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Jovens – Lição 12 – Perseverando na Doutrina de Cristo

INTRODUÇÃO

Em um estudo a respeito da doutrina bíblica, é impossível não tratar amplamente sobre o que Jesus falou a esse respeito, bem como sobre as bases doutrinárias que por Ele foram lançadas, assim como o compromisso que os seus discípulos têm de perseverarem nesses princípios;

logo, não é exagero — em hipótese alguma — retomar o tema sobre doutrina à luz da vida, do ministério e dos ensinamentos de Jesus, haja vista que, conforme já estudado nessa obra, Ele é o fundamento da doutrina dos apóstolos e dos profetas (Ef 2.20).

É preciso reconhecer que já foi feita uma reflexão sobre doutrina com base no ministério terreno de Jesus, dando ênfase ao poder que a sua doutrina tem de gerar vida e expulsar demônios.

Nesse caso, a análise foi feita com uma ênfase no poder dos ensinamentos de Jesus, relacionando-os com a sua capacidade de realizar obras extraordinárias em favor do homem.

Contudo, o ministério de Jesus não foi constituído apenas de obras miraculosas e extraordinárias, mas também de ensinamentos poderosos, cujos frutos são eternos e eficazes.

Portanto, aqui se propõe avaliar a doutrina à luz do ministério de Jesus, mas sob o aspecto do conteúdo do que Ele ensinou e que, inquestionavelmente, além de serem ensinos perfeitos, são eternos, verdadeiros e que servem como base irremovível da fé cristã.

A abordagem aqui proposta obedece ao propósito de trabalhar parte do extenso e profundo conteúdo apresentado e ensinado por Jesus, isto é, aqui se fará uma espécie de resumo dos pontos que, juntos, cumprem a função de refletir o caráter doutrinário de Jesus.

É imperioso que se reconheça a necessidade de avaliar o que Jesus ensinou à luz dos dias em que Ele transitou pela Terra como cumprimento do seu ministério sem, contudo, deixar de enfatizar a realidade atual em que a Igreja é convocada e desafiada a manter vivos os ensinos de Jesus e permanecer fiel a eles.

I – DIANTE DE UM MUNDO IMORAL

Já foi visto em lições anteriores a atual e real situação em que se encontra o mundo, principalmente no que se refere ao processo de desconstrução a que ele tem sido submetido, trazendo consigo transformações que afetam as bases mais fundamentais da fé e dos relacionamentos.

Dentre as muitas áreas afetadas por toda essa mudança de mentalidade e de comportamento, a ética e a moral são das que mais têm sofrido alterações não apenas conceitualmente, mas também de compromisso com o que elas propõem como padrão a ser seguido — afinal de contas, este mundo pós-moderno, conforme já refletido anteriormente, é contrário a tudo o que prevê normas e padrões.

Em paralelo a todas essas mudanças e transformações, a Igreja de Cristo tem a responsabilidade de continuar crendo, pregando e vivendo os valores ensinados pelo Senhor Jesus, buscando, inclusive, influenciar uma geração que, salvo as devidas proporções, se caracteriza pela falta de interesse e compromisso com a moralidade e a ética cristãs.

Para que se tenha êxito nessa difícil, porém nobre tarefa, a Igreja precisa conhecer ampla e profundamente a relação dos ensinos de Jesus com o que tem sido chamado de “moralidade cristã”, pois é somente assim que ela será capaz de conhecer a real situação deste mundo maculado pela imoralidade e, assim, enfrentá-lo mediante recursos ensinados nas Escrituras.

1. A moralidade cristã

Diante de um mundo pós-moderno, em que, nas palavras de J. P. Moreland, “é o remédio que mata o paciente”,1 a Igreja é desafiada a reafirmar os valores cristãos, principalmente no que concerne à moral.

Assim, essa parte do livro encarrega-se de apresentar o que se quer dizer com “moralidade cristã”; no entanto, para que isso seja feito por vias seguras e que contribuam com os objetivos aqui estabelecidos, deve-se compreender, a princípio, o significado de “ética” e “moral”.

O termo “moral” vem do vocábulo latino mos, do adjetivo moralis, e significa “costume” ou “uso”. A expressão “ética” vem do grego ethica, de etheos, cujo sentido é “aquilo que se relaciona com o caráter”.

Com essa explicação esclarecedora, já é possível tratar sobre a relação da moralidade e da ética cristãs com a Lei de Deus, buscando responder se as orientações recebidas por Moisés da parte do Senhor podem ser consideradas códigos de ética, se ainda são válidos hoje e se estão em acordo com os ensinos do Novo Testamento.

O texto bíblico de Deuteronômio 4.1-6 mostra o que o Senhor realmente desejou ao estabelecer a Lei para o seu povo, assim como informa sobre o comportamento adequado e esperado daqueles que servem Ele. Afirma-se, portanto, que:

1) o Decálogo foi destinado a Israel (Dt 4.1,2; Sl 147.19,20); e

2) destinado a todos os homens como reflexo do que é bom (Dt 4.6; Ec 12.13).

Logo, pode-se dizer que, em certa medida, a ética cristã fundamenta-se no Decálogo, embora seja o amor que valida todas as boas ações (Rm 13.8), assim como é o Espírito Santo quem dá ao crente as condições necessárias para cumprir esse padrão (Rm 8.4), sendo Cristo o seu cumprimento perfeito e final (Mt 5.15-18).

Estritamente falando, conforme explicado por Norman Geisler, “enquanto a ética considera o que é moralmente certo e errado, a ética cristã considera o que é moralmente certo ou errado para os cristãos”,3 e a isso se acrescenta o fato de que esse padrão a ser seguido pelo cristão é apresentado nas Escrituras.

A moralidade cristã, portanto, diz respeito ao comportamento de acordo com as Escrituras, podendo também ser considerada como “absoluto moral”, relacionando-se diretamente com o caráter moral de Deus, exigindo santidade, justiça, amor, honestidade e misericórdia.

Um exemplo disso é o princípio de que matar é errado, pois o homem foi criado à imagem de Deus (Gn 1.27; 9.6; Cl 3.10; Tg 3.9). Sendo assim, um mundo pautado na moralidade cristã seria um mundo marcado pelas características divinas, conforme ensinadas na Bíblia Sagrada.

2. Um mundo imoral

O problema da imoralidade não é novo. Desde que o primeiro casal (Adão e Eva) desobedeceu e pecou contra o Senhor (Gn 3), o mundo tem amargado tempos de decadência moral e ética.

É preciso lembrar que a questão da moral tem relação íntima e direta com as relações interpessoais, pois diz respeito a como se deve comportar em relação às outras pessoas, qual o comportamento adequado num determinado grupo social, quer seja familiar, quer seja de fé ou quer seja de outras naturezas.

Se, por um lado, o problema da imoralidade remonta a tempos bem distantes dos atuais, por outro, deve-se reconhecer que esse problema avoluma-se a cada dia e marca o tempo presente.

A verdade é que isso, por mais que cause espanto, não deveria soar como surpresa aos crentes, já que há textos sobejos nas Escrituras que tratam disso com clareza.

O apóstolo Paulo previu e alertou sobre isso (2 Tm 3.1). Ademais, destaca-se que Jesus constatou e confirmou o fato de que “os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más” (Jo 3.19).

Na mesma linha, o apóstolo João afirma “que todo o mundo está no maligno” (1 Jo 5.19). O apóstolo generaliza com a finalidade de mostrar a gravidade da situação em que se encontra o mundo — situação esta imposta pelo Diabo.

E sobre os que estão sob o domínio do Maligno, ele afirma que “eles estão unidos pela natureza, diretriz e princípio maligno e estão unidos em uma cabeça… Há uma cabeça da malignidade e do mundo maligno; e ele tem um controle tão grande aqui que é chamado de ‘… o deus deste século’ (II Co 4.4)”.4

Diante disso, o que se conclui é que esse sistema opõe-se ao padrão posto pelas Escrituras, em que a moralidade é uma das suas principais marcas; logo, o sistema vigente no mundo é o da imoralidade, e é contra esse sistema que o cristão é convocado a lutar contra.

II – ANDANDO SEGUNDO OS MANDAMENTOS DE JESUS

Um dos textos mais conhecidos e mais trabalhados do apóstolo Paulo é o que está em Romanos 7.14,15. Evidentemente que essa passagem bíblica tem muito a ensinar; contudo, ela pode ser resumida como uma evidência de que, lamentavelmente, o homem é mais inclinado a fazer o que não deve do que fazer o que deve ser feito.

Como se percebe nas palavras de Paulo, a Lei de Deus, muito bem representada nos Dez Mandamentos entregues a Moisés, cumpre o papel de estabelecer a linha que divide o que é recomendável ao servo de Deus do que não lhe cabe fazer.

A Declaração de Fé das Assembleias de Deus afirma: “CREMOS, professamos e ensinamos que os Dez Mandamentos são preceitos dados por Deus a Moisés para orientar a vida do povo de Israel”.7

O crente, portanto, tem como referência a Lei de Deus, que, conforme já visto anteriormente, na atual era, não é outra doutrina senão a ensinada por Jesus e deixada como referencial para o crente.

Os discípulos de Jesus não podem perder de vista o que Ele ensinou e está inserido no que é chamado de os seus mandamentos.

1. Os mandamentos de Jesus

O Sermão do Monte (Mt 5–7) é a mais importante mensagem pregada e ensinada por Jesus. Extenso, profundo e cativante, esse sermão tem sido considerado uma expressão ampliada e aplicada da Lei de Deus entregue a Moisés, e, nesse sentido, o teólogo Myer Pearlman dá uma explicação relevante e esclarecedora ao destacar que, diante do que o Senhor Jesus propunha com os seus ensinamentos, era de esperar — como isso ocorreu de fato — que os israelitas começassem a indagar sobre os princípios e as formas desse Reino, com a dúvida se isso seria o fim da Lei antiga.

Com o Sermão do Monte, o Mestre dá essas e outras respostas, deixando claro que o seu propósito não era o de acabar com a Lei, mas de cumpri-la e apontar o caminho aceitável diante de Deus para o cumprimento dessa Lei.8

Se em todo o sermão é possível identificar o propósito de Jesus em trazer para a vida prática o que foi exposto teoricamente na Lei, isso fica ainda mais evidente na sua conclusão, já que nela o Senhor Jesus faz uma espécie de recapitulação de tudo o que Ele abordou na sua exposição, e ainda aplica de tal forma que deixa muito claro qual o resumo de toda a Lei de Deus.

Atente, por exemplo, para os pontos abordados e a forma como Jesus conclui o sermão:

1) Ele abre a conclusão tratando sobre relacionamentos interpessoais saudáveis (vv. 1-6);

2) Ele dá ênfase à oração como meio de um relacionamento saudável com Deus (vv. 7-12);

3) Ele faz um sério alerta sobre a existência de dois caminhos, o da salvação e o da perdição (vv. 13,14);

4) Ele ainda faz uma grave advertência sobre os falsos profetas (vv. 15-20);

5) Ele ressalta a seriedade do Reino ao tratar sobre o dia de acerto de contas (vv. 21-23);

6) a forma como o homem recebe os ensinos de Jesus determina a qualidade da sua vida (vv. 24-27); e 7) Ele encerra tratando de mostrar que, dependendo da forma como o homem recebe ou não os seus ensinos, eles serão preservados no dia mau ou não (vv. 28,29).

Desse modo, é possível identificar as bases sobre as quais os mandamentos de Jesus foram e estão estruturados, lembrando que esses mandamentos são instrumentos de santificação para o crente viver piamente num mundo imoral como os atuais. 2.

Mandamentos santificadores Até os mais críticos reconheceram e ainda reconhecem a grandeza de Jesus como ensinador. Note, por exemplo, as palavras de reconhecimento dos que auxiliavam os fariseus, o que torna isso ainda mais significativo: “[…] Nunca homem algum falou assim como este homem” (Jo 7.46).

Mas, afinal, qual foi o método que Jesus usou no seu ministério de ensino? O ponto de partida para que essa pergunta tenha uma resposta adequada é levar em conta o fato de que Jesus dedicou-se ao máximo, inclusive para não desperdiçar tempo, já que tinha de fazer muita coisa em tão pouco tempo.

Por essa razão, Ele ensinou até mesmo dormindo, pois, enquanto os seus discípulos desesperavam-se com a tempestade que se abatia no barco onde estavam, Jesus descansava, para que, além de ter um período de descanso, levasse os seus discípulos a confiar mais nEle (Mc 4.35-41).

Destaca-se ainda que Jesus utilizou-se dos mais variados meios para transmitir os seus ensinamentos, como se vê:

1) Jesus ensinou por palavras (Mt 7.29);

2) Ele ensinou por meio dos sinais que operou na presença dos discípulos, ensinando-os princípios eternos (Jo 20.30); e

3) Ele ensinou enquanto orava, como se vê na chamada “Oração Sacerdotal” (Jo 17).

Além da riqueza dos métodos utilizados por Jesus e do conteúdo dos seus ensinos, a capacidade e o propósito santificadores dos seus mandamentos são impressionantes e impõem a necessidade de uma avaliação, mesmo que breve.

Em oração, Jesus fez o seguinte pedido ao Pai: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.7).

Lembre-se de que essa “palavra da verdade” é a sua doutrina, poisEle mesmo já havia dito: “[…] A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou” (Jo 7.16).

A santificação não é uma ideia humana, muito menos uma obra operada por homens. Por mais bem intencionado que alguém possa ser na sua vida cristã e deseje ser santo, essa não é uma ideia e nem mesmo um projeto humano, conforme se pode ler em 1 Tessalonicenses 4.3,7,8.

Deus idealizou a santidade como padrão a ser alcançado pelo seu povo, chamando-o para isso, e rejeitar isso é rejeitar ao próprio Senhor. Além disso, a santificação não é uma obra operada pelo homem, mas é um trabalho do próprio Deus, conforme vemos em 1 Tessalonicenses 5.23.

Se, por um lado, o homem não é capaz de autossantificar-se, por outro, é responsável em aproximar-se de Deus, que é fonte santificadora, e isso por práticas, como, por exemplo, a oração, a consagração, a frequência em cultos e a dedicação em aprofundar os conhecimentos a respeito dos ensinos de Jesus, que servem como instrumento e referência aos seus discípulos nesse processo dinâmico de santificação, sendo esta um dos muitos benefícios dos mandamentos de Jesus.

2. Os benefícios dos mandamentos de Jesus

O homem, por natureza, sempre espera receber algo como recompensa de algo bom que foi feito, e isso, se bem administrado, será uma bênção; porém, caso não haja uma boa aplicação disso, situações desagradáveis certamente ocorrerão.

Atente para as seguintes palavras de Jesus: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrir-se- -vos-á. Porque aquele que pede recebe; e o que busca encontra; e, ao que bate, se abre” (Mt 7.7,8).

Note que é o Senhor Jesus quem incentiva o crente a aproximar-se dEle em oração na esperança de receber algo.

Isso implica numa série de verdades, inclusive a de que não há erro algum em um servo de Deus que deseja alcançar determinado bem, ainda mais para ser recompensado por algo que foi feito em concordância com o padrão estabelecido pelo Senhor (Mc 10.30).

Leia com atenção a promessa feita por Jesus sob a condição da obediência aos seus mandamentos: “Na verdade, na verdade, vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação” (Jo 5.24).

Há duas condições (obedecer às palavras de Jesus e crer em Deus) e duas promessas (receber a vida eterna e não entrar em condenação) nessas palavras de Jesus; no entanto, o destaque aqui é sobre a verdade de que a obediência aos mandamentos de Jesus traz benefícios ao crente que assim o faz.

A obediência é a válvula que mantém a engrenagem da relação do homem com o seu Criador funcionando com a devida eficiência.

Desde o início, Deus colocou a obediência como condição para a manutenção de um relacionamento saudável e puro com os homens, bem como prometeu recompensar aqueles que trilharem por esse caminho de honra a Deus por meio da obediência.

A condição para que Adão e Eva pudessem manter a íntima e perfeita relação que tinham com Deus foi a obediência (Gn 2.17), do mesmo modo como a condição para que o povo de Israel pudesse desfrutar das bênçãos de Deus dependeria de como os seus filhos lidariam com a Lei de Deus (Dt 11.26-32).

O Novo Testamento também traz esse mesmo princípio, em que a obediência aos mandamentos do Senhor é condicional para uma vida com Deus, bem como a porta aberta para receber as copiosas bênçãos celestiais, advindas das mãos do próprio Deus.

Há muitas passagens neotestamentárias que podem confirmar esse princípio, só que a do “jovem rico” traduz com detalhes e perfeição a referida verdade.

Jesus afirmou ao jovem que a condição para herdar a vida eterna é a obediência, mas que ela também só pode ser aceita por Deus caso seja praticada à sombra, isto é, seguindo a Jesus, pois Ele é o obediente perfeito (Mt 19.16-22).

A obediência aos mandamentos de Jesus proporciona e garante as bênçãos integrais do Senhor, isto é, bênçãos que tocam todas as áreas da vida do crente.

Essas bênçãos podem ser descritas da seguinte forma:

1) o crente tem a sua vida guardada em tempos de tempestades (Mt 7.24-27);

2) o crente tem a garantia de uma vida santificada (Jo 17.17); e

3) o crente tem a garantia de um galardão eterno (2 Jo 8,9).

Portanto, para que alcance essas bênçãos, o crente deve obedecer aos mandamentos de Jesus e ter cuidados especiais, principalmente consigo mesmo.

Que Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!

Para conhecer mais a respeito dos temas das lições, adquira o livro do trimestre: TORRALBO, Elias. O Fundamento dos Apóstolos e dos Profetas: A Doutrina Bíblica como Base para uma Caminhada Cristã Vitoriosa. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

Telma Bueno


Fonte: https://www.escoladominical.com.br/2024/03/22/licao-12-perseverando-na-doutrina-de-cristo/

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