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LIÇÃO Nº 6 – A EVANGELIZAÇÃO DOS GRUPOS DESAFIADORES

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A Igreja precisa se fazer de tudo para, por todos os meios, conseguir salvar alguns.

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INTRODUÇÃO

– A evangelização é universal e precisa alcançar todos os segmentos da humanidade, mesmo aqueles de mais difícil contato.

– A Igreja precisa se fazer de tudo para, todos os meios, conseguir salvar alguns.

I – A SEGMENTAÇÃO DA SOCIEDADE E A NECESSIDADE DO ALCANCE DE TODOS OS HOMENS PELA EVANGELIZAÇÃO

– Na continuidade deste segundo bloco do trimestre, em que analisaremos os aspectos específicos da evangelização, ou seja, a necessidade de alcance de grupos peculiares da sociedade, estaremos hoje a estudar a evangelização dos grupos desafiadores.

– Conforme vimos na lição anterior, a evangelização é universal, pois o Senhor Jesus mandou que se pregasse o Evangelho por todo o mundo a toda a criatura (Mc.16:15), e que se fosse e ensinasse todas as nações (Mt.28:19), que em Seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados em todas as nações (Lc.24:47).

– Não resta, pois, dúvida alguma de que a mensagem do Evangelho deve ser levada a todos os homens, independentemente de sua condição, de sua nacionalidade, de sua posição social.

– Por isso, a Igreja precisa ter uma versatilidade, uma capacidade de adaptação para que venha a levar a mensagem do Evangelho a todos os homens, o que, como vimos na lição anterior, é denominado de “inculturação”, ou seja, a imersão da Igreja nas diversas culturas humanas, a fim de que, havendo a inserção na mentalidade, no modo de viver diferenciado de cada segmento da sociedade, possa a mensagem do Evangelho ser comunicada, seja compreendida por aqueles que precisam da salvação na pessoa de Cristo Jesus.

– Esta realidade vemos no livro de Atos dos Apóstolos, que é o livro histórico da Igreja, mas que não é tão somente histórico, mas, também, um livro prescritivo, ou seja, um livro que nos revela como deve se comportar a Igreja, um modelo a ser seguido pelos cristãos enquanto o Senhor Jesus não voltar para vir arrebatar o Seu povo.

– Em Atos, vemos a grande tensão surgida com o fato de o Evangelho ter de ser pregado aos gentios. Os primeiros cristãos, que eram judeus, tiveram muita dificuldade de entender que a mensagem do Evangelho era também para os gentios e que os padrões culturais judaicos não podiam ser impostos aos gentios que criam em Cristo.

– O ministério de Paulo mostra bem a necessidade da inculturação do Evangelho, de se inserir na cultura ou subcultura daqueles que se pretendem atingir com a mensagem da salvação, sem que, para tanto, se vão adotar elementos pecaminosos, que estão presentes em toda a cultura, pois a cultura é uma obra humana e o homem se encontra sob o domínio do pecado.

– Mas, ao mesmo tempo que há elementos pecaminosos nas culturas ou subculturas, também há o que o missionário canadense Don Richardson denomina de “analogias redentivas”, que são práticas ou entendimentos que podem ser usados para ilustrar o entendimento do Evangelho, o chamado “fator Melquisedeque”, elementos culturais que podem apontar para a mensagem do Evangelho, que podem servir de um ponto de contato com entre a cultura e as boas novas de salvação, como, por exemplo, fez o apóstolo Paulo ao aproveitar o culto do “Deus desconhecido” em Atenas para pregar o Evangelho (At.17:22,23).

– Este mesmo cuidado deve ser levado em conta quando se pretende evangelizar grupos que são excluídos da sociedade, grupos marginalizados que, por conta desta marginalização, criam “subculturas”, ou seja, modos de viver diferenciados da maior parte das pessoas com quem convivem, precisamente em razão dos preconceitos e obstáculos criados na convivência.

– A sociedade humana, enferma que está por causa do domínio do maligno sobre a humanidade, gera situações injustas, efetua uma marginalização de pessoas, marginalização esta que se intensifica mais e mais, diante da multiplicação da iniquidade, característica destes dias que antecedem o arrebatamento da Igreja (Mt.24:12).

Nestes dias trabalhosos em que vivemos, o individualismo é excessivo, de modo que as pessoas são facilmente descartadas. Como ensina o pastor Agnaldo Betti, das Assembleias de Deus – Ministério do Belém em Campinas/SP, vivemos tempos em que “se usam as pessoas e se amam as coisas”.

– Como resultado desta iniquidade, deste individualismo, muitas pessoas são mantidas à margem da sociedade, são excluídas do convívio social, gerando segmentos que têm como que uma vida paralela em relação ao conjunto dos demais integrantes do corpo social, gerando um distanciamento no modo de vida, que se torna um novo obstáculo a ser superado pela Igreja na sua missão de evangelização, que tem de alcançar também estes segmentos.

– É a estes segmentos que são de mais difícil acesso na sociedade que se denominou de “grupos desafiadores”, como se encontra em nossa lição.

São segmentos da sociedade de mais difícil acesso, pelo distanciamento, pela marginalização que sofrem, a exigir uma mais intensa “inculturação” por parte dos incumbidos de realizar a evangelização.

– Como se isto fosse pouco, existem, também, segmentos da sociedade que estão imersos em práticas pecaminosas mais graves, verdadeiro aprofundamento no pecado, que criam ainda mais obstáculos para a evangelização, ante o comprometimento muito mais intenso com as “profundezas de Satanás” (Cf. Ap.2:24) por parte daqueles que adotaram este modo de vida.

Tais pessoas, também, apesar de seu envolvimento maior com o pecado também devem ser evangelizadas, pois não há pecado que Deus não perdoe, sendo certo que a graça de Deus é maior do que qualquer prática pecaminosa (Rm.5:20).

– Toda esta realidade exige, na evangelização, um treinamento e preparação específicos, pois a abordagem a estes evangelizandos deve levar em conta todas as peculiaridades da “subcultura”, como também o próprio grau de aprofundamento no pecado.

– O Evangelho é “inclusivista”, ou seja, pretende levar todos os homens à vida eterna, à comunhão com Deus.

Como afirma o apóstolo Paulo, Deus “…quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade” (I Tm.2:4), pois, afinal de contas, “…a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (T.2:11).

– Este “inclusivismo” do Evangelho, no entanto, há de ser corretamente interpretado. O Evangelho é “inclusivo”, porque há o propósito de Deus de congregar, em Cristo, todos os homens em comunhão com o Senhor.

Não há qualquer acepção de pessoas, pois Deus não a faz (Dt.10:17; II Cr.19:7; Jó 34:19; At.10:34; Rm.2:11).

– Agora, é evidente que o Evangelho, sendo o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm.1:16), não pode, de forma alguma, “incluir” o pecado.

O “inclusivismo” do Evangelho é a inclusão do pecador que, arrependido de seus pecados e crendo em Jesus Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador, passa a ter comunhão com Deus.

– Hoje em dia existe um falso “inclusivismo” apregoado por alguns, segundo o qual Deus aceita todos os homens, independentemente de suas práticas pecaminosas.

 Isto é totalmente falso, porquanto o pecado faz divisão entre o homem e Deus (Is.59:2) e a mensagem do Evangelho exige, precisamente, o abandono do pecado. Deus é santo e, portanto, somente poderá ter comunhão com Ele quem for santo.

A mensagem do Evangelho exige o arrependimento dos pecados e “arrependimento” é a palavra grega “metanoia”, que significa mudança de mentalidade, mudança de vida.

II – A EVANGELIZAÇÃO DOS ENCARCERADOS

– Nosso comentarista escolheu três “grupos desafiadores” para esta lição: as prostitutas, os homossexuais e os viciados.

Queremos aumentar este leque, incluindo, ainda, três outros grupos além dos mencionados pelo comentarista, a saber: os encarcerados, os moradores de rua e os moradores de favelas e outros ambientes privados da assistência do Estado.

– Começaremos falando dos encarcerados, ou seja, daqueles que estão presos, acusados ou condenados pela prática de delitos, um contingente grande pessoas, até porque, em todo o mundo, há uma tendência para o uso mais intenso da prisão como forma de combater o crime e a violência, máxime porque os crimes violentos têm crescido em todo o mundo, como resultado até do aumento do narcotráfico e da estrutura organizada da criminalidade num mundo cada vez mais globalizado.

– Segundo censo realizado pelo Ministério da Justiça, divulgado em junho de 2015, a população carcerária do Brasil era de 607.700 presos, atrás apenas da Rússia (673.800), China (1,6 milhão) e Estados Unidos (2,2 milhões), isto sem contar os adolescentes infratores que estão submetidos a medidas de internação pela prática de atos infracionais (nome que recebem os atos que, definidos pela lei como crimes, são praticados por adolescentes, ou seja, pessoas que tenham de doze a dezoito anos de idade)., que, em 2012, eram, no Brasil, cerca de 20 mil.

– Só estes números mostram como há uma relevante população que se encontra presa e, “ipso facto”, separada, segregada da sociedade e que precisa ser, também, evangelizada. Daí a importância da chamada “capelania carcerária”.

– Quando falamos, aliás, em evangelização de grupos desafiadores, é imperioso falarmos a respeito de “capelania”. O que é “capelania”? “Capelania (…) é dar assistência espiritual a regimentos militares, escolas, hospitais, presídios, asilos, favelas, enfim, a carentes de tal ministério.… “ (O que é capelania evangélica. Disponível em: http://almdaletra.blogspot.com.br/2013/01/o-que-e-capelania-evangelica.html Acesso em 16 maio 2016).

– Em relação aos presos, é oportuno observar que, em nosso país, há previsão legal desta assistência espiritual e religiosa nos artigos 11, inciso VI e 24 da Lei das Execuções Penais (lei 7.210/1984), onde há a garantia de participação por parte dos presos de serviços organizados no estabelecimento penal como também de local apropriado para a realização dos cultos religiosos e a posse de livros de instrução religiosa.

Além disso, a leitura da Bíblia Sagrada e a participação em cursos bíblicos e teológicos têm sido levados em consideração como medidas que possibilitam a redução da pena pelo estudo (artigo 126 da Lei das Execuções Penais).

OBS: “ A leitura de alguns livros, incluindo a Bíblia, poderá contribuir com a redução da pena de detentos do sistema prisional do Amazonas.

 A iniciativa do governo do estado conta com a parceria da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), que irá inserir as Escrituras Sagradas no projeto “Remição da Pena por Estudo através da Leitura”.

Desenvolvido pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP) e pela Escola de Administração Penitenciária (ESAP), o projeto viabiliza cumprimento da Lei no 12.433, de 29/06/2011, que possibilita a remição de parte da pena por estudo ou trabalho.

O objetivo do projeto é oportunizar o direito ao conhecimento, à educação, à cultura e ao desenvolvimento da capacidade crítica por meio da leitura e da produção de texto, e, por conseguinte, possibilitar a remição pelo estudo.

 “Uma das principais contribuições da leitura da Bíblia Sagrada nesta iniciativa é despertar nestes detentos a esperança de um dia retomar suas vidas, a partir de preceitos preciosos, como a ética e o amor ao próximo”, destaca Erní Seibert, secretário de Comunicação, Ação Social e Arrecadação da SBB.

Seibert ressalta que além de o projeto ser um investimento do governo, a ação também está inserida no projeto “Resgatando o Vínculo Familiar do Preso”, do programa “A Bíblia para Fortalecer a Família”.” (Leitura da Bíblia poderá reduzir pena de detentos no Amazonas. Disponível em: http://www.cpadnews.com.br/universo-cristao/33510/leitura-da-biblia-podera-diminuir-pena-de-detentos-no-amazonas.html 26 abr. 2016 Acesso em 16 maio 2016).

– A evangelização dos presos encontra pleno respaldo bíblico. Além da própria universalidade da pregação do Evangelho, temos específicas menções deste importante trabalho nas Escrituras. Ao mencionar o “julgamento das nações”, o Senhor Jesus, em Seu sermão escatológico, põe entre as atitudes que devem ser tomadas pelos Seus discípulos a visita aos presos: “…estive na prisão e fostes ver-me” (Mt.25:36 “in fine”).

 Vemos, pois, que é um ato necessário e indispensável a todo servo de Deus, para agradar ao Senhor, a “visita aos presos”, ou seja, a assistência espiritual dos que se encontram atrás das grades.

O próprio Jesus salvou um condenado pouco antes de morrer, o ladrão arrependido que era, com Ele, executado (Lc.23:40-43).

– Além deste ensino do Senhor Jesus, temos, também, a experiência do apóstolo Paulo, que, na prisão, evangelizou não só outros presos, como também a própria guarda que fazia sua escolta, como ele mesmo declara na carta que escreveu aos filipenses (Fp.1:13), numa evangelização tão profícua que levou a própria igreja de Roma a se empenhar na evangelização da cidade que era, então, a capital do Império Romano (Fp.1:14).

– A evangelização aos encarcerados é um dos grandes desafios que se impõe à Igreja, pois, um dos objetivos da aplicação da pena é a ressocialização do condenado, ou seja, uma “reeducação”, a fim de que a pessoa envolvida com o delito, após o cumprimento da pena, possa voltar a conviver em sociedade e passar a viver de forma adequada e consonante aos ditames da lei.

– No entanto, sabemos todos, e isto tem sido um dos principais dramas vividos pelo sistema penitenciário, a ressocialização é uma quimera, uma fantasia que não se realiza. O índice de reincidência, ou seja, da volta do condenado ao mundo do crime uma vez cumprida a pena ou, pelo menos, reinserido no convívio social, é, no Brasil, segundo pesquisas mencionadas em relatório do Instituto de Pesquisas Aplicadas (IPEA), em 2015, dependendo do critério escolhido, de 46 a 70%, um índice altíssimo em qualquer caso, a mostrar como a propalada “reintegração social” tem sido uma fracasso no sistema penitenciário pátrio.

– E isto não é difícil de perceber, porquanto a prática de crimes está vinculada à pecaminosidade do ser humano e somente o Evangelho pode salvar o homem, pode libertá-lo do pecado.

Destarte, a evangelização dos encarcerados se apresenta como uma medida que é das mais expressivas da colaboração que pode haver entre Estado e Igreja, pois a “reintegração social” é um dos objetivos da política penitenciária do Estado (artigo 1º da Lei das Execuções Penais) e a Igreja tem a resposta para obter tal reintegração.

OBS: Neste passo, devemos aqui registrar o grande esforço que tem sido feito, nesta matéria, pela APAC (Associação de Proteção e Amparo aos Condeados), cujo método de ressocialização tem alcançado importantes resultados.

Embora seja um método de ressocialização dirigido por católicos romanos, o fato é que se trata de uma forma de ressocialização que não se baseia em dogmas religiosos, mas na divulgação da Palavra de Deus, sendo certo que índice de reincidência em estabelecimentos penais que têm adotado este método tem sido inferior a 10%, a mostrar que o Evangelho realmente transforma o homem.

– Num mundo em que está a imperar cada vez o “espírito do anticristo”, em que se busca impedir a evangelização, temos, na “capelania carcerária” uma grande oportunidade de se divulgar a mensagem do Evangelho, algo que deveria ser visto pelas igrejas locais com mais atenção, devendo-se, aliás, aqui, ressaltar o grande trabalho que tem sido feito, há décadas, pelo pastor Agostinho Gomes da Silva Filho, presidente do Conselho de Capelania da Convenção Geral das Assembleias de Deus (CGADB), que, num trabalho interdenominacional, tem conseguido vários canais junto ao Estado, em todas as suas dimensões, para levar avante o trabalho de evangelização dos encarcerados.

– A evangelização dos encarcerados exige um preparo todo especial dos evangelizadores, porquanto o ambiente dos presídios segue um modo de viver totalmente diferenciado, como os diversos “códigos de comportamento” existentes entre os presos e o chamado “mundo do crime”, algo que se torna ainda mais complexo quando temos a realidade do crime organizado e das “facções criminosas” que hoje dominam os próprios estabelecimentos prisionais. Daí porque não se poder evangelizar estes locais sem a devida preparação e treinamento pelos que já estão envolvidos neste trabalho.

– A evangelização, ademais, não pode ser feita sem o “caráter positivo” que é essencial a toda evangelização, como ensinava o pastor Valdir Bícego.

Na evangelização dos encarcerados, não há que se perquirir a respeito da culpa ou inocência da pessoa, não há que se indagar a respeito da prática, ou não, de crimes, mas, sim, da necessidade que todas as pessoas têm de ser salvas na pessoa de Cristo Jesus.

 O evangelizador não estará ali para condenar, ou não, a pessoa presa, isto é tarefa do Estado.

O evangelizador está ali para libertar as pessoas do pecado, para leva-las a Cristo Jesus, Ele próprio alguém que foi preso e condenado injustamente e que se fez preso e condenado para nos salvar.

– A evangelização dos encarcerados, além do mais, tem um fator que a favorece muito, qual seja, os encarcerados são pessoas que não nutrem ilusões pelo mundo, pois, ao se verem na condição de prisioneiros, experimentam, como ninguém, a exclusão e a verdadeira face do engano do mundo e do pecado.

Enganados pelo inimigo para enveredarem na prática do crime, veem-se, repentinamente, desprezados por tudo e por todos, a lhes mostrar como são enganosos os apelos do maligno.

Assim, diante deste quadro de decepção com os valores mundanos, são pessoas mais propícias a reconhecer a necessidade do Evangelho.

– A evangelização dos encarcerados deve também ser despida de qualquer preconceito ou prejulgamento. Não deve o evangelizador se considerar uma pessoa superior ao que está atrás das grades.

Devemos ter a humildade de reconhecer que somos salvos pela graça de Deus e que não temos melhores méritos do que qualquer um.

Conhecendo a história de vários prisioneiros, pudemos, em nossa experiência profissional, ver em muitos deles pessoas muito melhores do que nós mesmos, pois, se tivéssemos vivido as mesmas experiência, a mesma história de vida que muitos deles ostentam, certamente teríamos enveredado em caminhos ainda mais tortuosos que os andados por eles.

– Ademais, devemos sempre entender que a evangelização visa a transformação do ser humano, e isto implica em uma nova vida com Cristo, pouco importando o que se tenha feito anteriormente.

O ladrão arrependido confessa ter sido um criminoso e que a pena que se lhe aplicava era justo, mas isto não o impediu de alcançar o perdão de seus pecados.

Devemos levar a mensagem da salvação, lembrando que somos apenas embaixadores da parte de Cristo e que não podemos, de modo algum, julgar os outros, pois só há um Juiz, que é Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (Tg.4:12).

– Um outro grande desafio da evangelização dos encarcerados é o instante em que a pessoa, devidamente convertida enquanto presa, reinsere-se na sociedade, o chamado “egresso”, assim considerado o liberado condicional e o liberado definitivo até um ano depois do cumprimento da pena (artigo 25 da Lei das Execuções Penais).

Há um nítido preconceito com relação a pessoas que saem das prisões, o que alguém já denominou da “marca de Caim”, máxime em dias de grande violência e criminalidade como o que estamos vivendo.

– A Igreja, porém, deve lembrar que os egressos que foram e estão sendo evangelizados devem ser tratados com amor, a fim de que possam se reinserir na vida social, seja já como convertidos ou candidatos à conversão.

Neste passo, a participação conjunta das igrejas locais e dos evangelistas treinados pela “capelania carcerária” é fundamental, a fim de que se possa realizar, por completo, a tarefa evangelizadora, já que o salvo é tanto um cidadão do reino dos céus, como também, “sal da terra” e “luz do mundo”, ou seja, alguém que esteja devidamente inserido no meio social para que possa realizar a obra de Deus.

III – A EVANGELIZAÇÃO DAS PROSTITUTAS

2º Trimestre de 2016: MARAVILHOSA GRAÇA – O evangelho de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos

– Outro segmento marginalizado da sociedade é o que abrange os chamados “profissionais do sexo”, onde encontram posição de destaque as prostitutas (se bem que, hoje em dia, aumenta o número também de “prostitutos”), que se convencionou chamar de “a mais antiga profissão do mundo”.

– A tradição judaica vê em Naamá, filha de Lameque (Gn.4:22), a primeira prostituta do mundo, pois, como seu nome significa “prazer” ou “agradável”, teria sido a primeira mulher a seduzir homens e a comercializar o seu corpo por conta desta sua sedução.

O certo é que a civilização caimita, que preponderou em seu “modus vivendi” na geração antediluviana, fez com que a imoralidade sexual fosse uma das tônicas da humanidade (Gn.6:1,2; Mt.24:38).

– Esta imoralidade e desregramento sexuais são apontados, pelo apóstolo Paulo, como um degrau a mais no aprofundamento do pecado na humanidade, uma sequência do processo iniciado com a idolatria (Rm.1:24), circunstância que, conforme já vimos, representa mais um obstáculo, um esforço a mais na evangelização deste segmento.

– A lei de Moisés proibia expressamente a prática da prostituição (Dt.23:19) e a abjeção a esta prática era tanta que era terminantemente proibido que se aceitasse como oferta ou dízimo o ganho proveniente do exercício desta atividade (Dt.23:19).

Por isso mesmo, a Igreja deve sempre se posicionar contra toda e qualquer tentativa de legalização ou “normalização” desta espécie de atividade, como, aliás, pretendem alguns grupos políticos realizar em nosso país.

A prostituição é prática pecaminosa, não pode ser incentivada nem estimulada na sociedade, mas isto não quer dizer, em absoluto, que os que se enveredam por este triste caminho não tenham de ser alcançados pela mensagem do Evangelho.

– Que este segmento deva ser alvo da evangelização não há qualquer dúvida.

Além do caráter universal da evangelização, vemos que o Senhor Jesus, na parábola dos dois filhos, afirma que as meretrizes entrariam adiante dos religiosos judeus no reino de Deus (Mt.21:31), tendo, também, atestado que muitas delas haviam crido na pregação de João Batista (Mt.21:32), passagens que mostram como houve, efetivamente, a inserção desta classe de pessoas na mensagem do Evangelho, apesar de serem pessoas tão discriminadas na sociedade judaica, por força, aliás, dos preceitos da lei que jhá mencionamos.

– Nosso comentarista menciona como um “exemplo de evangelização de prostitutas” o episódio narrado em Lc.7:36-50, quando uma mulher “pecadora” unge os pés de Jesus na casa de um fariseu chamado Simão. Alguns entendem que esta mulher fosse uma prostituta, mas é preciso nos atermos ao texto.

Como afirma William Hendriksen: “…Nesse povoado havia uma mulher conhecida por sua má reputação. Dizer que provavelmente era uma meretriz seria fazer-lhe injustiça. Uma mulher podia ser ‘pecadora’ sem ser uma meretriz.

Além disso, é evidente, à luz do presente relato, que seja o que for que tivesse feito, ela já não fazia mais.…” (Lucas. Trad de Valter Graciano Martins, v.1, p.545).

– Outro “exemplo” de evangelização de prostitutas que é equivocadamente dado é o de Maria Madalena que jamais é chamada, nas Escrituras, de prostituta ou meretriz. A única coisa que a Bíblia fala de Maria Madalena é a de que Jesus expulsou dela sete demônios (Mc.16:9).

– A despeito destes equívocos, é evidente que este grupo de pessoas, que está a aumentar diante da intensificação da imoralidade sexual em nossos dias, precisa ser alcançado pelo Evangelho e, neste passo, é indispensável notar que estamos diante de um estágio mais avançado de pecaminosidade, a exigir, portanto, uma profundo preparo espiritual por parte dos evangelizadores que, não raras vezes, irão se defrontar com “as profundezas de Satanás” no trato com estas pessoas.

– A abordagem deve ser feita sem qualquer intento acusatório ou discriminatório.

A Igreja prossegue a ação do Senhor Jesus que não veio para condenar o mundo, mas que o mundo fosse salvo por Ele (Jo.3:17) e, assim, devemos ter a mesma reação que teve o Senhor Jesus diante da mulher adúltera apanhada em flagrante adultério (Jo.8:1-11), ou seja, não querer apedrejar mas levar uma mensagem de salvação, visando à mudança de vida por parte daquela pessoa que estiver na vida da prostituição, no comércio do próprio corpo.

– Sabe-se que a atividade da prostituição dilacera a autoestima, gera uma enorme carência afetiva aos seus praticantes e é este afeto, este carinho que deve ser levado para tais pessoas na evangelização.

Como afirma o pastor Lúcio Barreto, da Igreja Batista Lagoinha, deve-se ter uma mensagem com este conteúdo afetivo, como, por exemplo, a iniciativa que aquela igreja faz no Dia Internacional da Mulher de levar rosas às prostitutas e, através de gesto, iniciar um diálogo com elas (Vídeo: http://redesuper.com.br/detudoumpouco/2012/11/20/como-evangelizar-prostitutas/ Acesso em 16 maio 2016).

– É importante que a evangelização se faça com pessoas do mesmo sexo da que exerce a atividade de prostituição ou com casais, para se evitar qualquer mal entendido na abordagem ou situações constrangedoras e que não correspondam ao dever de fugir da aparência do mal.

– Torna-se, também, necessário um redobrado preparo espiritual, pois estamos a lidar com pessoas que estão se aprofundando na vida pecaminosa e que, por conseguinte, têm muito mais probabilidade de se envolverem com o maligno e, por conseguinte, haver um maior número de casos de possessão demoníaca.

Fundamental, portanto, que haja uma devida preparação espiritual, com oração e jejum.

– Assim como ocorre com os encarcerados, é indispensável que as igrejas locais sejam treinadas e preparadas para receber prostitutas nas reuniões, até porque, normalmente, tais pessoas têm, a começar do vestuário, posturas que podem gerar algum desconforto entre a membresia, desconforto este que deve ser totalmente eliminado, pois o objetivo de todos é fazer com que estas pessoas, na nova vida em Cristo, se tornem novas criaturas, mas cuja postura social demanda um tempo para sua efetiva assunção de um novo papel na sociedade.

– Neste passo, aliás, devemos lembrar que boa parte das pessoas envolvidas na prostituição, na atualidade, estão enredadas em redes de tráfico de pessoas, o que, por muitas vezes, exige a ajuda para que as pessoas saiam do domínio de verdadeiras organizações criminosas, o que, por vezes, faz com que os evangelizadores tenham apoio de igrejas locais e, até mesmo, de redes de pessoas que possam resgatar estas vidas de retaliações dos que as envolveram nesta difícil situação.

IV – A EVANGELIZAÇÃO DOS HOMOSSEXUAIS

– Outro segmento da sociedade que apresenta grandes dificuldades de evangelização é a dos homossexuais, principalmente depois que ganhou corpo em todo o mundo o chamado “movimento homossexual”, o “ativismo homossexual”, uma bem organizada empreitada do “espírito do anticristo” para fazer apologia do homossexualismo e para enfrentar os valores morais judaico-cristãos, o chamado “gayzismo”, que tem, entre outras prioridades, criar uma oposição entre o Cristianismo e a homossexualidade.

Não devemos nos esquecer que esta “apologia gay” é um dos pontos principais do satanismo e do comunismo.

– Diante deste “ativismo gay”, e sua declarada guerra aos valores morais das Escrituras, há uma tendência das igrejas locais terem aversão aos homossexuais, identificando-os como “inimigos do Evangelho”.

 Tal posicionamento é totalmente equivocado e não tem qualquer respaldo bíblico, sendo mais uma das artimanhas do diabo que, com esta postura por parte de muitos sedizentes cristãos, tem conseguido impedir ou dificultar a evangelização dos homossexuais, cujo número tem aumentado diante mesmo da “apologia” que se tem feito deste comportamento, principalmente na mídia.

– Não resta dúvida que, conforme nos dá conta o apóstolo Paulo, o homossexualismo é o mais avançado degrau de rebeldia contra Deus, um grande aprofundamento no pecado, como se verifica em Rm.1:26,27, onde vemos a homossexualidade como a consequência do abandono de Deus do homem, que, assim, se entregam a paixões infames e a um sentimento perverso.

– Por conta disso, lamentavelmente, entendem muitos que não há perdão para o homossexualismo e, por causa disso, desaconselham a sua evangelização, dizendo tratar-se de pessoas que estão irreversivelmente perdidas.

Para tanto, costumam citar o fato de Deus ter destruído as cidades da planície (Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim), como também a circunstância de Paulo ter afirmado que tal pecado é resultado do “abandono divino”.

– Tal pensamento, porém, não tem qualquer respaldo bíblico. Por primeiro, Deus quer que “todos os homens se salvem” e isto inclui, obviamente, os homossexuais.

Por segundo, a Bíblia afirma que somente um pecado não tem perdão, que é a blasfêmia contra o Espírito Santo (Mt.12:31), também denominado de apostasia (Hb.6:4-8), o que não inclui a homossexualidade.

– Tanto assim é que vemos Abraão, o pai da fé, intercedendo por Sodoma diante de Deus, mesmo sabendo que uma das práticas mais abomináveis daquela cidade era o homossexualismo (Gn.18:23-33), a ponto de “sodomita” passar a ter o sentido de homossexual masculino ativo.

– Diante desta evidência bíblica, tem-se que a evangelização dos homossexuais é imperiosa. Nesta evangelização, precisamos bem distinguir três situações: o ativista homossexual, a prática homossexual e a pessoa homossexual.

– O ativista homossexual é a pessoa que está engajada no “movimento homossexual”, ou seja, o militante que procura, através da apologia ao homossexualismo, lutar contra os valores morais judaico-cristãos.

 Trata-se de alguém que tem a consciência de ser um rebelde contra a Palavra de Deus, alguém que quer destruir o ensino bíblico a respeito da sexualidade.

Tal pessoa não deve ser confundida com o homossexual, pois, às vezes, nem homossexual é. Trata-se de alguém que quer enfrentar a Igreja, que, através do seu discurso de defesa do homossexualismo, tem como evidente propósito a destruição da Igreja.

Estes não são objeto da evangelização dos homossexuais.

– A prática homossexual é um pecado grave, um comportamento que deve ser rejeitado pela Igreja, pois se trata de um pecado.

Neste ponto, deve-se aqui transcrever o que diz a respeito o Catecismo da Igreja Romana (CIC), que, por sua biblicidade, deve servir de parâmetro para todos nós. Diz o § 2357 do CIC: “A homossexualidade designa as relações entre homens e mulheres que sentem atração sexual, exclusiva ou predominante, por pessoas do mesmo sexo.

 A homossexualidade se reveste de formas muito variáveis ao longo dos séculos e das culturas. Sua gênese psíquica continua amplamente inexplicada.

 Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves, a tradição sempre declarou que “os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados”. São contrários à lei natural. Fecham o ato sexual ao dom da vida.

Não procedem de uma complementaridade afetiva e sexual verdadeira. Em caso algum podem ser aprovados”.

– A pessoa homossexual é aquela que, por diversas razões, sente atração por pessoa do mesmo sexo e que é levada a ter uma vida sexual completamente fora dos parâmetros bíblicos e queridos por Deus.

 Tal pessoa tem de ser evangelizada, como qualquer outra, e convidada a abandonar sua vida pecaminosa.

– A evangelização dos homossexuais tem de ter os mesmos cuidados da evangelização das prostitutas, visto se tratar, também, de um segmento que está envolvido na imoralidade sexual e que se encontra em degraus profundos de pecado.

Isto faz com que a inserção destas pessoas na igreja local e no próprio convívio social exija ainda mais cuidados e esforços que nos outros casos, além do necessário preparo espiritual redobrado, com oração e jejum, já que aumenta, ainda mais, a probabilidade de possessões demoníacas dado o alto grau de rebeldia contra Deus que se observa na prática homossexual.

– A situação é dramática na questão do chamado “travestismo”, que é a prática de se utilizar vestimentas que são do sexo oposto ao da pessoa e que, por vezes, também implica na alteração do corpo para fazer com que ele se assemelhe a um corpo do sexo oposto ao seu.

Esta verdadeira deformação do corpo gera situações que, no mais das vezes, são irreversíveis ou de difícil reversão, que tornam dramática a situação de quem, tendo se convertido, tem de assumir um novo “modus vivendi”.

– Este aprofundamento no pecado gera sequelas que, muitas vezes, é de difícil erradicação na vida daquele que adotara o homossexualismo na sua conversão e são circunstâncias que devem ser devidamente tratadas pela Igreja que deve tão somente se preocupar em que a pessoa não mais venha a pecar, seja uma nova criatura, ainda que, em razão do grau de envolvimento com o pecado no passado, isto venha a trazer sequelas que não sejam removíveis e com as quais se deverá lidar sem preconceito ou discriminação.

– Lamentavelmente, as igrejas locais estão longe de saber lidar com estas situações, o que representa um obstáculo muito grande para que seja exitosa a evangelização de tais pessoas.

 É preciso que a membresia aprenda a ter o “olhar de Barnabé” (At.11:23), que pôde ver, mesmo entre os gentios convertidos de Antioquia, “a graça de Deus” e a efetiva transformação operada por Cristo Jesus naquelas vidas.

– Outra questão é a dos “transexuais”, pessoas que, embora fisicamente sejam de um sexo, psicologicamente sejam de outro, discrepância que faz com que queiram, de todos os modos, compatibilizar seu corpo com o que são mentalmente, não raras vezes se tendo a submissão a cirurgias que mutilam o aparelho genital para que se consiga esta “harmonização”, sem falar na utilização de hormônios com o mesmo fim.

– Tais pessoas, após terem feito tais procedimentos, como devem se portar uma vez evangelizadas e inseridas na igreja local?

Devem retornar ao sexo biológico, apesar das mutilações e alterações químicas efetuadas pelo uso de hormônios?

É evidente que não, até porque muitos destes procedimentos são irreversíveis. O que se deve fazer é acolher a pessoa na situação em que ela se encontra, no sexo por ela assumido, pois, se se converteu, efetivamente não irá viver mais uma vida de promiscuidade.

V – A EVANGELIZAÇÃO DOS DEPENDENTES QUÍMICOS

– Outro segmento que tem crescido muito nos últimos anos e que demanda um esforço de evangelização é a dos dependentes químicos, que o comentarista denominou de “viciados”.

– O número de dependentes químicos cresce assustadoramente em todo o mundo, como um reflexo até da multiplicação da iniquidade e do vazio existencial resultante de um mundo materialista, consumista e que tem deixado Deus de lado.

OBS: “…Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas de 2015 , o UNODC [Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes – observação nossa] destaca que a o número de usuários de drogas permanece estável.

Cerca de 246 milhões de pessoas, ou um pouco mais de 5% da população mundial entre 15 e 64 anos de idade, usaram drogas ilícitas em 2013. Já dependentes com uso problemático das drogas – utilização indiscriminada de drogas, problemas médicos e até mesmo internações devido ao uso dessas substâncias, usuário pode apresentar riscos à sua vida e a de terceiros -, por outro lado, somaram por volta de 27 milhões, onde quase metade são pessoas fazem uso de drogas injetáveis. Drogas no Brasil.

Só no Brasil o índice é de mais ou menos seis milhões de brasileiros dependentes químicos, o equivalente a 3% da população geral.

O consumo de maconha foi o que mais cresceu no país. Já o de cocaína dobrou em menos de dez anos, principalmente nas regiões mais ricas, sendo quatro vezes maior que a média mundial, de 0,4%.

Em 2005 cerca de 0,7% da população entre 12 e 65 anos consumia cocaína no Brasil. Ao final de 2011, os números aumentaram para 1,75%.Pesquisas apontam que uma a cada 100 mortes entre adultos, no Brasil, é causada pelo uso de drogas ilícitas.

Os jovens, e principalmente os homens, são os principais usuários afetados.” (Número de usuários de drogas permanece instável. 03 jul. 2015. Disponível em: http://blogelseviersaude.elsevier.com.br/saude-2/numero-de-usuarios-de-drogas-permanece-estavel/ Acesso em 16 maio 2016).

– Como se não bastasse o aumento daqueles que se tornam dependentes das substâncias que geram dependência física e psicológica, sejam legais ou não estas substâncias, o fato é que, a cada dia, surgem novas substâncias com maior poder de dependência, como é o caso do “crack”, que, em poucas utilizações, já causa a quimiodependência.

– A dependência química é uma das mais expressivas facetas do trabalho de destruição efetuado pelo maligno contra a humanidade.

Quando vemos os verdadeiros “zumbis” em que se transformam os quimiodependentes, como nas “cracolândias” que têm aumentado em número em todas as cidades do mundo, como são conhecidas as aglomerações dos quimiodependentes nas cidades, onde vivem em função única e exclusivamente das drogas que as estão destruindo a cada dia, vemos como o trabalho de Satanás outro não é senão “matar, roubar e destruir” (Jo.10:10), uma demonstração clarividente de que o diabo é “homicida desde o princípio” (Jo.8:44).

– Para evangelizar estas pessoas, é preciso saber que “…a droga é terrível, é decepcionante. Ela causa dependência física e psíquica. A droga reduz a capacidade da personalidade.

Ela deixa o homem completamente enfermo. A droga tira a tranquilidade e a alegria das famílias.

Uma pessoa viciada em drogas poderá facilmente começar a roubar, prostituir-se, matar, praticar homossexualismo, cometer até mesmo o suicídio. Por causa das drogas injetáveis, os seus dependentes correm o risco constante de contrair a AIDS.…” (NASCIMENTO, Pr. Washington Roberto. Evangelizar drogados e alcoólatras. 30 dez. 2003. Disponível em: http://www.altissimo.com.br/portal/modules.php?name=News&file=article&sid=5 Acesso em 16 maio 2016).

– “…Levar um viciado à conversão e ao serviço a Deus exige um trabalho especial. Normalmente, não é com uma simples conversa ou com um folheto que se consegue evangelizar um viciado. O álcool e as drogas escravizam os homens, fazendo-os seus dependentes.

Não é fácil para um homem escravo do álcool e das drogas libertar-se assim tão rapidamente.

É preciso um trabalho sério, espiritual, psicológico, social e médico. Daí a importância das casas de recuperação para esses viciados que, aceitando a Cristo, desejam libertar-se das drogas; ou desejando libertar-se das drogas, acabam aceitando a Cristo como seu Salvador.

O viciado em álcool deve ser encaminhado e encorajado a participar dos Alcoólatras Anônimos. O trabalho que o AA realiza é belíssimo e tem revelado um bom índice de recuperação.

Paralelamente a um encaminhamento, o Cristão deve orar pelo alcoólatra e levá-lo a Jesus, lendo textos da Bíblia que mostram o amor e o poder de Deus para perdoar e transformar toda nossa vida (Salmo 32; 51; Isaias 53; Mateus 11:28-30; Lucas 19:1-10; João 14:16; Romanos 12:1-2 e I João 1:7-9; etc.).

 Evite colocar-se numa posição de juiz. Mostre, com amor, a necessidade que o viciado tem, como você, de Jesus como Salvador e Senhor. O mesmo que dissemos sobre o tratamento com os alcoólatras nós também falamos com respeito aos viciados em drogas.

Eles precisam ser encorajados a irem para um lar de recuperação. Fora desse lar eles são assediados constantemente pelos traficantes, e além disso, precisam, além do apoio espiritual, de apoio e cuidados médicos.

 Não se deve negligenciar tudo isso que Deus tem colocado na terra, através de homens altruístas, para recuperação de tantos viciados. O evangelista que negligencia isto não é sábio.…” (NASCIMENTO, Pr. Washington Roberto. end.cit.).

– Na evangelização dos dependentes químicos, é preciso ter um treinamento e preparação especiais, pois, no mais das vezes, especialmente nas cracolândias, há um ambiente em que a violência é um dado constante e frequente e onde o diálogo e a abordagem é mais dificultosa, pelo próprio estado mental em que se encontram os quimiodependentes.

Como se isto fosse pouco, é preciso ter, também, um preparo espiritual redobrado, pois não são poucos os que se encontram em estado de possessão demoníaca, até por conta da fragilização psíquica decorrente da utilização das substâncias entorpecentes.

– Neste ponto, é preciso evitar dois extremos que se têm notado neste tipo de evangelização.

O primeiro é o de confundir a evangelização destas pessoas com a ação social que deve ser efetuada com relação aos quimiodependentes.

– Esta confusão faz com que se entenda que “evangelizar os dependentes químicos” é encaminhá-los a casas de recuperação, a terapias como a dos Alcoólicos Anônimos ou Narcóticos Anônimos.

Assim, como disse recentemente o pastor José Serafim de Oliveira, em aula ministrada no Estudo Preparatório dos Professores e Amigos da Escola Bíblica Dominical da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério do Belém – sede – São Paulo/SP, em 30 de abril de 2016, cujo vídeo se encontra no Portal Escola Dominical  (https://www.youtube.com/watch?v=qvmnHoVqJNY), em vez de pregar que Jesus liberta, deixa-se a libertação por conta de uma OnG (organização não governamental).

– Ao pregarmos o Evangelho para dependentes químicos, devemos crer que Jesus liberta os dependentes químicos, que eles podem ser, de imediato, libertos do vício pelo poder do nome do Senhor Jesus, de forma radical.

– Temos, também, porém, de entender que nem sempre isto acontece, pois, quando esteve entre nós, o Senhor Jesus tanto curava as pessoas de imediato, como ocorreu com o cego Bartimeu, como, também, curou progressivamente, como ocorreu com o cego de Betsaida (Mc.8:22-26).

– Assim, pode ocorrer que a pessoa quimiodependente não seja de imediato liberta do vício, que tenha de se desintoxicar e, mais do que isto, tenha de se reinserir na sociedade, ante as sequelas deixadas pelo uso prolongado das substâncias entorpecentes, que, no mais das vezes, destrói o relacionamento social, familiar e a própria habilidade de a pessoa conviver na sociedade.

– Temos aqui, portanto, de evitar o outro extremo, que é o de não se crer senão na libertação imediata, na desconsideração das graves consequências trazidas para a pessoa pelo uso continuado das substâncias entorpecentes, que exigem um tratamento e uma preparação para a reinserção da pessoa na sociedade, inclusive na igreja local, pois o salvo é “sal da terra” e “luz do mundo”, uma “testemunha de Jesus Cristo”.

– Por isso, a evangelização dos quimiodependentes deve ser feita de tal maneira que haja uma parceria entre as igrejas locais e estabelecimentos especializados na recuperação dos quimiodependentes, no seu tratamento, as chamadas “casas de recuperação”, que são tão desprezadas pelas igrejas locais como perseguidas pelos governos, principalmente se se trata de casas de recuperação evangelísticas, ou seja, guiada pelos princípios do Evangelho.

– É um quadro triste e lamentável o que verificamos na atualidade: os responsáveis por casas de recuperação tendo de praticamente mendigar o apoio de crentes e de igrejas locais para continuar existindo, num quadro de total desamparo, até porque, como já se disse, há um profundo preconceito e uma cruel perseguição por parte dos órgãos governamentais contra estas iniciativas.

As igrejas locais precisam despertar para esta realidade e se engaja na ajuda a estas instituições que tanto bem fazem não só para o reino de Deus mas para toda a sociedade.

– Devemos aqui destacar, aliás, a Missão Batista Cristolândia, um importante projeto levado a efeito pela Igreja Batista em nosso país, que busca resgatar as pessoas que estão nas diversas cracolândias das nossas cidades (Documentário – Uma Esperança: um caminho de superação das drogas – https://vimeo.com/99194010 Acesso em 16 maio 2016) como também o Ministério Desafio Jovem, iniciado nos Estados Unidos pelo pastor David Wilkerson (1931-2011), cujo livro “A cruz e o punhal” bem retrata como se deve efetuar o evangelismo deste segmento da sociedade.

VI – A EVANGELIZAÇÃO DOS MORADORES DE RUA E DOS HABITANTES DAS ÁREAS EXCLUÍDAS DA SOCIEDADE URBANA

– Por fim, cabe-nos falar, também, sobre a evangelização das pessoas que se encontram excluídas da sociedade nas cidades: os moradores de rua e os habitantes de áreas excluídas da sociedade urbana, notadamente das favelas e outros ambientes que estão totalmente esquecidos do Estado e que se encontram à mercê de facções criminosas.

– A primeira dificuldade que se tem com relação a evangelização destas pessoas é que são, via de regra, “não-pessoas”, ou seja, indivíduos que estão tão marginalizados na sociedade que é como se não existissem, como se fossem “fantasmas”. As pessoas nem sequer notam a sua presença e elas não fazem qualquer diferença para os indivíduos, já que não são considerados em quaisquer estatísticas.

– Esta indiferença chega também às igrejas locais, já que no dia-a-dia, tais pessoas não são levadas em conta. Assim, ir ao seu encontro para lhes levar a mensagem do Evangelho já é um grande esforço, pois é preciso que a membresia reconheça que elas existem e que precisam de salvação.

– A evangelização destas pessoas, ademais, envolve um treinamento e preparação específicos pois, no mais das vezes, são pessoas que se encontram em situação extremamente lamentável, sendo usuários de drogas, pessoas sem qualquer autoestima, que têm um dia-a-dia traumático e trágico, buscando a sobrevivência a todo custo e que, não raras vezes, são também alvo de possessão demoníaca, a exigir, portanto, também um preparo espiritual redobrado, com oração e jejum.

– Que estas pessoas devam ser evangelizadas não é preciso mais uma vez relembrar. O episódio do endemoninhado gadareno (Mt.8:28-34; Mc.5:1-20; Lc.8:26-39) é um exemplo bíblico que se deve tomar para comprovar esta necessária evangelização.

Aquele homem era totalmente excluído da sociedade de que ele fazia parte, a ponto de habitar nos sepulcros, ser feroz, ter sido preso com grilhões e cadeias pelos habitantes da região. Jesus, porém, foi ao seu encontro, libertou-o e ele pôde voltar a se inserir na sociedade, como um evangelizador.

– Aqui também há de se evitar a confusão entre a evangelização e a simples obra de ação social, que também é desenvolvida e, para vergonha da Igreja, com muito mais intensidade por grupos religiosos que propagam a salvação pelas obras, como é o caso dos espíritas.

A evangelização não pode prescindir de uma assistência a estas pessoas, que, por seu alto grau de marginalização, necessitam de ajudas emergenciais, como a entrega de vestuário e alimentação, a possibilidade de que realizem a sua higiene pessoal e coisas que tais, mas é indispensável que se lhes leve a mensagem da libertação do pecado e da transformação através da fé em Cristo Jesus.

– De igual maneira, não há qualquer possibilidade de uma evangelização que apenas se resuma à proclamação da mensagem da salvação, sem qualquer ação social, visto que tais pessoas precisam ser salvas e se tornem “sal da terra” e “luz do mundo” e isto implica na sua reinserção na sociedade, o que exige esta assistência que vai além da proclamação da Palavra de Deus.

– Esta reinserção destes moradores de rua exige, também, a devida preparação da membresia, a superação do preconceito e da indiferença que, como vimos, faz com que estas pessoas sejam verdadeiros “fantasmas” no dia-a-dia da população.

– Chegamos, então, à questão da evangelização das áreas que se encontram à parte da sociedade organizada, que são completamente ignoradas pelo Estado, as chamadas “favelas”, que a linguagem “politicamente correta” tem denominado, ultimamente, de “comunidades”.

– O crescimento desordenado das cidades fez surgir áreas de aglomeração nas cidades que não tiveram qualquer participação do Estado na sua formação, as “favelas”, ou seja, “…assentamento urbano informal densamente povoado caracterizado por moradias precárias e miséria.

Apesar das favelas diferirem em tamanho e em outras características de país para país, a maioria delas carece de serviços básicos, como saneamento, abastecimento de água potável, eletricidade, policiamento, corpo de bombeiros, além da falta de infraestrutura em geral e de regularização fundiária, entre outros problemas.

As residências desse tipo de assentamento urbano variam de barracos mal construídos até edifícios deteriorados(…).

A origem do termo em português brasileiro favela surge no episódio histórico conhecido por Guerra de Canudos.

A cidadela de Canudos foi construída junto a alguns morros, entre eles o Morro da Favela, assim batizado em virtude da planta Cnidoscolus quercifolius (popularmente chamada de favela por produzir um semente leguminosa em forma de favo) que encobria a região.

Alguns dos soldados que foram para a guerra, ao regressarem ao Rio de Janeiro em 1897, deixaram de receber o soldo, instalando-se em construções provisórias erigidas sobre o Morro da Providência.

 O local passou então a ser designado popularmente Morro da Favela, em referência à “favela” original.

 O nome favela ficou conhecido e na década de 1920, as habitações improvisadas, sem infraestrutura, que ocupavam os morros passaram a ser chamadas de favela” (Favela. In: WIKIPÉDIA. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Favela Acesso em 16 maio 2016).

– Estas áreas, por não terem a presença do Estado, são regiões onde não há lei, onde a ausência da autoridade permite o surgimento de relações sociais diferenciadas e que não encontram similaridade com as demais áreas das cidades, sendo certo que são regiões muito propícias a caírem sob o domínio do crime organizado, de um “poder paralelo”, o que faz com que se criem códigos de comportamento diferenciados a exigir, portanto, da parte da Igreja, ante esta “subcultura”, uma “inculturação”, que exija um treinamento e preparação para a pregação do Evangelho.

– Apesar desta realidade de domínio de esmagadora maioria das favelas por parte do crime organizado, é oportuno afirmar que não devemos, em absoluto, confundir os moradores de favelas com criminosos.

Na maior parte das vezes, estes moradores são duas vezes mais vítimas da criminalidade que os que habitam em áreas urbanas organizadas, pois, além de poderem ser vítimas de crimes, ainda têm o seu dia-a-dia controlado por criminosos, numa situação de sujeição e dependência involuntários.

Como afirma o arcebispo emérito católico romano de Porto Alegre/RS, D. Dadeus Grings (1936 – ): “…Começamos reconhecendo e afirmando que ali moram irmãos nossos.

São pessoas humanas. E é preciso primeiramente desfazer-se uma série de preconceitos em relação a eles. Trata-se de gente boa.

Tenho seguidamente ocasião de visita-los. Merecem maior atenção e condições melhores. Não podemos ser simplórios, inculpando-os ou dando culpa a outros, como se fossem seus opressores.

 O problema não é inculpar e muito menos declará-los empobrecidos. Devemos reconhecer que são pobres.

Trata-se de reconhecer a sua condição real e proporcionar-lhes solução. …” (A evangelização da cidade: o apostolado urbano, p.23. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=LDeGabWR_BcC&pg=PA23&lpg=PA23&dq=evangeliza%C3%A7%C3%A3o+de+favelas&source=bl&ots=1BjhIUKCge&sig=rZiYJvMI8l__4-Bsu5Tc1enXBDE&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwi37a-Amd_MAhUEhJAKHYZ6BF4Q6AEIQTAJ#v=onepage&q=evangeliza%C3%A7%C3%A3o%20de%20favelas&f=false Acesso em 16 maio 2016).

– Estre prelado romanista mostra que a evangelização das favelas exige mais do que a simples proclamação do Evangelho, mas atitudes que devem ser levadas a efeito pelo

Estado com a contribuição da Igreja, tais como a urbanização das favelas, de modo a melhorar as precárias condições de vida desta gente, bem como produzir a inserção destas áreas às cidades; ao investimento na qualidade das pessoas, com uma assistência social que as prepare para o seu novo habitat e na criação de uma mentalidade geral em toda a sociedade de acolhida e apreço pelas pessoas que vivem em favelas, a ponto de todas se sentirem corresponsáveis por elas.

– A evangelização de favelas traz sempre a alteração da própria condição social destes locais, pois o Evangelho é transformador da realidade social, como, aliás, indicou o cineasta João Moreira Salles em um documentário denominado “Santa Cruz”, onde, durante um ano, foi acompanhado o trabalho de evangelização numa área de “invasão’ denominada “Santa Cruz” na zona oeste do Rio de Janeiro (Vídeo – https://www.youtube.com/watch?v=JTfWttDRPW8 ).

– No entanto, até por conta desta transformação produzida pelo Evangelho, é preciso haver a já mencionada “inculturação”, para que se tenha o entendimento da realidade social vivida por estas populações e a devida sabedoria para lidar com ela, a fim de que os evangelizados e convertidos, por vezes, tenham de ser retirados da própria localidade onde se encontram em razão de sua conversão.

– Eis, portanto, os grandes desafios que o Evangelho leva os servos de Cristo Jesus a enfrentar diante da nossa missão de levar a salvação na pessoa de Cristo a todas as pessoas.

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

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