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LIÇÃO Nº 13 – TEMA A DEUS EM TODO TEMPO

lição 13

Na vida debaixo do sol, o homem deve temer a Deus e guardar os Seus mandamentos.

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Na vida debaixo do sol, o homem deve temer a Deus e guardar os Seus mandamentos.

INTRODUÇÃO

– Finalizando o estudo do livro de Eclesiastes, analisaremos o seu último capítulo, o capítulo 12.

– A conclusão do pregador é que o dever do homem, na vida debaixo do sol, é temer a Deus e guardar os Seus mandamentos.

I – LEMBRAR DO CRIADOR NOS DIAS DA MOCIDADE

– Estamos chegando ao final deste trimestre letivo, em que estudamos temas dos livros de Provérbios e Eclesiastes, dois dos três livros sapienciais das Escrituras. Esperamos que o estudo destes livros tenha podido nos fazer viver sobre a face da Terra dentro de uma perspectiva divina, entendendo o real sentido da nossa peregrinação terrena enquanto não somos levados à cidade celestial.

– Encerrando o estudo do livro de Eclesiastes, analisaremos o seu último capítulo, o capítulo 12, onde o pregador conclui o seu raciocínio. Já no capítulo 11, vemos que o pregador, a partir da investigação feita na vida debaixo do sol, percebeu que o homem não deveria ficar inerte, mas, sim, demonstrar a sua comunhão com Deus a partir da prática da verdade, da prática do bem.

– Depois de convidar todos a uma vida ativa sobre a face da Terra, Salomão dirigiu-se aos jovens, a fim de que eles, desde a mais tenra idade, se orientassem para a prática da verdade e do bem, tomando duas atitudes, quais seja, o afastar a ira do coração e o remover a carne do mal (Ec.11:10).

– Na sequência desta orientação aos jovens e adolescentes, o pregador, então, faz uma ligação para também se dirigir aos velhos, idosos como ele próprio. Com efeito, o pregador dissera aos jovens que a juventude e a adolescência são vaidade (Ec.11:10), porque passam rapidamente como o vapor.

– No entanto, para que a mocidade não fosse totalmente perdida, Salomão diz que, naqueles dias de vigor, de aproveitamento do vigor, que, lembremos, é algo legítimo, os jovens não deveriam se esquecer do seu Criador.

– Em meio a tanto vigor, a tanto divertimento, a tanto gasto de energia, os jovens jamais podem se esquecer de que há um Criador, de que existe algo “além do sol”, “acima do sol” e que, portanto, de tudo quanto se fizer neste mundo haveremos de prestar contas a Ele, ao nosso Criador. Por isso, o pregador é enfático ao dizer: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade”.

– Um dos grandes ardis satânicos em nossos dias é, precisamente, fazer crer a juventude que não há Deus, de que Deus não existe. Vivemos num mundo que ignora a existência divina e que, por causa disso, defende a “libertinagem”, a “autonomia”. Hoje, quando se fala em “liberdade”, está-se. Em verdade, confundindo “liberdade” com “autonomia”, coisas que são bem distintas.

– A “liberdade” é o poder de escolha, é o que costumamos denominar de “livre-arbítrio”, algo que Deus deu ao homem ao criá-lo. Vemos, em a narrativa da criação, que o Senhor, ao pôr o homem no jardim do Éden, disse textualmente que o ser humano poderia comer “livremente” de todas as árvores do jardim (Gn.2:16). Deus dera ao homem a capacidade de escolher, sem qualquer interferência, entre servir a Deus, ou não.

– Tal liberdade, no entanto, não significava, em absoluto, que o homem estivesse numa situação de igualdade para com Deus. O mesmo texto sagrado mostra-nos que Deus deu uma ordem ao homem, ao dizer que ele não deveria comer da árvore da ciência do bem e do mal pois, no dia em que fizesse isso, certamente morreria (Gn.2:16,17).

– O próprio Satanás, ao tentar a mulher, foi claro ao mostrar que havia um desnível entre Deus e o primeiro casal, visto que lhe propôs que, em comendo do fruto proibido, seria “igual a Deus” (Gn.3:5), prova de que o homem tinha bem consciência de que não era igual a Deus, era uma criatura e Deus, o Criador.

– Em virtude desta distinção entre Deus e o homem, da superioridade de Deus em relação ao homem, da circunstância de Deus ser o Senhor e o homem, servo, não podemos confundir “liberdade” com “autonomia”. “Autonomia” é independência, é o poder de ditar as suas próprias normas, as suas próprias leis, algo que o homem não tem, visto que quem dita as regras em todo o Universo é Aquele que tudo criou, o Senhor Deus.

– Salomão lembra os jovens que Deus continua sendo Deus, é o Criador de todas as coisas e, por isso mesmo, as regras, as normas são por Ele estabelecidos, cabendo ao homem cumpri-los, ou não. A “liberdade” do homem é “heterônoma”, ou seja, o homem pode, ou não, livremente aceitar, ou não, as regras estabelecidas, mas as regras são feitas por alguém diferente, o Criador, Aquele que está “acima do sol”.

– Quando verificamos que a liberdade é “heterônoma”, entendemos o outro lado da “liberdade” que é a “responsabilidade”. O homem pode fazer o que bem quiser, mas, como não é “autônomo”, tem de prestar contas a Outrem, Àquele que tudo fez e tudo governa. O homem pode escolher o que fazer, mas responderá perante Deus por tudo quanto fizer.

– É isto que Salomão diz aqui aos jovens e adolescentes a quem se dirige. Ao dizer que os jovens poderiam “andar pelos caminhos do coração e pela vista dos olhos”, já os advertira que tudo o que fosse feito seria trazido a juízo por Deus (Ec.11:9) e, agora, como que arrematando o seu ensino, manda que, durante estes dias de mocidade, os jovens e adolescentes se lembrassem do seu Criador, a fim de que, nesta lembrança, tivessem equilíbrio e sabedoria em suas ações.

– Como é necessário levarmos este ensino aos jovens e adolescentes de nossos dias, que têm sido doutrinados na mentira e na ilusão do ateísmo prático, ou seja, da mentalidade de que Deus, na prática, não existe.

– Nos dias hodiernos, existem as doutrinas e filosofias ateias que incutem na mente dos nossos jovens, máxime nas universidades, a ideia de que Deus não existe ou, se existe, não se importa conosco. Tal mentalidade tem crescido mesmo entre os que cristãos se dizem ser, até porque, lamentavelmente, nossos jovens não têm a necessária preparação doutrinária para enfrentar os bancos universitários, onde tal praga tem dominado preponderantemente.

– Mas, ao lado deste ensino teórico do ateísmo, tem-se desenvolvido grandemente o chamado “ateísmo prático”, ou seja, um “modus vivendi” que deixa Deus de lado, que simplesmente ignora a Pessoa Divina, uma maneira de viver que procura preencher o dia-a-dia de nossos jovens com a busca incessante pelo prazer, com o entretenimento a todo momento e a toda hora, num mundo onde não se tem mais espaço para a busca ao Senhor, para a oração, para a meditação nas Escrituras.

– Este “ateísmo prático” tem, inclusive, invadido as igrejas locais e o que se vê hoje entre jovens e adolescentes é uma aridez espiritual completa, onde a busca do reino de Deus e da sua justiça se transformou em consumismo de um entretenimento que substitui o culto e a adoração. Mais do que nunca, precisamos bradar aos jovens e adolescentes que se dizem cristãos: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade”!

– “Lembrar” aqui é a palavra hebraica “zakar” (זכר ), cujo sentido é de “chamar à mente”, “recordar”, ou seja, o conselho do pregador é que tudo quanto for feito debaixo do sol seja feito dentro de uma “lembrança” de Deus, ou seja, trazendo à mente a presença do Senhor em todo o mundo e a necessidade que temos de atender à Sua vontade.

– Se, em todas as nossas atitudes, estivermos a lembrar que Deus está nos vendo, que Deus existe e que devemos fazer-Lhe a vontade, certamente que nosso viver debaixo do sol será muito melhor, será uma razão para a glorificação do nome do Senhor. É a mesma perspectiva de vida que o escritor norte-americano Charles Sheldon (1857-1946) mostrou ser necessário viver no seu conhecido livro “Em seus passos, que faria Jesus?” Quando agimos sabendo que Jesus agiria daquela mesma maneira, estamos, sem dúvida, caminhando seguros para o céu.

II – A REALIDADE DA VELHICE

– Após ter dito que se deveria lembrar do Criador nos dias da mocidade, Salomão dirige-se aos idosos, pois afirma que a lembrança do Criador deve se dar nos dias da juventude antes que venham os maus dias, dias em que se dirá que não há contentamento.

– Salomão começa, então, a descrever a velhice, a idade avançada, o instante do ocaso da existência terrena do ser humano, dias em que há a perda do vigor, onde não se tem mais aquele ânimo da juventude e onde não se é possível mais vivenciar as alegrias e o contentamento que haviam sido desfrutados na idade tenra.

– Salomão, de forma poética, começa a elencar todas as dificuldades existentes na velhice, dificuldades que afetavam até aquele que vivera em uma glória humana, como era o caso do rei de Israel, a nos demonstrar, portanto, uma vez mais, que nada neste mundo que seja feito pelo homem pode alterar o ciclo natural das coisas estabelecido por Deus, mais uma prova de que o homem é menos que nada diante do universo criado pelo Senhor (Is.40:17;41:24).

– O primeiro senão da velhice é o “escurecimento do sol, da luz e das estrelas”, a nos falar, certamente, da perda da visão, que é consequência natural da idade avançada, a chamada “presbiopia”, que todos conhecem como “vista cansada”, “…a anomalia da visão que ocorre com o envelhecimento da pessoa, ocasionando o enrijecimento dos músculos ciliares, ocorrendo por volta dos 40 anos de idade.…” (Presbiopia. In: WIKIPÉDIA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Presbiopia Acesso em 31 out. 2013).

– Mas aqui Salomão não fala apenas da visão física, mas da própria perda da capacidade intelectual do idoso. Como ensina o comentarista bíblico Matthew Henry (1662-1714): “…sua fisionomia está enrugada e sua beleza e brilho, eclipsados, seus poderes e faculdades intelectuais, que eram como luzes na alma, estão enfraquecidos; seu entendimento e memória falham e sua apreensão não é tão rápida nem sua imaginação tão viva quanto costumava ser…” (Comentário Completo sobre toda a Bíblia. com. Ec.12:1-7. Disponível em: http://www.biblestudytools.com/commentaries/matthew-henry-complete/ecclesiastes/12.html Acesso em 31 out. 2013) (tradução nossa de texto original em inglês).

– Mas o pregador também diz que, nos dias da velhice, “as nuvens tornam a vir depois da chuva”, o que Matthew Henry interpreta como a contínua existência de dores e enfermidades entre os idosos: “…assim quando o tempo é de chuva, quando as nuvens tomam conta do céu, uma se sucedendo a outra, assim ocorre com os idosos, quando se livram de uma dor ou indisposição, eles são apanhados por uma outra, de modo que suas perturbações são como um contínuo gotejar num dia de chuva. O fim de um problema é, neste mundo, apenas o começo de um outro e um abismo chama outro abismo. Idosos são frequentemente afligidos com escorrimentos, como se estivessem molhados da chuva e, depois disso, mais nuvens voltassem, alimentando a secreção, de modo que isto é continuamente penoso, e, dessa maneira, o corpo se desfaz…” (ibid.) (tradução nossa de texto original em inglês).

– Na sequência da descrição do que são os “dias maus da velhice”, Salomão diz que é o instante da vida em que “os guardas da casa tremem” (Ec.12:3), o que tem sido interpretado como a tremedeira que é própria desta idade, em que mãos, braços e o próprio corpo passam a tremer. Também alguns interpretam esta passagem como sendo a perda de segurança e de convicção por parte dos idosos, que já não têm a mesma coragem e a impetuosidade do passado, são débeis na tomada de decisões, o que explica a expressão seguinte usada pelo pregador, qual seja, a de que, na velhice, “os homens fortes se curvam”. Salomão sabia o que estava a dizer, pois, na sua velhice, suas mulheres lhe haviam pervertido o coração e o levado a adorar ídolos (I Rs.11:4).

– Daí a importância de construirmos uma vida de comunhão com Deus desde a juventude, para estarmos, na velhice, bem perto do Senhor, com uma fé inabalável, para que a tibieza, que é própria desta idade, não nos venha a desviar dos caminhos do Senhor. Tomemos cuidado, amados irmãos!

– O “curvar-se dos homens fortes” (Ec.12:3) também tem sido entendido como a fragilidade que chegam às pernas do ser humano, que não mais conseguem sustentar o peso do corpo e, por isso, é comum vermos os mais idosos andarem “encolhidos”, “encurvados”, pois não se tem mais a força para sustentar o corpo. Há a fragilidade do esqueleto, da própria sustentação do organismo.

– A velhice, também, é o momento em que “cessam os moedores, por serem poucos” (Ec.12:3), ou seja, o momento em que os dentes se perdem, já não têm o mesmo vigor de antes, obrigando as pessoas a se utilizarem dos recursos odontológicos para poderem mastigar os alimentos.

– Salomão volta a dizer, então, a respeito da perda da visão física, o que faz com que alguns intérpretes indiquem que a primeira referência feita pelo pregador dizia respeito apenas à parte intelectual. Os dias da velhice são dias em que “se escurecem os que olham pelas janelas”, ou seja, dias em que a visão fica comprometida, como vemos, por exemplo, no caso de Eli, o juiz e sumo sacerdote de Israel (I Sm.3:2).

– O pregador prossegue, mostrando quão maus são os dias da velhice, ao dizer que “as duas portas da rua se fecham por causa do baixo ruído da moedura”, o que Matthew Henry interpreta como sendo o fato de que “…os idosos mantêm-se dentro de casa e não fazem caso de sair para entretenimento. Os lábios, as portas da boca, estão fechados no comer, porque os dentes se foram e o som da mastigação é pequeno, de modo que eles não têm aquele comando da sua carne em suas bocas que eles costumavam ter; eles não podem digerir a carne e, por conseguinte, pouca coisa é trazida para ser moída…” (ibid.) (tradução nossa de texto original em inglês).

– Como se isso fosse pouco, Salomão ainda que se “levantam-se à voz das aves, e todas as vozes do canto se baixam” (Ec.12:4), mostrando que os mais idosos têm sono leve, acordam com muita facilidade, levantando-se cedo, juntamente com as aves, porque já não conseguem ficar deitados por muito tempo.

– Além do mais, as muitas dores, o desgaste do corpo, todos estes incômodos fazem com que os idosos não tenham mais motivos para cantar, razão pela qual as “vozes do canto se baixam”. Já não há ânimo para se divertir com instrumentos musicais e com danças, como se fazia na juventude (Ec.2:8).

– Além disso, é fato que, com a idade, também há uma sensível perda da audição, de modo que os idosos já não mais distinguem os sons e os ruídos com clareza, tudo lhes parecendo ser “baixo” e “longínquo”, motivo por que, também se diz que “as vozes do canto se baixam”. – Por causa desta situação física e psíquica, os idosos temem “o que está no alto” (Ec.12:5), seja porque já não têm a agilidade necessária para chegarem a lugares altos, diante do comprometimento de suas pernas e de sua locomoção, seja, mesmo, porque um lugar alto lhes faz passar mal, ante o próprio comprometimento de seu sistema de equilíbrio.

– Sua fragilidade física, o desgaste do seu organismo também faz com que eles passem a viver amedrontados com tudo o que lhes sucede na vida. Passa a haver “espantos no caminho”, pois, sabedores de sua fraqueza insuperável, os mais velhos começam a temer as múltiplas situações em que podem ser envolvidos, máxime em nossos dias atuais, onde a maldade tem se multiplicado de tal maneira.

– Por isso mesmo, não é difícil encontrarmos os idosos reclusos em suas casas, sem coragem ou ânimo para saírem, para até mesmo se encontrarem com seus conhecidos e amigos, tendo em vista o aumento da criminalidade e o fato de, por causa de sua fraqueza, serem alvos preferenciais dos maus elementos que se multiplicam sobremaneira em nossa sociedade.

– Salomão diz que, na terceira idade, “floresce a amendoeira”(Ec.12:5), expressão que nos aponta para os cabelos brancos, as “cãs”, um sinal de que a idade chegou, de que a velhice tem alcançado alguém. A amendoeira, a primeira árvore a florescer no final do inverno e início da primavera no Oriente Médio, fica toda branca na florescência.

– As “cãs” indicam, assim, a velhice, o que, a princípio, é algo honroso, porquanto demonstram a experiência de vida, a vivência daquela pessoa, que, por isso, deve ser honrada (Lv.19:32; Pv.16:31; 20:29). No entanto, no sentido aqui trazido pelo pregador, as cãs são um indicador de que todas as mazelas da velhice estão presentes na pessoa que as tem.

– Mas o tempo da velhice é também o tempo em que “o gafanhoto é um peso” (Ec.12:5), ou seja, os idosos não conseguem carregar nem as coisas mais leves, não aguentam mais peso, diante de sua fragilidade física.

– O tempo da velhice é, também, o tempo em que “perece o apetite” (Ec.12:5), ou seja, é o instante em que os instintos carnais estão sobremodo mitigados, de sorte que o desejo se apequena, não tendo mais o idoso vontade de se alimentar e, mesmo, vontade sexual como tinha em outros tempos.

– O tempo da velhice, com todas essas vicissitudes, mostra a triste realidade da vida debaixo do sol. Através destes penares no dia-a-dia da existência, o idoso sempre, como ninguém, a proximidade da morte, o destino de todo aquele que vive debaixo do sol. – Assim, mesmo em meio a tantas dores e tribulações, a grande verdade é que a terceira idade permite a seu portador uma reflexão a respeito de toda a falta de sentido e da transitoriedade da vida debaixo do sol.

– Ao sentir em sua pele a degeneração do corpo humano, o idoso pode, como ninguém, perceber que tudo quanto se oferece nesta vida debaixo do sol é uma ilusão, pois tudo quanto se oferece ao homem é passageiro e nada impede que haja a degeneração do corpo e a chegada de todas estas vicissitudes que ele presencia e experimenta a cada dia.

– Na verdade, o idoso pode perceber, no seu cotidiano, que tudo quanto a vida debaixo do sol oferece e tudo quanto ele experimentou para nada serviu. Apenas a ordem divina da degeneração do ser humano, por causa do pecado, manteve-se inabalada durante todo o passar dos anos, a ponto de ele estar a presenciar, em seu próprio corpo, a veracidade e a suficiência da Palavra de Deus.

– Salomão, mesmo, depois de tanta glória, fama, riquezas, inteligência e poder, vivenciava aquilo que bem descrevia na parte final de seu sermão. Ele que tivera tantas mulheres, tanto prazer, tanta alegria, tanto trabalho, tanto poder, tanto prestígio, estava a sentir tudo aquilo que estava a dizer, percebendo que de tudo o que tivera, nada pudera impedi-lo de se aproximar, cada vez mais, do pó da terra. “O homem se vai à sua eterna casa e os pranteadores andarão rodeando pela praça” (Ec.12:5).

– O idoso sente a proximidade da morte e entende, como ninguém, como é real o juízo divino lançado sobre o homem após o pecado, de que ele seria pó e ao pó tornaria (Gn.3:19). A despeito de tudo quanto fizermos no mundo, em atingindo a terceira idade, a única coisa que fica, na realidade, é a proximidade da morte, a ponto de o pregador dizer que sente que os “pranteadores”, aqueles profissionais que eram pagos para chorar nos funerais, estavam rodeando pela praça, aguardavam o momento de chorar pelo idoso.

– É fato que os idosos passam a pensar fixamente na morte, o que, aliás, faz com que a companhia de uma pessoa mais velha seja abominada por alguns, que não querem nem pensar na morte, que é algo que sempre se encontra na mente do idoso. Se é verdade que isto não pode ser um pensamento extremamente fixo, é natural, como nos mostra Salomão, que isto esteja permanentemente na mente do idoso, pois faz parte deste ciclo da vida a contemplação desta realidade inexorável.

– É desta contemplação da morte como uma realidade que advém a sabedoria dos mais idosos. Quando o idoso percebe esta proximidade e faz deste sentir um motivo a mais para se aproximar de Deus e para transmitir a realidade da vida debaixo do sol aos mais jovens, temos uma pessoa que muito contribuirá para o crescimento espiritual dos que o cercam.

– O idoso não deve sentir a proximidade da morte como um pavor, como um motivo de desalento ou desânimo, como um fator de depressão, mas como uma oportunidade ímpar que o Senhor lhe dá para que enxergue a vida com os olhos da fé, para entender o caráter passageiro e transitório da vida, a fim de que possa transmitir esta experiência para os mais jovens, a fim de que estes, ainda no limiar da existência, venham a se lembrar do Criador agora, quando têm vigor, para que não sofram um “choque de realidade” na terceira idade, com todas as suas vicissitudes psicofísicas.

– O pregador não está a defender que os idosos, ante a proximidade da morte, prostrem-se e fiquem inertes. Como vimos na lição anterior, o pregador convida todos a terem uma vida ativa, uma vida bem vivida, seja na juventude, seja na terceira idade. Aliás, embora estejam restritos pela idade avançada, os velhos podem, sim, muito contribuir para o bem do próximo. Tanto é assim que Salomão resolveu chamar o povo para lhes pregar este sermão, que é o livro de Eclesiastes, mostrando, com isso, que não estava inerte nem deprimido, mas decidido a mostrar a realidade da vida debaixo do sol para todos os seus súditos.

– O idoso, ao sentir a proximidade da morte, deve lembrar que o homem está indo para a sua “eterna casa”, que existe algo além da morte física, que a vida debaixo do sol é apenas um estágio, uma fase da existência humana. Por isso, deve se preparar convenientemente para passar para “o lado de lá”, o que não demorará a ocorrer. É um tempo de maior dedicação ao Senhor, de busca da Sua face, máxime através da oração e da meditação nas Escrituras, atividades que mais correspondem ao seu atual estado de fragilidade física.

– O idoso deve entender a velhice como uma oportunidade que o Senhor dá para que a pessoa faça aquilo que pode fazer nesta vida terrena. A concessão de idade avançada para alguém não é uma ocasião em que Deus queira fazer a pessoa sofrer, passar por dores ou algo semelhante. Muito pelo contrário, é um instante em que o Senhor quer que a pessoa aproveite estas “horas extras” debaixo do sol para fazer mais bem ao próximo e, principalmente, orientar os mais jovens a que tenham uma vida agradável a Deus nesta existência. É o tempo de “repartir com sete e ainda até com oito” a sua experiência de vida e levar o próximo a se lembrar do Criador desde os dias da sua mocidade.

III – A REALIDADE DA ETERNIDADE

– A proximidade da morte lembra o idoso de que ele está caminhando para a “eterna casa”, ou seja, como diz Matthew Henry, “…não apenas para a casa de onde ele nunca retornará para este mundo, mas para a casa onde ele ficará eternamente” (ibid.) (tradução nossa de texto original em inglês). Esta certeza que se torna cada vez mais real quando avançamos em idade deve ser transmitida aos mais jovens, até porque a morte não tem data para chegar, não atinge apenas os idosos, mas a todas faixas etárias.

– Esta realidade da morte, porém, é sentida, como ninguém, pelos idosos, é uma oportunidade que Deus dá ao homem para que pense mais neste importantíssimo assunto que é o local onde passaremos a eternidade.

Quando o Senhor concede a alguém a longevidade e para que ele tenha a oportunidade de se arrepender dos seus pecados e de ter uma vida de comunhão com Deus, a fim de não passar a eternidade longe de seu Criador, definitivamente d’Ele separado.

– Por isso o pregador adverte que estes “dias maus” vêm “antes que se quebre a cadeia de prata e se despedace o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se despedace a roda junto ao poço” (Ec.12:6).

– A “quebra da cadeia de prata” ou o “afrouxamento do fio de prata” (na Bíblia de Jerusalém), ou, ainda, “o rompimento do cordão de prata” (como se encontra na King James Atualizada) fala-nos da separação entre o corpo e o homem interior (alma e espírito), que é o que representa a morte física, como diz o pregador no versículo seguinte, onde afirma “que o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ec.12:7).

– Aqui Salomão mostra, claramente, que sua visão a respeito da vida debaixo do sol não era materialista nem um desencanto existencial, como acharam até alguns doutores da lei que demoraram em reconhecer o caráter autoritário do texto de Eclesiastes, sua qualidade de Palavra de Deus.

– Salomão aponta a realidade da vida debaixo do sol, a sua falta de sentido quando tomada por si mesma, mas não deixa de indicar que existe uma vida além desta vaidade, que existe uma vida além-túmulo.

– O pregador sempre aponta como um fim desta vida debaixo do sol, como um limite que mostra que a vida, se vista sob perspectiva exclusivamente terrena, simplesmente acaba quando vamos para a sepultura. É este o sentido que deve ser interpretado o pregador quando fala que, “sepultura, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma” (Ec.9:10).

– A morte é o fim de todas as coisas que se criam na vida debaixo do sol. Com a morte física, cessam todas as ilusões construídas ao longo da peregrinação terrena, como a alegria, a fama, as riquezas, o poder e tudo o que este mundo pode oferecer.

– Ao contrário dos filósofos existencialistas, que, ao contemplarem a realidade da morte, dizerem que esta realidade gera a “angústia da existência” e que, por causa disso, deve o homem como que “esquecer esta realidade” e passar a viver como se a morte não existisse, “curtindo” a vida, não buscando qualquer sentido nela, o que gera toda a irresponsabilidade e o viver autodestrutivo que temos contemplado no mundo sem Deus e sem salvação, que segue esta filosofia que desbanca para o hedonismo, o pregador diz que esta realidade deve nos despertar para uma vida sóbria, pois esta vida terrena é uma mera passagem para algo que é a “eterna casa”, a “durável morada” de todo ser humano.

OBS: Os filósofos existencialistas são um dos mais importantes “gurus” da vida pós-moderna. Dentre eles, destaca-se o filósofo francês Jean Paul Sartre(1905-1980), que, entre outros ensinos, disse que “o inferno são os outros” e que “não importa o que faremos de nós. O que importa é o que faremos daquilo que fizeram de nós””, pensamentos que demonstram como se defendia que o homem fugisse da realidade de sua existência passageira na terra através da busca incessante da satisfação do seu ego.

– A morte não é o fim de todas as coisas. O pregador diz que é o instante em que “se quebra a cadeia de prata”, ou seja, o momento em que se desliga o corpo do homem interior (alma e espírito). O corpo volta à terra, mas o espírito (i.e., o homem interior, pois, no Antigo Testamento, não há ainda a ideia da divisão entre alma e espírito, o que somente se explicitará em o Novo Testamento) volta a Deus, que o deu, ou seja, há vida após a morte física, a existência perdura, vindo, depois da morte, o juízo (Hb.9:27).

– A morte é o instante em que “se despedaça o copo de ouro”, ou seja, o momento em que o corpo se desfaz, o corpo que segurava o “conteúdo”, que é o “espírito”, o “homem interior”. É interessante verificar que, ao chamar o corpo de “copo de ouro”, Salomão dá grande valor ao corpo, mesmo sendo ele pó e que tornará à terra. No entanto, o corpo foi criado por Deus e, por isso mesmo, é algo que deve ser respeitado e devidamente avaliado.

– A morte é o instante em que “se despedaça o cântaro junto à fonte” e aqui temos uma analogia que é frequente nas Escrituras, que é a de comparar o corpo humano a um “vaso de barro”. O cântaro aqui, que se encontra junto às fontes, é despedaçado. Deus deixa de SAR vida, de sustentar aquele corpo com vida num determinado instante e, assim, o cântaro perde a água, perde contato com a fonte da vida, que é o Senhor, Aquele que dá o fôlego de vida a todo ser vivente (Gn.2:7).

– A morte é o instante em que “se despedaça a roda junto ao poço”, ou seja, o momento em que a máquina maravilhosamente criada por Deus para manter alguém sobrevivendo deixa de funcionar, “…o movimento de todas as todas as rodas e eles não mais funcionam. A máquina é partida em pedaços; o coração não bate mais nem o sangue circula mais…” (HENRY, Matthew. ibid.) (tradução nossa de texto original em inglês).

– Há intérpretes que entendem, ainda, que o pregador, ao descrever a morte de quatro maneiras, quis mostrar que ela alcança tanto ricos quanto pobres. Se a morte é o “despedaçamento da cadeia de prata ou do copo de ouro”, querendo, com isso, falar a respeito dos ricos, que são cercados de ouro e de prata em seu dia-a-dia, também é o “despedaçamento do cântaro junto à fonte ou da roda junto ao poço”, querendo, com isso, indicar os mais pobres, os mais desafortunados socialmente. A morte alcança a todos, sem qualquer distinção.

– Ante esta constatação, o pregador torna ao que dissera no início de seu sermão, descrevendo a realidade da vida debaixo do sol: “Vaidade de vaidade, diz o pregador, tudo é vaidade” (Ec.12:8).

– Ante esta constatação, como idoso, porém, o pregador faz questão de mostrar qual é o trabalho a ser efetuado pelo que alcançou a terceira idade, que é o de buscar cada vez mais sabedoria, para ensinar o povo, tudo examinando e deixando muitos provérbios para que o povo não seja iludido pela vaidade da vida debaixo do sol (Ec.12:9).

IV – A CONCLUSÃO DO PREGADOR

– Após ter bem examinado a vida debaixo do sol, ter verificado que tudo é vaidade, bem como procurado ensinar o povo a respeito desta realidade, o pregador diz que procurou achar palavras agradáveis, mas, simultaneamente, verdadeiras, a fim de mostrar ao mundo qual é a realidade da vida debaixo do sol e da extrema necessidade que temos de não nos deixarmos envolver por ela.

– Esta preocupação do pregador deve ser uma constante em todos quantos foram chamados para ser mestres na casa de Deus, na Sua Igreja, a começar dos pais, que recebem diretamente do Senhor esta incumbência e chamada a partir do momento em que formam prole.

– É preciso que o mestre siga o exemplo do pregador e tudo investigue para bem ensinar os seus alunos, os seus discípulos. O salmista afirma que “o ímpio não investiga” (Sl.10:4) e não o faz porque é orgulhoso, soberbo, não quer aprender de Deus.

– Torna-se absolutamente necessário que aquele que é chamado para ensinar seja humilde, queira aprender de Deus e com Deus, aprender d’Aquele que é manso e humilde de coração (Mt.11:29). É imperioso ser humilde para que se possa aprender e, sem que haja aprendizado, o ensino é simplesmente impossível.

– Diz Hugo de São Vítor (1096-1141) que “…A humildade é o princípio do aprendizado, e sobre ela, muita coisa tendo sido escrita, as três seguintes, de modo especial, dizem respeito ao estudante. A primeira é que não tenha como vil nenhuma ciência e nenhuma escritura. A segunda é que não se envergonhe de aprender de ninguém.A terceira é que, quando tiver alcançado a ciência, não despreze aos demais. Muitos se enganaram por quererem parecer sábios antes do tempo, pois com isto se envergonharam de aprender dos demais o que ignoravam. Tu, porém, meu filho, aprende de todos de boa vontade aquilo que desconheces. Serás mais sábio do que todos, se quiseres aprender de todos. Nenhuma ciência, portanto, tenha como vil, porque toda ciência é boa. Nenhuma escritura, ou pelo menos, nenhuma lei desprezes, se estiver à disposição. Se nada lucrares, também nada terás perdido. Diz, de fato, o Apóstolo: “Omnia legentes, quae bona sunt tenentes”[Examinai tudo, retende o bem, observação nossa]. O bom estudante deve ser humilde e manso, inteiramente alheio aos cuidados do mundo e às tentações dos prazeres, e solícito em aprender de boa vontade de todos. Nunca presuma de sua ciência; não queira parecer douto, mas sê-lo; busque os ditos dos sábios, e procure ardentemente ter sempre os seus vultos diante dos olhos da mente, como um espelho…” …” (Notas sobre a pedagogia de Hugo de São Vítor. Disponível em: http://www.cristianismo.org.br/pedggvit.htm Acesso em 31 out. 2013).

– Nos dias difíceis em que estamos a viver, as pessoas não querem mais aprender, não têm tempo para investigar, preferem ceder à tentação do engano da “informação pronta” que o mundo lhes está oferecendo. O fato é que, apesar de termos acesso a milhões e milhões de informações, por causa do avanço tecnológico, estamos muito mais ignorantes do que nossos pais ou nossos avós, simplesmente porque não paramos para investigar, para processar as informações que recebemos. Achamo-nos “sábios”, somos soberbos e, por isso, nada aprendemos.

– Se não aprendemos, não temos como ensinar. Mas não foi isto que fez o pregador. No início de seu sermão, ele já nos dissera que havia aplicado seu coração a esquadrinhar e a se informar com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu, porque Deus havia dado aos homens esta enfadonha ocupação para nela os exercitar (Ec.1:13) e, agora, ao término de seu discurso, observa que levou a cabo esta tarefa, tendo “atentado e esquadrinhado e composto muitos provérbios” (Ec.12:9).

– A nossa peregrinação terrena tem de ser uma peregrinação de exames, investigações e pesquisas, para que, não só desempenhemos a tarefa que Deus nos deu de tudo esquadrinhar, cumprindo, assim, um propósito divino para nossas vidas, como também para que possamos, através destas investigações, observar a falta de sentido da vida debaixo do sol e, com isso, concluirmos que há algo além disso, que há um Criador que faz com que tudo tenha sentido e razão de ser.

– A verdadeira ciência, portanto, além de não ser simplesmente teórica e um amontoado de informações, sempre nos levará a não só entender tudo o que se passa debaixo do sol, mas a nos revelar que existe algo “além do sol”, de modo que a verdadeira ciência sempre nos levará até Deus, sempre nos levará a vislumbrar a maravilha que é o universo e a nos assegurar a nossa fé no Senhor.

– Toda ciência que se esforce em se opor à Palavra de Deus, que tenha por objetivo apenas provar que “Deus não existe” ou que “a Bíblia é falsa” nada mais é que a falsa ciência (I Tm.6:20), aquela que procura clamar, gritar, querendo, com seus clamores vãos e profanos, desmentir a verdade, mas que deve ser completamente desconsiderada, visto que é, assim como tudo que é criado na vida debaixo do sol, uma ilusão, uma mentira. – Sem escândalo, sem espetáculo, sem grito, o pregador, do alto de sua sabedoria e inteligência, mostrou a realidade da vida debaixo do sol, usando, para isso, palavras agradáveis, palavras de verdade, um escrito que é retidão (Ec.12:10).

– De igual modo, nós, quando ensinarmos o povo, tendo aprendido com Deus, devemos fazê-lo por intermédio de palavras agradáveis, ou seja, palavras que causam prazer, que são suaves aos ouvidos. Não é através da rispidez, da estupidez que conseguiremos ensinar o povo a respeito da realidade da vida. Aprendamos com o pregador!

– Entretanto, a suavidade de palavras não deve, em absoluto, significar que devamos “dourar a pílula”, que devamos fugir à verdade. O pregador apresentou palavras verdadeiras. Devemos sempre falar a verdade, jamais dela fugir, por mais que a “verdade doa nos ouvidos”, como diz provérbio popular. A Palavra de Deus é a verdade (Jo.17:17) e não podemos fugir da Palavra em nossas instruções.

– Lamentavelmente, a começar dos lares, onde os pais são postos como portadores da sã doutrina para os seus filhos (Dt.6:5-9; 11:18-20), os ensinadores andam preferindo o “politicamente correto” à verdade e já não têm mais ensinado, inclusive nas igrejas locais, a Palavra de Deus, trocando-a por “fábulas”, “contos da carochinha” (II Tm.4:3,4), Vivemos os últimos dias da dispensação da graça, estamos bem próximos da morte da maior chance de salvação que se deu para o homem em toda a história da humanidade, por isso, é tempo de levarmos “palavras verdadeiras” ao povo! Acordemos, mestres!

– O pregador diz que “as palavras dos sábios são como aguilhões e como pregos bem fixados pelos mestres das congregações, que nos foram dadas pelo único Pastor” (Ec.12:11). Por isso, não temos que ter medo de falar a verdade, mas entender que tais palavras, que não são nossas, mas de Deus, do “único Pastor” são absolutamente necessárias para manter a firmeza espiritual do povo de Deus.

– Como afirma o comentarista da Bíblia de Jerusalém, “aguilhões e estacas estimulam ou param o rebanho” (com. Ec.12:11, nota i, p.1084), mostrando que os mestres, nas igrejas locais, são indispensáveis para que o rebanho não seja iludido e deixe de caminhar para o seu destino, que é a cidade celestial donde esperamos o Senhor e Salvador Jesus Cristo (Fp.3:20).

– A sã doutrina, estas palavras dos sábios precisam ser fixados pelos “mestres das congregações”. É papel do mestre fazer com que estes ensinos, que a palavra que foi escrita por inspiração do Espírito Santo esteja bem firmada no interior de cada um dos que cristãos se dizem ser, para que eles saibam exatamente para onde devem ir, o que devem aceitar, ou não, de tudo que existe nesta vida debaixo do sol.

– Caro professor de EBD, você tem fincado na mente e coração de seus alunos a verdade, a Palavra de Deus? Você tem desempenhado a contento esta árdua missão, levando o seu aluno a processar todas as informações que recebe a cada dia? Você tem despertado um espírito crítico e de julgamento à luz da Bíblia Sagrada em seu aluno? É este o papel que nos deu o único Pastor, é este o conteúdo de nossa prestação de contas perante o Senhor no dia do Tribunal de Cristo. Estamos prontos a nos apresentar perante esse Reto e Supremo Juiz? Pensemos nisto!

– O pregador, mesmo estando a terminar o seu sermão, não se arvora como um “sabe-tudo”. Numa grande lição de humildade, Salomão diz que não há limites para “fazer livros” (Ec.12:12), ou seja, por mais que tivesse estudado e ensinado, inclusive neste sermão, isto não significava que tivesse atingido o limite do estudo, pois não há limite para tanto. Eis a razão porque não há formatura na Escola Bíblica Dominical, pois jamais poderemos concluir o estudo da Palavra de Deus, esta fonte inesgotável. Aleluia!

– O limite do ensino da Palavra é “o conhecimento do Filho de Deus, varão perfeito, a medida da estatura completa de Cristo” (Ef.4:13), algo que, convenhamos, é inatingível a qualquer ser humano. Nem Salomão, o homem mais sábio que houve na face da Terra com exceção de Cristo Jesus, disse tê-lo alcançado. Se Salomão não o alcançou e ele está, logicamente, à frente de cada um de nós em termos de conhecimento e de sabedoria, por que, então, vamos dizer que já “sabemos tudo”? Por que, então, vamos deixar de ir à Escola Bíblica Dominical, porque o professor sabe menos do que nós? Aprendamos com o pregador!

– Como se não bastasse, o próprio Salomão afirma que “o muito estudar enfado é da carne”, o que a Bíblia de Jerusalém traduz por “muito estudo cansa o corpo” (Ec.12:11). Os preguiçosos de plantão, os anti-intelectualistas que não só ainda existem no meio do povo de Deus, mas têm até aumentado de número nos últimos anos, procuram tirar este texto do contexto para justificar a sua ignorância e seu desprezo para com a Palavra de Deus.

– No entanto, o que Salomão aqui nos ensina é que o muito estudo traz cansaço ao corpo, nossa mente é limitada, de sorte que ninguém jamais saberá tudo na vida debaixo do sol. Até Salomão se cansava com o muito estudo e, por causa disso, não conseguira aprender todas as coisas. O pregador não está desencorajando as pessoas a estudar, mas salienta, dentro de seu realismo, que ninguém conseguirá aprender tudo, saber tudo.

– Em conclusão ao seu sermão, Salomão mostra que, dentro da “vaidade de vaidades” que é esta vida debaixo do sol, o fim é: “Teme a Deus e guarda os Seus mandamentos, porque este é o dever de todo o homem, porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau” (Ec.12:13,14).

– O pregador explicita algo que já havia adiantado e feito entender, ainda que implicitamente, ao longo de todo o seu discurso. A vida debaixo do sol só tem sentido quando entendemos que, acima do sol, existe Deus, que é o controlador de todas as coisas, que é o juiz de todos os homens, a quem haveremos de prestar contas ao término desta nossa peregrinação terrena.

– A vida terrena leva-nos à constatação da existência e da soberania de Deus e, portanto, devemos, enquanto aqui estivermos, tudo fazermos para realizar a vontade do Senhor, cumprir o Seu propósito em nossas vidas, pois foi para isto que fomos introduzidos na vida debaixo do sol.

– A vida debaixo do sol é uma passagem, uma oportunidade que Deus nos dá de reconhecermos a Sua soberania e de com Ele estabelecermos uma comunhão, de modo que somente façamos aqui aquilo que Ele quer que façamos, a fim de, com nossa existência, glorificarmos o Seu nome, que é digno de toda honra e de toda a glória.

– A partir do momento que enxergamos, nesta vida debaixo do sol, a dimensão eterna, para onde estamos caminhando e, a partir do instante que, em vivendo esta vida terrena, façamo-lo dentro da perspectiva divina, cumpriremos o propósito que Deus estabeleceu para nós e a vida debaixo do sol fará sentido e por ela passaremos adquirindo sabedoria, sabendo como viver e ensinando os outros a também viver bem.

– A vida debaixo do sol só vale a pena ser vivida dentro da perspectiva divina, dentro da ótica do “único Pastor”, dentro da vontade do Senhor. Quando percebemos que estamos aqui de passagem e que teremos de prestar contas ao nosso Criador, passamos a viver de acordo com o plano estabelecido por este mesmo Criador e, deste modo, fazemos desta nossa passagem o início de uma eternidade em que continuaremos a ser bem-aventurados.

– O ano está findando e é este um momento especial para que cada um de nós veja se, durante este ano de 2013, vivemos sob esta perspectiva divina, se fizemos o que Deus queria que fizéssemos, se não nos deixamos iludir pelas múltiplas coisas que o mundo terreno nos oferece, se tudo investigamos e se crescemos em sabedoria. Se sim, que, no próximo ano, possamos prosseguir nesta jornada, pois “uma geração vai, outra geração vem mas a terra para sempre permanece” (Ec.1:4) e “sabemos que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar e nada se lhe deve tirar; e isto faz Deus para que haja temor diante d’Ele” (Ec.3:14).

– Caso, porém, a resposta seja negativa, é hora de lembrarmos que esta vida debaixo do sol é passageira e que, “antes que se quebre a cadeia de prata., e se despedace o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se despedace a roda junto ao poço, e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ec.12:6,7), ainda há tempo de nos voltarmos para Deus, alcançar o Seu perdão e passarmos a viver não iludidos pelas coisas desta vida, mas vivermos debaixo do sol, olhando para Jesus, o autor e consumador da nossa fé. Aprendamos a viver aqui sob a perspectiva do céu. Amém! Feliz 2014!

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

Site:http://www.portalebd.org.br/files/4T2013_L13_caramuru.pdf

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