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LIÇÃO Nº 12 – UM TIPO DO FUTURO ANTICRISTO

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O capítulo 11 de Daniel tem duplo cumprimento.        

Confira também abaixo leitura diária comentada por:  Pr. Marcos Alexandre Ferreira

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INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo do livro do profeta Daniel, hoje analisaremos seu capítulo onze.

– A revelação da guerra prolongada tem duplo cumprimento.

I – A REVELAÇÃO DA GUERRA PROLONGADA – O FUTURO DO IMPÉRIO MEDO-PERSA E O ESTABELECIMENTO DO IMPÉRIO GREGO  

– Na sequência do estudo do livro do profeta Daniel, analisaremos hoje o seu capítulo onze que, como vimos na lição anterior, é a revelação propriamente dita do homem vestido de linho, cuja visão foi relatada no capítulo dez.

– O homem vestido de linho veio trazer a Daniel uma revelação a respeito de uma guerra prolongada, como diz o próprio profeta em Dn.10:1. O próprio homem vestido de linho afirma que tal revelação diz respeito “…ao que há de acontecer ao teu povo nos derradeiros dias…” (Dn.10:14 “in medio”).

– Vemos, portanto, que a revelação dada a Daniel pelo homem vestido de linho deve ser entendida como uma revelação a respeito dos derradeiros dias do povo judeu, bem como a respeito de uma guerra prolongada.

– De pronto, vemos que o texto profético deve ser interpretado em “duplo cumprimento”, ou seja, deve ser visto como uma pormenorização a respeito do “fim dos tempos” e isto nos remete, claramente, dentro do contexto do livro, às “duas partes” do “último império mundial”, como vemos tanto no sonho da estátua que teve Nabucodonosor, como nas visões dos quatro animais simbólicos e do carneiro e do bode.

– As profecias de Daniel devem ser interpretadas em “duplo cumprimento”, ou seja, há um cumprimento imediato, referente ao período dos quatro impérios mundiais que dominariam o povo judeu a partir do cativeiro da Babilônia (Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma), como também um período remoto, ainda não cumprido, referente ao “Império Romano restaurado”, representado pelos dedos e pés da estátua do sonho de Nabucodonosor, pela “ponta pequena” do quarto animal terrível e espantoso e pela “ponta pequena” do bode, que é o “príncipe que há de vir” que se manifesta apenas na septuagésima semana da revelação das setenta semanas.

– Este “duplo cumprimento” é evidenciado pelo Senhor Jesus em Seu sermão profético, pois, ao final de Seu ministério terreno, apresenta a “abominação da desolação de que falou o profeta Daniel” (Mt.24:15) como um fato futuro, prova de que os episódios constantes da revelação do homem vestido de linho (que é o próprio Senhor Jesus) ainda não tinham se cumprido integralmente, o que desmente a chamada “linha de interpretação preterista”, algo que se poderá analisar com mais vagar no apêndice que fizemos neste trimestre.

– Pois bem, o homem vestido de linho veio, segundo o profeta, trazer-lhe uma revelação a respeito de uma “guerra prolongada” e, segundo o próprio ser celestial, trazer acontecimentos sobre os derradeiros dias do povo judeu.

– O homem vestido de linho diz que, já no primeiro ano de Dario, o medo, havia se levantado para animar e fortalecer o profeta Daniel (Dn.11:1).  Esta afirmação, que vem do próprio homem vestido de linho, revelanos algo extraordinário do ponto-de-vista espiritual, qual seja, a de que a meditação nas Escrituras traz-nos a consolação divina, faz com que o próprio Senhor Jesus venha nos consolar.

 OBS: “…Dario, o medo, é, pois, como muito acertadamente diz ‘Civiltá Católica’ (ns. 16 de fev e 15 de março de 1884, pp.414-32; 655-70, especialmente às p.656) o filho de Astiages, rei dos medos. O mesmo a quem Xenofonte chama de Ciáxares II. Era irmão de Mandane que foi mãe de Ciro e também era irmão de Amite que fora esposa de Nabucodonosor e, portanto, avó de Belsazar. Por este fato, por ser tio de Ciro, o jovem guerreiro o colocou no trono da cidade conquistada, sabendo que, por sua idade (sessenta e dois anos) e talvez já minado por alguma doença incurável, não podia ser rei por muito tempo. Assim foi, pois, dois anos mais tarde morria, deixando o trono a seu sobrinho como único senhor…” (MINHAM, Júlio. As maravilhas da ciência. 5.ed., p.270).

– Dizemos isto porque foi no primeiro ano do reinado de Dario, o medo, que Daniel entendeu, pelas Escrituras, que o cativeiro da Babilônia duraria setenta anos (Dn.9:1) e é neste instante que o homem vestido de linho se levantou para animar e fortalecer o profeta, mandando o anjo Gabriel para que revelasse a Daniel o mistério das setenta semanas.

– Por isso, em Seu ministério terreno, o Senhor Jesus disse que as Escrituras são Suas fidedignas testemunhas (Jo.5:39), bem como por meio delas temos esperança, já que elas nos trazem paciência e consolação (Rm.15:4).

– Quando meditamos nas Escrituras, somos renovados na nossa esperança, que é a âncora da nossa alma (Hb.6:19), âncora esta que nos impede de nos desviarmos espiritualmente e que nos possibilita a comunhão íntima com o Senhor, a nossa entrada no interior do véu, nosso acesso ao Santo dos santos, pelo vivo caminho que nos abriu o próprio Senhor (Hb.10:19,20).

– Daniel foi fortalecido e animado pelo homem vestido de linho, sem o saber até, quando, debruçado pelas Escrituras, entendeu que o tempo do cativeiro estava no fim e, por isso mesmo, começou a orar e a jejuar, tendo recebido a visita angelical que lhe trouxe a revelação das setenta semanas.

– Daniel prosseguiu buscando ao Senhor e, como diz o pastor Antonio Gilberto, por sua crescente intimidade com Deus, o profeta agora não é apenas animado e fortalecido pelo homem vestido de linho, mas pôde vê-lo e receber dele pessoalmente a revelação a respeito dos derradeiros dias de seu povo e da guerra prolongada.

– Agora, no terceiro ano de Ciro, o homem vestido de linho traz esta revelação ao profeta Daniel. Era o momento da “declaração da verdade”.

– A primeira revelação que traz o homem vestido de linho é a respeito do Império Medo-Persa, o que explica a reação do “príncipe do reino da Pérsia” que havia atrasado a chegada do homem vestido de linho por vinte e um dias.

– O homem vestido de linho diz a Daniel que, depois de Ciro, ainda haveria três reis na Pérsia, mas o quarto seria cumulado de grandes riquezas, mais do que todo os seus antecessores, e que, diante de tamanho enriquecimento, se voltaria contra o reino da Grécia (Dn.11:2,3).

– Daniel, que já havia testemunhado a queda do Império Babilônio, ficava a saber, agora com detalhes, a respeito do futuro do Império Medo-Persa e o início de sua derrocada, quando começaria a se voltar contra a Grécia, que Daniel já sabia que sucederia o Império Medo-Persa, conforme já lhe havia sido revelado na visão do carneiro e do bode (Dn.8:21).

– Conforme verificamos na história, isto se cumpriu integralmente, pois, depois de Ciro, reinaram sobre a Pérsia os seguintes reis: Cambises II (530-522 a.C.), Esmérdis (522 a.C., um usurpador), Dario I (521-486 a.C.) e Xerxes I (518-465 a.C.).

– Narra a história que Dario I iniciou guerra contra os gregos, que foi ampliada quando da subida ao trono de Xerxes I, que se dedicou com tenacidade para tentar derrotar os gregos, mas foi derrotado na batalha de Salamina em 480 a.C., derrota da qual nunca se recuperou, sendo, historicamente, o começo da derrocada do Império Medo-Persa em relação aos gregos, cumprindo-se, assim, literalmente o que foi revelado pelo homem vestido de linho.

– É importante verificar que o homem vestido de linho não revela a Daniel a derrocada do Império Medo-Persa, mas se limita a dizer que o combate com a Grécia teria início breve e que o quarto rei depois de Ciro se voltaria contra a Grécia, o que, realmente, ocorreu, pois Xerxes I chegou, inclusive, a invadir Atenas e a destruir até a Acrópole, a famosa área alta daquela cidade grega.

Como diz o reverendo Hernandes Dias Lopes, em seu livro Daniel: um homem amado no céu: “…Esse capítulo 11 de Daniel é um verdadeiro retrato do futuro.( Stuart Olyott. Ouse ser firme. O livro de Daniel, p. 157). E a história sendo contada antes dela acontecer. Osvaldo Litz chama esse capítulo de ‘recortes do futuro’(Osvaldo Litz. A estátua de pedra, JUERP. Rio de Janeiro, RJ. 1985: p. 140)…”  (p.136).

– Trata-se de uma revelação voltada para o futuro do povo judeu, é, sem dúvida, um detalhamento da história, mas não se trata de uma minuciosa descrição dos fatos futuros, pois o objetivo do homem vestido de linho é dar informações dirigidas ao profeta a respeito do futuro do povo judeu, não a elaboração de um “tratado de história do futuro”.

– Depois de ter mostrado a Daniel o início da derrocada do Império Medo-Persa em relação à Grécia, o homem vestido de linho passa a falar do “rei valente”, que outro não é que o próprio rei da Grécia, já mencionado na visão do carneiro e do bode, ou seja Alexandre, o Grande. Ele é aqui chamado de “um rei valente”.

– Sua valentia ficou evidenciada na guerra que empreendeu ao último rei da Pérsia, Dario III Codomano, quando conquistou o Império Medo-Persa. Ficou célebre a troca de cartas entre ambos os soberanos e como Alexandre, depois de ter derrotado o exército persa, contra o conselho de seus generais, que queriam que ele aceitasse a proposta de trégua proposta por Dario III, travou nova batalha, sendo amplamente vencedor. Como disse o homem vestido de linho, Alexandre reinou com grande domínio e fez o que lhe aprouve.

 OBS: “…Depois da troca destas cartas, os dois exércitos se defrontaram em Faristã,  onde os persas sofreram fragorosa derrota. Dário fugiu para além do Eufrates, e foi reunir um exército ainda mais numeroso. Tentou negociar com Alexandre, oferecendo-lhe pela paz a metade do seu reino, mas Alexandre, contra a opinião de seus generais, preferiu arriscar as suas tropas em nova batalha e ganhar toda a Pérsia.(…) Finalmente, em 21 de setembro de 331 a.C, aproveitando-se de um eclipse lunar, o exército macedônico comandado por Alexandre atravessou o Tigre, e de novo a Grécia e a Pérsia se defrontaram em Arbela (ou Gaugamela) numa das batalhas decisivas da História.

Mais uma vez a vitória coube a Alexandre, e desta vez lhe trouxe, na idade de vinte e cinco anos, a supremacia indisputável sobre a maior parte do mundo então conhecido. Mais uma vez em fuga, Dário foi morto por um dos seus sátrapas.…” (ALMEIDA, Abraão de. As visões proféticas de Daniel, pp.25-6).

– Um dos episódios que evidenciam a verdade desta revelação do homem vestido de linho a respeito de Alexandre, o Grande é o episódio que envolve a própria ida de Alexandre a Jerusalém, como narra Flávio Josefo. Instigado pelos samaritanos, que haviam se aliado a Alexandre, o rei grego marchou contra Jerusalém, mas o sumo sacerdote Jado, em virtude de um sonho, mandou que Alexandre fosse recebido com honras, tendo os sacerdotes à frente de uma procissão de recepção, com seus trajes sacerdotais.

 Ao ver esta cena, Alexandre desiste de guerrear contra os judeus, pois, ao ver os sacerdotes assim paramentados, lembrou de um sonho que tivera, antes de iniciar a conquista da Ásia, ocasião em que vira os sacerdotes que agora contemplava. Alexandre, então, não só decidiu não destruir Jerusalém, como passou a ter os judeus sob sua proteção, a ponto de tê-los convidado a construir um bairro judeu em Alexandria, a cidade que fundou no Egito e que foi, durante séculos, um importante centro judaico de todo o mundo. Vemos que, diante da própria revelação dada pelo homem vestido de linho, a proteção de Alexandre aos judeus se deu por um ato de sua vontade, pois fazia tudo quanto queria.

OBS: Reproduzimos, aqui, o trecho mencionado de Flávio Josefo: “…O ilustre conquistador, depois que tomou essa última cidade, avançou para Jerusalém, e o sumo sacerdote Jado, que bem conhecia a sua cólera contra ele, vendo-se com todo o povo em tão grave perigo, recorreu a Deus, ordenou orações públicas para implorar o seu auxílio e ofereceu-lhe sacrifícios.

Deus apareceu-lhe em sonhos na noite seguinte e disse-lhe que espalhasse flores pela cidade, mandasse abrir todas as portas e fosse ao encontro de Alexandre revestido de suas vestes sacerdotais, acompanhado pelos demais, que deveriam estar vestidos de branco, sem nada temer do soberano, porque ele os protegeria.

Jado comunicou com grande alegria a todo o povo a revelação que tivera, e todos se prepararam para esperar a vinda do rei. Quando se soube que ele já estava perto, o sumo sacerdote, acompanhado pelos outros sacerdotes e por todo o povo, foi ao seu encontro com essa pompa tão santa e tão diferente da de outras nações até o lugar denominado Safa, que em grego significa “mirante”, porque de lá se pode ver a cidade de Jerusalém e o Templo.

Os fenícios e os caldeus que integravam o exército de Alexandre não duvidavam de ele, na cólera em que se achava contra os judeus, lhes permitiria saquear Jerusalém e daria um castigo exemplar ao sumo sacerdote.

Mas aconteceu justamente o contrário, pois o soberano, apenas viu aquela grande multidão de homens vestidos de branco e os sacerdotes revestidos com os seus paramentos de linho e o sumo sacerdote com o seu éfode de cor azul adornado de ouro e com a tiara sobre a cabeça, que continha uma lâmina de ouro sobre a qual estava escrito o nome de Deus, aproximou-se sozinho dele, adorou aquele augusto nome e saudou o sumo sacerdote, ao qual ninguém ainda havia saudado.

Então os judeus reuniram-se em redor de Alexandre e elevaram a voz para desejar-lhe toda sorte de felicidade e de prosperidade. Porém os reis da Síria e os grandes que o acompanhavam ficaram tão espantados que julgaram que ele havia perdido o juízo. Parmênio, que desfrutava grande prestígio, perguntou-lhe como ele, que era adorado em todo mundo, adorava o sumo sacerdote dos judeus.

Respondeu Alexandre: “Não é a ele, ao sumo sacerdote, que adoro, mas ao Deus de quem ele é o ministro, pois quando eu estava ainda na Macedônia e imaginava como poderia conquistar a Ásia, ele me apareceu em sonhos com essas mesmas vestes e exortou-me a nada temer. Disse-me que passasse corajosamente o estreito do Helesponto e garantiu que Deus estaria à frente de meu exército e me faria conquistar o império dos persas.

 Eis por que, jamais tendo visto antes alguém revestido de trajes semelhantes a esses com que ele me apareceu em sonho, não posso duvidar de que tenha sido por ordem de Deus que empreendi esta guerra, e assim vencerei Dario, destruirei o império dos persas, e todas as coisas suceder-me-ão segundo os meus desejos”. Alexandre, depois de assim responder a Parmênio, abraçou o sumo sacerdote e os outros sacerdotes, caminhou no meio deles até Jerusalém, subiu ao Templo e ofereceu sacrifícios a Deus da maneira como o sumo sacerdote lhe disse para fazer.

O sumo sacerdote mostrou-lhe em seguida o livro de Daniel, no qual estava escrito que um príncipe grego destruiria o império dos persas e disse-lhe que não duvidava de que era dele que a profecia fazia menção. Alexandre ficou muito contente. No dia seguinte, mandou reunir o povo e ordenou que dissessem que favores desejavam receber dele.

O sumo sacerdote respondeu que eles suplicavam permissão para viver segundo as suas leis e as de seus antepassados e isenção, no sétimo ano, do tributo que lhe pagariam nos outros anos. Ele concordou.

 E, tendo eles também pedido que os judeus que moravam na Babilônia e na Média desfrutassem os mesmos favores, ele o prometeu com grande bondade e disse que se alguém desejasse servir em seus exércitos ele permitiria a tal pessoa viver segundo a sua religião e observar todos os seus costumes. Vários então alistaram-se.…” (JOSEFO, Flávio. Antiguidades Judaicas, XI,8. In: História dos hebreus. Trad. de Vicente Pedroso. Digitaliz. ebooksgospel.com.br. , pp.516-8)

– Não é à toa que o homem vestido de linho revelara a Daniel que, depois da peleja com os “príncipes da Pérsia”, viria o “príncipe da Grécia” (Dn.10:20), na contínua oposição das hostes espirituais da maldade contra o povo de Deus, investidas que, entretanto, estão sempre fadadas ao fracasso, pois, como diz o reverendo Hernandes Dias Lopes, “…Deus escreve a história antecipadamente. As coisas acontecem porque Deus as determinou. A história estava escrita desde a eternidade nos livros divinos (Dn.10.21), mas também seria registrada no livro de Daniel bastante tempo antes que acontecesse.…” (op.cit. p.136).

II – A REVELAÇÃO DA GUERRA PROLONGADA – A DIVISÃO DO IMPÉRIO GREGO E O CONFLITO ENTRE OS REINOS DO NORTE E DO SUL  

– Mas, como já havia sido revelado tanto na visão dos quatro animais simbólicos como na visão do carneiro e do bode, o homem vestido de linho mostra a Daniel que o reino do “rei valente” seria quebrado e repartido em quatro partes, ou, na expressão utilizada pelo homem vestido de linho, “para os quatro ventos do céu” (Dn.11:4).

– A revelação indica que o rei estaria de pé quando seu reino seria quebrado e repartido. Com efeito, Alexandre, o Grande estava no apogeu do seu poder, sem qualquer adversário que o ameaçasse, quando, com apenas 33 anos de idade, morreu. Assim, a divisão do seu reino não resultou de qualquer derrota militar, mas, sim, de sua morte prematura.

– Como bem disse o homem vestido de linho, seu reino não passou para a sua posteridade, ou seja, não foi entregue a seus descendentes, pois seu domínio foi dividido entre seus generais, generais estes que também não receberam o mesmo poder que teve Alexandre, visto que seus domínios foram inferiores tanto em extensão territorial, quanto em poder, cumprindo-se, assim, literalmente o que foi dito pelo homem vestido de linho, que, já neste livro de Daniel, mostra ter o absoluto controle da história.

– Este absoluto controle está estampado na expressão utilizada pelo homem vestido de linho: “…porque o seu reino será arrancado e passará a outros…” (Dn.11:4). A retirada do reino das mãos de Alexandre foi uma intervenção divina direta, para que Seus desígnios pudessem ser cumpridos. Não é à toa que a história registra que, pouco antes de morrer, Alexandre tenha determinado que fosse enterrado com as mãos para fora de seu caixão, para mostrar a todos que, embora tivesse conquistado o mundo, dele saía sem levar coisa alguma…

– Passa, então, o homem vestido de linho a se referir a apenas dois dos quatro reinos em que se dividiu o Império Greco-Macedônio. Por que a revelação se refere a apenas estes dois reinos, se foram quatro os surgidos da desintegração do Império? Por dois motivos principais, a saber:

primeiro, porque foram os reinos que tiveram maior duração, já que os outros dois não resistiram. Com efeito, o reino da Ásia Menor, entregue a Lisímaco, acabou se desfazendo com a morte deste em 281 a.C., sendo, em grande parte, anexado pelo reino da Síria, que é o reino do norte na revelação dada a Daniel e o reino de Cassandro, que ocupava a maior parte da Grécia, também se esfacelou poucos anos após a morte de Cassandro, diante dos conflitos entre seus filhos pelo trono.

 OBS: “…Os versos 5 e 20 do capítulo onze de Daniel falam de uma guerra prolongada entre os reis da Síria e do Egito. O primeiro destes versos é assim explicado por Sir Isac Newton: “Demétrio, filho de Antígono, conservou apenas uma pequena parte dos domínios paternos, e por fim perdeu Chipre para Ptolomeu. Mas depois do assassinato de Alexandre, filho e sucessor de Cassandro, rei da Macedônia, Demétrio apoderou-se desse reino no ano de 454 de Nabonassar (294 a.C).

Algum tempo depois, quando preparava um grande exército para reconquistar os domínios de seu pai na Ásia, Seleuco, Ptolomeu, Lisímaco e Pirro, rei do Épiro, ligaram-se contra ele, invadindo a Macedônia, corromperam o exército de Demétrio, pondo o rei em fuga. Em seguida, apoderaram-se do seu reino e o dividiram com Lisímaco. Sete meses após, Lisímaco venceu a Pirro, tomou-lhe a Macedônia e a susteve durante cinco anos e meio, unindo-a ao reino de Trácia.

Em suas guerras contra Antígono e Demétrio, Lisímaco lhes havia tomado a Caria, a Lídia e a Frigia. Ele tinha ainda um tesouro em Pérgamo, num castelo no topo de uma colina cônica na Frigia, perto do rio Caicus, cuja guarda havia confiado a um tal Filatero, que a princípio lhe foi fiel, mas por fim se revoltou contra ele, no último ano de seu reinado, pois Lisímaco, instigado por sua esposa Arsinoé, começou assassinando seu próprio filho Agatocles e depois diversos outros que o choravam.

A viúva de Agatocles fugiu com os filhos e alguns amigos, e pediu a Seleuco que guerreasse a Lisímaco. Diante disso, Filatero, que era acusado de ter sido o assassino de Agatocles, pela própria Arsinoé, pôs-se em armas ao lado de Seleuco. Nessa ocasião, Seleuco deu batalha a Lisímaco na Frigia; este morreu na batalha e Seleuco tomou o seu reino no ano 465 de Nabonassar (283 a.C).

‘Assim o império dos gregos, que inicialmente se havia dividido em quatro, reduziu-se novamente a dois reinos notáveis os quais são chamados por Daniel de os reinos do Sul e do Norte. Então Ptolomeu reinava sobre o Egito, a Líbia, a Etiópia, a Arábia, a Fenícia, a Celesíria e Chipre; e Seleuco, tendo unido três dos quatro reinos, tinha um domínio pouco inferior ao do império persa, conquistado por Alexandre Magno…’ (ALMEIDA, Abraão de. As visões proféticas de Daniel, pp.29-30).

– Por segundo, porque só estes dois reinos dizem respeito ao futuro do povo judeu, já que os judeus passaram pelo domínio de ambos os reinos e o objetivo da revelação era  trazer “…o que há de acontecer ao povo de Daniel nos derradeiros dias…” (Dn.10:14).

– Estes dois reinos, identificados como reino do norte e reino do sul, dizem respeito aos reinos do Egito (reino do sul), que foi entregue ao general Ptolomeu, que estabeleceu a dinastia ptolomaica, que perdurou até a conquista do Egito por Roma, que se deu com César Augusto em 30 a.C. e ao reino da Síria (reino do norte), que foi entregue ao general Seleuco, que estabeleceu a dinastia selêucida, que perdurou até a conquista da Síria por Roma, que se em deu 63 a.C., por obra de Pompeu, sendo certo que a parte oriental do reino foi dominada pelos partas desde 139 a.C., por obra do rei Mitrídrates I.

OBS: “…O Egito é mencionado por seu nome no versículo 8, identificando-o assim como o reino do Sul do versículo 9; isto naqueles tempos.…” (GILBERTO, Antonio. Daniel e Apocalipse: como entender o plano de Deus para os últimos dias. Digitaliz. por Escriba Digital, p.59).

– A revelação a respeito destes dois reinos começa com a indicação de que o reino do sul, ou seja, o Egito começaria como sendo “o reino forte” e que teria o predomínio da região. Com efeito, os judeus, após o término do reinado de Alexandre, ficaram sob a influência e domínio do Egito. Flávio Josefo indica que Ptolomeu se tornou senhor de Jerusalém e da Terra de Canaã.

OBS: “…Alexandre, o Grande, morreu, depois de vencer os persas e tratar Jerusalém do modo como falamos. Seu império foi dividido entre os chefes de seu exército: Antígono recebeu a Ásia; Seleuco, a Babilônia e as nações vizinhas; Lisímaco, o Helesponto; Cassandro, a Macedônia e Tolomeu, filho de Lago, o Egito. Houve divergências entre eles com relação ao governo, as quais causaram sangrentas e longas guerras, desolação em várias cidades e a morte de um grande número de pessoas.

A Síria sofreu todos esses males sob o reinado de Tolomeu, de quem acabamos de falar e ao qual se dava o nome de Sóter, isto é, “salvador”, mas ele mostrou que não o tinha por justo título, pois veio a Jerusalém num dia de sábado com o pretexto de oferecer sacrifícios, e os judeus — como não desconfiaram dele, pois era dia de descanso — receberam-no sem dificuldade.

Então esse príncipe tirou vários habitantes dos montes da Judéia, dos arredores de Jerusalém, da Samaria e do monte Cerizim e enviou-os para o Egito. Agatarchide, cnídio, que escreveu a história dos sucessores de Alexandre, censura por esse motivo a nossa tradição, dizendo que ela nos fez perder a liberdade. Disse ele: ‘Um povo, que traz o nome de judeu e que habita numa cidade grande e forte de nome Jerusalém, não tendo querido, por uma longa superstição, tomar as armas, permitiu que Tolomeu dela se tornasse senhor e rude dominador’. …” (JOSEFO, Flávio. Antiguidades Judaicas XII,1. In: História dos hebreus. Trad. de Vicente Pedroso. Digitaliz. ebooksgospel.com, p.519).

– Entretanto, a revelação diz que um dos príncipes do reino do norte se fortalecerá mais que o rei do sul e isto realmente se deu pois Seleuco, o primeiro rei da Síria, teve uma larga extensão de domínio, pois manteve as fronteiras do império conquistado por Alexandre até o rio Indo. Assim, os dois reinos começam fortalecidos e é esta força dos seus primeiros monarcas que fez com que eles durassem mais que os outros dois reinos, que logo caíram.

– Depois de dar a revelação da razão pela qual subsistirão estes dois reinos por longo período, o homem vestido de linho anuncia a Daniel que “…ao cabo de anos…” os dois reinos se aliariam. Como nos ensina o pastor Severino Pedro da Silva, “…Aqui temos outro intervalo na jornada profética. Este versículo levanos até ao ano 250 a.C. Os dois que fazem aliança no presente texto são Ptolomeu II ou Filadelfo [segundo rei do Egito, que reinou de 285 a 246 a.C., observação nossa] e Antíoco Theos [que foi o terceiro rei da Síria, chamado também Antíoco II, que reinou de 262 a 247 a.C., observação nossa].

O tratado de que fala a profecia foi o casamento de Antíoco Theos com a princesa egípcia Berenice, filha de Ptolomeu Filadelfo.…” (Daniel versículo por versículo, p.201).

– Apesar desta aliança, a paz não foi estabelecida entre os dois reinos, os quais ambos ambicionavam controlar a região dos judeus. Como assinala o pastor Severino Pedro da Silva, “…O tratado de que fala a profecia foi o casamento de Antíoco Theos com a princesa egípcia Berenice, filha de Ptolomeu Filadelfo. ‘A combinação deste tratado foi que Antíoco Theos havia de se divorciar da sua esposa Leodice, e fazer qualquer filho de Berenice herdeiro do reino.

Este convênio acabou num desastre’. O motivo deste “tratado” , como é chamado pela palavra divina, foi em virtude de Ptolomeu II sustentar duas guerras contra Antíoco Theos, rei da Síria; mesmo assim, o seu objetivo era tomar a Palestina. Sentindo-se derrotado, o rei da Síria, divorciou-se de sua esposa Laodice e casou com Berenice, filha de Filadelfo. Com a morte de Ptolomeu II, Antíoco Theos despede Berenice e volta à primeira esposa. Esta, temendo um novo divórcio, envenena o esposo e Berenice. Assim, como foi vaticinado, ‘ …não conservará a força de seu braço; nem ele persistirá’ . Tudo terminou em nada.…”(Daniel versículo por versículo, p.202), ou, como afirma o reverendo Hernandes Dias Lopes, “…Com a morte do pai de Berenice, Antíoco II voltou para sua ex-mulher, Laodice, e esta envenenou Berenice, o marido Antíoco II e o filho de Berenice, deixando um clima totalmente desfavorável para uma aliança de paz entre os dois reinos (Stuart Olyott. Ouse ser firme. O livro de Daniel, p. 159.)…” (Daniel: um homem amado no céu, p.138).

– Na sequência dos conflitos entre os reinos do Egito e da Síria, é dito, na revelação, que “do renovo das suas raízes um se levantará em seu lugar, e virá com o exército, e entrará nas fortalezas do rei no norte, e operará contra elas, e prevalecerá” (Dn.11:7), a indicar, portanto, que surgiria um rei do Egito que teria predomínio sobre o reino da Síria.

-“… Todos os estudiosos das predições do profeta Daniel concordam em que este ‘renovo’ , que se levantou da família de Ptolomeu II, foi Ptolomeu Evergetes, o irmão de Berenice. Ele conquistou a Síria, e levou suas armas vitoriosas até Babilônia, Susã, etc.

Ele matou a Laodice, esposa de Antíoco Theos, que envenenara a princesa, sua irmã. Depois desta grande façanha, ele prosseguiu e tomou as “ fortalezas” : os pontos estratégicos do reino da Síria, uma delas foi o porto de Antioquia. Este príncipe foi o maior dos Ptolomeus. Ele é cognominado também de Ptolomeu III [este rei do Egito reinou de 246 a 221 a.C., observação nossa]. Quando passou por Jerusalém, visitou o templo e nomeou para cobrar impostos na Palestina um sobrinho do sumo sacerdote Onias II.…”(SILVA, Severino Pedro da.op.cit., p.203).

– Notemos que os fatos revelados pelo homem vestido de linho a Daniel sempre guardam relevância para a história do povo judeu, pois é este o propósito das profecias de Daniel. Ptolomeu III passou por Jerusalém, visitou o templo e, por isso mesmo, teve aqui mencionada a sua história.

– Ptolomeu III teve grande vitória e realmente levou para o Egito grandes riquezas conquistadas junto ao reino da Síria, tendo sido o auge do domínio do reino do sul sobre o reino do norte.

– Entretanto, depois de algum tempo, diz o homem vestido de linho a Daniel que “o rei do sul se exasperará, e sairá, e pelejará contra ele, o reino do norte”, mas que não conseguiria prevalecer sobre o rei do norte, apesar de estar com um exército numeroso, e haverá embates entre os dois reinos, com a prevalência do reino do norte, desta vez (Dn.11:11-15). “…Embora o Egito esteja fortificado, ele será destruído. A superioridade do Sul durou pouco. O Norte teve uma decisiva vitória em Sidom (v. 15). Antíoco, o Grande, rei do Norte, parecia invencível. Ninguém era capaz de lhe resistir (v. 16).…” (LOPES, Hernandes Dias.op.cit., p.138).

– Com efeito, a história registra que, em 240 a.C., Seleuco II Calínico, rei da Síria, que governou de 247 a 227 a.C., tentou invadir o Egito, mas não teve êxito em virtude de uma grande tempestade, após sucesso na sua primeira investida, acabou tendo seu exército destroçado. Mas seus dois filhos, que o sucederam no trono, primeiramente Seleuco II (que reinou de 227 a 224 a.C.) e Antíoco III (que reinou de 224 a.C. a 187 a.C.), chamado de “Antíoco, o Grande”, continuaram com este intento, tendo Antíoco conseguido dominar a Palestina, ou seja, a terra onde viviam os judeus, que é “um dos filhos” mencionado em Dn.11:10. Notemos, irmãos, como os fatos sempre se relacionam com o povo judeu.

– Diante da conquista da terra dos judeus, o rei do Egito, Ptolomeu IV Filopator, que reinou de 180 a 145 a.C., tentou retomar o território perdido, empreendendo guerra contra Antíoco III, saindo vitorioso, tendo ido a Jerusalém. Como diz o pastor Severino Pedro da Silva: “…Os sírios, depois de encarniçada luta, foram derrotados em Ráfia. Filopater, valendo-se do ensejo de estar em Jerusalém, quis entrar no templo.

Os judeus em coro começaram a gritar e a protestar contra esse abuso. Filopater desistiu de entrar no templo, mas começou a odiar os judeus.…”( op.cit.,, p.205). Cumpre-se, então, o que o homem vestido de linho revelou a Daniel em Dn.11:11, ou seja, a derrota da “grande multidão” trazida pelo rei do norte contra o rei do sul.

– Este predomínio do rei do Egito, entretanto, “…ao cabo de tempos, isto é, de anos…” (Dn.11:13), viria, novamente, a ruir. O rei da Síria tornaria a guerrear contra o rei do Egito e, desta feita, auxiliado por muitos que se voltariam contra o Egito, tomaria a “cidade forte” e ninguém conseguiria subsistir contra ele (Dn.11:15).

– O que aqui é revelado também se cumpriu inteiramente, já que a história registra que, quatorze anos depois da conquista de Ptolomeu IV Filopator, Antíoco III, também conhecido como Antíoco, o Grande, organizou um novo exército, ainda mais numeroso, e voltou a guerrear contra o Egito, tendo invadido o Egito, aproveitando-se da morte do rei, que fora substituído por Ptolomeu V Epifânio, que não lhe pôde resistir.

Os egípcios, derrotados, liderados pelo general Scopas, invadiram Jerusalém e fizeram grande matança ali. Antíoco III, porém, foi até Jerusalém, expulsou os egípcios e foi recebido pelos judeus como um libertador, tendo, inclusive, instituído uma verba em favor dos sacrifícios do Templo.

– Este domínio de Antíoco III sobre Jerusalém foi também profetizado, pois o homem vestido de linho diz que “…ninguém poderá permanecer diante dele e estará na terra gloriosa e, por sua mão, se fará destruição…” (Dn.11:16). Flávio Josefo mostra o pleno domínio que Antíoco III teve sobre a terra onde habitava o povo judeu, inclusive transcrevendo cartas que mostrava o grande apreço que Antíoco III tinha com relação aos judeus e aos seus serviços religiosos.

OBS: “…Pouco tempo depois, Antíoco venceu Escopas numa grande batalha perto da nascente do Jordão e reconquistou a Síria e Samaria. Os judeus, então, entregaram-se inteiramente a ele, receberam o seu exército na cidade, alimentaram os seus elefantes e ajudaram as tropas que atacaram as guarnições deixadas por Escopas na fortaleza de Jerusalém.

Antíoco, para recompensá-los pela afeição que lhe haviam demonstrado, escreveu aos generais de seu exército e aos seus mais féis servidores, que disso sabiam, que resolvera gratificá-los.(…) O príncipe não se contentou em escrever essa carta, mas, para mostrar o seu respeito pelo Templo, fez um edito contendo o que segue: que jamais seria permitido a um estrangeiro lá penetrar sem o consentimento dos judeus, assim como ao judeu que não se tivesse purificado segundo o que a Lei determina; que não se levaria à cidade carne de cavalo, de mula ou de asno, quer domesticado, quer selvagem, de pantera, de raposa, de lebre ou de qualquer outro animal imundo que fosse proibido comer entre os judeus; que nem mesmo se levariam as suas peles e não se criaria nenhum deles, mas somente animais de que os seus antepassados estavam acostumados a se servir para os sacrifícios, sob pena de os contraventores pagarem uma multa de três mil dracmas de prata em favor dos sacerdotes.

O mesmo príncipe deu-nos ainda outra prova de seu afeto e da confiança que depositava em nós, pois, quando soube que havia rebelião na Frígia e na Lídia, escreveu a Zêuxis, que comandava o seu exército nas províncias superiores e era o mais querido de seus generais, que mandasse para a Frígia alguns dos judeus que moravam em Jerusalém.…” (JOSEFO, Flávio. Antiguidades Judaicas XII,4. In: História dos hebreus. Trad. de Vicente Pedroso. Digitaliz. ebooksgospel.com, pp.534-5).

– Diante deste seu crescimento, Antíoco III tentou refazer a aliança entre os dois reinos, como tentara, antes, o rei do Egito e, novamente, por força de um casamento. Por isso, o homem vestido de linho anunciou a Daniel que este rei “lhe dará uma filha das mulheres, para a corromper, mas ela não subsistirá, nem será para ele” (Dn.11:17). “…Novamente Antíoco põe “o seu rosto (contra o Egito), para vir com a força de todo o seu reino”.

 Os fatos e a História, dizem que Ptolomeu Epifânio, desta vez, não saiu à batalha, mas mandou seu general Scopas a combatê-lo. Travou-se uma sangrenta batalha e os egípcios foram derrotados nesta peleja.

 Antíoco, aproveitando-se da derrota dos exércitos de Ptolomeu Epifânio, prepara uma nova investida, como já ficou demonstrado no versículo quinze (15) deste capítulo. Sendo, porém, advertidos pelos romanos, desistiu deste intento; e, tomando a princesa Cleópatra, sua filha, deu-a em casamento a Ptolomeu; mas, como no tratado anterior entre Ptolomeu II e Antíoco Theos, que fizeram aliança através do casamento deste com a princesa Berenice, filha de Ptolomeu II, este casamento também terminou em nada.…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., pp.208-9).

– Devemos aqui, amados irmãos, verificar a soberania divina mais uma vez. A revelação era de uma “guerra prolongada” entre estes dois reinos e todas as tentativas de paz entre os dois reinos sempre foram fracassadas, pois o propósito divino não era que os dois reinos se unissem, mas, sim, que, no continuado conflito, se enfraquecessem para dar lugar ao quarto império mundial, que seria o Império Romano.

– Antíoco III, querendo crescer ainda em poder, encontrou um obstáculo, pois, querendo “dominar as ilhas”, encontraria “um príncipe” que “faria cessar o seu opróbrio contra ele e ainda faria tornar sobre ele o seu opróbrio” (Dn.11:18).

– Este príncipe que obrigou Antíoco III a fazer cessar o aumento de seu poder foi o Império Romano que, já senhor do Mediterrâneo, fez guerra contra o rei da Síria. “…Antíoco, o Grande, nas suas conquistas, excedeu-se, e isso começou a trazer              ‘opróbrio’ aos romanos; e o ‘príncipe’, do presente texto, que fez cessar o seu             ‘opróbrio’ , foi Cipião Asiático. Literalmente, este ‘príncipe’ é também chamado de               ‘capitão’. Ele marchou sobre a Síria (o reino do Norte); travou-se, então, renhida batalha em Magnísia, em 190 a.C., onde Antíoco III foi derrotado e feito tributário dos romanos; assim, o ‘príncipe’ , de que fala a profecia, fez ‘cessar o seu opróbrio’. Antíoco, indignado, virou-se, então, para as principais capitais (fortalezas) existentes naqueles dias, para tomá-las de improviso.…(SILVA, Severino Pedro da. op.cit., p.209).

– A revelação prossegue, dizendo que este rei, voltando-se contra as fortalezas, não terá sucesso e, em seu lugar, se levantará “…um arrecadador pela glória real…” que seria quebrantado e, isto sem ira e sem batalha…”.  Esta personagem é o sucessor de Antíoco III, chamado Seleuco IV Filopater, que reinou de 187 a 176 a.C., que ficou conhecido como um grande exator de impostos. Entre os judeus, teve má fama por causa de sua “sanha arrecadadora” e morreu envenenado, prova de que foi destronado “sem ira nem batalha”.

III – A REVELAÇÃO DA GUERRA PROLONGADA – O REI VIL 

– A partir do versículo 21 deste capítulo 11 do livro de Daniel, temos a descrição do sucessor de Seleuco IV Filopater, que é chamado de “um homem vil, ao qual não tinham dado a dignidade real, mas virá caladamente e tomará o reino com engano” (Dn.11:21), que é propriamente a personagem que dá título a esta lição, ou seja, “um tipo do futuro Anticristo”, que pastor Antonio Gilberto denomina de “o Anticristo do Antigo Testamento”.

– Trata-se de Antíoco IV Epifânio, que reinou na Síria de 176 a 164 a.C. Era o terceiro filho de Antíoco III, de modo que não era o seu sucessor natural, tendo conseguido o trono graças a um acordo firmado entre Roma e a Síria, já que Antíoco IV ficara, por quatorze anos, como refém entre os romanos, onde cresceu e, muito provavelmente, desenvolveu todo o seu caráter pervertido. Assim subiu ao trono por força de um “engano”, ou seja, da ingerência de Roma nos assuntos internos do reino selêucida.

OBS: “…Osvaldo Litz diz que Antíoco Epifânio passou quatorze anos em Roma, em contato com as imoralidades e extravagâncias dos romanos. Ali moldou seu caráter pervertido.135 Ele deu a si o título de Antíoco Epifânio (ilustre), mas o povo chamava-o Antíoco Epimanes (louco).…( LOPES, Hernandes Dias. op.cit., p.139).

-Esta característica primeira de que como Antíoco IV subiu ao trono da Síria é de grande importância para a tipologia bíblica. Aqui, aliás, é oportuno dizer o que significa “tipo”, no sentido que lhe dá o título de nossa lição.

– A palavra “tipo” vem do grego “typos”, cujo sentido é de “marca de um golpe; impressão, a marca feita com um cunho (daí o sentido de figura, imagem); modelo ou padrão”. “…A tipologia bíblica, portanto, envolve uma correspondência análoga em que eventos, pessoas e lugares anteriores na história da salvação tornam-se padrões por meio dos quais eventos posteriores, pessoas, etc. são interpretados” (G. R. Osborne). “…Os tipos são um conjunto de quadros, diretamente da mão de Deus pelo qual Ele ensinaria para o Seu povo coisas incompreensíveis.” (O que é um tipo? Disponível em: http://www.jesusnet.org.br/tabernaculo/tipologia.htm Acesso em 19 jun. 2009).…”

– Portanto, um “tipo” é uma figura, uma personagem que nos dá ensinamentos a respeito de alguém que viria no futuro. No caso em que estamos a analisar, vemos que Antíoco IV é um “tipo” do Anticristo, ou seja, uma personagem histórica que tem muito a nos ensinar a respeito daquele que será o último imperador mundial.

– Antíoco IV tornou-se rei da Síria “com engano”, sem que tivesse direitos a subir ao trono e tal investidura no poder se deu em virtude do poder romano. Isto nos indica, com clareza, que o Anticristo também subirá ao poder mediante uma surpreendente alteração das regras então vigentes para a assunção do governo e que tal investidura no poder terá o amparo do “Império Romano”, ou seja, daqueles dez reinos que lhe servirão de sustentação, já mostrados a Daniel no sonho da estátua de Nabucodonosor.

– A revelação do homem vestido de linho ainda diz que ele faria um concerto com o rei do sul, mas, “com os braços de uma inundação”, quebraria o concerto e inclusive prevaleceria contra “o príncipe do concerto”, pois, “…depois do concerto com ele, usará de engano, e subirá, e será fortalecido com pouca gente…” (Dn.11:23). A revelação não deixa dúvida: este “homem vil” terá a astúcia e o engano como suas principais armas para conquistar o poder.

– “… Antíoco, que era de disposição astuta, negociasse uma paz temporária com seu sobrinho Ptolomeu Filometor, rei do Egito. Sua irmã Cleópatra ainda era viva, e essa foi uma justificativa honrosa.

O anjo, pois, declara, primeiramente, a proposta de um armistício conduzindo à paz fixada entre os dois soberanos. Entretanto, ele acrescenta a pérfida conduta de Antíoco em suas amizades. Durante esses acordos, ou depois deles, ele o tratará traiçoeiramente.

Portanto, embora pretendesse ser amigo e aliado de seu sobrinho, todavia conduziu-se fraudulentamente em relação a ele. E subirá e prevalecerá com um pequeno bando-, significando que atacaria o menino de forma súbita. Pois quando Ptolomeu antecipava a recente amizade com seu tio, Antíoco aproveitou a oportunidade para fraudulentamente atacar algumas cidades com uma pequena força.

Ele assim enganou seu inimigo, o qual imaginava que todas as coisas estivessem tranquilas para seu lado; e assim, quando Ptolomeu não nutria por seu tio nenhum medo, de súbito perdeu algumas cidades. Eis o que o anjo tinha em mente: ele surgirá através do engano, e prevalecerá sem grandes forças, porque não atrairia sobre si nenhuma suspeita de guerra. É muito fácil oprimir um inimigo num estado de tranquilidade e na ausência do medo.… (CALVINO, João. Daniel. Trad. Valter Graciano Martins. Digitaliz. por jogois2006, v.2, pp.364-5).

– Este traço de personalidade de Antíoco IV não deixam margem a qualquer dúvida de que ele é, efetivamente, um “tipo” do Anticristo, que é chamado pelo apóstolo Paulo de “o homem do pecado”, o “filho da perdição”, o “iníquo” (II Ts.2:3,8), aquele “…cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás…” (II Ts.2:9), que é o “pai da mentira” (Jo.8:44), aquele que “engana todo o mundo” (Ap.12:9).

– O Anticristo agirá do mesmo modo quando, no meio da septuagésima semana, como dito pelo anjo Gabriel, quebrará o concerto que firmará com “muitos” israelitas e fará cessar o sacrifício diário do Templo reconstruído de Jerusalém e o profanará (Dn.9:27).

– Na sequência da revelação, o homem vestido de linho diz que, usando uma vez mais de astúcia, este “homem vil” virá também caladamente aos lugares mais férteis da província e fará o que jamais fizeram os seus ancestrais, repartindo os despojos e a riqueza. Efetivamente, ao contrário de seus ancestrais, Antíoco IV conseguiu se apoderar do Egito e tomar riquezas dele.

– Narra, então, a revelação uma nova guerra entre os reis do Egito e da Síria, com numerosos exércitos, guerra em que o rei do Egito, porém, não subsistiria, sendo certo que ambos os reis usariam da mentira como arma, querendo um prevalecer contra o outro, mas o fato é que o rei da Síria não prevaleceria, após estes confrontos. O rei da Síria, entretanto, voltaria para a sua terra com grandes riquezas (Dn.11:25-27).

– Tem-se aqui uma outra guerra entre Antíoco IV e Ptolomeu VI Filometor, que o rei do Egito, apesar de ter exército mais numeroso, não conseguiu vencer, visto que houve traição no seu próprio exército. Apesar da derrota militar, diante da grande matança ocorrida na guerra (conforme predito em Dn.11:26 – ‘cairão muitos traspassados’), os reis resolveram fazer um tratado, embora ambos estivessem de má-fé e agindo de engano um para o outro.

OBS: “…O que ocasionou esta aliança de Antíoco com Ptolomeu foi ter sido este derrotado; então decidiu aproximar-se de Antíoco Epifânio e ambos mantiveram uma paz aparente e, assentados a mesma mesa, falavam a mentira, pois nenhum nem outro cumpriu aquilo que tinha sido estabelecido no tratado de paz.…” (SILVA, Severino Pedro da. Daniel versículo por versículo, p.214).

– Temos aqui mais uma descrição tipológica do Anticristo que, também, quando de seu reinado, e após quebrar o concerto firmado com Israel na metade da septuagésima semana, também fará cessar o sacrifício diário no templo de Jerusalém e profanará o templo, assim como fez Antíoco IV.

– A revelação, então, narra que Antíoco IV retornaria a guerrear contra o Egito, mas esta sua segunda investida não seria exitosa como foi a primeira (Dn.11:29), pois “viriam contra ele navio de Quitim que lhe causariam tristeza”.

Com efeito, nesta nova investida contra o Egito, Antíoco IV, quando se aproximava da cidade de Alexandria para a conquistar, soube que havia uma frota romana lhe aguardando. Antíoco vai ao encontro dos romanos, com lisonjas, mas recebe uma carta do Senado romano mandando que terminasse a sua guerra contra o Egito. Acuado, Antíoco IV regressa para a Síria, mas, passando novamente pela terra dos judeus, realiza ainda mais atrocidades contra o povo judeu.

– É neste instante que Antíoco IV profana o templo de Jerusalém, com a “abominação desoladora” (Dn.11:31), que tem sido interpretada como a sendo a vinda da imagem de Zeus Olímpico para o interior do templo, onde passou a ser adorada. Este episódio histórico, porém, não se esgota aqui, pois o próprio Senhor Jesus diz que a “abominação de que falou o profeta Daniel” é um evento futuro (Mt.24:15; Mc.13:14), motivo por que, como ensina o pastor Antonio Gilberto, “…Até o versículo 35 temos o futuro imediato de Israel em relação às nações vizinhas.

Do versículo 36 em diante temos o futuro remoto de Israel, ligado principalmente ao ‘tempo de angústia de Jacó’ (Jr 30.7). O que há de acontecer a Israel nos ‘últimos dias’, conforme declarou o anjo no capítulo 10.14.…(op.cit., p.57).

– A história registra que Antíoco IV conseguiu o apoio de alguns judeus apóstatas, que, como diz a revelação, “foram pervertidos com lisonjas” pelo rei da Síria.”… Antíoco Epifânio possuía um ódio infernal por Israel. Ele profanou o templo e fez cessar os sacrifícios diários (v. 31). Ele levantou um altar pagão no templo e mandou sacrificar um porco no altar e borrifar o sangue no templo. Ele seduziu os judeus apóstatas (v. 31b,32). Contudo, aqueles que conheciam a Deus eram fortes e ativos (v. 32) e não cederam nem à sedução nem à violência. Homens com percepção espiritual circulavam entre o povo ensinando as Escrituras (v. 33). Continuaram pregando, mesmo sob perseguição e morte (v. 33-35). Muitos desses sábios morreram, mas aqueles que sobreviveram permaneceram puros até o fim.…”( LOPES, Hernandes Dias. op.cit., pp.1401).

OBS: Esta mortandade é atestada por Flávio Josefo: “…A maior parte do povo obedeceu-lhe [i.e., a Antíoco IV, observação nossa], fê-lo voluntariamente ou por medo; mas essas ameaças não puderam impedir aos que tinham virtude e generosidade, de observar as leis de seus pais; o cruel príncipe os fazia morrer, por vários tormentos.

Depois de os ter feito retalhar a golpes de chicote, sua horrível desumanidade não se contentava de fazê-los crucificar, mas, enquanto respiravam, ainda fazia enforcar e estrangular, perto deles, suas mulheres e os filhos que tinham sido circuncidados. Mandava queimar todos os livros das Sagradas Escrituras e não perdoava a um só de todos aqueles em cujas casas os encontrava…” (Antiguidades Judaicas XII,7. In: História dos hebreus. Trad. de Vicente Pedroso, v.2, p.25).

IV – A REVELAÇÃO DA GUERRA PROLONGADA – REVELAÇÕES A RESPEITO DO FIM DO TEMPO  

– A partir do versículo 35, o texto não nos fala apenas da vida de Antíoco IV, mas, também, se refere ao Anticristo, pois Antíoco IV é um “tipo” do Anticristo, pois, como nos fala o apóstolo João, há vários “anticristos” (I Jo.2:18), ou seja, várias personagens históricas que agem como o Anticristo, levantando-se contra Deus e o Seu povo.

– Como ensina o pastor Antonio Gilberto, o versículo 35 fala em “até o fim do tempo”, expressão que nos mostra, com clareza, que os fatos descritos a partir de então teriam apenas um cumprimento parcial durante o período interbíblico, mas terão um cumprimento cabal somente no “fim do tempo”, entendido este “fim do tempo” como aquele período final para a conversão de Israel, que já havia sido mostrado a Daniel pelo anjo Gabriel na revelação das setenta semanas (Dn.9:26,27).

– Não nos esqueçamos de que o objetivo das revelações a Daniel é indicar o que faltava acontecer para que as profecias messiânicas se cumprissem, para que ocorresse a redenção de Israel. E, aqui, a partir deste ponto da revelação da guerra prolongada, temos a revelação de fatos que se darão em dois momentos históricos, com relação a Antíoco IV, que era o que se fazia até então, como se verifica a partir do versículo 21, mas também com relação ao Anticristo, já que os fatos se relacionam com o “fim do tempo”.

OBS: “…Há quinze alusões no livro de Daniel sobre ‘o tempo do fim’ , cinco delas neste capítulo [capítulo 11, observação nossa]. Esse tempo do fim é a septuagésima semana de Daniel 9.27, com especial referência à segunda metade dela. Mas a expressão é também aplicada à época do Evangelho de Cristo (H b 1.3), à época do Espírito Santo (At 2.17), e também aos ‘ últimos dias maus’ (2 Tm 3.1).…” (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., p.217).

– No versículo 36,vemos que é dito que “este rei fará conforme a sua vontade; e se levantará, e se engrandecerá sobre todo o deu, e contra o Deus dos deuses falará coisas maravilhosas, e será próspero, até que a ira se complete; porque aquilo que está determinado será feito”.

Tem-se aqui uma descrição que nos remete à “ponta pequena” da visão dos quatro animais simbólicos, ponta em que “…havia olhos, como olhos de homem, e uma boca que falava grandiosamente…” (Dn.7:8), que o anjo interpretou ao profeta como  um rei que “…seria diferente dos primeiros, e abaterá três reis, e proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei e eles serão entregues na sua mão por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, mas o juízo estabelecer-se-á, e eles tirarão o seu domínio, para o destruir e para o desfazer até o fim…” (Dn.24-26).

– Na visão do carneiro e do bode, tem-se também a descrição de “…um rei feroz de cara, e será entendido em adivinhações, e se fortalecerá a sua força, mas não pelo seu próprio poder, e destruirá maravilhosamente, e prosperará, e fará o que lhe aprouver, e destruirá os fortes e o povo santo.

E pelo seu entendimento também fará prosperar o engano na sua mão, e no seu coração se engrandecerá, e por cauda da tranquilidade destruirá muitos, e se levantará contra o príncipe dos príncipes, mas sem mão será quebrado…” (Dn.8:2325).

– Na revelação das setenta semanas, é dito que um “príncipe que há de vir” haveria de fazer concerto com “muitos” por uma semana, mas “…na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre as abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador…” (Dn.9:27).

– Verificamos, pois, que esta personagem é para o “tempo do fim”, até porque, como já dissemos supra, a “abominação desoladora” é apontada pelo Senhor Jesus como um fato futuro e, nos dias em que o Senhor proferiu este Seu sermão, já havia ocorrido a profanação do templo de Jerusalém por Antíoco IV.

OBS: “…Os versículos 36-40 tratam de eventos de que não há correspondência em toda a história passada: um quadro profético do futuro Anticristo e sua atuação, especialmente quanto a Israel.…” (GILBERTO, Antonio. op.cit., p.60).

– Esta personagem indicada em Dn.11:36 é, portanto, o Anticristo, que terá a permissão divina para fazer tudo quanto quiser e se voltar contra o povo judeu, vencendo-os, e não somente a eles, mas, também, a todos quantos quiserem servir a Deus durante o seu terrível e tenebroso governo, que durará, como vemos na revelação das setenta semanas, sete anos.

OBS: “…Daniel fala sobre um rei satânico, o anticristo (v. 36-45). Esses versículos deixam de descrever o protótipo para descrever o reinado assustador do anticristo vindouro. Tanto amilenistas como pré-milenistas preferem interpretar Daniel 11.36-45 como uma profecia tocante ao anticristo escatológico.…” (LOPES, Hernandes Dias. op.cit., p.141).

– O Anticristo instituirá uma religião mundial, passará a ser adorado como Deus, por isso “se levantará e se engrandecerá sobre todo o deus”. É o que o apóstolo João nos fala no livro do Apocalipse, na revelação que lhe deu o Senhor Jesus, desvelando o que ainda ficou selado na visão de Daniel, ao nos indicar que um líder religioso fará com que todo o mundo passe a adorar o Anticristo e a sua imagem (Ap.13:14,15).

– O Anticristo blasfemará contra Deus, ou seja, ofenderá e desafiará o nome do Senhor, fazendo também sinais e prodígios, milagres que levarão as pessoas a crer que ele é realmente um deus, como nos indica o próprio apóstolo Paulo em II Ts.2:9,10, “…sinais e prodígios de mentira e, com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem e, por isso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira”.

– Tais circunstâncias não vemos em Antíoco IV que, embora tenha profanado o templo de Jerusalém e feito cessar o sacrifício diário, bem como posto uma imagem de Zeus Olímpico no templo, não se fez adorar como deus nem realizou qualquer sinal ou maravilha, prova de que era apenas uma figura desta personagem revelada ao profeta Daniel.

– Entretanto, repetindo o que já fora dito a Daniel nas visões e revelações anteriores, este inimigo de Deus seria devidamente julgado no tempo oportuno, quando sobre ele viria a ira divina, pois “tudo aquilo que está determinado será feito”. Tudo ocorrerá por uma permissão divina, para que o povo de Israel se converta ao Senhor, mas, no tempo certo, o Anticristo será derrotado e o Senhor Jesus triunfará. Aleluia!

– O homem vestido de linho continua a falar a respeito desta personagem, dizendo que ela “não terá respeito aos deuses de seus pais nem terá respeito ao amor das mulheres, nem a qualquer deus, porque sobre tudo se engrandecerá, mas ao deus das fortalezas honrará em seu lugar, e a um deus a quem seus pais não conheceram honrará com ouro, e com prata, e com pedras preciosas, e com coisas agradáveis.” (Dn.11:37,38).

– Nesta descrição mostra-nos, mais uma vez, que não se fala aqui de Antíoco IV, que, ao contrário do que está profetizado, queria que os judeus adotassem a religião politeísta grega, a ponto de ter posto uma imagem de Zeus Olímpico, o principal deus grego, no templo de Jerusalém. Tem-se aqui, nitidamente, o Anticristo, que instituirá uma nova religião, um novo culto, sob a liderança do Falso Profeta, seu líder religioso, como vemos em Ap.13.

Como disse o anjo na visão dos quatro animais simbólicos, o Anticristo “mudará os tempos e a lei”, ou seja, cuidará de instituir um novo credo religioso, que abarca os demais, a exemplo do que fizeram os imperadores romanos que, ao lado das religiões de cada povo conquistado, instituíram o “culto ao imperador”.

– O Anticristo, também, não respeitará a família, procurando destruí-la com todas as suas forças, já que a família é uma instituição criada por Deus. Por isso é dito que “não respeitará o amor das mulheres” e isto é um forte indicativo de que será ele próprio um homossexual, alguém que defenderá “novas formações familiares”. Vemos, aliás, como o ativismo homossexual de nossos dias é um prenúncio eloquente da mentalidade que regerá o governo do Anticristo.

– A religião do Anticristo será firmada na sua própria adoração, por isso é dito que “não respeitará qualquer deus, porque tudo se engrandecerá”, mas, num aparente paradoxo, “honrará o deus das fortalezas”.

Ora, amados irmãos, este “deus das fortalezas” outro não é senão o próprio Satanás, com quem o Anticristo terá a mais intensa comunhão que já teve um ser humano. Por isso, Jesus revela a João no livro do Apocalipse que “…toda a terra se maravilhou após a besta e adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta…” (Ap.13:3,4).Não é à toa, amados irmãos, que o satanismo tem crescido tremendamente nos últimos cem anos…

OBS: “…O deus das fortalezas a quem seus pais não conheceram, é, sem dúvida alguma, o ‘deus deste século’ (2 Co 4.4). O apóstolo Paulo falou em 2 Coríntios capítulo 10.4 de “ fortalezas espirituais” , quando disse: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus, para destruição das fortalezas” .

Essa interpretação do ponto de vista espiritual e profético coaduna-se muito com o argumento e tese principal (comp Ap 13.2 e ss). O Anticristo será um agente do próprio Satanás; seu governo será também segundo a eficácia (energia, ou operação interna) de Satanás, com todo o poder, sinais e prodígios de mentira.… (SILVA, Severino Pedro da. op.cit., p.221).

– Este “deus estranho” (Dn.11:39) auxiliará o Anticristo e fará com que domine sobre toda a terra, fazendo “sinais e prodígios de mentira”, que levará todos quantos não quiseram crer em Deus se curvar e adorar este ditador mundial como se deus fosse. Deus permitirá que isto ocorra, como retribuição pela incredulidade de todos quantos rejeitaram a salvação em Cristo Jesus (II Ts.2:3-11), inclusive o povo judeu.

– Neste “tempo do fim”, haverá uma nova guerra, em que o rei do sul, ou seja, o rei do Egito, lutará com o Anticristo, e o rei do norte, ou seja, o rei da Síria, também lutará contra o Anticristo, prova de que não se trata aqui de Antíoco IV, que não lutaria contra si mesmo, como bem nos explica o pastor Antonio Gilberto, “in verbis”: “…A expressão “rei do Norte”, no versículo 40, prova que não se trata aí de Antíoco Epifânio, porque este seria em breve o “rei do Norte” (isto é, da Síria), e é evidente que ele não iria combater a si mesmo… Logo, trata-se de um futuro reino.

O versículo mostra que no tempo do fim, isto é, na época da tribulação de Israel, o rei do Sul (que nesse tempo certamente não representará apenas o Egito, mas um bloco de nações norte-africanas) e o rei do Norte lutarão por algum tempo contra o Anticristo. Israel será a seguir invadido pelo reino do Norte (v. 41). O Egito também não escapará da sua invasão (v. 42).…” (op.cit., p.60).

– Certamente, este conflito se dará porque o Anticristo, dentro da sua religião mundial, afrontará o Islamismo que, a exemplo do Cristianismo e do Judaísmo, é uma religião monoteísta, que não aceita, de modo algum, a adoração de algum outro deus.

 Bem sabemos, nos dias em que vivemos, que, como bem ensina o filósofo brasileiro Olavo de Carvalho, “…as forças históricas que hoje disputam o poder no mundo articulam-se em três projetos de dominação global, que vou denominar provisoriamente ‘russo-chinês’, ‘ocidental’ (às vezes chamado erroneamente ‘anglo-americano’) e ‘islâmico’…(Debate com Duguin I. Disponível em: http://www.olavodecarvalho.org/textos/110307debate.html Acesso em 22 out. 2014). Destarte, em algum instante, o Anticristo confrontará com a fé islâmica e tais países acabarão por entrar em conflito com ele, que é o que aqui está descrito.

– Neste ponto, aliás, o escritor norte-americano Joel Richardson, o principal defensor moderno da “linha de interpretação futurista orientalista” das profecias de Daniel, mostra, claramente, que, no mundo islâmico do Oriente Médio, hoje em dia, há nitidamente um alinhamento de países que nos permite identificar o “rei do sul” como sendo o Egito e seus aliados e o “rei do norte” como sendo a Turquia e seus aliados. Embora discordemos do entendimento deste escritor de que o Anticristo seja o Califado Islâmico (veja apêndice 1 no Portal Escola Dominical), parece-nos sem sombra de dúvida de que esta conjugação de forças é cumprimento do que vemos em Dn.11:40.

OBS: “…Bem, em Dn.11:43, é dito que ‘nos últimos dias’, emergiria uma aliança egípcio-sudanesa-líbia. No versículo 40, é dito que, nos últimos dias, haveria um confronto militar entre o rei do sul (Egito) e “o rei do norte”. Historicamente,  isto se refere à região onde Síria, Turquia e Iraque se interseccionam, mas a qual eu acredito se que se refere a Turquia moderna…” (RICHARDSON, Joel. Egito e Sudão: a emergência da aliança do ‘rei do sul’?. Disponível em: http://www.joelstrumpet.com/?p=4891 Acesso em 22 out. 2014) (tradução nossa de texto em inglês).

– Antonio Gilberto entende que o “rei do Norte” seria mais amplo que a própria Turquia e seus aliados islâmicos. Para este grande mestre, “…Nos versículos 40-45 o sujeito gramatical que motiva todos os eventos aí descritos é certamente o “rei do Norte” do versículo 40.

No texto original esses versículos formam novo parágrafo. Esse reino nos tempos do Anticristo não será mais a Síria dos versículos anteriores do presente capítulo, mas um bloco de nações situadas ao extremo norte de Israel, encabeçadas pela Rússia, e chamadas na profecia, de Gogue e Magogue (Ez 38.15).…” (op.cit., p.60).

– É dito, então, pelo homem vestido de linho, que este rei terrível entrará na terra gloriosa, ou seja, em Jerusalém e derribará muitos países, o que sinaliza que o Anticristo vencerá as nações islâmicas que se voltarem contra ele e, então, o Anticristo se tornará senhor de todas estas terras, com exceção de “Edom e Moabe, e as primícias dos filhos de Amom”, que é, precisamente, como diz o pastor Severino Pedro da Silva, “…uma área demarcada por Deus, diante da face do destruidor.

Esta área servirá de ‘refúgio’ para o seu povo: o remanescente. Tanto no Antigo como no Novo Testamento, esse lugar de ‘ refúgio’ tem vários nomes: 1) O lugar preparado por Deus (Ap 12.6). 2) O refúgio (Is 16.4). 3) O quarto (Is 26.20). 4) O isolamento (SI 55.5-8), etc. Na simbologia profética, isso significa ‘o deserto dos povos’ (E z 20.35).…”.

– Este lugar é mencionado pelo Senhor Jesus em Seu sermão profético, quando aconselha os judeus a “fugirem para os montes” (Mt.24:16). É o lugar em que o Senhor protegerá o Seu povo do Anticristo, como indicado em Ap.12:14, onde ficarão por três anos e meio, até que o Senhor Jesus, pessoalmente, venha libertar o povo de Israel da iminente destruição.

– O Anticristo dominará o Egito, a Etiópia e a Líbia, que passarão a segui-lo (Dn.11:43), “mas os rumores do oriente e do norte o espantarão, e sairá com grande furor, para destruir e extirpar a muitos…” (Dn.11:44). Isto significa que “do oriente e do norte” virão ameaças ao Anticristo, que fará com que ele se volte contra estas “ameaças”.

– Após esta grande vitória militar, o Anticristo terá de realinhar suas forças, diante da existência do “rei do Norte”, que é esta aliança entre Turquia e seus aliados e a Rússia, que não terá sido invadido pelo Anticristo como foi o “rei do sul” e do “oriente”, que se entende ser a China.

 Por causa disto, concentrará suas tropas numa região entre o mar Mediterrâneo e o monte Sião (“…e armará as tendas do seu palácio entre o mar grande e o monte santo e glorioso…” – Dn.11:45) e, por fim, conseguirá enganar estas nações, fazendo-as aliar a si para combater os judeus que estarão na área que não conseguiu dominar (Edom, Moabe e as primícias dos filhos de Amom, região hoje correspondente à Jordânia).

Ao congregar todos estes exércitos para destruir Israel, “…virá o seu fim e não haverá quem o socorra” (Dn.11:45 “in fine”), pois se terá a batalha do Armagedom, quando o Senhor Jesus derrotará o Anticristo e instaurará o Seu reino milenial, ocasião em que o remanescente de Israel o reconhecerá como o Messias (Jl.3:1,2; Zc.14:1-9).

OBS: Como diz o pastor Severino Pedro da Silva, “…cremos que, durante os três anos e meio finais da Grande Tribulação, o Anticristo atingirá o apogeu do seu domínio (Dn 8.9-11), e, aproveitando as elevações naturais da terra Santa, armará seu poderoso arsenal de guerra entre o mar Mediterrâneo e o monte de Sião. (Ver verso 45.) Seu alvo nesta região estratégica é estabelecer suas poderosas bases de lançamento e torres de comunicação (comp 2 Cr 26.9,10,15; Is 14.13.)

O exército mencionado em Ap 9.16 é imenso. Nos dias de João, ele ultrapassava qualquer possibilidade de um exército aqui na terra, porém a visão tinha um caráter prospectivo e apontava para cerca de 2.000 anos depois, quando isso se está tornando possível.

Cremos que a China e seus satélites é o princípio da formação dessa grande potência chamada reis do Oriente ou reis do Leste pelo apóstolo João (A p 16.12). Vivemos uma época da história em que não é mais absurdo pensar num exército de 200.000.000 de soldados.

Recentemente um documento da China afirmou que, em caso de extrema necessidade, a China poderia contar com um exército popular de duzentos milhões de homens. De acordo com o presente texto e outros correlatos vistos em Daniel 6 Apocalipse, a Besta terá notícia de que um poderoso exército composto de 200.000.000 de cavaleiros, partindo do Oriente, já se encontra nas ribanceiras do Eufrates. O número será tão elevado, que ‘o espantarão” (v 44).

 Nesse momento, o Anticristo se valerá de um poder sobrenatural, e, auxiliado pelo dragão e pelo falso profeta, enviará para o rio Eufrates ‘três espíritos imundos, semelhantes a rãs’ (A p 16.13). Estes três mensageiros malignos, ao alcançarem o exército oriental, enganará seus dirigentes. (Comp Dn 11.34; 2 Tm 4.-1; Ap 16.14.)

 Depois de enganados, seguirão o Anticristo, e, impelidos por uma força sobrenatural simultânea com a vinda (parousia) do Senhor, retirar-se-ão de Jerusalém para o Armagedom, e ali encontrarão o ‘seu fim’ (v 45).…”(op.cit., p.225).

– A revelação do homem vestido de linho não termina aqui, mas, sim, o capítulo 11, que, como sabemos, foi uma divisão feita posteriormente. Mas ainda haveria novas revelações ao profeta Daniel, a respeito do futuro do povo judeu, como haveremos de ver na próxima lição.

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco 

Site: http://www.portalebd.org.br/files/4T2014_L12_caramuru.pdf

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