreja visível.…” (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL.
 A apostasia pessoal (estudo doutrinário), p.1903). É “…o abandono deliberado da crença na fé cristã(…) por alguém que dizia seguir essa fé…”(CHAMPLIN, Russell Norman. Apostasia. In: Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.1, p.237), ), “…o abandono total da fé ou da religião de uma pessoa; abandono do credo e renúncia das obrigações religiosas…” (CHAFER. Lewis Sperry. Teologia sistemática. t.4, v.7, p.27).
OBS: O Código de Direito Canônico da Igreja Romana define, no seu cânon 751 o que vem a ser apostasia, diferenciando-a da heresia e do cisma, definições que, por seu caráter apropriado, merecem ser aqui reproduzidas: “ Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do batismo, de qualquer verdade que se deva crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dela; apostasia, o repúdio total da fé cristã; cisma, a recusa de sujeição ao Sumo Pontífice ou de comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos.” No mesmo sentido, o Corão, livro sagrado dos muçulmanos, afirma que “…Haverá alguém mais iníquo do que quem desmente e desdenha os versículos de Deus? Infligiremos o pior castigo àqueles que desdenharem os Nossos versículos, bem como àqueles que se tiverem afastado deles.…” (6:157), demonstrando, assim, que o apóstata é aquele que se afasta deliberadamente da crença anteriormente assumida.
– Deste modo, pelo que podemos verificar, a apostasia é um fenômeno que atinge apenas os crentes sinceros e autênticos, ou seja, para que haja apostasia, é preciso que alguém que tenha alcançado a salvação, rejeite deliberada e voluntariamente a fé em Jesus Cristo a partir de um determinado instante de sua vida espiritual. Quando se fala em apostasia, portanto, não se está a falar de pessoas que nunca creram em Jesus, ainda que tenham “nome” de cristãos, mas de pessoas que, tendo crido em Jesus sinceramente e tenham aceitado a Jesus como seu Senhor e Salvador, passam a se distanciar paulatinamente do Caminho e, num determinado momento, de modo voluntário, consciente e deliberado, abandonam o “caminho estreito”, renegam o seu Senhor e passam a viver totalmente separados de Cristo.
– Antes mesmo da história da humanidade, as Escrituras registram uma apostasia, a saber, a de Satanás e dos anjos que lhe seguiram em sua rebelião. “… Dos anjos caídos é dito que eles ‘não guardaram o seu estado original’ (Jd.6), e de Satanás é dito que ‘ele não permanece na verdade’ (Jo.8:44) e que nele ‘foi achada iniquidade’ (Is.14.13,14; Ez.28.15). Para a apostasia dos anjos não há remédio; ao contrário, está predito em palavras que não podem ser revogadas que todos os anjos caídos vão viver eternamente no lago de fogo (Mt.25.41), que é a resposta de Deus à apostasia dos anjos.…” (CHAFER, Lewis Sperry. Teologia sistemática. t.4, v.7, p.28).
II – A APOSTASIA NO REINO DE ISRAEL
– Visto, em linhas gerais, o que é apostasia, vejamos o estado em que se encontrava o reino de Israel quando do surgimento de Elias e, posteriormente, o de Eliseu.
– Elias e Eliseu surgiram no reino de Israel, ou seja, no reino do norte, no reino das dez tribos, quando estava a reinar a terceira dinastia daquele reino, a chamada “casa de Onri”, vez que o primeiro rei desta dinastia foi Onri, um comandante do exército que tomou o reino após invadir Tirza, a então capital de Israel, pondo fim a uma rebelião promovida por Zinri, que era “chefe da metade dos carros” do rei Elá e que o havia matado e assumido o reino, reinando apenas por sete dias (I Rs.16:8-20).
– Para bem entendermos o estado espiritual de Israel naquele tempo, porém, entendemos ser necessário retroceder um pouco na história, ainda que de forma sucinta, para irmos até a instituição da monarquia em Israel (quem desejar uma análise mais detida, sugerimos que assista ao estudo intitulado “A monarquia em Israel” que se encontra no Portal Escola Dominical – http://www.portalebd.org.br/principal/estudos- biblicos/item/1777-a-monarquia-em-israel ).
– Quando a monarquia foi instituída em Israel, havia uma preocupante tendência no meio do povo de Israel, qual seja, o desejo de “ser como as outras nações” (I Sm.8:5), tendência esta que revelava, como já vimos supra, uma nítida inclinação à apostasia.
– No entanto, após um reinado que pouquíssima contribuição teve para a afirmação dos valores espirituais do povo, como foi o reinado de Saul, o Senhor levantou um “rei segundo o seu coração” (I Sm.13:14), Davi, que deu prioridade às coisas do Senhor, organizando o culto ao Senhor, trazendo a arca da aliança para Jerusalém e deixando tudo pronto para que fosse edificado o templo.
– Salomão, o terceiro rei de Israel, concretizou os planos de seu pai Davi, edificando o templo e reorganizando o culto a Deus. No entanto, depois de um início tão promissor, em que completava a obra de seu pai no sentido de fazer com que Israel fosse, efetivamente, o povo de Deus na Terra, Salomão se desviou espiritualmente e a idolatria foi reintroduzida em Israel (I Rs.11:1-9).
– Em razão da idolatria, o Senhor, então, dividiu Israel em dois reinos, levantando Jeroboão, filho de Nebate, que era o maioral da tribo de Efraim no reinado de Salomão, para ser rei sobre dez tribos, deixando que duas tribos continuassem sob o comando da “casa de Davi”, ou seja, da dinastia iniciada por Davi (I Rs.11:11-13; 26-40).
– Após a morte de Salomão, a divisão do reino se concretizou, tendo o povo se rebelado contra Roboão, o filho de Salomão, e feito Jeroboão como seu rei (I Rs.12:1-25).
– Jeroboão, então, constituído como rei, estabeleceu a sede do reino em Siquém, cidade da tribo de Efraim, tendo, posteriormente, se mudado para Penuel, cidade que ele próprio edificou (I Rs.12:25).
– No entanto, Jeroboão, ao se aproximar as festividades que deveriam ocorrer em Jerusalém, temeu que o povo, ao ir a Jerusalém, resolvesse se unir novamente a Roboão, que havia permanecido como rei sobre duas tribos (Judá e Benjamim), o reino de Judá, e, diante deste medo, que demonstrava total falta de confiança em Deus, resolveu estabelecer um “culto alternativo” a Deus.
– Assim, construiu dois bezerros de ouro, um em Dã, no extremo norte do reino, e outro, em Betel, no sul do reino, como também constituiu sacerdotes dentre os mais baixos do povo, a fim de que o povo “adorasse a Deus” no próprio reino de Israel, sem necessidade de ir a Jerusalém ( I Rs.12:26-33).
– Ora, ao fazer isto, Jeroboão violou a lei de Moisés em, pelo menos, três pontos. Por primeiro, ao construir dois bezerros de ouro, para representar a Deus, violava expressamente o segundo mandamento, segundo o qual, não se podia fazer imagens de escultura para adoração (Ex.20:4,5; Dt.5:8,9), repetindo, aliás, o mesmo horrendo pecado que causou indignação e repúdio da parte de Deus quando Israel ainda estava no deserto (Ex.32).
– Por segundo, ao determinar que o povo fosse a Dã ou a Betel para adorar estes bezerros de ouro, Jeroboão violava o mandamento de que somente se podia adorar a Deus no lugar por Ele determinado, que, na época, era Jerusalém, onde havia sido construído o templo (Dt.12:5-15).
– Por terceiro, ao constituir sacerdotes dos mais baixos entre o povo, para que exercessem o ministério sacerdotal em Dã e Betel, Jeroboão violou o mandamento de que somente poderiam ministrar diante de Deus os filhos de Arão (Ex.35:19; Hb.5:1-4).
– Esta atitude de Jeroboão representou o início da apostasia do povo de Israel. São os chamados “pecados de Jeroboão”, que foram seguidos por todos os reis de Israel e que foram a causa da destruição deste reino, que hoje é conhecido como “as dez tribos perdidas de Israel” (II Rs.17:20-23).
– Logo que o “culto aos bezerros de ouro” foi inaugurado, o Senhor mostrou toda a Sua indignação, mandando um profeta do reino de Judá para profetizar contra o altar de Betel, onde Jeroboão deu início a este culto espúrio, profeta este que, ao profetizar, mostrou um sinal, qual seja, o altar se fendeu e a mão do rei Jeroboão se secou e, depois, foi restituída pela oração do profeta, tendo, na ocasião, o profeta dito que haveria um rei de Judá, que se chamaria Josias, que destruiria totalmente aquele culto e suas imagens (I Rs.13:1-10).
– Apesar disto tudo, Jeroboão não abandonou o culto dos bezerros de ouro, tendo, ao contrário, expulsado os levitas de seu país, levitas que, por causa disso, foram morar no reino de Judá (II Cr.11:13-15), culto este que foi mantido por todos os seus sucessores.
– Em virtude deste endurecimento de coração, Deus fez com que o profeta Aías, o mesmo profeta que fora usado por Deus para dizer a Jeroboão que ele reinaria sobre dez tribos (I Rs.11:29-39), profetizasse a destruição da “casa de Jeroboão” (I Rs.14:1-16). E, realmente, depois da morte de Jeroboão, seu filho Nadabe reinou apenas dois anos, sendo morto por Baasa, que reinou em seu lugar (I Rs.15:25-30).
– Com Baasa, pois, tem início a segunda dinastia do reino de Israel. Baasa, embora tenha conspirado contra o seu antecessor, foi um rei predito pelo Senhor, que assumiu o reino com permissão divina, mas que cumpriu a própria vontade de Deus no tocante à destruição da “casa de Jeroboão”.
– No entanto, o novo rei não quis abolir o culto aos bezerros de ouro, tendo mantido tudo quanto Jeroboão havia feito, o que causou, também, indignação divina, a ponto de o Senhor levantar outro profeta, desta feita, Jeú, filho de Hanani, que, a exemplo do que fizera Aías, também profetizou a destruição da “casa de Baasa”, em virtude de ter o rei Baasa seguido os “pecados de Jeroboão” (I Rs.16:1-4).
– Tal profecia também se cumpriu, visto que, depois da morte de Baasa, que reinou durante vinte e quatro anos, reinou o seu filho Elá, o qual, entretanto, reinou apenas dois anos, pois Zinri, que era o “chefe da metade dos carros” se rebelou contra ele e o matou, tendo se feito rei, embora tenha reinado apenas sete dias (I Rs.16:8-20).
– Zinri foi derrotado por Onri, que comandava o exército de Israel em guerra contra os filisteus, quando soube da morte de Elá. Onri foi até Tirza, então a capital de Israel, tomou a cidade e matou a Zinri, fazendo-se rei, embora não tivesse o apoio de todo o povo, pois metade dos israelitas preferia a Tibni, filho de Ginate (I Rs.16:21).
– Temos aqui, portanto, mais um passo negativo do povo de Israel em termos espirituais. O primeiro rei israelita, Jeroboão, tinha sido constituído por Deus. A segunda dinastia fora aprovada por Deus, pois resultava de um cumprimento de uma profecia divina, já que Baasa apenas cumprira o que fora profetizado por Aías.
– Agora, tendo Zinri cumprido o que fora profetizado pelo profeta Jeú, o povo se divide entre duas pessoas no tocante ao reino, ou seja, não havia mais, da parte do povo de Israel, qualquer cuidado em saber quem era o escolhido de Deus, quem estava disposto a cumprir a vontade de Deus no governo do povo.
– Na sucessão da “casa de Baasa”, vemos como o povo de Israel estava cada vez mais distante de Deus, em nítido caminho de apostasia, de desvio espiritual. O povo se digladiou entre Onri e entre Tibni, sem se importar em consultar a Deus, numa atitude de total independência em relação ao Senhor, em total desacordo com o que preceituava a lei, que exigia que o rei fosse alguém escolhido por Deus (Dt.17:15).
– A Bíblia não nos diz quanto tempo perdurou o embate entre Onri e entre Tibni, embate este que terminou com a morte de Tibni e a consolidação do povo nas mãos de Onri (I Rs.16:22). Não se diz se Tibni foi morto de forma violenta ou natural, mas o fato é que, com a sua morte, o partido de Onri prevaleceu.
– O silêncio divino durante o governo de Onri e, mesmo, durante o embate entre Onri e Tibni, mostra claramente que se constituía uma dinastia totalmente indiferente e independente de Deus, que se tinha o resultado de um longo processo de distanciamento de Deus, a ponto de o próprio Deus Se calar.
– Notamos, assim, que a apostasia não é um episódio pontual, isolado e repentino. Pelo contrário, a apostasia é um processo lento e gradual, imperceptível para muitos mas que avança inexoravelmente até levar o indivíduo a um estado espiritual lamentável e, muitas das vezes, irreversível.
– Do início do reino de Israel com Jeroboão até a subida de Onri ao trono, passaram-se cinquenta anos, meio século, e o povo, que, no início, era temente a Deus, a ponto de Jeroboão saber que eles iriam a Jerusalém para adorar o Senhor, agora era um povo que nem sequer consultava ao Senhor para saber quem deveria reinar.
– Isto nos serve de grande lição, porquanto vivemos situação muito semelhante. Quando olhamos a história do movimento pentecostal, deste maior avivamento que já ocorreu na história da Igreja, notamos que, passado pouco mais de um século, também estamos numa situação espiritual extremamente lamentável e que está muito, mas muito aquém daquilo que vemos registrados nos anais da história.
– Nossos dias são dias de indiferença espiritual, de pouquíssimo contato com Deus, de absoluto desprezo do estudo das Escrituras e da busca do poder de Deus. O temor a Deus que vemos presente nos pioneiros do movimento pentecostal é, na atualidade, apenas registro histórico, evento raro de se encontrar em nossas igrejas locais.
– Como se não bastasse isso, vemos, também, embates com vistas a luta pelo poder eclesiástico, algo que inexistia nos primeiros dias, onde o Espírito Santo tinha plena liberdade para instituir aqueles que deveriam presidir sobre o povo. Assim como em Israel, que recebera Jeroboão como rei por causa da profecia divina, sem qualquer contenda, e que, cinquenta anos depois, se dividia entre Onri e Tibni, sem qualquer consulta ao Senhor, vemos, com tristeza, dezenas de conflitos absolutamente carnais em torno do poder, sem qualquer atenção à vontade do Senhor.
– Os dias em que vivemos são dias de apostasia, até porque são os dias finais da dispensação da graça e toda dispensação terminou com um período de apostasia. Resta-nos, portanto, não nos deixar envolver por esta indiferença espiritual, por esta autossuficiência e, apesar de todo o movimento contrário, esforçarmo-nos para buscar a Deus e nos mantermos em comunhão com Ele para que não sejamos apanhados de surpresa no arrebatamento da Igreja.
– Onri, após seis anos de governo, comprou de Semer o monte de Samaria e ali edificou uma cidade, a que deu o nome de Samaria, em homenagem ao antigo proprietário do monte, tornando-a capital de Israel (I Rs.16:24).
– Este gesto de Onri mostra bem qual era a mentalidade reinante. Ao comprar o monte de Samaria por dois talentos de prata, Onri poderia ter dado seu nome à cidade, mas preferiu nomeá-la pelo nome do antigo proprietário Semer. Por que o fez? Porque a sua política era a de agradar a tudo e a todos, a de angariar alianças por meio da simpatia e da popularidade. Assim, embora fosse o proprietário do monte, deu o nome da cidade em homenagem ao antigo proprietário que, aliás, bem poderia ser alguém que, no passado, tivesse ficado ao lado de Tibni…
– Ainda nesta sua política de agrado, popularidade e simpatia, Onri chegou, inclusive, a permitir que outros povos construíssem partes da cidade que edificara, como fica claro nas palavras de seu filho Acabe ao rei sírio Bene-Hadade em I Rs.20:34, onde se diz que o rei da Síria pôde construir ruas em Samaria, como prova da aliança que se firmou entre Israel e Síria.
– Onri buscou, portanto, “ficar de bem” com as nações que estavam à sua volta, procurando construir uma segurança em seu reino mediante alianças e compromissos com os povos em torno de si, em total confronto e violação ao que havia determinado o Senhor com relação a Israel.
– A vida de independência em relação a Deus, o distanciamento do homem em relação ao Senhor leva inevitavelmente a uma vida de comprometimento com o mundo, com aqueles que estão no maligno, que estão debaixo do domínio do pecado e do mal. Quem se afasta de Deus, aproxima-se do mundo e do pecado, não há possibilidade de um meio termo, de uma terceira opção.
– Muitos, na atualidade, estão a seguir o caminho de Onri, ou seja, querem ser simpáticos, agradáveis e populares diante daqueles que não têm qualquer compromisso com Deus. O preço por esta atitude é o de se fazer alianças comprometedoras com os pecadores e, pior do que tudo isto, com o pecado, o que faz com que percamos totalmente a nossa santidade, pois o compromisso com o imundo faz com que nos tornemos imundos também (Ag.2:13,14).
– Nesta sua gana por ser popular, simpático e agradável a tudo e a todos, Onri não pôs fim aos pecados de Jeroboão, mantendo-os assim como seus antecessores e, neste passo, prosseguiu adiante no caminho da apostasia, a ponto de o texto sagrado dizer que fez pior que seus antecessores (I Rs.16:25).
– Esta sua gana por popularidade e simpatia nada mais era que o desejo de se autoafirmar, de se mostrar como alguém bem sucedido, alguém que tinha alcançado o êxito sem qualquer necessidade de Deus. Por isso, o texto sagrado diz que o que Onri buscava eram “as suas vaidades” e isto irritou o Senhor (I Rs.16:26).
– Quando buscamos as coisas desta vida, quando a nossa satisfação está em sermos alguém neste mundo, em desfrutarmos daquilo que o mundo oferece (fama, posição social, poder, riquezas, prazer etc.), estamos atrás de “vaidades”, ou seja, de “coisas vazias”, que não podem preencher o interior do homem, pois o homem tem um vazio do tamanho de Deus, que somente o Senhor pode preencher.
– É triste vermos que muitos, na atualidade, estão a correr atrás das “vaidades”, causando a mesma indignação divina que Onri provocou em seus dias. Salomão também sofreu deste mal, mas, no final de sua vida, espiritualmente restaurado (cf. II Sm.7:13-16), deixou-nos o livro de Eclesiastes, onde mostra, com absoluta convicção, de que tudo o que há neste mundo é vaidade (Ec.1:2,14; 2:17;12:8). Temos tido esta consciência, amados irmãos?
– Esta vida despida de qualquer sentido sobrenatural, de total desprezo a Deus e às coisas espirituais caracteriza o que o profeta Miqueias vai denominar de “estatutos de Onri” (Mq.6:16), uma vida onde não há qualquer preocupação em se praticar a justiça, amar a beneficência e andar humildemente com Deus (Mq.6:8), mas uma vida permeada da impiedade, do engano, da mentira e da violência, onde o que importa é tão somente o desfrute e a posse das coisas desta vida.
– Depois de doze anos de reinado, Onri morreu e foi sucedido pelo seu filho Acabe (I Rs.16:28), “Acabe”, cujo nome significa “o filho do pai”, foi um fiel seguidor dos erros e dos desacertos de seu pai Onri.
– Com efeito, assim que ele é apresentado nas Escrituras, é dito que ele fez o que parecia mal aos olhos do Senhor, mais do que todos os que foram antes dele, ou seja, conseguiu superar o seu pai Onri no desagrado a Deus.
– Acabe, além de permanecer nos pecados de Jeroboão, chegou ao ápice da apostasia, pois, se seu pai já havia iniciado alianças com os povos em torno de Israel, comprometendo-se com eles, Acabe assumiu de vez a idolatria, até então um tanto quanto disfarçada, trazendo o culto a Baal para Israel.
– Acabe casou-se com Jezabel, filha de Etbaal, rei de Sidom, e, com este casamento, permitiu que se construísse um templo a Baal em Samaria, como também ele próprio levantou um altar a Baal, como também construiu um bosque para Baal, passando a servir a Baal e a participar de seu culto (I Rs.16:31,32).
– Assim, sessenta e dois anos depois de Jeroboão ter violado a lei de Moisés, determinando que o povo de Israel cultuasse a Deus de forma contrária à própria determinação divina, Acabe violava o primeiro mandamento, admitindo a adoração a outros deuses além do Senhor, passando a adorar a Baal e a servi-lo, apesar de ainda dizer que servia a Deus.
– A apostasia chegava ao seu ponto culminante, pois o povo de Israel passava a dizer que havia outros deuses além do Senhor e, seguindo o exemplo do seu rei, passava a servir também a Baal, a quem se construiu um templo, um altar e um bosque para adoração.
– Mais uma vez vemos a gradualidade da apostasia. O que se iniciou como um pequeno desvio espiritual, como uma “forma diferente” de se cultuar a Deus acabou redundando em uma explícita idolatria, em uma nítida rejeição da lei do Senhor, já que se violava o primeiro mandamento: “Não terás outros deuses diante de mim” (Ex.20:3; Dt.5:7).
– É precisamente o que temos visto na Igreja ao longo de sua história e, mais nitidamente, em nossos dias. Pequenas “inovações”, pequenas “considerações” são a porta de entrada para que, anos depois, tenhamos a mais explícita rejeição e negação da sã doutrina, do Evangelho, da Palavra de Deus. Por acaso, não é o que vemos em diversos segmentos da Cristandade, que estão imersos na idolatria e em uma vida que nega completamente o que diz a Bíblia Sagrada?
– No entanto, também entre os que se dizem cristãos autênticos, que dizem ter a Bíblia como única regra de fé e prática, estamos a observar o mesmo fenômeno. As “inovações”, as “modernidades” estão a construir novos movimentos de apostasia, onde já se nota a presença de muitos “Baais” a assolar o povo de Deus. Voltemos às Escrituras, voltemos à simplicidade que há em Cristo Jesus, para que não venhamos a ser enganados como foi o povo de Israel nos dias de Acabe (II Co.11:3,4).
– Acabe casou-se com Jezabel dentro da mesma linha adotada por seu pai Onri, ou seja, de fazer aliança com os povos em volta de si. Etbaal, diz a história, era um próspero rei, que havia conseguido submeter Tiro a Sidom e, deste modo, controlava todo o comércio marítimo da época. Sob o ponto-de-vista político e econômico, a aliança firmada por Acabe era sobremodo vantajosa para Israel.
– Todavia, um tal raciocínio só seria possível dentro de uma mentalidade de total desprezo à Palavra de Deus, como era exatamente o caso. A aliança prevista por Acabe foi de total comprometimento com os sidônios, a ponto de se permitir que se construísse uma casa a Baal em Samaria.
– Como se não bastasse isso, Acabe, deslumbrado com a prosperidade material dos sidônios, e levando em conta que Baal era tido como o deus da fertilidade, o deus da prosperidade, acabou por servir a Baal, passando a adorá-lo, tendo levantando um altar a ele no templo que fora construído em Samaria, como também um bosque, onde também ele seria adorado, como era costume naquele tempo.
– Acabe não só permitiu que o culto a Baal fosse realizado na própria capital de Israel, como passou a participar ativamente dele, institucionalizando a idolatria e fazendo com que Israel passasse a ter mais de uma divindade oficialmente.
– Israel, assim, rejeitava solenemente tudo quanto lhe havia sido dado por Deus através de Moisés, fazia de Deus apenas uma divindade a mais, e divindade secundária, já que, na capital do reino o que havia era o templo a Baal e o próprio rei era o primeiro a adorar a Baal.
– Nos dias em que vivemos, não tem sido diferente. Muitos já construíram seus altares a Baal e têm se encurvado a Baal, como consequência desta vida de busca das coisas terrenas, como resultado de uma convivência comprometedora com o mundo e com o pecado, como efeito deste deslumbramento com a aparente prosperidade e sucesso vivido por aqueles que não servem a Deus.- Assim como Acabe, constroem uma vida em que o mundo, o pecado e Baal estão bem mais perto e acessíveis do que as coisas de Deus.
 Quantos, na atualidade, por exemplo, não estão a preferir a passar muito tempo vendo o que não convém nos meios de comunicação de massa ou na internet em vez de cultuar a Deus nas igrejas locais ou, mesmo, cultar a Deus em seus lares? São pessoas que puseram as coisas espirituais em segundo plano e preferem “estar na moda”, “viver como as demais nações”. Qual é a nossa situação?
– Acabe era, efetivamente, “o filho do pai”, alguém que não queria abrir mão da “vã maneira de viver que, por tradição, havia recebido de seu pai” (cf. I Pe.1:18), evitando romper com o pecado e com o mundo. No entanto, quem quiser servir a Deus deve ter uma conduta completamente oposta, pois não poderemos jamais servir ao Senhor se não nos separarmos do pecado e do mundo, pois temos de ser santos como é santo Aquele que nos chamou (I Pe.1:15,16).
– O povo de Israel, que, como vimos, já estava tão distante de Deus quanto o seu rei, logo se apressou em seguir os passos de Acabe e, deste modo, também passou a servir a Baal, como também a outros deuses, como Asera, a “deusa-mãe”, que, na mitologia, era avó ou mãe de Baal, num culto que tinha tanto progresso que, em pouco tempo, havia 450 profetas de Baal e 400 profetas de Asera (I Rs.18:19), fora os sacerdotes que serviam no templo e no bosque.
– A situação de indiferença com relação ao Senhor e à Sua Palavra era tanta que foi nestes dias que Jericó, a “cidade maldita”, foi reconstruída, apesar da palavra de Deus através de Josué de que a reconstrução de Jericó causaria maldição a começar do que a edificasse. No entanto, dentro de um clima espiritual de total desprezo ao que era dito por Deus, não é surpresa que tenha sido justo nos dias de Acabe que Hiel, o betelita, tenha reedificado Jericó e sofrido as consequências de seu gesto, com a morte de seus dois filhos (I Rs.16:34).
– Tudo isto ocorria em Israel, que não era nem sombra do reino sacerdotal e povo santo que Deus havia querido que ele fosse quando do pacto no Sinai (Ex.19:5,6). O povo servia a Baal e a Asera e não dava a mínima importância à lei de Moisés. Teria Deus desistido de Seu povo? Teria o mal triunfado? Não, não e não! Deus iria agir e, para tanto, levantaria um grande profeta, o maior que já havia surgido desde Moisés. É o que vamos ver na próxima lição.

Colaboração para o portal Escola Dominical – Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

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